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Crônicas Quadrinhos Tailer

A crônica de um quadrinista cansado

Sexta-feira. Trabalhei até tarde hoje.

Isso tem acontecido já faz algum tempo no meu emprego.

Não reclamo.

O meu “day job” é que paga as contas no final do mês… inclusive as da Fliptru.

Pra compensar a culpa por ter passado tempo demais no escritório, passo uma hora correndo pela casa brincando com minha filha até a exaustão… do pai, nunca da criança.

Depois disso, janta, higiene bucal, banho e uma ajudinha pra dormir. Pronto, ela está na cama.

Já passa das onze horas da noite.

Olho pro sofá e penso: vou me jogar lá e assistir meia hora de documentários aleatórios na TV.

Não posso assistir nada que eu não possa perder partes, tipo uma série ou um filme, já que a maior probabilidade é de que vou dormir assistindo.

Costumo assistir coisas como Alienígenas do Passado ou algo sobre o antigo Egito.

Mas pouco antes de finalmente me jogar na frente da TV e ter meu merecido descanso, lembro da vontade imensa que estou de completar a série Tailer.

Terminar essa história vai me liberar e me dar o aval psicológico que preciso para começar algo novo.

Talvez isso só faça sentido na minha cabeça, mas é assim que é.

Ainda faltam pelo menos umas 100 páginas pra chegar lá, mas me sinto mais perto do que longe do objetivo final.

Tenho trabalhado nas páginas em cada segundo livre durante o dia, mesmo eles não sendo muitos.

Então vou até o escritório, lugar o qual já passei a maior parte do meu dia, e ligo o computador e a mesa de desenho novamente.

Trabalhar nesse quadrinho vale a pena mesmo? Me questiono como sempre, é claro.

Ninguém se importa, porque eu deveria me importar?

Os demônios da autossabotagem não me deixam em paz, mas eu persisto.

Dois personagens desenhados no último quadro da página três. Ainda faltam mais dois e toda a parte de tons de cinza desse quadro que toma metade da página.

Meus olhos começam a fechar sozinhos.

A caneta cai da mão mais de uma vez.

É. Já deu por hoje.

Agora são uma da manhã do sábado. Amanhã tem mais.

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Crônicas

Preferimos o comodismo

Preferimos o comodismo à qualquer opção que nos force a mudar. Isso é uma afirmação verdadeira para diversas áreas do comportamento humano.

Como ter mais dinheiro? Jogando na Mega Sena em vez de mudar os hábitos financeiros.

Como emagrecer? Tomando uma cápsula todo dia em vez de mudar o que se come nas refeições.

Como crescer profissionalmente? Esperar que o chefe chame para oferecer uma promoção em vez de buscar melhores oportunidades ou tomar a iniciativa.

Isso pode até dar certo para algumas pessoas, mas não é típico.

O natural é escolher sempre o mais cômodo. Buscar uma solução milagrosa e aproveitar a frustração que virá quando ela não resolver o problema para usá-la como desculpa para voltar ao estado anterior de comodismo.

Existem algumas pesquisas que mostram isso. Como essa de 2008 que mostra que cardíacos preferem tomar remédio do que mudar hábitos que poderiam resolver o problema.

O motivo é simples. Mudar dói.

Somos seres extremamente adaptáveis por natureza, sobrevivemos a climas extremos durante a nossa evolução e achamos soluções para nos adaptar nos quatro cantos do mundo.

Apenas conjecturando, talvez seja esse instinto de sobrevivência que nos faça ficar acomodados em uma situação confortável e não escolher algo que possa ser arriscado.

Por que o comodismo é isso, mesmo que você não goste da situação, por mais que incomode, de alguma forma ela é confortável para você. Afinal, você não precisa exercer força para sair de onde está.

Mudar é gastar energia. É ter trabalho. É se esforçar para chegar em algum lugar diferente. E, as vezes, pode não resultar naquilo que se almejava.

Mudar é arriscado. E ainda pode dar errado.

O problema é que normalmente queremos algo diferente. Um corpo diferente, um trabalho diferente, uma situação financeira diferente. Aí entra o conflito de interesses.

Como atingir esse resultado diferente sem ter que me esforçar para chegar lá?

É nesse ponto que se busca soluções milagrosas que poderiam mudar o atual estado sem que se gaste um pingo de energia. Sem esforço nenhum para mudar.

Uma pílula mágica de emagrecimento. Um bilhete premiado de loteria. Uma promoção inesperada de cargo.

Uma lâmpada mágica com um gênio dentro que concede três desejos.

Pode acontecer, mas não é típico.

“Insanidade é continuar fazendo sempre a mesma coisa e esperar resultados diferentes” – Albert Einstein.

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Crônicas Tecnologia

Ser um Programador Ninja…

…ou Programador Rockstar ou Mago da Programação…


Este texto foi originalmente publicado no Medium. Leia a versão original clicando aqui e recomende se você gostar.


Alguns bons anos atrás, costumava ser cool ver uma vaga de emprego com a expressão “programador ninja” ou algo do gênero. Mostrava que a empresa era maneira, joinha e que tinha aquele ambiente de trabalho diferentão.

“Buscamos um programador ninja”

Hoje, a coisa é um pouco diferente. Quando vejo uma vaga que busca um programador ninja ou um mago da programação, eu já desconfio.

O problema não é a expressão em si, que hoje em dia é brega e não pinta mais a empresa como “diferentona”. O problema é que ela costuma vir com uma lista absurda de exigências…

O cidadão tem que comprovar anos de experiência em diversas linguagens de programação, tem que gostar de programar em seu horário livre (?!) e, às vezes, é um diferencial, se não obrigação, que o camarada tenha projetos paralelos.

Ou seja, o cara não tem que ser um programador… Ele tem que programar de tudo e o tempo todo. Se tiver vida pessoal, não serve para mago da programação.

O ninja-mago-rockstar da programação

Por algum motivo essas empresas acreditam que é preciso ser apaixonado pela programação para ser um bom profissional. E para demonstrar isso tem que ter aqueles projetos paralelos e, quem sabe, uns commits no seu Github nas madrugadas de sábado.

O que não percebem é que quem programa por prazer não necessariamente vai gostar de trabalhar no seu projeto de gestor administrativo ou de vendas. Hobbies que viram trabalho nem sempre são tão prazerosos. E isso não é tudo…


Nesta semana eu li um texto aqui no Medium chamado Programming Doesn’t Require Talent or Even Passion (Programar Não Exige Talento ou Mesmo Paixão). Eu recomendo a leitura para qualquer um que trabalhe na área.

Nele o autor fala que nunca antes uma habilidade foi tão mitificada como a programação.

“Você não precisa apenas ter talento, você também precisa ser apaixonado para se qualificar como um bom programador.”

É exatamente o que pedem nessas vagas de programador Rockstar dos dias de hoje.


Exemplo de uma vaga postada na lista Python BrasilNo texto citado, o autor ainda traz uma série de grandes nomes da área, como os criadores dos frameworks Rails e Django e da linguagem PHP, por exemplo, que demonstram claramente não serem grandes amantes da programação e muito menos gênios da magia do desenvolvimento de software.

“Na verdade eu odeio programar, mas eu amo resolver problemas.” Tradução da citação de Rasmus Lerdorf, criador do PHP.

Eu trabalho nessa área há cerca de treze anos e não tenho receio em dizer que os melhores profissionais que encontrei não eram grandes magos dos códigos. O que realmente importa nessa área é a entrega. É conseguir resolver os problemas apresentados de forma objetiva e simples e, quase sempre, em um curtíssimo espaço de tempo.

Um bom profissional da programação não precisa ser um gênio, um monstro, um ninja, um hacker… ele precisa saber resolver problemas e ter a capacidade e humildade de aprender o que precisar para atingir esse objetivo.

Além disso, esse mito atrapalha todo mundo que está envolvido ou quer se envolver na área.

“O mito do ‘programador gênio’ é extremamente perigoso. Por um lado, ele deixa o limiar de entrada muito alto, assustando um monte de aspirantes a programador. Por outro lado, também assombra os que já são programadores, porque isso significa que se você não é um mago na programação, você é ruim… …Programação é só um monte de habilidades que podem ser aprendidas e não exigem muito talento, e não é vergonha nenhuma ser um programador mediano.” Tradução livre de parte da citação de Jacob Kaplan-Moss, criador do Django.

Eu consegui aprender a programar, e nem sequer gostava disso…

“Depois de muito tempo percebi que eu tinha ficado melhor em programar e continuava sempre ocupando vagas em empresas nessa área, entretanto, sempre querendo sair para ‘trabalhar com o que gosto’.”

Esse é um trecho de um texto que escrevi em 2014 falando sobre a minha relação conturbada com a programação. Eu passei anos procurando trabalhar em outra área, porque realmente não gostava de programar.

O que mudou isso em mim foi conhecer o Python. Passei a curtir a simplicidade e objetividade de escrever códigos com essa linguagem. Hoje eu gosto do que faço. De vez em quando eu até programo por diversão no meu horário livre.

Eu não consigo me enxergar como um bom programador, mas sei que consigo atender as expectativas de quem me contrata. Resolvo os problemas e faço as minhas entregas. E isso me deixa orgulhoso do meu trabalho.

Não somos ninjas, gênios ou magos, somos profissionais da área de desenvolvimento de software. É isso que temos que ser das 9h as 18h, ou em qualquer que seja seu horário de trabalho, o que fazemos fora disso diz respeito somente a nós mesmos.

Quer ter projetos paralelos? Ama programar? Ótimo.

Mas se você gosta de nadar, andar de bicicleta, jogar futebol, passear com seu cachorro, ficar com sua família ou dormir por horas e horas no seu tempo livre, você continua sendo um programador.

Não é isso que vai definir sua qualidade como profissional.

Pode ser também…

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Crônicas Empreendedorismo

Como reagimos ás dificuldades

Adoro ouvir histórias sobre a vida de grandes empreendedores que hoje são pessoas de sucesso e tiveram uma origem humilde, como o Geraldo Rufino da JR Diesel, por exemplo.

O que mais me chama a atenção são as grandes dificuldades pelos quais eles passaram, começaram totalmente de baixo e tiveram que enfrentar momentos muito complicados, até faliram algumas vezes antes de atingir o patamar que estão hoje.

O bom de conhecer as histórias destas pessoas é perceber que quando passamos por momentos difíceis nossa força de vontade está sendo testada, colocada à prova. Se realmente desejamos chegar lá, ter sucesso e prosperidade, precisamos ser persistentes e buscar aprender com os erros e com as dificuldades e não ficar chorando por causa delas.

Momentos difíceis sempre existirão, como vamos reagir diante deles é o que define se seremos uma pessoa de sucesso ou não.

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O mundo perfeito das escolhas não feitas

Quando se toma uma decisão grande, que muda sua vida, é sempre muito fácil imaginar o que poderia ser de você se não a tivesse feito. O mundo das fantasias que reside dentro das nossas cabeças sempre consegue conectar todas as possibilidades mais otimistas e tenta te mostrar como teria sido melhor seguir outro caminho. Ele nos faz imaginar que tudo estaria muito melhor e talvez até que seria muito mais fácil e positivo ter seguido a outra opção.

Mas não se deixe enganar. Obstáculos sempre vão existir, não importa a opção que você escolheu. Então o melhor é se concentrar em ultrapassá-los e não em tentar imaginar como seria se você tivesse feito outra escolha. As decisões que virão serão sempre as mais importantes e não aquelas que já foram feitas, pois somente elas poderão mudar algo na sua situação atual.

Apesar de ser muito difícil pensar desta maneira, devemos saber que a cada obstáculo aprendemos mais e mais e que eles são fonte de conhecimento e experiência de vida. As escolhas feitas formaram quem você é hoje. Portanto devemos erguer a cabeça, pensar que os anos passam e cada desafio que vem com eles nos faz melhor e nos concentrarmos no que temos hoje e no que faremos no futuro, sempre lembrando da máxima que mais me marcou quando assisti ao filme Kung Fu Panda:

O passado é história, o futuro é mistério, o agora é uma dádiva e por isso se chama presente

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Os caminhos e o rebanho

O mundo nos dá tantas opções que as vezes fica difícil escolher uma direção a seguir. O problema é que nós mesmos não percebemos o tanto de caminhos que podemos escolher e acabamos seguindo o rebanho, nos deixando ser levados pela vida.

Gosto muito de um exemplo de um amigo meu, ele entrou em uma faculdade e cursou até o final. Estagiou e experimentou o mercado. Descobriu que definitivamente não era aquilo que gostaria de fazer para o resto da vida, então simplesmente iniciou uma outra faculdade e começou tudo de novo, sem medo de “perder tempo”.

Muitos podem dizer que ele tem grana para poder se dar ao luxo de escolher. Não é o caso, ele simplesmente trabalha e paga seu curso.

A questão é que podemos sim recomeçar. Basta olhar ao nosso redor e perceber a quantidade de opções que existem para escolhermos. Depois é ter força de vontade e dedicação para seguir no caminho escolhido.

Devemos começar parando para pensar e analisando a nós mesmos para nos conhecermos um pouco mais. Buscar um propósito naquilo que vamos fazer, não apenas os ganhos materiais e sim buscar a verdadeira motivação para estar seguindo por este ou aquele caminho.

Lembrando, sempre que seguirmos nossa própria vontade vamos causar uma reação ruim das outras pessoas, pois estamos nos desgarrando do rebanho e somente nós vamos saber os reais motivos disso. Sempre haverão pessoas tentando nos desanimar e nos atrair para o caminho “certo”. Por isso a força de vontade e a dedicação são tão importantes.

São essas mesmas pessoas que irão elogiar e “puxar o saco” daquele que se desgarrou e acabou “se dando bem” na vida.

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Qual a sua motivação real?

É mais fácil listar o que não queremos do que o que realmente queremos para nossa vida. Muitas vezes achamos que queremos algo, mas basta chegar lá para percebemos que não é o bastante, ainda falta algo. Talvez isso aconteça porque não entendemos a nossa verdadeira motivação, ou motivo da ação, para querer aquilo.

Por exemplo, o dinheiro. Ele deve ser uma consequência e não um objetivo. Ele por si só não vai preencher seus anseios e desejos. Digamos que para ter o dinheiro você precise estar em um trabalho sacal, o qual você não suporta. Vale a pena sofrer por maior parte do tempo da sua vida, o tempo que você passa trabalhando, para poder gozar de alguns dias da “felicidade” que a grana irá lhe proporcionar?

Talvez, por não termos dinheiro em abundância, possamos achar que o que falta é apenas os bens materiais e essa falta é o que não nos permite estar completamente felizes. Mas será que quando tivermos esses bens não continuaremos sentindo um vazio interior enorme? Lógico que precisamos sobreviver, pagar nossas contas, transporte e alimentação, mas o que quero usar como exemplo aqui é a pessoa que tem como objetivo de vida buscar sempre mais e mais dinheiro.

É uma questão de autoconhecimento. Entender o que você realmente quer e o que o motiva a tentar chegar lá é uma tarefa muito mais complexa do que se imagina. O primeiro passo é parar para pensar sobre isso. Você vive com qual motivação? Você acorda todo dia de manhã para buscar o que? Apenas acumular bens e continuar trabalhando naquele lugar que você não aguenta mais? Ou pior, só para pagar as contas e ter seu happy hour no final do dia?

Convenhamos que se você precisa de uma happy hour (hora feliz) é porque todas as outras são tristes.

Busque seu verdadeiro motivo para viver, tente se conhecer ao ponto de entender o que realmente quer e não fique no piloto automático seguindo padrões ultrapassados de se viver a vida. Conhecer a si mesmo não é fácil, mas a evolução que isso traz pode lhe dar mais satisfação do que você imagina.

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Mudando de ideia

Eu quero dizer
Agora o oposto do que eu disse antes
Eu prefiro ser
Essa metamorfose ambulante
Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo

Nada é absoluto neste mundo, tudo está em constante transformação. Então por que as pessoas ainda se surpreendem quando alguém tem a coragem de mudar de opinião? O ser humano tem necessidade de afirmar suas opiniões e escrevê-las em pedra, para que possa dizer “eu penso assim”. Mas qual é o problema de ser flexível?

Sempre existe a possibilidade de que novas informações sejam adicionadas à equação e a mesma resulte de maneira diferente. A maior prova disso é a maturidade, quando surge a pergunta: “O que a criança que você foi pensaria do adulto que você se tornou?”. O que a criança que fui sabia sobre as experiências que passei nestes muitos anos entre ela e o adulto que sou hoje? Se nenhuma variável tivesse sido alterada, eu provavelmente seria hoje um agente secreto viajando pelo mundo em aventuras incríveis.

Eu entendo que esta pergunta é uma metáfora sobre a inocência, mas é um exemplo perfeito sobre como as variáveis alteram o resultado, ao meu ver. É matemática pura.

O mesmo ocorre com alguma opinião que tínhamos na semana passada e, após adquirir novas informações, ela pode ter sido completamente alterada, talvez até se tornado o “oposto do que eu disse antes”. O que muitas vezes nos impede de dar o braço a torcer e admitir que agora pensamos diferente é o orgulho.

Admitir que você “estava errado” e que agora pensa de forma diferente é uma prova de humildade e de que suas experiências estão realmente fazendo alguma diferença na sua vida. Isso não quer dizer que você é uma pessoa volúvel ou “sem opinião” e sim que tem a capacidade de aprender com os erros e com as vivências que tem.

Entrar em uma discussão para “ganhar” e jamais admitir que os argumentos que o outro lhe expôs podem fazer alguma diferença na sua vida é estupidez. Normalmente é nessa situação que a ignorância substitui os argumentos.

Estar sempre aprendendo com tudo que acontece ao seu redor, essa é a melhor forma de evoluir como ser humano. E esta é a minha opinião hoje, talvez amanhã ela mude. Afinal, eu sou uma metamorfose ambulante.

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Pregando uma peça

Uma viagem para visitar a família e os velhos amigos na cidade onde você cresceu é sempre acompanhada de um sentimento ingrato de nostalgia.

A diversão de contar as velhas histórias e as risadas que seguem cada uma delas. Algumas horas com amigos de anos deveria ser recomendação médica para longevidade.

Já a família… Ah! A família! Todo aquele amor que sempre acaba em discussão. Não importa sobre o que, pode ser sobre onde cada um vai dormir no amontoado de gente que se juntou para aquela festa ou quem vai pagar quanto naquela pizza que pediram para a janta. Dinheiro, débito ou crédito?

Um amor incondicional que nenhuma briga pode extinguir, mas que não impede que elas aconteçam por qualquer bobagem. Por isso, o modelo ideal para uma boa convivência é manter a saudade constante morando longe, para que os encontros rápidos sejam sempre mais amorosos do que raivosos.

E a sua velha cidade? Não continua linda e simples como nunca? Exatamente, ela nunca foi tão atrativa quanto nesta visita. Ela quebra sua rotina e o lembra que você já foi uma criança sem responsabilidades e livre de qualquer pressão. E por isso lhe parece tão atrativa agora.

Mas não se engane, ela está tentando lhe pregar uma peça. Assim que você voltar para ela, o feitiço se quebra e lhe parecerá tão monótona quanto sempre foi.

No final das contas, a volta para casa é esse momento introspectivo de pensar na vida. Por que escolheu as mudanças que fez? Por que mora onde mora e trabalha onde trabalha? Quando foi que perdi a inocência da criança que morava lá? Mas somente uma dúvida será respondida com clareza: será que um dia saberei?

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Teimosia

“Para vencer é preciso persistir, nunca desista do seu sonho e corra atrás até atingi-lo!”

Quem nunca ouviu esse tipo de frase de autoajuda/motivação? Eu concordo com ela, qualquer coisa é possível para quem não desiste e tem força de vontade pra atingir seus objetivos. Mas existe uma linha tênue entre ser persistente ou simplesmente teimoso.

Depois de muitos anos você percebe que a sua persistência não está te levando a lugar algum, você continua correndo atrás, mas não vê seus objetivos mais próximos. Aí entra a questão: será mesmo que você não está apenas sendo teimoso?

Não quero dizer que você não deve seguir persistindo no seu sonho, mas sim que deve analisar se o caminho que você tomou para torná-lo realidade é realmente a melhor opção. É preciso persistir sim, mas também é preciso ser inteligente e humilde o suficiente para perceber quando o caminho, ou até seu objetivo, precisa ser repensado.

Eu acredito que existem pelo menos oito maneiras de se percorrer um caminho até um destino específico, então se você experimentou apenas um deles e está percebendo que ele não está te fazendo chegar mais próximo do seu destino, por que não experimentar outras opções?

Para e pense: quais são minhas outras opções para atingir meu objetivo? Ou até: qual é verdadeiramente meu objetivo?

Não existe vergonha em dar um passo para trás para reorganizar a vida e poder dar novos passos em direção à sua prosperidade. Somente o orgulho irá lhe impedir de tomar essa atitude.

O orgulho é o complemento da ignorância. (Bernard Fontenelle)

Persista sempre, mas não seja orgulhoso e teimoso. Talvez sua vida esteja lhe dizendo que está na hora de se conhecer melhor e entender o que realmente quer para si mesmo. Parar para reavaliar o que está fazendo nunca será perda de tempo, será sempre um exercício de autoconhecimento.