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Receber investimento faz de uma startup um sucesso?

As estranhezas da cultura startup

Faz um tempo que me interesso por startups. Gosto muito de acompanhar a evolução de empresas de tecnologia que estão dando os primeiros passos de uma longa jornada.

Misturando as definições de Steve Blank e Eric Ries:

Uma startup é um grupo de pessoas buscando um modelo de negócio repetível e escalável em um cenário de incertezas.

Dentro desse contexto, uma empresa como Uber não pode mais ser considerada startup há um bom tempo. Em alguns lugares do mundo ela opera em cenário de incerteza, mas seu modelo de negócio já se provou ser escalável, e muito! Mas mesmo assim continua a participar de rodadas de investimentos para manter sua expansão mundial.

E isso não acontece somente com startups, várias empresas precisam de investimento para expansão, sendo empréstimos com bancos ou abertura de capital.

A questão é que as pessoas do meio, da tal cultura startup, parecem cada vez mais idolatrar empresas que conseguem um investidor. Aquela nova startup que conseguiu R$ 1 milhão em uma rodada de investimento é a queridinha dos empreendedores.

Copiando e traduzindo uma citação de um texto que li um tempo atrás:

“Por que todos te parabenizam quando você levanta $1 milhão, mas não quando você ganha $1 milhão?”

Um investimento é importante sim, com ele você consegue fazer sua ideia sair do papel e ganhar vida. Com ele você consegue testar o mercado pra valer, para ver se a sua ideia realmente tem valor no mundo real. Mas e depois?

Bem, depois é hora de começar a faturar. Não adianta ficar achando que investidores irão simplesmente continuar a dar dinheiro para uma empresa que não fatura.

Afinal, um investidor só coloca seu dinheiro em algo para que ele renda mais no futuro, afinal, esse é o sentido da palavra investir. Ou seja, ele investe R$ 1 milhão para tirar R$ 5 milhões no futuro.

Você pode fazer aquele seu aplicativo ficar cada vez com mais funcionalidades, cada vez com uma aparência melhor, cada vez com a operação mais bem estruturada… mas você precisa provar se as pessoas vão mesmo pagar para usá-lo!

O objetivo de uma startup é que ela deixe de ser uma startup. Não em termos de cultura da empresa, mas no contexto dos “especialistas” que citei no começo desse texto.

Para que ela deixe de ser um grupo de pessoas trabalhando em um cenário de incertezas, ela precisa que seu modelo de negócios seja validado. Não validado com uma pesquisa de mercado, mas sim com os clientes querendo pagar para usar o que você criou.

Não depender mais de investimentos. Viver por conta própria. Essa sim é a verdadeira startup de sucesso.

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Como não empreender

Quando deixei o emprego para empreender… e deu bem errado

Era final de 2014. Já havia um tempo que eu estava confortável em um bom emprego. Apesar de ter adquirido algumas dívidas nos últimos meses e o salário não ser lá essas coisas, eu conseguia dar conta das necessidades do mês. Vivendo mês a mês.

Foi então que surgiu uma oportunidade de mudar de empresa. Era um trabalho “melhor”, para ganhar mais e em uma multinacional.

A saída da antiga empresa me rendeu uma boa grana. Com ela resolvi boa parte dos problemas financeiros que havia adquirido e ainda consegui guardar um pouco na poupança.

Era a famosa época das vacas gordas. Conseguia dar presentes caros e jantar em lugares chiques.

Eu tinha um salário bom e dinheiro guardado. O sonho da classe média.

Até aí tudo ótimo, não é? Na verdade não.

O novo trabalho era uma tortura para mim. Não tinha nada do que eu gostava na minha profissão. Além disso, era cheio de burocracias burras e desnecessárias que só faziam cair, e muito, a produtividade. O ambiente parecia tirado de um galpão de operações da CIA, ou qualquer agência norte-americana, daqueles filmes dos anos oitenta.

Foram apenas quatro meses até que eu não aguentasse mais. Pedi demissão.

Com dinheiro na poupança e sem as dívidas era a hora de fazer algo por mim.

Eu poderia ter conhecido um lugar diferente, visitado a família, comprado algo legal, ou qualquer outra coisa de consumo rápido. Depois era só voltar a procurar um emprego e seguir a vida. Mas eu decidi fazer algo diferente.

Já fazia um bom tempo que eu estava namorando a ideia de empreender. Ter meu próprio negócio, minha própria empresa.

Há algum tempo eu acompanhava os vídeos dos “gurus” do empreendedorismo da época e estava louco para experimentar aquela sensação de liberdade que eles tanto falavam e passavam a seus seguidores.

Antes mesmo de sair da empresa que citei lá no começo deste texto, eu já tinha começado a desenvolver um software on-line para pequenos negócios. Esse seria meu primeiro produto.

Tinha certeza de que era uma ótima ideia e que poderia ser vendido como SaaS (Software as a Service) por uma mensalidade pequena, que os micro e pequenos empresários pudessem pagar. Bastaria eu manter as melhorias contínuas no sistema e todo o pequeno negócio ia querer usar minha ferramenta.

Como uma criança inocente mostrando seu rabisco em giz de cera para a sua mãe, eu mostrei meu produto para pessoas próximas e só recebi feedbacks positivos. “A ideia é boa”, “vai dar certo”.

Ok. Eu tinha um produto e uma grana guardada. Era hora de começar a empreender.

Então corri atrás dos primeiros usuários para testar a ferramenta de forma gratuita. Até consegui um ou outro. Eles se cadastraram no meu software e eu comecei a ficar empolgado.

Nesse mesmo período eu encontrei pela primeira vez os meus concorrentes.

Sim, eu não conhecia meus concorrentes ainda. Errei feio, errei rude.

Comecei a ficar desanimado com a ideia e meu primeiro produto já estava caindo no esquecimento. Tanto dos seus primeiros usuários, que logaram apenas uma vez no sistema e nunca mais voltaram, como de mim mesmo, que não via mais esperança de que meu MVP pudesse ter algum futuro.

Meu produto não tinha nenhum diferencial atrativo para os clientes. Ele não fazia nada que os outros já não fizessem. E o que fazia de igual, fazia pior.

Nesse meio tempo o dinheiro começou a ficar escasso. A poupança estava secando…

Nesse momento resolvi mudar a “empresa” para uma prestadora de serviços. Era hora de tentar vender minhas habilidades de desenvolvimento de sites e sistemas personalizados para os micro e pequenos negócios.

Meu novo plano parecia perfeito, vendia um site ou um sistema por um valor que o pequeno empreendedor pudesse pagar e cobrava uma mensalidade, também barata, para manter o serviço hospedado e funcionando.

Na verdade eu era um freelancer, mas a ideia ser um empreendedor fazia tudo parecer mais importante do que realmente era.

Apenas uma questão de aparência.

Eu continuava indo nas reuniões e eventos com meu terno surrado e sapato velho, para me sentir um empresário. Talvez se tivesse apenas admitido que era um freelancer, as coisas teriam sido muito mais fáceis.

Graças ao network que vinha construindo há um tempo, consegui fazer alguns contatos e cheguei a fazer um sistema e alguns sites.

Depois de um tempo focado em vender essa nova ideia “genial” de serviços por mensalidade, as coisas não chegaram nem perto de melhorar na minha vida financeira. As dívidas continuavam aumentando.

A matemática era muito simples: eu não sabia vender e muito menos precificar o meu trabalho do jeito certo.

Eu vendia um serviço que valia muito, mas cobrava pouco pelo mesmo, com medo de que os clientes não quisessem me contratar.

Para piorar, alguns clientes começaram a dar calote. Não importa se você tem um contrato com algumas pessoas, elas simplesmente não vão pagá-lo.

Nessa época eu comecei a ficar depressivo.

Eu passava todos os dias em casa, com pouco trabalho a fazer. Minha esperança de melhorar a vida estava se esvaindo cada vez mais. Eu só queria deitar na minha cama a tarde toda e dormir para esquecer o buraco em que eu tinha me colocado.

Então… a fonte secou de vez. Minha poupança estava vazia. Zerada.

Para comprar comida e pagar as contas de água e luz e o aluguel, comecei a usar todo o crédito que podia no banco. Até o dia em que essa fonte também secou. O banco agora queria que eu começasse a devolver tudo. Com juros, é claro… muitos juros.

Finalmente, muito mais tarde do que deveria, eu me dei conta de que a situação tinha atingido um nível que eu jamais imaginei que pudesse atingir.

“Eu falhei. Cheguei ao fundo do poço.”

Esse era o único pensamento que passava pela minha cabeça. A derrota estava completa.

Foi então que, com ajuda e conselhos de amigos, resolvi tomar uma atitude. Assumir as falhas cometidas, perceber que não tinha mais condições de continuar naquela jornada e procurar um trabalho com salário fixo. Era a solução mais rápida que poderia me ajudar a tapar os buracos financeiros aos quais eu havia me enfiado.

Era hora de encerrar a minha primeira jornada de empreendedor. Talvez não para sempre, mas até uma nova oportunidade. E quando ela vier, estarei mais pronto e com muito mais experiência.

Foram muitos os erros cometidos em menos de um ano após começar a empreender. Uma sequência de falhas. Uma mistura de despreparo com falta de planejamento e excesso de confiança.

Apesar de ter passado por uma fase terrível da minha vida, hoje eu percebo o quanto tudo o que aconteceu foi importante para mim. O quanto consegui aprender com esses erros e, principalmente, o quanto isso foi importante para que eu me conhecesse melhor como pessoa e como profissional.

“É bom celebrar o sucesso, mas é mais importante prestar atenção nas lições do fracasso.”

Onde foi que eu errei? Para tentar resumir toda essa história em algo produtivo, resolvi listar quais foram os erros que pude identificar nessa curta jornada de empreendedor.

Então, para encerrar, vamos para o jogo dos sete erros.

1. Excesso de autoconfiança, despreparo e falta de planejamento. Um desconhecimento total do mercado e dos concorrentes que atuavam nele.

2. Se apaixonar por uma ideia sem pensar no que ela traria de diferente para suprir a “dor” do cliente. A paixão cega.

3. Acreditar que poderia ter um negócio que atingiria o breakeven point em apenas alguns meses. Onde as contas da empresa (e minhas) seriam pagas pelo próprio faturamento da empresa.

4. Não fazer uma conta simples: por quanto tempo consigo sobreviver com esse dinheiro que tenho guardado?

5. Sentir-se derrotado, desanimar e não persistir logo nos primeiros nãos. Uma falha grave para qualquer um que está começando qualquer coisa.

6. Ser orgulhoso demais para entender que falhou. Se você não admite o erro, como pode tomar uma atitude para consertá-lo?

7. Seguir gurus da internet. Alguns podem ajudar muito, mas a maioria tem conteúdo muito superficial e de autoajuda, algo que não vai auxiliar em nada quando você estiver precisando de conselhos mais “práticos”.

Esses itens são apenas alguns dos centenas de aprendizados que tive durante esse curto espaço de tempo. Mas resumem bem o que não fazer quando se quer empreender.

Apesar de aprendermos muito mais com nossos próprios erros do que com os erros dos outros, acredito que essa minha experiência possa servir para que outras pessoas entendam um pouco mais sobre essa perigosa aventura chamada empreendedorismo.

Publicado originalmente no Medium.

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Crônicas Empreendedorismo

Aprendendo com 2015

Que ano! 2015 foi o ano mais produtivo da minha vida inteira e também o mais difícil de todos.

Comecei o ano trabalhando numa empresa gigante, de renome, com bom salário, dinheiro guardado, mas extremamente infeliz. Tomei a drástica decisão largar tudo e empreender de alguma forma em fevereiro. Sem um produto, sem experiência, sem conhecimento suficiente… apenas um salto de fé. Um salto no escuro.

O dinheiro acabou antes do esperado. Continuei insistindo, achando que o que sempre me faltara era a persistência e dessa vez eu ia conseguir.

Persistência é uma qualidade. Teimosia, não

Por sorte, eu tenho pessoas na minha vida que me ajudam a ver as coisas de outro ponto de vista. Quando cheguei no fundo do poço, percebi que estava sendo teimoso e burro, não persistente. Foi então que uma batalha para me reerguer começou.

Desenvolvedor por mais de 12 anos, sempre trabalhei com PHP, mas eu queria trabalhar com Python. Havia passado o ano todo estudando e desenvolvendo nesta linguagem de programação, mas nas atuais circunstâncias eu estava aceitando qualquer coisa.

Pela primeira vez na vida, demorei meses para conseguir algum trabalho. Consegui alguma coisa, mas ainda não era o que eu buscava. Eu jamais achei que fosse encontrar o que queria trabalhando em uma empresa.

Foi então que dois dias antes da Python Brasil 2015 eu recebi uma ligação. No telefone uma pessoa com quem eu havia feito uma entrevista meses atrás, mas que não tinha me escolhido para vaga. Ele dizia que desta vez tinha a vaga ideal para meu perfil. Marcamos a conversa para um dia depois do evento. No outro lado da linha estava o CTO da Tikal, responsável por produtos como o LegalNote e o Diligeiro.

Era novembro. Os meses que passaram desde fevereiro pareciam décadas. Lá estava eu, finalmente trabalhando com Python e numa startup. Ainda era apenas uma salinha dentro de outro escritório. Me apaixonei pela ideia, pelo ambiente, pela oportunidade de começar um projeto novo, vê-lo crescer e se desenvolver.

Mas o que eu não sabia é que ali eu iria encontrar exatamente o que eu estava procurando. Pela primeira vez na minha vida eu me senti livre e ao mesmo tempo fazendo parte de algo. Descobri que essa combinação é possível. E descobri que essa combinação é exatamente o que eu procurava.

Esse ano foi o ano mais difícil da minha vida, mas também foi o ano em que mais aprendi. Aprendi sobre mim, aprendi sobre Python, aprendi sobre trabalho, aprendi sobre a paciência, sobre a ganância, sobre o que é ter muito e o que é ter pouco, aprendi que ser é mais importante que ter. Mas acima de tudo, aprendi que as dificuldades são degraus de uma escada que leva você para a maturidade, para o autoconhecimento e para a satisfação pessoal.

Obrigado, 2015, por me ensinar tanto.

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Crônicas Empreendedorismo

Trabalhar para ser feliz?

Assisti alguns vídeos do TED talks no Netflix que me trouxeram insights interessantes os quais eu gostaria de compartilhar. Este é o último dos três textos sobre o assunto, publicados originalmente na minha página no Medium.

Essa palestra do psicólogo Shawn Achor foi muito boa. Ele fala sobre uma visão padrão da sociedade sobre o sucesso: Devemos trabalhar duro para sermos felizes.

Segundo ele, essa visão deve ser mudada. Está mais do que provado que um colaborador feliz tem uma produtividade muito maior do que um que esteja sobre pressão, estresse e se sentindo infeliz. Então a ideia é simples…

Devemos ser felizes para trabalhar melhor.

Ele se formou em Harvard e passou os próximos oito anos sendo psicólogo dos alunos daquela universidade e percebeu que, em vez de se sentirem privilegiados por conseguirem entrar numa universidade tão difícil, nas primeiras semanas os alunos já estavam estressados e preocupados com as notas e os trabalhos acadêmicos.

Se você entra em Harvard, agora tem que ter boas notas. Se consegue concluir o curso, agora precisa de um emprego melhor. Se você atinge a meta de vendas, a meta será alterada. E assim por diante, num ciclo sem fim.

Se definirmos o sucesso, e consequentemente, a felicidade em cima de objetivos que devemos atingir, nunca chegaremos lá.Sempre estaremos esperando o momento de felicidade, mas este momento jamais chegará.

Essa palestra merece ser vista.

Assista no site TED.com

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Crônicas Empreendedorismo

A mente afeta o corpo… e vice-versa

Assisti alguns vídeos do TED talks no Netflix que me trouxeram insights interessantes os quais eu gostaria de compartilhar. Este é o segundo dos três textos sobre o assunto, publicados originalmente na minha página no Medium.

Amy Cuddy, uma psicóloga social e professora de MBA trouxe uma palestra muito interessante sobre linguagem não-verbal.

Sabe-se que a linguagem corporal é afetada pela nossa mente. Se você está se sentindo poderoso, seu corpo vai se portar mostrando esse sentimento, abrindo os braços, inflando o peito e endireitando os ombros, por exemplo. Se você está se sentindo submisso, ele vai se comportar de outro jeito, de braços cruzados, ombros caídos, etc.

Agora a pesquisa que a palestrante trouxe mostra que a recíproca é verdadeira. Se posicionarmos nosso corpo em posição de poder, nossa mente vai reagir a isso.Eles basicamente mediram os hormônios testosterona e cortisol, sendo que o primeiro é relacionado a sensação de poder e o segundo à reação a momentos de stress. Quando nos sentimos poderosos os níveis de testosterona se elevam e os de cortisol caem.

Pediram para que algumas pessoas assumissem posições tanto de poder como de submissão (sem que as mesmas tivessem conhecimento do que significavam cada uma) por dois minutos e mediram seus hormônios antes e depois das poses.

O resultado foi que os níveis de testosterona e cortisol refletiram exatamente o que as poses estavam demonstrando. E isso quer dizer simplesmente que você pode “fingir até se tornar” (fake it until you make it, ou a versão que a Amy Cuddy prefere: fake it until you became it), ou seja, você pode assumir uma posição de poder com o seu corpo e então, depois de um tempo, vai se sentir mais confiante e mais poderoso.

Essa é uma dica que a palestrante deu para quem for fazer uma entrevista de emprego: “Vá ao banheiro minutos antes da entrevista e faça a pose clássica da mulher-maravilha por dois minutos”. Pode não parecer, mas foi provado cientificamente que isso vai lhe trazer uma sensação de confiança e empoderamento.

Assista no site TED.com

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Crônicas Empreendedorismo

Como reagimos ás dificuldades

Adoro ouvir histórias sobre a vida de grandes empreendedores que hoje são pessoas de sucesso e tiveram uma origem humilde, como o Geraldo Rufino da JR Diesel, por exemplo.

O que mais me chama a atenção são as grandes dificuldades pelos quais eles passaram, começaram totalmente de baixo e tiveram que enfrentar momentos muito complicados, até faliram algumas vezes antes de atingir o patamar que estão hoje.

O bom de conhecer as histórias destas pessoas é perceber que quando passamos por momentos difíceis nossa força de vontade está sendo testada, colocada à prova. Se realmente desejamos chegar lá, ter sucesso e prosperidade, precisamos ser persistentes e buscar aprender com os erros e com as dificuldades e não ficar chorando por causa delas.

Momentos difíceis sempre existirão, como vamos reagir diante deles é o que define se seremos uma pessoa de sucesso ou não.

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O empreendedor e os nãos

Empreender não é uma tarefa fácil. É necessário mudar toda a sua vida e trabalhar muito mais do que se estava acostumado, você precisa cuidar da operação, da legislação, do comercial, entre outras áreas do seu negócio. Tem que correr atrás de clientes diariamente e é aí que vai ouvir muitos não, alguns talvez e poucos sim. Lidar com essa quantidade de nãos é algo que precisa ser aprendido. Engolir o orgulho e aceitar essas respostas como aprendizado.

Muito se fala sobre a quantidade de negativas que você irá receber e que elas são parte da construção de um empreendimento e do próprio empreendedor. Você pode achar que vai estar pronto para recebê-los diariamente e que não vai se importar, pois na teoria você sabe que eles irão acontecer. Mas quando a teoria encontra a realidade ela não parece tão fácil quanto anteriormente.

Cada negativa recebida vai sim dar uma boa desanimada no empreendedor, vai minar um pouco a força de vontade dele. Eu acredito que isso é normal, ninguém tem sangue de barata e vai levar os primeiros nãos tão na boa assim, como achamos quando aprendemos isso no campo da teoria. Não é fácil mesmo.

Mas é aí que se separa o joio do trigo. Você vai se desanimar, vai ter uma queda na força de vontade, mas precisa querer dar a volta por cima a cada negativa e a cada desanimo que acontecerá. E é por isso que as negativas fazem parte da construção não só do empreendimento, mas principalmente do empreendedor.

Manter o foco e dar a volta por cima a cada negativa recebida é o principal aprendizado. Como diria meu antigo mestre de arte marcial:

O verdadeiro guerreiro é aquele que, quando perde tudo, logo já está em pé para começar outra vez.

 

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Por que um ambiente de trabalho mais relaxado é mais produtivo?

Estar de bom humor e descansado faz toda a diferença na produtividade de uma pessoa. O site da Revista Galileu publicou uma notícia trazendo dados de uma pesquisa científica que mostra como funciona nosso cérebro no momento em que temos uma boa ideia.

De toda a explicação sobre a pesquisa, a parte mais interessante, e a qual dou enfoque nesse texto, é o último parágrafo.

Os cientistas avisam – ou dão a dica – de que bom humor e mentes descansadas podem ser fatores importantes na hora daquele “Eureca!”. Para concluir, o autor diz: “Existe um processo importante de consolidação da memória que só acontece quando dormimos. Elas são transformadas e podem trazer detalhes escondidos para situações no dia a dia. Dormir bastante é ótimo para ter insights”.

Na área de tecnologia, por exemplo, passamos o tempo todo buscando soluções para os problemas do usuário e para isso precisamos de boas ideias. É um trabalho técnico, mas que exige muita criatividade.

Isso não se resume somente à area de tecnologia. Como um gestor espera que o membro de sua equipe seja pró-ativo, traga ideias inovadoras sobre como executar seu trabalho, se o mesmo não tem um ambiente que facilite esse processo?

É por isso que, cada vez mais, empresas com ambientes inovadores e premiados pela qualidade que proporcionam aos seus trabalhadores tem apresentado ótimos resultados ano após ano. Sentir-se bem no local de trabalho faz toda a diferença no resultado que o colaborador irá gerar para a empresa.

Infelizmente, muitas empresas ainda não entenderam que seu maior recurso não é a tecnologia ou o método que empregam, mas sim as pessoas que a estão empregando. Pressionar o colaborador por resultados sem nem sequer se importar se ele está bem é um tiro no pé para qualquer gestor.

Eu acredito que, em algumas áreas, a gestão de colaboradores deve ser repensada e deve-se usar o exemplo dos cases de sucesso que cada vez mais aparecem por aí. Já temos casos de empresas brasileiras dando o exemplo, como a Chaordic de Florianópolis, que em 2013 ganhou prêmio Great Place to Work de melhor empresa para trabalhar em Santa Catarina.

Os exemplos estão aí, basta seguí-los. Se não for pela motivação dos colaboradores e a vontade que tem de trabalhar nestes locais, que seja pelos resultados financeiros que elas apresentam.

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Pequenas decisões

Acabei de ler um texto falando sobre como as pequenas decisões podem levá-lo ao sucesso. Interessante como isso realmente faz a diferença na vida das pessoas e acabou me remetendo ao que escrevi no texto Quanto vale uma ideia?.

As pessoas normalmente veem uma notícia falando sobre uma grande negociação que levou uma startup a atingir o nível de empresa milionária ou uma notícia sobre como uma pessoas conseguiu emagrecer 30kg em alguns meses e acham incrível. O que é ignorado é o fato de que existiu toda uma história de sacrifícios e trabalho árduo por traz deste sucesso.

O processo é o responsável pelo sucesso. Enquanto as pessoas estão percorrendo o caminho, fazendo seus sacrifícios, dedicando o seu tempo e suor ao projeto, não serão reconhecidos. Então não espere que alguém de fora o motive a continuar firme no esforço de manter seu projeto vivo, você precisa fazê-lo tomando as decisões certas.

As pequenas decisões que serão tomadas ao longo do processo é que farão a diferença neste caminho. Aquele momento em que você escolhe assistir uma hora a mais de TV em vez de trabalhar no projeto ou comer um bolo de chocolate “só naquele dia”, talvez não faça mesmo diferença. Talvez seja o alívio momentâneo que você estava precisando naquele momento, mas dezenas de horas na frente da TV e toneladas de bolo farão bastante diferença no resultado final.

Mesmo que tomar algumas boas decisões a cada semana não pareça grande coisa, isso faz uma enorme diferença na sua trajetória de vida. Por que? Porque boas decisões acumulam, como juros em um banco. Quando você toma mais decisões boas você está se colocando em uma posição melhor, então cada decisão subsequente alavanca essa posição e tem um efeito melhor ainda na sua vida.

Não há necessidade de se culpar a cada decisão “ruim” que fizer, apenas tentar aumentar um pouco a porcentagem de decisões “boas” relacionadas ao projeto o qual se está trabalhando, seja um novo negócio ou uma vida mais saudável. Aumentando esta porcentagem o resultado final será atingido com maior velocidade e você se sentirá mais satisfeito consigo mesmo.

Cada vez que uma decisão favorável ao projeto for feita ele estará mais perto de ser um sucesso, isso fará com que você se sinta mais satisfeito com o andamento da coisa toda e o motivará a continuar aumentando a porcentagem de boas decisões.

Investir seu tempo e esforço em um projeto é o único jeito de torná-lo um sucesso.

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Quanto vale uma ideia?

Todo mundo tem ideias. Muitas delas podem ser ideias de negócio que tornariam o idealizador bilionário. Mas então por que não temos “mais bilionários” nesse mundo? Porque uma ideia é apenas uma ideia. Como disse Cássio Spina em um vídeo que assisti há poucos dias: “Você já viu algum anúncio ‘compra-se ideia’?“.

O que diferencia uma ideia bilionária de um negócio bilionário é a execução. Achar um jeito de colocar em prática a sua teoria é o único jeito de ter certeza de que ela dará certo e de que realmente foi um bom insight. É preciso acreditar na ideia e trabalhar muito para que ela saia do plano mental e se torne algo concreto. E, se todo mundo tem ideias, poucos são os que tem força de vontade para colocar um projeto pra andar.

Tocar um projeto necessita de sacrifícios. Sacrificar o tempo livre que você usaria para ler um livro, jogar videogame, assistir um filme ou aquela série que você acompanha, para a festa com os amigos do final de semana, etc. Isso não quer dizer que você nunca mais terá tempo livre, o ideal é conseguir tocar seu projeto e ainda ter tempo para tudo isso, mas um empreendedor em início de carreira precisa trabalhar muito para fazer o negócio sair do papel.

É muito comum que, em uma fase inicial, o projeto seja bancado pelo próprio empreendedor e para isso o mesmo deve ter uma fonte de renda. Dessa maneira ele mantem o emprego que já tinha, por exemplo, para financiar o projeto e pagar as contas enquanto a ideia bilionária ainda não está pronta para atingir seu potencial. E neste caso fica ainda mais complicado. Muitas vezes é preciso trabalhar de madrugada no projeto que ainda não gera renda e ter que acordar cedo no dia seguinte para cumprir as horas que estão sendo remuneradas.

Entender que para atingir o sucesso é preciso sair da zona de conforto é o primeiro passo. Eis uma decisão difícil de tomar, deixar de lado o “conforto” de trabalhar algumas horas por dia, receber o salário e poder ir para o happy hour com os colegas, por exemplo. Ir contra isso é estar disposto a não aceitar o status quo e, natualmente, é preciso ter muita força de vontade para não desistir nas horas de dificuldade.

Mas e então, quanto vale uma ideia? Depende de quanto esforço e dedicação o idealizador está disposto a colocar no projeto de fazê-la tornar-se realidade.