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A crônica de um quadrinista cansado

Sexta-feira. Trabalhei até tarde hoje.

Isso tem acontecido já faz algum tempo no meu emprego.

Não reclamo.

O meu “day job” é que paga as contas no final do mês… inclusive as da Fliptru.

Pra compensar a culpa por ter passado tempo demais no escritório, passo uma hora correndo pela casa brincando com minha filha até a exaustão… do pai, nunca da criança.

Depois disso, janta, higiene bucal, banho e uma ajudinha pra dormir. Pronto, ela está na cama.

Já passa das onze horas da noite.

Olho pro sofá e penso: vou me jogar lá e assistir meia hora de documentários aleatórios na TV.

Não posso assistir nada que eu não possa perder partes, tipo uma série ou um filme, já que a maior probabilidade é de que vou dormir assistindo.

Costumo assistir coisas como Alienígenas do Passado ou algo sobre o antigo Egito.

Mas pouco antes de finalmente me jogar na frente da TV e ter meu merecido descanso, lembro da vontade imensa que estou de completar a série Tailer.

Terminar essa história vai me liberar e me dar o aval psicológico que preciso para começar algo novo.

Talvez isso só faça sentido na minha cabeça, mas é assim que é.

Ainda faltam pelo menos umas 100 páginas pra chegar lá, mas me sinto mais perto do que longe do objetivo final.

Tenho trabalhado nas páginas em cada segundo livre durante o dia, mesmo eles não sendo muitos.

Então vou até o escritório, lugar o qual já passei a maior parte do meu dia, e ligo o computador e a mesa de desenho novamente.

Trabalhar nesse quadrinho vale a pena mesmo? Me questiono como sempre, é claro.

Ninguém se importa, porque eu deveria me importar?

Os demônios da autossabotagem não me deixam em paz, mas eu persisto.

Dois personagens desenhados no último quadro da página três. Ainda faltam mais dois e toda a parte de tons de cinza desse quadro que toma metade da página.

Meus olhos começam a fechar sozinhos.

A caneta cai da mão mais de uma vez.

É. Já deu por hoje.

Agora são uma da manhã do sábado. Amanhã tem mais.

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Só impresso vale? O futuro do quadrinho digital no Brasil

Existe, para mim, uma grande diferença entre quadrinho impresso e quadrinho digital. E não é apenas o lugar onde a pessoa vai ler a história.

São duas formas bem diferentes de consumo de histórias em quadrinhos.

Nesta semana eu publiquei um vídeo no meu canal do Youtube onde falo um pouco sobre a esta diferença de experiência de leitura entre quadrinhos impressos e quadrinhos digitais.

O vídeo foca especificamente em pensarmos na experiência que nossos leitores terão antes de começar a produzir a história.

Esse tema me fez pensar bastante.

Por que será que vivemos pensando em publicar os quadrinhos de forma impressa? Por que será que muitos de nós tendemos a dar mais valor ao quadrinho impresso do que ao quadrinho digital?

Nós vemos o quadrinho digital como uma forma de divulgar nosso trabalho para criar uma base de leitores e então conseguir publicar impresso de alguma forma no futuro.

Atualmente tenho mudado muito minha visão nesse sentido.

Eu vejo o quadrinho digital como uma nova maneira de curtir boas histórias. É uma mídia diferente, com um público mais amplo e também mais imediatista.

Um público que quer ver coisa nova o tempo todo, afinal qualquer conteúdo de internet precisa ter constância para ganhar relevância.

Tenho pensado sobre isso ultimamente e a Fliptru é a grande responsável por essa reflexão.

Muita gente pergunta se a Fliptru, que é uma plataforma de auto-publicação de quadrinhos digitais, vai se tornar uma editora de quadrinhos impressos… a resposta é não, não tenho essa intenção.

Na verdade eu quero que ela abra caminho para uma nova forma de consumir quadrinhos, consequentemente uma nova forma de vender/comprar quadrinhos.

Como eu falei no vídeo, se eu começasse a criar uma HQ do zero hoje em dia, certamente faria no formato vertical (pergaminho, webtoon) e focaria em entregar capítulos semanais para meu público.

A ideia seria vender estes capítulos semanais em um lugar como a Fliptru. Esse tipo de monetização é uma das coisas que quero permitir que autores façam na plataforma no futuro.

Ainda é um pensamento em início, mas vale levantar o assunto para entender a opinião das pessoas que estão lendo este texto.

Por favor, comente a sua opinião sobre esse tema.

Você acha que o quadrinho impresso tem mais “valor” do que o digital? Você acha que o quadrinho digital é apenas um meio de adquirir público? Ou você acredita que dá pra vender quadrinhos digitais consistentemente?

Temos que conversar sobre isso.

O mercado está mudando, os quadrinhos digitais já tem um apelo maior para a nova geração de leitores que está vindo por aí.

Porque não criar uma cultura de consumo de quadrinhos digitais aqui no Brasil, assim como acontece nos mercados de fora do país?

Sites como Webtoon e Tapas já estão vendendo quadrinhos digitais através de suas plataformas há anos!

Já existem autores e autoras gringos que ganham a vida ou vendendo seus quadrinhos por estes aplicativos ou sendo contratados para criarem quadrinhos exclusivos para estas plataformas.

Todos em um formato exclusivo para a ser lido pelo celular, o chamado formato webtoon.

Então porque nós por aqui ainda estamos tão atrasados em relação à isso?

Isso me faz pensar sobre formas de permitir que isso aconteça, principalmente como criador de uma plataforma de quadrinhos digitais nacionais.

Será que ter ferramentas para vender quadrinhos neste formato pela plataforma é um meio de fomentar esta mudança no mercado nacional?

Só testando para saber.

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Vergonha dos quadrinhos que fez no passado

Uns dias atrás recebi um email de uma das minhas primeiras alunas do curso de quadrinhos HQ na Prática.

Ela falava sobre ter receio de indicar seu quadrinho para as pessoas porque havia melhorado a qualidade da arte desde que publicou os primeiros capítulos e não considerava “bom o bastante” o que tinha feito antes.

Ou seja, de certa forma ela sentia vergonha dos quadrinhos que fez no passado.

Eu entendo esse sentimento, apesar de nunca ter sentido isso exatamente. Porque sempre gostei de publicar tudo que eu tinha disponível desde que comecei.

Foi assim quando lancei a Fliptru em 2019. A primeira coisa que fiz foi lotar meu perfil com quadrinhos que eu produzi mais de uma década antes.

Primeira página do prólogo de Tailer (2004)

São bons quadrinhos? Deixo que você julgue isso lendo cada um deles e comentando o que acha.

De qualquer forma isso não faz muita diferença, porque sendo bons ou ruins, eles são parte concreta da minha história como quadrinista. São parte do que sou hoje.

Se alguém acha meus quadrinhos um bom entretenimento hoje é porque eu tive anos de produção de quadrinhos com a qualidade (duvidosa) do que eu podia fazer na época.

Materiais baratos e um computador ruim compartilhado com a (grande) família inteira era tudo que eu podia ter.

Uma arte inocente, amadora, com poucas bases para uma boa perspectiva e anatomia, porque nunca tive acesso a cursos de desenho até aquele momento.

Tudo isso poderia ter me impedido de publicar naquela época.

Não impediu.

Talvez porque fossem outros tempos e as redes sociais não existiam, portanto não causavam a “pressão por comparação” que causam hoje.

A gente vê prodígios com artes incríveis publicadas no Instagram ou Facebook e logo pensa: “nossa, não tô nem perto desse nível, melhor esconder minha arte até ficar boa”.

Tenho uma notícia pra você: você nunca vai se achar “bom o bastante”, porque sempre terá gente “melhor” (com aspas enormes aqui) para você se comparar nas redes sociais.

Página de Tailer Parte 14 (2020)

Isso é o que chamo de “pressão por comparação”. Você se pressiona porque se compara constantemente.

Essa pressão é algo que pode ser um incentivo à melhoria constante ou um peso na sua mente que pode acabar te fazendo desistir.

De qualquer forma o ponto desse texto é que tanto você quanto a pessoa ali que é “melhor” passaram por um processo de aprendizado e não devem ter vergonha disso.

Pelo contrário, é muito saudável que isso seja mostrado. Que as pessoas vejam a trajetória e não apenas o destino final, ou melhor, o momento atual, da nossa jornada.

Então exiba com orgulho os quadrinhos que fez no passado e mostre assim sua evolução para todo mundo.

Durante esse processo você vai gerar ainda mais empatia das pessoas que são sua base de leitores. Na verdade você estará criando sua base de leitores e de forma mais firme. Isso é ouro para manter o relacionamento e o crescimento dela.

Não tenha vergonha dos quadrinhos que fez no passado. Nunca.

Tenha orgulho da sua trajetória. Sempre.

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Relembrando antigos personagens

Em outubro eu fiz aniversário.

Resolvi abusar e me dar de presente um “brinquedo” novo, coisa que eu não fazia já tinha muitos anos.

Eu comprei um iPad 7 e uma Apple Pencil para desenhar.

Depois de muita pesquisa, minha mãe me deu a dica: “procura no Mercado Livre”.

Eu sempre fui meio cético com o Mercado Livre, mas a verdade é que consegui economizar mais de mil reais e ainda chegou em poucos dias na minha casa. Fica a dica.

Bem, mas esse post não é sobre o Mercado Livre e também não é sobre meu novo material de desenho.

Tudo isso foi apenas uma introdução para dizer que comecei a me divertir bem mais apenas em desenhar.

Eu sempre considerei o desenho uma ferramenta necessária para contar histórias através dos quadrinhos e dificilmente eu desenhava algo só para me divertir.

Só que com o iPad eu consegui me divertir muito fazendo desenhos aleatórios.

Assim que eu terminava de fazer um desenho, postava no meu Instagram e na comunidade Fliptru com algum texto (alguma crônica sobre o que aquele desenho representava) e já queria partir para o próximo logo.

Comecei desenhando personagens de menor importância da minha série em quadrinhos Tailer. Olha os desenhos aí embaixo.

Depois de relembrar estes personagens menores eu resolvi ir mais longe. Comecei a relembrar personagens de projetos de quadrinhos antigos.

E aí que a diversão começou de vez.

Zanecia

Me lembrei de um projeto de série em quadrinhos de 2004 que eu gostava muito chamado Zanecia.

O capítulo piloto da série, feito em 2004 mesmo, está disponível pra ler na Fliptru.

Aí fiz um desenho (que eu adorei o resultado, impressionantemente) dos personagens principais e me lembrei de parte da história.

Personagens de Zanecia em 2020

Vou citar o que escrevi no post da comunidade Fliptru aqui pra você ver o tanto que consegui lembrar do projeto.

O ano era 2004 e eu tinha passado mais de um ano desenvolvendo um mundo fantástico que servia de base para a história de dois irmãos.

Gostaria de compartilhar com vocês o que eu lembro desta história (que acabou ficando apenas no capítulo piloto) e esse desenho que acabei de fazer dos protagonistas desta HQ esquecida.

Eu perdi todas as anotações, mapas e desenhos que tinha feito naquela época, então vou escrever aqui o que lembro.

Um continente com seu pequeno e litorâneo lado ocidental dividido em cinco reinos (e mais um deserto ao centro que é motivo de disputas por posse e o qual seu povo luta por independência) e seu lado oriental colossal, praticamente desconhecido para todos os habitantes dos reinos.

O que divide os dois lados é uma cordilheira impenetrável. Poucos foram os que conseguirem atravessar de um lado para outro nos últimos séculos.

Nos cinco reinos a magia ancestral domina. Magos que recitam mantras, palavras de poder e desenham símbolos conseguem extrair magia da energia da natureza que os ronda.

Em eras antigas deuses e demônios eram invocados em rituais extremamente difíceis. Eles batalhavam entre si neste território e, dizem as lendas, foram suas batalhas que ergueram a cordilheira e cravaram o grande cânion na região ocidental.

Estas invocações foram banidas há séculos e são pouco comuns nos tempos atuais.

Já o pouco que se sabe sobre o lado oriental é que seu povo domina a energia da natureza sem necessidade de símbolos e conjurações, e que tem uma aparência e cultura diferente dos cinco reinos.

Neste cenário encontramos nossos heróis.

Dois irmãos, um rapaz e uma garota, estão em busca de seu pai que foi sequestrado quando eles eram ainda crianças e levado para o reino sombrio.

Comandado por um rei misterioso, que muitos dizem ser um demônio, esse é o único dos cinco reinos que tem suas fronteiras totalmente fechadas. Ninguém entra e ninguém sai.

Os irmãos buscam pelo ocidental. Um homem que faz parte das histórias do passado recente dos cinco reinos.

Dizem que ajudou treinou e ajudou o líder do povo do deserto a começar a guerra pela independência.

Esse homem oriental é conhecido por ser muito forte, por isso os irmãos acreditam que ele pode ajudá-los a recuperar seu pai do reino sombrio.

Mas antes de encontrarem o oriental, os irmãos acabam interrompendo uma tentativa de invocação de um demônio. Com isso, o ser acaba vindo para nosso plano com um corpo pequeno e apenas parte de suas habilidades.

Esse é o grupo que vai avançar durante a história em busca do pai dos irmãos protagonistas.

Confesso que não lembro o nome dos irmãos, mas o oriental se chama Zan e o mini-demônio se chama Gy, ambos diminutivos dos seus nomes originais.

Bom, isso é parte do que eu lembro de toda essa história.

Eu lembro um pouco mais sobre Hilflos (o nome do deserto) e seu passado recente.

Mas no geral é só isso que sobrou na memória depois de 16 anos…

Espero que tenham gostado de saber mais sobre essa história que infelizmente nunca existiu como uma HQ pra valer.

Ainda hoje, enquanto relembro de todo o contexto dessa história, dos personagens, do desenvolvimento do mundo fantástico em que a história iria acontecer… me dá um pouco de pena de eu ter escolhido avançar com Tailer em vez de Zanecia em 2006.

Porque a questão era exatamente essa. Eu precisava escolher em qual série eu iria dedicar meu tempo livre, que na época era muito mais abundante do que é hoje.

Eu realmente acho que tinha algo muito bom ali.

D.A.P

Bem, vamos continuar com mais uma lembrança de série antiga… agora uma MUITO antiga.

Depois de brincar de desenhar os personagens de Zanecia, eu resolvi relembrar minha primeira webcomic. Ou seja, a primeira história em quadrinhos que eu publiquei na internet.

Eu mal me lembro o ano em que isso aconteceu, mas era por volta de 2000 ou 2001, não tenho certeza.

Mas me lembro do Rui Müller, protagonista da mini-série em três capítulos entitulada D.A.P ou Departamento para Assuntos Paranormais.

Surpreendentemente, também gostei do resultado desse desenho.

Rui Müller de D.A.P em 2020

Vou citar o texto que postei na comunidade Fliptru aqui também, para você conhecer a história por trás dessa história.

D.A.P. foi minha primeira webcomic.

Se não me engano o ano era 2001.

Eu trabalhava em uma história em quadrinhos por pura diversão (que era o único motivo que eu tinha pra fazer HQ com 14 para 15 anos) até que um colega da escola técnica onde eu fazia o ensino médio descobriu que eu fazia quadrinhos.

Ele estava construindo um site de variedades e pediu para postar minhas histórias lá.

Foi assim que descobri que quadrinhos poderiam alcançar muita gente através da internet.

As pessoas me mandavam emails comentando sobre a história e isso me deixou tão empolgado que resolvi aprender a fazer sites pra publicar todos os meus quadrinhos na internet.

O nome dessa minha primeira webcomic era D.A.P. que é a sigla do Departamento para Assuntos Paranormais da Polícia Federal brasileira.

Esse cara no desenho era o protagonista do quadrinho. Um agente do D.A.P. que se chamava Rui Müller.

Eu mal me lembro dessa história e já perdi todas as páginas dela.

Só lembro que o Rui tinha um poder cinético que emanava das mãos, que dirigia um Scort preto e que morava só com seu cachorro.

Lembro que ele era meio mulherengo (estilo James Bond das antigas) e que estava sempre flertando com duas colegas, uma que o odiava e outra que era mais bobinha (bem clichê, obviamente).

Foi legal relembrar da minha primeira webcomic e fazer essa arte pra me divertir um pouco também.

Foi uma história que me marcou muito. Afinal, foi graças a ela que eu percebi que a internet poderia levar meus quadrinhos para um monte de gente que eu nem conhecia.

Infelizmente eu perdi as páginas (tanto os arquivos digitais como os originais) dos três capítulos dessa história e nem ao menos me lembro direito sobre o que era.

De qualquer forma, ela estará sempre na minha memória.

As que faltaram…

Pra finalizar, as histórias que ainda não fiz um desenho dos personagens. Mas isso ainda pode ser corrigido em algum momento em que eu puder relaxar com o iPad na mão.

Oni’s

Uma bem importante que faltou eu fazer um desenho foi Oni’s.

Oni’s foi uma história longa, chegou a ter dez capítulos, mas é um daqueles projetos longos que você nunca chega a finalizar, sabe?

Olha estes desenhos dos personagens feitos entre 2001 e 2002 (acho).

A única coisa que me lembro sobre a história é que as crianças eram reencarnações de seres muito antigos chamados de Onis.

A milhares de anos (ou seriam centenas, eu não lembro mesmo) existia uma rixa política entre dois países com seres poderosos (magicamente falando).

Eu parei de produzir capítulos exatamente quando ia começar a contar esta história do passado, mas a questão é que eles estavam sempre em guerra.

Agora que todos reencarnaram nos tempos atuais, eles se lembram de suas vidas passadas e se confrontam. Alguns buscando vingança e outros apenas querendo continuar sua guerra do passado.

Acho que era isso… não lembro quais das crianças dos desenhos aí eram reencarnações e quais eram apenas envolvidos acidentalmente na trama.

Apenas o Victor (o menino no meio do fogo ali em cima) e o Ader (o loiro alto) eu sei que eram reencarnações dos seres antigos.

Eu também perdi as páginas dessas história, tanto as originais feitas à mão como suas versões escaneadas… é uma pena.

Bom, de qualquer forma, quem sabe eu faça uma versão 2020 deles também para me divertir.

21

Também faltou falar de mais um projeto da mesma época que Oni’s.

Ele se chamava simplesmente 21 e teve apenas três capítulos, cada um desenhado por um artista diferente.

Eu escrevia o roteiro e achava pessoas que estavam a fim de participar do projeto para desenhar.

Dio Moreno

O protagonista se chamava Dio Moreno por causa do vocalista de uma banda que eu gosto muito chamada Deftones (Chino Moreno).

Ele era apenas um andarilho em um mundo fantástico que passava de cidade em cidade se metendo em problemas sem querer.

Não era um enredo lá muito diferenciado, na verdade…

Obviamente, eu também perdi as páginas que tinha dessa história. Já viu que eu não era muito cuidadoso com meu material, tanto físico como digital, né.

Só que era um projeto legal por ter sido a primeira vez que eu escrevi um roteiro para outros desenhistas.

Finalizando a nostalgia

Este texto foi muito legal de fazer, porque ele me fez voltar no tempo, assim como os próprios desenhos me fizeram também.

Espero que você também tenha se divertido lendo um pouco sobre as minhas HQs do passado.

Quadrinhos fazem parte da minha vida a muito mais tempo do que isso tudo que falei, ainda poderia comentar parágrafos e parágrafos sobre os projetos que tive antes do ano 2000, mas aí nem eu ia aguentar ver os desenhos dessa época.

Se você leu até aqui, obrigado de verdade! Me deixa um comentário falando que leu tudo só pra eu me sentir melhor de ter investido um tempo pra fazer este texto.

Eu sei que ele é mais divertido de escrever do que necessariamente vai ser para quem está lendo…

Abraços e até o próximo textão!

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Retrospectiva 2019

Desde 2015 eu comecei a escrever uma postagem ao final de cada ano para relembrar o que passou. Então essa é a quinta retrospectiva que faço por aqui.

Como eu sempre lembro em todos os textos, este não é um conteúdo focado em quem lê e sim uma espécie de terapia para quem escreve.

Meu objetivo é revisitar as coisas importantes que aconteceram durante o ano e tentar aprender um pouco com toda a experiência adquirida.

Casamento

É claro que a coisa mais importante que aconteceu na minha vida pessoal esse ano foi o meu casamento.

Encontrar uma pessoa que apoia, anima e está sempre com você quando precisa é algo incrível.

Por isso esta é a primeira coisa que gosto de me lembrar deste ano. Um amor para toda a vida.

Viagens

Esse ano eu e a Lu fizemos algumas viagens legais, menos do que gostaríamos… mas foram lugares incríveis.

São Roque

Logo no começo do ano fomos à São Roque, aqui perto de São Paulo, pra um final de semana relaxando perto da natureza.

Sempre bom contar com o Airbnb na hora de procurar um lugar nos moldes do que você está procurando.

O Chico adorou!

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Cânions do Sul

Depois disso, foi a vez da nossa lua de mel.

Fomo para os Cânions do Sul! Um paraíso natural do nosso país.

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Fomos à cachoeiras e conhecemos os incríveis Cânions do sul do nosso país. Ficam logo ali entre Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

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Essa era a vista do nosso chalé…

Isso foi no meio do ano, agora em Outubro seguimos para outro lado do nosso país.

Maceió

Fomos para Maceió! Minha primeira viagem para o Nordeste.

Que lugar incrível! Eu poderia lotar esta postagem com fotos de lá… mas vou deixar apenas essa que foi um resumo da vida boa que foram as manhãs por lá.

Digo as manhãs, porque foi minha primeira experiência trabalhando em uma viagem. Combinei com o pessoal da empresa que iria trabalhar no período da tarde/noite e aproveitar a praia de manhã… vantagens do trabalho remoto.

Foi uma experiência meio “nômade digital”.

Se pensar que ter que trabalhar poderia me impedir de ir, então foi muito bom. Porque mesmo com compromissos de trabalho, pude aproveitar.

Mas ainda prefiro viajar sem ter esses compromissos.

Já no final de semana pudemos aproveitar 100% dos dias por lá…

Que tal uma praia praticamente só pra você! E com água quente no mar.

Pra quem cresceu nas praias do sul do Brasil, foi uma experiência incrível entrar em um mar com a água tão quente.

A Lu queria se mudar para Maceió imediatamente. Se apaixonou pelo lugar!

Trabalho

Este ano tive experiências interessantes com empregos diferentes.

No começo do ano trabalhei numa das grandes startups brasileiras, o QuintoAndar.

Foi muito legal, conheci pessoas incríveis e pude vivenciar a experiência de trabalhar em uma grande startup de tecnologia, sendo que até então só havia trabalhado em pequenas startups ou em empresas com áreas de tecnologia.

Minha equipe no QuintoAndar

Toda a cultura de uma empresa como essa é impressionante. Muita gente jovem e muita liberdade para trabalhar como deseja e ser criativo nas soluções.

Eu entrei como desenvolvedor e seria treinado para me tornar um líder técnico na empresa.

Só que não me adaptei no modelo de empresa grande. Muitas equipes e cada uma trabalhando em uma pequena parte de um sistema enorme.

Da área de desenvolvimento de software o que mais gosto é o produto em si. Fazer a diferença num projeto, sabendo que as pessoas usam aquilo que produzo.

Trabalhar numa empresa gigante me passou a sensação de não fazer tanta diferença assim.

Mesmo sabendo que com o tempo eu poderia me tornar mais “dono” do negócio, eu resolvi sair depois de quatro meses para tentar um novo cargo em outra empresa, onde eu pensei que poderia ter essa sensação.

Infelizmente não foi uma decisão acertada e acabei me arrependendo um pouco.

De qualquer forma, alguns meses depois acabei recebendo uma proposta para trabalhar em uma startup que estava bem no começo.

Aí sim, o desafio que mais me interessa.

Assim eu acabei começando a trabalhar pela primeira vez de forma remota, ou seja, trabalhando de casa.

Tem sido uma experiência muito diferente, mas estou gostando bastante.

Voltar a ser apenas mais um desenvolvedor em uma empresa em início me trouxe de volta aquela sensação de poder criar um produto do zero.

Estou completando seis meses na Retake e não pretendo sair tão cedo.

Somos uma equipe super pequena e estamos construindo algo novo por aqui.

Projetos pessoais / quadrinhos

Este ano eu pude me aprofundar um pouco mais nos projetos pessoais, principalmente os relacionados a histórias em quadrinhos.

Acabei trabalhando bastante no meu canal do Youtube a ponto de atingir os 10 mil inscritos.

Criei a Fliptru, uma plataforma de quadrinhos independentes online.

Criei algumas HQs curtas e voltei a criar capítulos para uma série antiga chamada Tailer.

Fiz um vídeo no meu canal do Youtube abordando tudo que aconteceu nessa área no ano de 2019.

Saúde

Esse ano eu queria muito ter cuidado da minha saúde, como falei na retrospectiva do ano passado… mas acabou sendo o contrário.

A confusão nas trocas de emprego, o estresse com mudanças e até com preparativos para o casamento me fizeram perder o foco nisso.

Ganhei peso e acabei ficando mais sedentário do que antes.

Somente no final de outubro eu achei algo para me exercitar novamente.

Comecei a praticar Kung Fu.

https://mbeck.com.br/blog/wp-content/uploads/2019/12/WhatsApp-Video-2019-12-16-at-23.46.26.mp4
Ainda estou engatinhando nisso…

Adorei a prática, mas o peso ainda me atrapalha muito. Então, hora de voltar ao peso saudável…

A diferença entre esse ano e ano passado é que realmente comecei a me preocupar com minha saúde.

Quero ter filhos logo e por isso quero estar saudável e poder ter uma certa longevidade para ajudá-los a crescer neste mundo.

Estamos em cima desse plano agora para o começo do ano, voltar ao peso saudável e poder aumentar a quantidade de exercícios sem machucar o corpo.

Que venha 2020

Comecei muitas coisas novas em 2019. Casamento, família, trabalho, projetos, quadrinhos, kung fu… meu grande objetivo em 2020 é evoluir em cima disso tudo.

Melhorar em todas essas áreas e me tornar uma pessoa melhor. Tanto no pessoal como no profissional, como diria Fausto Silva.

Nos vemos ano que vem!

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A ansiedade para terminar logo suas HQs

Incrivelmente um dos assuntos que mais tem recebido engajamento nas minhas redes sociais é a ansiedade.

No mundo de hoje todos vivemos com esse mal, essa angustia constante de que não estamos fazendo o suficiente ou que devíamos fazer mais.

Na minha opinião um dos principais fatores para que isso aconteça são as redes sociais.

Elas nos ajudam demais como quadrinistas. Podemos divulgar nosso trabalho e atingir milhares de pessoas sem depender diretamente de editoras ou grandes portais.

Mas ao mesmo tempo, se você não atualiza constantemente suas redes corre o risco de “perder a atenção” das pessoas e ser “esquecido”.

Vivemos nessa pressão: poste páginas em andamento, pelo menos um desenho por dia, responda a todos que comentarem… e etc.

O medo de perder essa atenção e de querer postar mais gera muita ansiedade.

E a ansiedade pode atrapalhar a qualidade do trabalho, como eu falei em parte deste vídeo que está abaixo.

Eu não saberia dizer como evitar isso.

Acredito que é um mal que muita gente enfrenta e que não está no meu alcance conseguir resolver.

Só que falar sobre isso já abre uma porta para muita gente.

Quando eu postei o seguinte texto no meu Instagram tive muitas pessoas dizendo que foram palavras que elas precisavam ouvir.

As vezes fica difícil arranjar tempo nessa vida corrida pra parar e trabalhar no projeto de quadrinhos.

Muita gente passa por isso! Ainda mais quando criar HQ é um projeto paralelo. O que não devemos fazer é desistir por causa da ansiedade. Ansiedade de fazer logo… quando você vê que não está conseguindo, que está demorando porque a vida coloca um monte de obstáculos, lembre-se que você faz isso porque gosta. E que não deve ser mais um peso e sim um prazer!

Então, quando surgir aquele tempinho livre, sente e crie. Sem pressão e sem o “desespero” de ter algo pronto logo.

A tecnologia nos permite divulgar nosso trabalho pra muita gente, mas ela também causa essa ansiedade do imediatismo.

Por isso, continue no seu tempo. Sem pressa! ^.^

Eu nunca imaginaria que essa postagem pudesse levantar uma questão tão importante.

Eu escrevi apenas para desabafar um pouco sobre o fato de não estar conseguindo manter o ritmo de criação das páginas de quadrinhos e por isso estar me sentindo ansioso.

Quando escrevi percebi que era algo que outras pessoas poderiam estar passando também, então adicionei essa pequena catarse que tive sobre fazer o que gosta e por diversão.

Sei que a maioria da minha audiência, assim como eu, faz quadrinhos no seu tempo livre. Então imaginava que eles também sofressem com isso.

Nós nos cobramos de mais. E isso gera ainda mais ansiedade.

Então a ideia é simplesmente tentar relaxar um pouco e lembrar de fazer coisas que são divertidas também.

Sei que não vou resolver o problema do mundo com esse texto, mas gosto de escrever e estou me divertindo fazendo isso.

E se ajudar uma pessoa, nem que seja um pouco, a ficar menos ansiosa… então está valendo!

Links úteis para você

Quem sou eu pra falar de ansiedade e quadrinhos?

Meu nome é Marcus Beck e sou quadrinista e professor de quadrinhos. Meu objetivo é trazer o máximo possível de informação sobre como criar uma história em quadrinhos.

Publiquei minhas webcomics (quadrinhos online publicados na internet) por mais de dez anos e aprendi muitas lições sobre o que deve ou não ser feito para que as HQs sejam as melhores possíveis.

Quando eu comecei a criar meus quadrinhos eu gostaria muito que tivesse conteúdo sobre o assunto para que eu não tivesse que aprender tudo sozinho. É por isso que criei esse canal e também o meu blog, para ajudar quem está passando pela mesma situação que eu estive quando comecei.

Faço o possível para responder todas as perguntas, por isso fique a vontade para comentar com todas as suas duvidas. =)

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Retrospectiva 2018

Todo final do ano, desde 2015, eu criei o costume de escrever uma retrospectiva do ano que passou. Para não quebrar a tradição, aqui vamos nós.

Esse ano é impossível de descrever em apenas um texto. Foram muitos acontecimentos e resolvi dividir em tópicos para a leitura ficar mais agradável para aqueles que escolherem ler essa minha retrospectiva.

Cronista?

Comecei esse ano com uma vontade imensa de investir na escrita de crônicas para o meu blog. Escrever é algo que adoro fazer e me parece natural, não preciso de muito esforço para expressar minhas ideias através da palavra escrita.

Então em janeiro de 2018 eu decidi que iria fazer uma crônica por semana.

Bem, digamos que essa “meta” mal chegou à fevereiro.

Escrevi toda semana em janeiro, mas em fevereiro apenas duas novas crônicas e parei… hoje não consigo lembrar o motivo.

Talvez escrever sob pressão de ter que postar toda semana tenha me desmotivado.

Infelizmente funciona assim para muitas coisas na minha vida. Até faço bem, mas se transformo em obrigação a produtividade cai muito.

Criei um curso online de quadrinhos!

O próximo passo para 2018 era lançar meu primeiro curso.

Venho trabalhando na criação de conteúdo sobre como criar uma história em quadrinhos desde 2015.

Dei uma pausa por conta de trabalho, mas em 2017 voltei a publicar conteúdo sobre o assunto, principalmente no meu canal do Youtube.

Esse ano eu gravei um curso chamado HQ na Prática – Narrativa Visual que apresenta a teoria da narrativa das histórias em quadrinhos e faz os alunos aprenderem sobre o assunto com exercícios práticos.

HQNAPRÁTICA
Narrativa Visual

A primeira turma não foi muito bem, apesar de atingir a meta que havia definido para as matrículas, senti que o curso não chegou onde eu queria.

Um balde de água fria na minha motivação. Mas não desisti e continuei investindo MUITO do meu tempo livre nos conteúdos sobre criação de quadrinhos.

Com isso, na Black Friday desse ano eu tive um novo lançamento, o da segunda turma do curso HQ na Prática – Narrativa Visual e foi um sucesso!

Alguns alunos já até concluíram o curso e outros ainda estão fazendo, mas boa parte deles interage no grupo exclusivo do curso e tiram suas dúvidas e mostram os exercícios. É muito legal ver o crescimento deles!

Ano que vem a meta é lançar o meu curso completo HQ na Prática que vai mostrar de forma prática todos os passos para criar uma história em quadrinhos do zero!

E os quadrinhos?

Ah, eu também publiquei histórias em quadrinhos neste ano!

Foram mais de sete anos sem publicar novos quadrinhos, mas finalmente em 2018 publiquei coisa nova!

Em 2015 eu cheguei a desenhar mais de cinquenta páginas de quadrinhos, mas jamais concluí a história e nem sequer publiquei.

Aqui estão as HQs desse ano:

Cão de Rua (Outubro/Novembro de 2018)

A que mais me satisfez foi Cão de Rua, porque foi o primeiro Inktober que eu consegui fazer uma página por dia durante os 31 dias.

A história foi baseada em parte na forma como o Chico, meu cachorro, foi encontrado com sua ninhada e a ideia veio da minha namorada, como explico nesse vídeo.

Essa HQ conquistou muita gente. Fiquei muito feliz pela resposta dos leitores!

Baguadao (Setembro de 2018)

Mas Baguadao foi a que me mostrou que publicar no Instagram valia a pena e também teve uma resposta muito boa dos leitores.

Ah, e estou trabalhando em mais HQs curtas para publicar no meu Instagram para 2019!

Magnos – Prólogo (Maio de 2018)

Já o prólogo de Magnos me ajudou a começar a trabalhar em alguns personagens e um mundo que estou criando desde 2017.

Além disso, me mostrou que muita gente tinha interesse em ler minhas HQs, afinal foi essa a que quebrou o tabu de sete anos sem publicar.

E a saúde?

No primeiro semestre desse ano eu consegui atingir um bom resultado no sentido de saúde. Emagreci e voltei a me exercitar duas vezes por semana.

Aí entra algo interessante… a frustração que tive com o primeiro lançamento do meu curso me fez parar tudo que eu estava fazendo para minha saúde.

Eu acho impressionante como você precisa estar bem mentalmente para seguir um objetivo e se cuidar.

Não é apenas “força de vontade”! Existe uma questão mais forte do que isso. O externo pode afetar muito esse processo.

A frustração leva à autossabotagem. Ainda vou escrever sobre esse assunto…

Vamos marcar mais uma meta para ano que vem. Mais saúde sempre!

E a viagem?

Desde o ano passado eu tenho feito uma viagem com a Luciana para algum lugar que não conhecemos.

Essa experiência é muito renovadora e nos ajuda a dar um “pause” no dia-a-dia para apenas relaxar e curtir a vida um pouco.

Ano passado foi Paraty e esse ano fomos para Arraial do Cabo, Cabo Frio e Búzios.

Eu e Luciana

Tivemos a infelicidade de não pegar um clima muito bom durante a maioria dos dias por lá, mas mesmo assim aproveitamos nosso tempo para conhecer esses lugares e foi ótimo.

E a Tikal Tech?

Sobre o trabalho, venho falando muito do que fazemos na Tikal Tech e o quanto crescemos e nos desenvolvemos nas últimas retrospectivas.

Bem, esse ano foi um pouco mais conturbado, muita coisa aconteceu e é uma reflexão que não vale escrever TUDO por aqui.

Uma das coisas mais legais é que assumi como Líder Técnico e pude aprender muito mais sobre como gerir pessoas e projetos. Ainda estou engatinhando nisso, mas ter essa experiência foi incrível!

Só que a questão é que a empresa que eu ajudei a levantar quase do zero não será mais meu local de trabalho no ano que vem.

Uma proposta muito boa para minha carreira surgiu em outra empresa e senti que era o momento de encerrar minha participação na Tikal Tech depois de mais de três anos.

Não existem palavras para descrever tudo que passamos juntos, principalmente como membro da equipe daquele que se tornou um grande amigo, Fernando Freitas Alves.

Essa foi uma homenagem que todos os membros da equipe fizeram para o Fernando, CTO da Tikal Tech, apenas para ilustrar o quanto ele é importante para nossa equipe.

Foram anos incríveis com a equipe Tikal Tech!

Muitos aprendizados, muita evolução como profissional e também como ser humano. Os produtos que fizemos, as pessoas que ajudamos e toda a diversão que tivemos juntos nessa empresa jamais serão esquecidos.

Desejo toda a sorte e sucesso do mundo para as pessoas de lá!

Não estou nessa foto, mas acho que ela resume bem o que essa galera é e representa para mim. Um grupo incrível de se trabalhar e grandes amigos.

Agora é hora de seguir em frente e que esse novo desafio seja tão inspirador quanto a Tikal foi para mim nos últimos três anos!

No meu último dia na empresa eu ganhei uma caneca com a frase “These pretzels are making me thirsty!” e um pretzel pra acompanhar, é claro. Quem conhece Seinfeld vai entender a referência =)
Almoço de despedida com toda a equipe no meu último dia na Tikal Tech.

Conclusão

Como eu sempre digo nestes textos de retrospectiva:

Essa retrospecitva vale mais para quem escreve do que para quem lê, porque a parte mais legal é repassar o ano na sua cabeça. Rever o que foi feito e pensar em como melhorar no ano seguinte.

Então agradeço se você leu até aqui e gostaria de saber mais sobre o seu ano aqui nos comentários.

Um feliz 2019 para todos nós.

Até ano que vem!

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Preferimos o comodismo

Preferimos o comodismo à qualquer opção que nos force a mudar. Isso é uma afirmação verdadeira para diversas áreas do comportamento humano.

Como ter mais dinheiro? Jogando na Mega Sena em vez de mudar os hábitos financeiros.

Como emagrecer? Tomando uma cápsula todo dia em vez de mudar o que se come nas refeições.

Como crescer profissionalmente? Esperar que o chefe chame para oferecer uma promoção em vez de buscar melhores oportunidades ou tomar a iniciativa.

Isso pode até dar certo para algumas pessoas, mas não é típico.

O natural é escolher sempre o mais cômodo. Buscar uma solução milagrosa e aproveitar a frustração que virá quando ela não resolver o problema para usá-la como desculpa para voltar ao estado anterior de comodismo.

Existem algumas pesquisas que mostram isso. Como essa de 2008 que mostra que cardíacos preferem tomar remédio do que mudar hábitos que poderiam resolver o problema.

O motivo é simples. Mudar dói.

Somos seres extremamente adaptáveis por natureza, sobrevivemos a climas extremos durante a nossa evolução e achamos soluções para nos adaptar nos quatro cantos do mundo.

Apenas conjecturando, talvez seja esse instinto de sobrevivência que nos faça ficar acomodados em uma situação confortável e não escolher algo que possa ser arriscado.

Por que o comodismo é isso, mesmo que você não goste da situação, por mais que incomode, de alguma forma ela é confortável para você. Afinal, você não precisa exercer força para sair de onde está.

Mudar é gastar energia. É ter trabalho. É se esforçar para chegar em algum lugar diferente. E, as vezes, pode não resultar naquilo que se almejava.

Mudar é arriscado. E ainda pode dar errado.

O problema é que normalmente queremos algo diferente. Um corpo diferente, um trabalho diferente, uma situação financeira diferente. Aí entra o conflito de interesses.

Como atingir esse resultado diferente sem ter que me esforçar para chegar lá?

É nesse ponto que se busca soluções milagrosas que poderiam mudar o atual estado sem que se gaste um pingo de energia. Sem esforço nenhum para mudar.

Uma pílula mágica de emagrecimento. Um bilhete premiado de loteria. Uma promoção inesperada de cargo.

Uma lâmpada mágica com um gênio dentro que concede três desejos.

Pode acontecer, mas não é típico.

“Insanidade é continuar fazendo sempre a mesma coisa e esperar resultados diferentes” – Albert Einstein.

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Crônicas

Em busca de um propósito

Existe toda uma geração em busca de um propósito. Não basta apenas trabalhar para pagar as contas ou juntar um dinheiro, tem que ter um motivo a mais para gastar a maior parte do tempo de nossas vidas em um projeto.

As vezes a necessidade da remuneração fala mais alto. Existem (muitos) momentos na vida onde precisamos pensar apenas em quanto vamos receber para trabalhar em alguma coisa. Mas no momento em que a necessidade urgente passa, o dinheiro não consegue se manter como o único motivador forte.

É claro que queremos ser bem remunerados para executar qualquer trabalho, mas o propósito para o qual você está trabalhando vai falar mais alto no momento de escolher se manter ou não em um projeto.

Entre duas opções de projetos com propostas parecidas de remuneração, aquela que faz você sentir que está fazendo a diferença vai acabar sendo a mais tentadora. Mesmo que não seja a maior em valor monetário.

Trabalhar em um projeto que possui um propósito claro nem sempre é o único ponto a ser levado em conta. O propósito de estar ali naquele ambiente (sendo ele virtual ou não), com aquelas pessoas, aprendendo ou ensinando também faz parte do todo na motivação.

Mas não se engane, não estou falando apenas de trabalho formal, emprego e empresas. Conheço pessoas bem resolvidas com dayjobs que servem apenas para pagar as contas, mas que gastam seu tempo livre ajudando e se dedicando a projetos que fazem mais sentido para a suas vidas. Nem sempre com alguma remuneração.

Você pode encontrar propósito onde menos espera. Em um grupo de estudos, em um grupo de corrida de rua, em uma ONG, em um culto religioso, etc. Pode estar ali agora mesmo, ao seu lado, mas você não parou para pensar tempo o suficiente para perceber isso.

A questão é que estamos atrás de algo que faça a vida fazer sentido. Algo que nos faça sentir que somos mais que apenas um número no Censo do IBGE.

Essa necessidade é tão grande que existe todo um mercado de autores, cursos e coachs faturando com promessas de ajudar na busca pelo propósito. Eles mesmos encontraram propósito fazendo isso, quem sabe.

A verdade é que somente nós mesmos podemos descobrir o motivo para a ação de viver, com ou sem ajuda de profissionais. Essa responsabilidade está em cima da própria pessoa.

É uma busca sufocante, que cria uma autocobrança e que gera mais e mais frustração.

Talvez essa seja a verdadeira causa de tanto stress e depressão para quem deu a sorte ou o azar de ter nascido dentro dessa geração. A pressão é forte e constante. E vem de nós mesmos.

Até a próxima!

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O antropomorfismo da inteligência artificial

Faça uma pesquisa simples por inteligência artificial no Google Images. Você verá dois tipos de imagens: robôs no estilo do filme “Eu, Robô” e cérebros parecidos com chips de computadores.

Toda vez que alguém fala de inteligência artificial na mídia a imagem utilizada é a mesma: uma máquina humanoide. O mesmo acontece com as empresas de tecnologia quando geram conteúdos para seus clientes em peças de marketing.

Por que usar uma representação física de um robô para representar inteligência artificial quando a maioria dos exemplos de uso real dessa tecnologia estão longe de ser “animar” máquinas humanoides?

A resposta é simples. A maioria das pessoas não tem ideia do que realmente é a inteligência artificial e a forma mais fácil de mostrar visualmente esse conceito é através da representação cultural do robô.

Graças a livros e filmes muito populares o inconsciente coletivo imagina a inteligência artificial como uma versão artificial de um ser humano. Até porque a origem dos estudos desse campo foi exatamente essa. Criar uma versão artificial da inteligência humana.

Além disso, o ser humano naturalmente antropomorfiza as coisas. Coloca sentimentos e aparência humanas em animais e objetos. Explicar isso é trabalho para psicólogos, então não vou nem tentar.

Esse antropomorfismo da intlegência artificial acaba criando um problema de percepção para a grande parte das pessoas.

Junte a forma como a mídia mostra a tecnologia, a cultura geral e a facilidade para antropomorfizar as coisas que todos temos e pronto. Você tem uma pessoa que se desloca para um escritório de uma empresa de tecnologia para conhecer o “robô” que está atuando para prestar algum serviço.

Não acredita? Pois já tivemos um caso exatamente assim na empresa onde trabalho.

Quem sabe até existam pessoas que imaginam que automatizar um processo é o mesmo que colocar robôs humanoides fazendo o serviço que os humanos costumavam fazer.

Por mais que sonhemos com androides que serão quase indistinguíveis de seres humanos, como a Sophia da Hanson Robotics tenta ser, isso não é nem de longe a verdadeira cara da inteligência artificial dos dias de hoje.

A inteligência artificial está em softwares que rodam em hardwares muito mais parecidos com o seu computador de casa do que com o Robbin Williams em O Homem Bicentenário.

Os computadores que aprendem não vão ser expostos somente como assistentes pessoais (vide Elli Q) ou jogadores de tabuleiro (vide AlphaGo). Eles já estão dentro de nossas vidas constantemente sem que possamos perceber.

Toda vez que você acessa seu Facebook, faz uma pesquisa no Google ou faz uma compra pela internet, a inteligência artificial está lá. Ela é virtual, muitas vezes invisível e pode estar facilitando (ou não) a sua vida sem que você saiba.

Hoje em dia, uma boa representação de inteligência artificial seria algo bem menos interessante para o público em geral…

Servidores de pesquisa de Inteligência Artificial do Facebook em Prineville, Oregon.

Talvez as próximas gerações já tenham uma informação mais precisa sobre como tudo isso funciona, mas por enquanto, o único jeito que achamos de fazer alguém empatizar com o assunto é mostrando humanoides para representar a tecnologia da inteligência artificial.

Vamos continuar vendo muitos robôs humanoides nas capas de revistas e sites de notícias pelo mundo a fora por um bom tempo.

Até a próxima!