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A síndrome L’Oréal

“Porque eu mereço”

Quantas vezes você quis atingir algo, como guardar dinheiro ou emagrecer, e acabou desistindo no meio do caminho?

Comigo acontece o tempo todo. E sei que não sou o único.

Conversando com alguns colegas depois do almoço em um dia qualquer, surgiu este assunto. Logo após comermos, um deles chamou a todos para tomar um milkshake.

Alguns aceitaram na hora e outros pensaram um pouco antes de responder. A questão era simples: uns achavam que não podiam gastar com a iguaria e outros que as calorias iriam atrapalhar a nova dieta que acabaram de começar.

Mas todos resolveram aceitar, incluindo eu, que me encaixava nas duas condições, falta de dinheiro e excesso de calorias.

O pensamento da maioria foi:

Ah… tudo bem. Trabalhamos tanto, não é? Eu mereço esse mimo.

E é isso que eu chamo de Síndrome L’Oréal.

Toda vez que estamos engajados para atingir algum objetivo complicado, principalmente coisas como emagrecer e guardar dinheiro, criamos regras para chegar lá. “Vou comer apenas salada!”, “Não vou mais gastar em roupas!”, “Vou pra academia todo dia!”.

O problema é que encontramos maneiras de burlar nossas próprias regras com as desculpas mais estapafúrdias possíveis.

“Fui na academia e trabalhei o dia todo… posso pedir aquela pizza hoje à noite! Afinal, eu mereço!”

Bem, talvez eu mereça sim, mas eu não preciso! E se quero atingir aquele objetivo, vou ter que lembrar disso o tempo todo.

A desculpa do “eu mereço” não é a única, mas é uma das principais. Para citar algumas outras, que tal a “Já saí da dieta ontem mesmo, vou comer a vontade hoje!” ou “Fiquei doente, acho melhor não me exercitar essa semana…”?

Um dos colegas da história que contei no começo desse texto tem uma maneira pra lidar com isso, ele falou a seguinte frase:

“Querer o milkshake, eu quero! Mas não me convém.”

Ele estava falando por causa da falta de grana, mas vale para qualquer situação.

Essa técnica do “não me convém” pode ser uma boa maneira de não cair nas garras do “eu mereço”.

Mas o que realmente vai fazer qualquer um escapar desse problema é a força de vontade e o foco na hora de atingir os objetivos, não tem outro jeito.

Eu estou sempre tentando chegar lá, fugindo ao máximo da Síndrome L’Oréal para atingir meus objetivos, mesmo sabendo que não é uma tarefa fácil.

Porque só assim vou poder dizer:

“Cheguei aqui porque eu mereço!”

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Qual a sua motivação real?

É mais fácil listar o que não queremos do que o que realmente queremos para nossa vida. Muitas vezes achamos que queremos algo, mas basta chegar lá para percebemos que não é o bastante, ainda falta algo. Talvez isso aconteça porque não entendemos a nossa verdadeira motivação, ou motivo da ação, para querer aquilo.

Por exemplo, o dinheiro. Ele deve ser uma consequência e não um objetivo. Ele por si só não vai preencher seus anseios e desejos. Digamos que para ter o dinheiro você precise estar em um trabalho sacal, o qual você não suporta. Vale a pena sofrer por maior parte do tempo da sua vida, o tempo que você passa trabalhando, para poder gozar de alguns dias da “felicidade” que a grana irá lhe proporcionar?

Talvez, por não termos dinheiro em abundância, possamos achar que o que falta é apenas os bens materiais e essa falta é o que não nos permite estar completamente felizes. Mas será que quando tivermos esses bens não continuaremos sentindo um vazio interior enorme? Lógico que precisamos sobreviver, pagar nossas contas, transporte e alimentação, mas o que quero usar como exemplo aqui é a pessoa que tem como objetivo de vida buscar sempre mais e mais dinheiro.

É uma questão de autoconhecimento. Entender o que você realmente quer e o que o motiva a tentar chegar lá é uma tarefa muito mais complexa do que se imagina. O primeiro passo é parar para pensar sobre isso. Você vive com qual motivação? Você acorda todo dia de manhã para buscar o que? Apenas acumular bens e continuar trabalhando naquele lugar que você não aguenta mais? Ou pior, só para pagar as contas e ter seu happy hour no final do dia?

Convenhamos que se você precisa de uma happy hour (hora feliz) é porque todas as outras são tristes.

Busque seu verdadeiro motivo para viver, tente se conhecer ao ponto de entender o que realmente quer e não fique no piloto automático seguindo padrões ultrapassados de se viver a vida. Conhecer a si mesmo não é fácil, mas a evolução que isso traz pode lhe dar mais satisfação do que você imagina.