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Como utilizar Ajax no WordPress

Hoje vou dar uma dica de como utilizar ajax no WordPress.

Precisei fazer uma chamada assíncrona em uma página de template do WordPress em um projeto que estive trabalhando e fui pesquisar como funcionava. O WordPress tem seu jeitinho todo especial de executar requisições XHR.

O primeiro passo é escrever uma função (no arquivo functions.php) para executar o que você quiser que o backend faça nessa chamada Ajax. No caso do exemplo desta publicação estou enviando um email.

// Actions to send mail
add_action('wp_ajax_sendMyMail', 'sendMyMail');
add_action('wp_ajax_nopriv_sendMyMail', 'sendMyMail');

// Sending the email
function sendMyMail() {
  global $wpdb;

  $message = "Form data:\n\n Name: {$_POST['name']}";
  if (wp_mail('email@email.com', 
              'Title', 
              $message, 
              array('Cc:email@copy.com'), 
              array())) {
  	echo 'success';
  } else {
  	echo 'error';
  }

  die();
}

Linha por linha da função no functions.php

Usando o add_action do WordPress, registramos nossa função. No primeiro wp_ajax_sendMail estamos registrando a função para utilização no painel Admin do WordPress e com o wp_ajax_nopriv_sendMail registramos a função para utilização no frontend, onde o usuário não estará logado.

O formato desses dois tipos de actions específicas para ajax sempre devem começar com wp_ajax_(action) ou wp_ajax_nopriv_(action).

// Actions to send mail
add_action('wp_ajax_sendMyMail', 'sendMyMail'); 
add_action('wp_ajax_nopriv_sendMyMail', 'sendMyMail');

Depois vem a função em si, com as ações que você quiser. Como eu já disse, nesse exemplo é o envio de um email.

// Sending the email function 
sendMyMail() {
 global $wpdb;
 $message = "Form data:\n\n Name: {$_POST['name']}";

 if (wp_mail('email@email.com',
             'Title',
             $message,
             array('Cc:email@copy.com'),
             array())) {
  echo 'success';
 } else {
  echo 'error';
 }

No final usamos o die() do PHP para encerrar o processo.

 die();
}

A requisição Ajax

Agora vamos à chamada assíncrona no Javascript.

Fazemos uma chamada com o método $.ajax do jQuery normalmente, mas a diferença está na URL que utilizaremos nela e em um item que precisa ser adicionado nos dados enviados para o servidor.

$.ajax({
 type:"POST",
 url: "/wp-admin/admin-ajax.php",
 data: {
  action: 'sendMyMail',
  name: $('input[name=name]').val()  
 },  
 success: function(data){
  console.log(data)
 }
});

A URL deve ser sempre /wp-admin/admin-ajax.php e o nome da ação que você registrou no functions.php entra como um dado com o nome action junto com o resto dos dados que você irá mandar para o servidor.

url: "/wp-admin/admin-ajax.php",
data: {
 action: 'sendMyMail',
 name: $('input[name=name]').val() 
 }

E voilá!

Deixe suas dúvidas ou opiniões nos comentários abaixo.

Nos vemos na próxima.

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Redirecionando posts para subdomínio no WordPress

Quando postagens já estão indexadas pelos mecanismos de busca, como Google e Bing, há algum tempo fica complicado mudar um blog do WordPress de domínio.

No meu caso eu precisava mudar apenas alguns posts de categorias específicas para um outro subdomínio do meu site. O objetivo era redirecionar os posts relacionados com artes para o meu novo blog sobre arte.

Depois de pesquisar um pouco acabei chegando em uma solução razoável.

Criei o novo blog com WordPress, importei o conteúdo das categorias específicas para o mesmo e coloquei em um novo subdomínio.

No meu blog atual, este que você está lendo agora, no arquivo functions.php do template adicionei o código abaixo.

add_action('template_redirect', 'redirect_category_posts');
function redirect_category_posts() {
 global $post;
 if (is_single($post->ID) && (
  in_category('ilustracoes', $post) || in_category('ilustracao-em-acao', $post) || 
  in_category('hqs', $post) || in_category('ecomic-hqs', $post) || 
  in_category('tailer-hqs', $post) || in_category('video', $post) || 
  in_category('quick-sketch', $post)
 )) {
  $new_url = str_replace('http://mbeck.com.br', 
                         'http://arte.mbeck.com.br',
                         get_permalink($post->ID));
  wp_redirect($new_url, 301);
  exit;
 }
}

Linha por Linha

A primeira linha adiciona uma nova ação ao template.

add_action('template_redirect', 'redirect_category_posts');

Em seguida eu crio a função e utilizo a global $post do WordPress. Nela teremos os dados da publicação.

function redirect_category_posts() { 
  global $post;

Adiciono uma condição para verificar se estamos em um post único através do $post->ID. Para verificar se encaixa em uma das categorias especificadas uso a função in_category do WordPress.

if (is_single($post->ID) && (
 in_category('ilustracoes', $post) || in_category('ilustracao-em-acao', $post) || 
 in_category('hqs', $post) || in_category('ecomic-hqs', $post) || 
 in_category('tailer-hqs', $post) || in_category('video', $post) || 
 in_category('quick-sketch', $post) 
)) {

Em seguida monto a URL que será utilizada para o redirecionamento substituindo o domínio antigo pelo novo com a função str_replace do PHP. Para pegar o link permanente do post eu uso a função get_permalink do WordPress.

  $new_url = str_replace('http://mbeck.com.br', 
                         'http://arte.mbeck.com.br', 
                         get_permalink($post->ID));

Lembrando que quando criei outro blog com o WordPress e importei o conteúdo do antigo eu utilizei exatamente o mesmo formato de URL (permalink) para os posts do novo blog que eu utilizava no antigo.

Para fechar, utilizo a função wp_redirect do WordPress, com um código 301 (código HTTP que significa movido permanentemente), e termino com um exit.

  wp_redirect($new_url, 301); 
  exit; 
 } 
}

E voilá! Está funcionando como o esperado.

Se ficou alguma dúvida comente abaixo.

Nos vemos na próxima.

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Criando um bot super simples para o Slack

Em uma das reuniões dessa última semana na empresa onde trabalho surgiu uma necessidade simples de comunicação: Precisamos que toda a equipe saiba quando um novo release de algum dos nossos repositórios for criado no Github.

Como usamos o Slack como ferramenta de comunicação interna, na hora já pensei:

“Esta é a minha chance de criar um bot para o Slack!”

Sempre tive vontade de fazer algo para o Slack, mas não tinha conseguido achar um tempo e nem um motivo específico para isso. Eu já imaginava que para esse objetivo, avisar sobre um novo release, não seria algo complicado.

Realmente não foi. Em apenas algumas linhas deu pra criar um bot que conecta os webhooks do Github e do Slack utilizando o Flask como meio-campo.

Abaixo o código final da primeira versão.

# coding: utf-8
import os
import requests
from flask import Flask
from flask import request

app = Flask(__name__)

slack_webhook_url = os.getenv('SLACK_WEBHOOK_URL')

@app.route("/", methods=['POST', ])
def webhook():
 action = request.json['action']
 release = request.json['release']
 repository = request.json['repository']

slack_data = {
 "text": "A new release from *{repo_name}* was {action}!\n"
         "Click <{release_url}|Release {tag_name}> for more details".format(action=action,
           repo_name=repository['name'],
           release_url=release['url'],
           tag_name=release['tag_name'])
}

response = requests.post(slack_webhook_url, json=slack_data)

if response.status_code != 200:
 raise ValueError(
   'Request to slack returned an error {}, the response is:\n{}'.format(response.status_code, 
      response.text)
 )

return ""

Pelo pouco tempo que passei lendo sobre como fazer um bot para o Slack eu entendi que você cadastra um Incoming Webhook e eles geram uma URL a qual você irá executar um request do tipo POST enviando a mensagem que você quer que um canal específico receba.

É realmente muito simples, porque a própria URL já carrega os tokens que são gerados para você.

Existem diversas outras funcionalidades que podem ser criadas em um bot para o Slack e a documentação deles cobre tudo. Mas vou falar apenas desse pequeno release-alert que criei.

Explicando linha por linha

Antes de começar a escrever o código vou precisar do Flask e de alguns outros pacotes. Então começo ainda na linha de comando do shell.

$ pip install Flask
$ pip install requests

Depois eu coloco a URL que gerei no Incoming Webhooks do Slack em uma variável de ambiente que chamo de SLACK_WEBHOOK_URL. Depois basta importá-la para dentro do código.

$ export SLACK_WEBHOOK_URL=<aqui vai a url do webhook do slack>

Agora crio meu arquivo Python chamado bot.py. Como estou usando o Flask, só vou precisar desse arquivo e praticamente nada mais.

Nas primeiras linhas começo importando o que vou utilizar e criando o app do Flask.

import os
import requests
from flask import Flask
from flask import request

app = Flask(__name__)

Trago para dentro do código a variável de ambiente que criei antes.

slack_webhook_url = os.getenv('SLACK_WEBHOOK_URL')

Agora vou começar a montar o meu endpoint. Ele receberá um evento POST enviado pelo webhook do Github. Para que isso aconteça você precisa cadastrar uma URL de webhook no settings do seu projeto no Github.

No meu caso, eu cadastrei a webhook no settings da organização, já que queria que todos os projetos da empresa disparassem o aviso. Mas funciona do mesmo jeito em qualquer um dos casos.

Quando cadastrei o meu webhook no Github especifiquei que gostaria de receber apenas os eventos relacionados ao release dos projetos.

Para testar o código localmente eu utilizei o ngrok. Explico como usar o ngrok em outra publicação.

@app.route("/", methods=['POST', ])
def webhook():

As primeiras linhas do meu endpoint capturam as informações que eu preciso do corpo enviado pelo POST do webhook do Github.

 action = request.json['action']
 release = request.json['release']
 repository = request.json['repository']

O Flask facilita recuperar informações de um corpo de um request JSON com o seu objeto request nativo. Basta chamar request.json e ele retorna um dicionário.

Agora eu vou montar o corpo da mensagem que enviarei para o Slack. O formato pedido é muito simples: um JSON com um campo ‘text’.

slack_data = {
 "text": "A new release from *{repo_name}* was {action}!\n"
         "Click <{release_url}|Release {tag_name}> for more details".format(action=action,
            repo_name=repository['name'],
            release_url=release['url'],
            tag_name=release['tag_name'])
}

Esse dicionário será transformado em um JSON pela próxima linha. O pacote requests já resolve isso para mim através do argumento json.

response = requests.post(slack_webhook_url, json=slack_data)

if response.status_code != 200:
 raise ValueError(
   'Request to slack returned an error {}, the response is:\n{}'.format(response.status_code, 
       response.text)
 )

return ""

No final do arquivo estou apenas tratando algum possível erro. Caso o requests retorne um status_code diferente de 200 eu levanto uma exceção.

No final retorno uma string vazia, porque cada endpoint do Flask precisa retornar alguma coisa para não levantar erros.

Para que meu bot fique disponível o tempo todo, fiz um deploy na minha conta gratuita do Heroku. E voilá!

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API Rest e os verbos HTTP

Arquitetura, padrões e boas práticas

Quando desenvolvemos um serviço web, que alimentará com dados algum cliente (aplicativos, webapps ou qualquer outro sistema), precisamos prestar muita atenção no modelo de interface que utilizaremos.

Isso é importante para que os desenvolvedores que utilizarem seu serviço web tenham fácil compreensão do que cada endpoint faz, de acordo com o verbo HTTP utilizado para a requisição.

A maneira mais comum para modelar uma interface como essas nos dias de hoje é a arquitetura REST.

Antes de continuar, vamos para algumas definições importantes para seguirmos o assunto sem que tudo fique incompreensível para quem não é familiarizado com as expressões utilizadas nos primeiros parágrafos.

O que é API?

Interface de Programação de Aplicação, cujo acrônimo API provém do Inglês Application Programming Interface, é um conjunto de rotinas e padrões estabelecidos por um software para a utilização das suas funcionalidades por aplicativos que não pretendem envolver-se em detalhes da implementação do software, mas apenas usar seus serviços. (fonte Wikipedia)

No caso desse texto estamos falando especificamente sobre as APIs de serviço web, ou web services APIs, que são interfaces de programação para troca de dados via web, utilizando protocolo HTTP.

Isso é feito através de endpoints.

Os endpoints são os endereços web que executam as ações e são acessados diretamente pelos clientes.

O que é REST?

Representational state transfer (REST) or RESTful web services são uma forma de proporcionar interoperabilidade entre sistemas de computadores na Internet. Os serviços da Web compatíveis com REST permitem que os sistemas solicitantes acessem e manipulem representações textuais de recursos da Web usando um conjunto uniforme e predefinido de operações sem estado (stateless). (fonte Wikipedia)

Quando a arquitetura REST é aplicada à APIs de serviços web, chamamos de RESTful APIs.

E os verbos HTTP?

O protocolo HTTP define métodos (às vezes referidos como verbos) para indicar a ação desejada a ser realizada no recurso identificado. O que este recurso representa, se são dados pré-existentes ou dados gerados dinamicamente, depende da implementação do servidor. Muitas vezes, o recurso corresponde a um arquivo ou a saída de um executável residente no servidor. (fonte Wikipedia)

Em resumo, os verbos HTTP são os métodos de requisição que utilizamos para acessar os endpoints de uma RESTful API.

Uma das primeiras coisas que deve ser feita ao iniciar um projeto de API é planejar os endpoints que existirão para o acesso aos dados e para as ações específicas.

Segue um exemplo bem simples desse planejamento feito em uma planilha qualquer.

Vendo esse exemplo fica bem explícito o que cada verbo HTTP significa, certo?

Qualquer um que conheça essa arquitetura vai saber que o endpoint /users tem, no mínimo, essas opções de ação. Por isso é tão importante respeitar os verbos para facilitar o entendimento da sua API.

Vamos detalhar melhor cada um deles.

POST

O verbo POST é mais frequentemente utilizado para criar novos recursos. Na criação bem-sucedida, retornar o status HTTP 201.

Ele não é um método seguro, pois altera o estado do recurso no servidor. Ele também não é idempotente, o que quer dizer que se ele for executado duas vezes de forma idêntica serão criados dois itens diferentes com o mesmo conjunto de dados.

GET

O método HTTP GET é usado para ler ou recuperar uma representação de um recurso. Em caso de sucesso, retorna uma representação em JSON e um código de resposta HTTP de 200 (OK). Em caso de erro, ele geralmente retorna um 404 (NOT FOUND) ou 400 (BAD REQUEST).

De acordo com o design da especificação HTTP, requisições GET (juntamente com HEAD) são usadas apenas para ler dados e jamais alterá-los. Portanto, quando usados dessa forma, são considerados seguros.

Além disso, GET (e HEAD) é idempotente, o que significa que fazer várias solicitações idênticas acaba tendo o mesmo resultado de uma única solicitação.

PUT

PUT é mais utilizado para substituir (ou atualizar) recursos, executando a requisição para uma URI de recurso conhecido, com o corpo da requisição contendo a representação recém-atualizada do recurso original.

Na atualização bem-sucedida, retorna 200 (ou 204 se não retornar qualquer conteúdo no corpo). Retornar os dados do recurso no corpo é opcional, lembrando que fazer isso causa maior consumo de banda.

PUT não é uma operação segura, pois modifica estado no servidor, mas é idempotente. Em outras palavras, se você atualizar um recurso usando PUT e, em seguida, fazer essa mesma chamada novamente, o recurso ainda está lá e ainda tem o mesmo estado.

Obs: Se, por exemplo, executar uma requisição PUT em um recurso incrementar um contador (dentro do recurso), a chamada não é mais idempotente. É recomendado manter as solicitações PUT idempotentes. Use o POST para solicitações não idempotentes.

PATCH

PATCH é usado para modificar parcialmente os recursos. A requisição só precisa conter as alterações específicas para o recurso, não o recurso completo.

Se parece com PUT, mas o corpo contém um conjunto de instruções descrevendo como um recurso no servidor deve ser modificado para produzir uma nova versão.

PATCH não é nem seguro, nem idempotente.

DELETE

DELETE é bastante fácil de entender. Ele é usado para excluir um recurso identificado por um URI.

Na exclusão bem-sucedida, devolve o status HTTP 200 (OK) ou o status HTTP 204 (NO CONTENT) sem corpo de resposta.

Operações DELETE são idempotentes.

Há uma advertência sobre idempotência no DELETE. Chamar DELETE em um recurso uma segunda vez geralmente retornará um 404 (NOT FOUND) já que ele já foi removido e, portanto, não é mais encontrável. Isso, por algumas opiniões, faz operações DELETE não mais idempotente, no entanto, o estado final do recurso é o mesmo. Retornar um 404 é aceitável e comunica com precisão o status da chamada.

Obs: Se a requisição DELETE decrementa um contador (dentro do recurso), a chamada DELETE não é mais idempotente. É recomendável usar o POST para solicitações de recursos não idempotentes.

Os códigos de resposta (status codes) HTTP

Nas descrições dos verbos HTTP foram citados diversas vezes os status code do protocolo HTTP.

Esse é outro item importante para a arquitetura de uma API REST, porque, da mesma maneira que acontece como os verbos HTTP, elas formam um padrão facilmente reconhecido por quem for consumir o web service.

Os principais códigos utilizados para as respostas de um endpoint são o 200 (OK), o 201 (CREATED), o 204 (NO CONTENT), o 404 (NOT FOUND) e o 400 (BAD REQUEST).

Todos os códigos tem nomes autoexplicativos, portanto é muito simples lembrar o que utilizar em cada situação.

Existe uma lista enorme de códigos de resposta do protocolo HTTP que podem ser utilizados, como o 301 (MOVED PERMANETLY) e o 304 (NOT MODIFIED). Sendo o segundo para conteúdos em cache, por exemplo.

Os códigos de sucesso tem o padrão 20x, os de redirecionamento 30x, os de erro do cliente 40x e os de erro de servidor 50x.

Lembrando mais uma vez, os padrões facilitam qualquer desenvolvedor de entender facilmente o que aconteceu com o retorno da requisição que ele executou.

No caso de erros, mesmo tendo esses padrões, é importante devolver ao cliente uma mensagem clara do que aconteceu com a requisição e qual o motivo do erro.

Para ver mais detalhes sobre os códigos HTTP e também a lista completa deles, acesse o link https://httpstatuses.com/.

Concluindo

Este foi uma publicação mais teórica sobre a arquitetura, os padrões e algumas boas práticas no desenvolvimento de uma RESTful API.

Ainda existem muitos assuntos a serem abordados para quem quer se aprofundar mais nesse tipo de desenvolvimento, mas essa publicação ajuda a dar os primeiros passos.

Mas a melhor maneira de aprender de verdade é passando pela experiência de desenvolver uma API que seja consumida por alguns clientes, ou até criar um cliente que consuma uma API pública já existente.

Publicado originalmente no Medium.

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Como fazer tunelamento de localhost de forma segura

Veja como expor seu servidor local para a internet e para que serve isso

O tunelamento do localhost é uma maneira de ter um “link externo” que aponte para alguma aplicação que você esteja rodando localmente. Dessa forma podemos “expor” nosso servidor local de forma segura.

Mas por que eu iria querer isso? Podemos usar essa solução para diversas situações, principalmente no desenvolvimento web. Vou mostrar alguns exemplos de uso nessa publicação.

Para os exemplos a seguir eu estou usando o ngrok, um software que facilita muito isso e ainda mantém essa exposição totalmente segura.

Mostrar um desenvolvimento em andamento para o cliente

Digamos que você esteja desenvolvendo um site ou um sistema web para um cliente e quer mostrar o que você desenvolveu até o momento. O mais comum seria fazer o deploy do trabalho em andamento em um servidor web e disponibilizar o link para seu cliente.

Mas existe uma outra opção, podemos deixar o site rodando localmente e tunelar com o ngrok.

Você pode iniciar um servidor local com o SimpleHTTPServer do Python, por exemplo, e rodar o ngrok na linha de comando, como no exemplo abaixo.

$ python -m SimpleHTTPServer 8000
Serving HTTP on 0.0.0.0 port 8000 ...

Em outra aba do terminal você inicia o tunelamento.

./ngrok http 8000

Agora ele irá exibir o endereço que ficará disponível para seu cliente pela internet. Será algo como http://36096fff.ngrok.io.

Ao rodar, o ngrok vai aparecer assim no seu terminal…

Estamos iniciando um servidor HTTP local na porta 8000. Perceba que o comando de tunelamento recebeu os parâmetros http e 8000, indicando que é um servidor http e que está usando a porta 8000.

Testar um chatbot durante o desenvolvimento

Durante o desenvolvimento de um chatbot para o Facebook Messenger, por exemplo, não é possível testar sem um “endereço web”. É preciso que seja registrada uma URL nas configurações do seu chatbot do Messenger para que ele receba os eventos de mensagem.

Para entender melhor sobre isso, veja este artigo.

Para que você não precise fazer deploy de cada pequena alteração em um servidor web para testar no seu chatbot, crie um tunelamento, como no exemplo anterior, e registre o endereço gerado na seção webhook nas configurações do chatbot no Messenger.

Obs: Nem todos os aplicativos de mensagem se utilizam de webhooks para receber os eventos. No caso do Telegram, como neste link, não é necessário utilizar o tunelamento.

Testar endpoints de webhooks

Eu falei em webhooks no item anterior. Pra quem não sabe o que é, segue uma tradução livre de uma parte do artigo da Wikipedia:

Webhooks são “retornos de chamada HTTP definidos pelo usuário”. Normalmente eles são ativados por algum evento, como o push de código para um repositório ou um novo comentário postado em um blog. Quando ele acontece, o site origem faz uma requisição HTTP para a URI configurada para o webhook, enviando os dados do evento.

Existem diversos serviços que utilizam esse formato para enviar dados de eventos. Um bom exemplo é o Sendgrid ou o Mandrill, que usam webhooks para enviar os eventos de email (lido, marcado como spam, link clicado, etc.) para um sistema de terceiros que esteja usando sua API.

Outro bom exemplo são integrações com gateways de pagamento, como Iugu, PagSeguro ou PayPal, onde, mesmo durante o desenvolvimento, você precisa de um “endereço web aberto” para receber os eventos relacionados aos pagamentos, alterando o status de uma compra, por exemplo.

Para isso, abra um tunelamento com o ngrok e registre o novo endereço gerado por ele com o seu endpoint para receber os eventos webhook do serviço que você está utilizando.

Painel do ngrok

Uma funcionalidade interessante do ngrok é o seu painel, ou interface web.

Screenshot da interface web

Com ela você vê todas as requisições que foram feitas ao seu endereço web aberto. Com isso você pode verificar os dados que estão vindo com as requisições e ainda dar um “replay” na mesma, para testar novamente.

Para acessar, veja o endereço listado no terminal do ngrok como Web Interface e abra no seu navegador. Vai ser algo como http://127.0.0.1:4040.

Concluindo

Esses são alguns casos de uso para o tunelamento de localhost. Alguns deles eu já utilizei, como o teste de webhooks e a demonstração de desenvolvimento em andamento para cliente. Mas eu descobri mesmo que isso era possível ao ler um tutorial de criação de chatbot para o Facebook Messenger, então resolvi dar esse exemplo também.

Publicado originalmente no Medium.
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Como usar múltiplos databases no Django

Utilizando o Database Router de uma forma genérica

Existem diversos motivos para utilizar mais de um banco de dados no seu projeto de software. Um deles pode ser as réplicas, por exemplo. Neste caso o aplicativo escreve as informações em um banco de dados, mas lê de outro.

Um diagrama mostrando o banco primário e suas réplicas de leitura

A vantagem de usar uma réplica é que a escrita em banco é mais custosa do que a leitura. Então, se uma consulta for feita durante um processo de inserção de dados, dependendo da quantidade de dados que está sendo escrito no database, ela pode acabar ficando muito mais lenta, causando um problema de timeout ou até tirando seu sistema do ar.

Esse é apenas um dos exemplos que é abordado na própria documentação oficial do Django. Como mostra este link.

Obviamente, esse não é o único motivo para se ter mais de um database no sistema, podem existir inúmeros, incluindo o que me fez pesquisar sobre isso. Vou falar mais sobre o meu caso específico no final desta publicação.

Definindo os databases

O primeiro passo para utilizar mais de um database no Django é definir seus bancos de dados nas configurações do arquivo settings.py.

DATABASES = {
    'default': {},
    'primary': {
        'NAME': 'primary',
        'ENGINE': 'django.db.backends.mysql',
        'USER': 'mysql_user',
        'PASSWORD': 'spam',
    },
    'replica1': {
        'NAME': 'replica1',
        'ENGINE': 'django.db.backends.mysql',
        'USER': 'mysql_user',
        'PASSWORD': 'eggs',
    },
    'replica2': {
        'NAME': 'replica2',
        'ENGINE': 'django.db.backends.mysql',
        'USER': 'mysql_user',
        'PASSWORD': 'bacon',
    },
}

Com esse código, retirado da documentação do Django, estamos definindo um banco de dados principal MySQL e mais duas réplicas.

A partir de agora você pode alternar o banco manualmente chamando o using() do QuerySet. Ele recebe apenas um argumento, o nome do banco de dados.

>>> # Isso irá rodar a consulta no banco 'default'.
>>> Author.objects.all()
>>> # Isso também.
>>> Author.objects.using('default').all()
>>> # Já esse irá rodar a consulta no banco 'other'.
>>> Author.objects.using('other').all()

Acredito que esse approach não deve agradar muito o desenvolvedor. Ter que definir manualmente qual o banco a ser utilizado em cada query, não é lá muito prático, certo?

Pra evitar isso temos o Database Router, o roteador de banco de dados nativo do Django.

Criando um Database Router

O roteador de banco de dados simplesmente define qual banco é usado para cada tipo de operação.

No exemplo abaixo, também retirado da documentação do Django, mostro como rotear entre os bancos. Nesse caso, vamos ler das réplicas e escrever no primário.

import random
class PrimaryReplicaRouter(object):
    def db_for_read(self, model, **hints):
        """
        Consultas vão aleatoriamente para uma das réplicas.
        """
        return random.choice(['replica1', 'replica2'])
    def db_for_write(self, model, **hints):
        """
        Escritas sempre são feitas no banco primário.
        """
        return 'primary'
    def allow_relation(self, obj1, obj2, **hints):
        """
        Relações entre objetos são permitidas se ambos estiverem no 
        pool primary/replica.
        """
        db_list = ('primary', 'replica1', 'replica2')
        if obj1._state.db in db_list and obj2._state.db in db_list:
            return True
        return None
    def allow_migrate(self, db, app_label, model_name=None, **hints):
        """
        All non-auth models end up in this pool.
        """
        return True

Note que o roteador de banco de dados disponibiliza quatro métodos. São eles:

  • db_for_write()
  • db_for_read()
  • allow_relation()
  • allow_migrate()

Na leitura escolhemos aleatoriamente uma das duas réplicas e na escrita escolhemos o banco primário. Perceba que simplesmente retornamos o nome do banco, que definimos nas configurações de database no settings.py.

Para que o router seja aplicado, precisamos adicionar a constante DATABASE_ROUTERS no arquivo settings.py, como mostro abaixo.

DATABASE_ROUTERS = ['caminho.para.o.PrimaryReplicaRouter']

Este é um exemplo simplificado do que pode ser feito com os database routers. Apenas resumi a documentação do Django sobre o assunto até agora.

Partimos para algo diferente, então.

Uma solução mais genérica

Procurando sobre o assunto na internet, cheguei até esta postagem de 2011 que mostra uma solução mais genérica para o database router e ainda com possibilidade de utilizar para mais de um app do Django.

from django.conf import settings
class DatabaseAppsRouter(object):
    """
    A router to control all database operations on models for different databases.
    In case an app is not set in settings.DATABASE_APPS_MAPPING, the router will fallback to the `default` database.
    Settings example:
    DATABASE_APPS_MAPPING = {'app1': 'db1', 'app2': 'db2'}
    """
    def db_for_read(self, model, **hints):
        """"Point all read operations to the specific database."""
        if settings.DATABASE_APPS_MAPPING.has_key(model._meta.app_label):
            return settings.DATABASE_APPS_MAPPING[model._meta.app_label]
        return None
    def db_for_write(self, model, **hints):
        """Point all write operations to the specific database."""
        if settings.DATABASE_APPS_MAPPING.has_key(model._meta.app_label):
            return settings.DATABASE_APPS_MAPPING[model._meta.app_label]
        return None
    def allow_relation(self, obj1, obj2, **hints):
        """Allow any relation between apps that use the same database."""
        db_obj1 = settings.DATABASE_APPS_MAPPING.get(obj1._meta.app_label)
        db_obj2 = settings.DATABASE_APPS_MAPPING.get(obj2._meta.app_label)
        if db_obj1 and db_obj2:
            if db_obj1 == db_obj2:
                return True
            else:
                return False
        return None
    def allow_syncdb(self, db, model):
        """Make sure that apps only appear in the related database."""
        if db in settings.DATABASE_APPS_MAPPING.values():
            return settings.DATABASE_APPS_MAPPING.get(model._meta.app_label) == db
        elif settings.DATABASE_APPS_MAPPING.has_key(model._meta.app_label):
            return False
        return None

Agora basta mapear os apps com os databases no seu settings.py:

# Fonte: http://stackoverflow.com/a/18548287
DATABASE_ROUTERS = ['caminho.para.o.DatabaseAppsRouter']
DATABASE_APPS_MAPPING = {'nome_do_app': 'nome_do_db',
                         'nome_do_outro_app': 'nome_do_outro_db'}

No Meta do meu model eu defino o app_label, como no exemplo abaixo.

class Author(models.Model):
    name = models.CharFiels(max_length=120)
    class Meta:
        app_label = 'nome_do_app'

No meu caso de uso dessa solução, eu precisava que apenas um model lesse de um banco da dados diferente dos outros. Então, somente nele, eu adicionei o app_label mapeado com o banco de dados diferente.

Todos os outros models, que não possuem essa configuração, usam o banco default automaticamente, apenas o model com o app_label definido passa a usar o outro database.

Essa solução simplificou muito minha vida, pois agora eu posso continuar fazendo as consultas normalmente, porque o database router vai rotear tudo de maneira automática. Não preciso mais me preocupar com qual banco ele está buscando a informação em cada model.

Concluindo

Bem, é isso que tenho para mostrar. Sei que a abordagem é simplificada, mas foi a primeira vez que trabalhei nesse problema e quis dividir o que aprendi por aqui.

Espero que tenha ficado tranquilo de entender sobre o roteamento de banco de dados no Django. Caso eu não tenho sido claro em algum detalhe, entre em contanto.

Publicado originalmente no Medium.

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Ser um Programador Ninja…

…ou Programador Rockstar ou Mago da Programação…


Este texto foi originalmente publicado no Medium. Leia a versão original clicando aqui e recomende se você gostar.


Alguns bons anos atrás, costumava ser cool ver uma vaga de emprego com a expressão “programador ninja” ou algo do gênero. Mostrava que a empresa era maneira, joinha e que tinha aquele ambiente de trabalho diferentão.

“Buscamos um programador ninja”

Hoje, a coisa é um pouco diferente. Quando vejo uma vaga que busca um programador ninja ou um mago da programação, eu já desconfio.

O problema não é a expressão em si, que hoje em dia é brega e não pinta mais a empresa como “diferentona”. O problema é que ela costuma vir com uma lista absurda de exigências…

O cidadão tem que comprovar anos de experiência em diversas linguagens de programação, tem que gostar de programar em seu horário livre (?!) e, às vezes, é um diferencial, se não obrigação, que o camarada tenha projetos paralelos.

Ou seja, o cara não tem que ser um programador… Ele tem que programar de tudo e o tempo todo. Se tiver vida pessoal, não serve para mago da programação.

O ninja-mago-rockstar da programação

Por algum motivo essas empresas acreditam que é preciso ser apaixonado pela programação para ser um bom profissional. E para demonstrar isso tem que ter aqueles projetos paralelos e, quem sabe, uns commits no seu Github nas madrugadas de sábado.

O que não percebem é que quem programa por prazer não necessariamente vai gostar de trabalhar no seu projeto de gestor administrativo ou de vendas. Hobbies que viram trabalho nem sempre são tão prazerosos. E isso não é tudo…


Nesta semana eu li um texto aqui no Medium chamado Programming Doesn’t Require Talent or Even Passion (Programar Não Exige Talento ou Mesmo Paixão). Eu recomendo a leitura para qualquer um que trabalhe na área.

Nele o autor fala que nunca antes uma habilidade foi tão mitificada como a programação.

“Você não precisa apenas ter talento, você também precisa ser apaixonado para se qualificar como um bom programador.”

É exatamente o que pedem nessas vagas de programador Rockstar dos dias de hoje.


Exemplo de uma vaga postada na lista Python BrasilNo texto citado, o autor ainda traz uma série de grandes nomes da área, como os criadores dos frameworks Rails e Django e da linguagem PHP, por exemplo, que demonstram claramente não serem grandes amantes da programação e muito menos gênios da magia do desenvolvimento de software.

“Na verdade eu odeio programar, mas eu amo resolver problemas.” Tradução da citação de Rasmus Lerdorf, criador do PHP.

Eu trabalho nessa área há cerca de treze anos e não tenho receio em dizer que os melhores profissionais que encontrei não eram grandes magos dos códigos. O que realmente importa nessa área é a entrega. É conseguir resolver os problemas apresentados de forma objetiva e simples e, quase sempre, em um curtíssimo espaço de tempo.

Um bom profissional da programação não precisa ser um gênio, um monstro, um ninja, um hacker… ele precisa saber resolver problemas e ter a capacidade e humildade de aprender o que precisar para atingir esse objetivo.

Além disso, esse mito atrapalha todo mundo que está envolvido ou quer se envolver na área.

“O mito do ‘programador gênio’ é extremamente perigoso. Por um lado, ele deixa o limiar de entrada muito alto, assustando um monte de aspirantes a programador. Por outro lado, também assombra os que já são programadores, porque isso significa que se você não é um mago na programação, você é ruim… …Programação é só um monte de habilidades que podem ser aprendidas e não exigem muito talento, e não é vergonha nenhuma ser um programador mediano.” Tradução livre de parte da citação de Jacob Kaplan-Moss, criador do Django.

Eu consegui aprender a programar, e nem sequer gostava disso…

“Depois de muito tempo percebi que eu tinha ficado melhor em programar e continuava sempre ocupando vagas em empresas nessa área, entretanto, sempre querendo sair para ‘trabalhar com o que gosto’.”

Esse é um trecho de um texto que escrevi em 2014 falando sobre a minha relação conturbada com a programação. Eu passei anos procurando trabalhar em outra área, porque realmente não gostava de programar.

O que mudou isso em mim foi conhecer o Python. Passei a curtir a simplicidade e objetividade de escrever códigos com essa linguagem. Hoje eu gosto do que faço. De vez em quando eu até programo por diversão no meu horário livre.

Eu não consigo me enxergar como um bom programador, mas sei que consigo atender as expectativas de quem me contrata. Resolvo os problemas e faço as minhas entregas. E isso me deixa orgulhoso do meu trabalho.

Não somos ninjas, gênios ou magos, somos profissionais da área de desenvolvimento de software. É isso que temos que ser das 9h as 18h, ou em qualquer que seja seu horário de trabalho, o que fazemos fora disso diz respeito somente a nós mesmos.

Quer ter projetos paralelos? Ama programar? Ótimo.

Mas se você gosta de nadar, andar de bicicleta, jogar futebol, passear com seu cachorro, ficar com sua família ou dormir por horas e horas no seu tempo livre, você continua sendo um programador.

Não é isso que vai definir sua qualidade como profissional.

Pode ser também…

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Annyang para reconhecimento de voz

Nos últimos dias do ano passado comecei um projeto de chatbot para praticar Python e Flask, chama-se Jarvis. A ideia é que sempre que eu tiver um tempo livre eu adicione algumas coisinhas a mais nele.

Desde o começo eu gostaria que o Jarvis ajudasse na prática da lingua inglesa, principalmente na conversação. Foi por isso que comecei a pesquisar meios de fazer reconhecimento de voz (speech recognition) pela web.

A opção mais comum é a Speech API do Google, entretanto ela tem algumas limitações por ter um largo uso entre os desenvolvedores. Então fui pesquisar se existia outra opção. Nessa pesquisa encontrei o Annyang, um projeto em javascript para adicionar comandos de voz ao seus aplicativos web.

Ele é muito fácil de aplicar ao site, basta adicionar o script ao html e declarar os comandos de voz que o seu site irá atender.

<script src="//cdnjs.cloudflare.com/ajax/libs/annyang/1.4.0/annyang.min.js"></script>
<script>
    if (annyang) {
        // Let's define our first command. First the text we expect, and then the function it should call
        var commands = {
            'show tps report': function() {
                $('#tpsreport').animate({bottom: '-100px'});
            }
        };

        // Add our commands to annyang
        annyang.addCommands(commands);

        // Start listening. You can call this here, or attach this call to an event, button, etc.
        annyang.start();
    }
</script>

É importante adicionar uma verificação lógica na variável annyang antes de tudo, porque se o navegador não for compatível com o reconhecimento de voz seus comandos serão ignorados e não causarão erro algum. Isso pode ser feito porque no código fonte do Annyang a variável é iniciada como false antes de fazer a verificação de suporte do navegador e caso o mesmo não tenha este suporte, ela continuará falsa.

Caso você queira adicionar um comando que possa receber qualquer palavra depois (uma variável) continua sendo muito simples: basta adicionar um asterisco antes do nome da variável e declará-la como parâmetro na função anônima do comando.

var commands = {
    'tell me *chat' : function(chat) {
        $('#question').val(chat);
        $('#the-form').submit();
    }
}

No exemplo acima mostro como estou usando no projeto Jarvis. Basta o usuário pronunciar ‘tell me‘ e a frase que gostaria de dizer em inglês, então o sistema preenche o campo do formulário com a frase e em seguida executa um submit, fazendo com que o Jarvis responda em seguida.

Caso você queira ver o que está acontecendo enquanto ele tenta reconhecer o que você está dizendo, adicione um annyang.debug(); antes do annyang.start();. Isso fará com que ele apresente no seu console Javascript o que está sendo reconhecido em tempo real. Isso é prático porque ele nem sempre consegue reconhecer e você consegue perceber o que pode estar acontecendo.

Opinião

O Annyang funciona muito bem para aquilo que se propõe, que é o reconhecimento de comandos de voz, entretanto nem sempre ele consegue reconhecer uma frase maior, diferente da Speech API do Google, talvez por problemas com a entonação ou a pronúncia. Ainda não experimentei ele com um microfone melhor, apenas com o do meu notebook, e talvez isso faça uma boa diferença na porcentagem de sucesso. Mas ele é tão fácil de implementar que vale a pena experimentar e se divertir com os comandos de voz.

No caso do Jarvis ele não fica tão prático por causa da necessidade de um comando antes de cada frase e para a prática de conversação isso é um pé no saco, mas mesmo assim vou mantê-lo no projeto por enquanto.

Observação: O Annyang não irá funcionar com arquivos locais (acessando via file:///) pois o navegador (pelo menos o Google Chrome) irá bloquear a tentativa do script de acessar o microfone. É preciso testá-lo com um servidor http.

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Eu e a programação

Quando eu tinha por volta de 16 anos, escrevi minha primeira linha de código. Foi na linguagem de programação PASCAL e fazia parte da aula de Lógica de Programação do curso técnico de informática que eu havia acabado de ingressar, por falta de opção, de certa forma, na Escola Técnica Federal de Santa Catarina.

Vou contar um pouco sobre como foi a experiência que me levou à esse momento. Quando passei na prova para a ETFSC, a ideia era estudar o ensino médio sem precisar pagar mensalidade, afinal a situação financeira da família já era precária há alguns anos e, sendo o mais novo de quatro irmãos, as opções eram muito poucas. Conseguir vaga no ensino médio em escolas públicas naquele ano estava complicado, então dependia apenas de mim passar na prova.

Depois disso, a ideia de sair do ensino médio já com alguma formação e podendo estagiar para ter alguma renda e ajudar em casa também me atraiu bastante. O primeiro ano (ou as duas primeiras fases) na ETFSC eram de ensino médio comum, mas após a terceira você ingressava no curso técnico do seu interesse, que poderia lhe propiciar uma oportunidade de estágio remunerado.

O problema é que entrei num ano divisor de águas, a ETFSC estava virando CEFET/SC e o ensino técnico seria separado do médio. Entretanto, na exata fase em que entrei, a direção não sabia o que fazer. Eram obrigados a nos prover ensino médio completo dentro do período padrão de três anos (não mais apenas o primeiro ano), mas também tínhamos direito adquirido de cursar o técnico a partir da terceira fase.

Então, uma escolha nos foi oferecida: começar o técnico na terceira fase (início do segundo ano) de forma concomitante com o ensino médio (períodos opostos) ou aguardar o término dos três anos (ou seis fases) do médio para somente depois iniciar o técnico.

Imagine que um adolescente de 15 anos precisa fazer essa escolha. Eu queria ganhar tempo, então escolhi fazer concomitância. O problema é que teria que escolher rapidamente em qual curso iria ingressar para cursar ao mesmo tempo que o ensino médio.

Segurança do trabalho, mecânica, eletrônica, eletrotécnica, edificações ou informática?

Com uns 13 anos eu aprendi um pouco de HTML com uma fotocópia de um livrinho básico que achei em casa, provavelmente de algum curso que meu irmão mais velho tinha feito e até que gostei de brincar com páginas da internet. Então pensei, vou entrar para informática!

Após três meses de aula de “Empreendedorismo”, iniciamos as aulas técnicas do curso de informática. Então chego novamente ao PASCAL da classe de Lógica de Programação.

Lembro de como foi a sensação de escrever comandos simples em texto e ver o computador executá-los. Para uma pessoa que sempre gostou de ver resultados rápidos como eu, aquilo ali era uma maravilha. Escreva, execute e as coisas acontecem. Naquele momento eu descobri o poder da programação… e estamos falando de um algoritmo extramente simples.

Passei a adorar os exercícios de Lógica de Programação, só achava insuportável ter que escrevê-los no papel durante as provas. Queria ver o resultado, e no papel nada acontecia. Depois disso ainda tive aulas de hardware e de redes. Não gostava de nada. Banco de dados eu até engolia, mas o que eu queria era o imediatismo de escrever e ter o resultado ali na hora.

Sendo um adolescente que queria apenas ficar com notas altas o suficiente para passar, eu matava muita aula para jogar futebol na quadra da escola. Tentando, sem sucesso, me justificar: imagine quão insuportável era ter que estudar de manhã e de tarde para um rapaz de 16 anos. Eu queria era me divertir!

Nessas “saídas” eu acabei perdendo conteúdo importante e, por sorte, no trabalho final do curso eu tinha dois grandes amigos como membros do grupo e me ajudaram a entender o sistema que entregamos para poder apresentar melhor. Infelizmente, não tive tanta participação na criação do código do sistema, que, nesse caso, foi desenvolvido com PHP/MySQL.

Antes de terminar o curso, eu já estava estagiando para ganhar aquele dinheirinho e ajudar minha família. Na época, 120 reais por mês. Estudava de manhã e à tarde e estagiava à noite, o que, para a vitalidade de um adolescente, não era nada demais.

Meu maior hobby, desde muito novo, era fazer histórias em quadrinhos. E durante o início do curso, um amigo meu se ofereceu para publicar minhas hqs no seu site. Eu amei aquilo, estava tendo resultado com meus quadrinhos pela primeira vez.

Ao terminar o curso, eu fiquei com o código fonte da aplicação PHP que havíamos apresentado. Minha vontade de publicar minhas hqs era tão grande, que aprendi a programar de verdade em PHP apenas para criar um site e postar minhas histórias por lá. Eu o nomeei Macro Vision Studio.

Mais uma vez, eu tinha motivo para programar: ver o resultado. Eu publicava “webcomics” antes mesmo de   termo. Cheguei a ter um pequeno público de fãs e adorava responder aos e-mails deles.

Em tudo isso, a programação era apenas um meio de atingir um resultado rápido. Perceba, nunca foi o fim, mas o meio. Hoje, olhando para trás com uma visão mais madura, eu percebo o quanto isso foi um desperdício de oportunidade. Mas convenhamos, para um adolescente no final dos anos 90 não podemos exigir tanto, não é?

Durante os próximo anos, o desenvolvimento web continuou sendo um meio para mim. Sempre quis ter outras atividades que me gerassem renda, atividades que eu considerava como “trabalhar com o que gosto”. Tentei ilustração, arte marcial, música, design… em todos eles, de alguma forma, a programação web estava lá. Era um sistema para gerenciar alunos, um site para publicar quadrinhos, etc.

Depois de muito tempo percebi que eu tinha ficado melhor em programar e continuava sempre ocupando vagas em empresas nessa área, entretanto, sempre querendo sair para “trabalhar com o que gosto”.

Eu insisti muito em não trabalhar com programação web e tecnologia, mas elas nunca desistiram de mim. Estiveram sempre presentes e foram pacientes, aguardando o momento em que eu iria perceber que fomos feitos um para o outro.

Desde muito cedo eu já usava a internet para guardar arquivos e não pendrives ou CDs. Eu já publicava meu conteúdo na web em vez de em fanzines, como os outros artistas independentes faziam. Eu sempre me inscrevi em todos os aplicativos web que apareciam, porque adorava ver como funcionavam.

Ela estava lá o tempo todo e eu já estava “trabalhando com o que gosto” há muito tempo e nem sequer percebia, porque insistia que devia procurar um trabalho menos convencional. Perceber isso faz minha vida começar a andar para frente.

Nos últimos tempos, minha paixão tem sido o empreendedorismo e já faz alguns anos que tenho o sonho de ter minha própria empresa. Mas, assim como com o trabalho, queria construí-la a partir de algo que eu gostasse muito. Me conhecer o suficiente para perceber o quanto eu gosto de tecnologia e desenvolvimento web me abriu ainda mais portas para realizar esse sonho. Não existe casamento melhor nos dias de hoje do que empreendedorismo e tecnologia!

Escrevi essa pequena história apenas para mostrar o quão importante é se conhecer e quero terminar com uma frase de um livro de empreendedorismo que significou muito para mim nesse processo de autoconhecimento profissional:

Errar muitas vezes, tentando acertar, nem sempre significa sinal de persistência. Na verdade, pode ser um aviso gritante de que você precisa mudar de estratégia, com rapidez.

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Ilustrações Quadrinhos Tech

Portfolio online

Esses dias andei lendo dicas pra quem quer mostrar seu trabalho na web e notei que meu blog não me ajudava nesse sentido. Tanto na parte de ilustrações e quadrinhos, que é o que mais mostro por aqui, quanto na minha atual profissão que é desenvolvedor de sistemas web.

Então resolvi ressussitar minhas galerias de portfolio de trabalhos para web e criar uma para as ilustrações e quadrinhos. Ambos estão agora disponíveis como páginas fixas aqui no blog.

Qualquer contato profissional pode ser feito através do email mvbeck no gmail.com.