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O antropomorfismo da inteligência artificial

Faça uma pesquisa simples por inteligência artificial no Google Images. Você verá dois tipos de imagens: robôs no estilo do filme “Eu, Robô” e cérebros parecidos com chips de computadores.

Toda vez que alguém fala de inteligência artificial na mídia a imagem utilizada é a mesma: uma máquina humanoide. O mesmo acontece com as empresas de tecnologia quando geram conteúdos para seus clientes em peças de marketing.

Por que usar uma representação física de um robô para representar inteligência artificial quando a maioria dos exemplos de uso real dessa tecnologia estão longe de ser “animar” máquinas humanoides?

A resposta é simples. A maioria das pessoas não tem ideia do que realmente é a inteligência artificial e a forma mais fácil de mostrar visualmente esse conceito é através da representação cultural do robô.

Graças a livros e filmes muito populares o inconsciente coletivo imagina a inteligência artificial como uma versão artificial de um ser humano. Até porque a origem dos estudos desse campo foi exatamente essa. Criar uma versão artificial da inteligência humana.

Além disso, o ser humano naturalmente antropomorfiza as coisas. Coloca sentimentos e aparência humanas em animais e objetos. Explicar isso é trabalho para psicólogos, então não vou nem tentar.

Esse antropomorfismo da intlegência artificial acaba criando um problema de percepção para a grande parte das pessoas.

Junte a forma como a mídia mostra a tecnologia, a cultura geral e a facilidade para antropomorfizar as coisas que todos temos e pronto. Você tem uma pessoa que se desloca para um escritório de uma empresa de tecnologia para conhecer o “robô” que está atuando para prestar algum serviço.

Não acredita? Pois já tivemos um caso exatamente assim na empresa onde trabalho.

Quem sabe até existam pessoas que imaginam que automatizar um processo é o mesmo que colocar robôs humanoides fazendo o serviço que os humanos costumavam fazer.

Por mais que sonhemos com androides que serão quase indistinguíveis de seres humanos, como a Sophia da Hanson Robotics tenta ser, isso não é nem de longe a verdadeira cara da inteligência artificial dos dias de hoje.

A inteligência artificial está em softwares que rodam em hardwares muito mais parecidos com o seu computador de casa do que com o Robbin Williams em O Homem Bicentenário.

Os computadores que aprendem não vão ser expostos somente como assistentes pessoais (vide Elli Q) ou jogadores de tabuleiro (vide AlphaGo). Eles já estão dentro de nossas vidas constantemente sem que possamos perceber.

Toda vez que você acessa seu Facebook, faz uma pesquisa no Google ou faz uma compra pela internet, a inteligência artificial está lá. Ela é virtual, muitas vezes invisível e pode estar facilitando (ou não) a sua vida sem que você saiba.

Hoje em dia, uma boa representação de inteligência artificial seria algo bem menos interessante para o público em geral…

Servidores de pesquisa de Inteligência Artificial do Facebook em Prineville, Oregon.

Talvez as próximas gerações já tenham uma informação mais precisa sobre como tudo isso funciona, mas por enquanto, o único jeito que achamos de fazer alguém empatizar com o assunto é mostrando humanoides para representar a tecnologia da inteligência artificial.

Vamos continuar vendo muitos robôs humanoides nas capas de revistas e sites de notícias pelo mundo a fora por um bom tempo.

Até a próxima!