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O caso dos animais de estimação

Animais de estimação, como o nome já diz, são bichinhos os quais estimamos e tornamos membros de nossa família. A partir do momento que adota-se ou compra-se um animal de estimação o ser humano assume uma grande responsabilidade para com esse ser vivo. Ele não é um ser independente quando domesticado, é preciso cuidar da saúde, alimentar, dar afeto e etc.

Todo mundo gosta de mostrar para os seus contatos em redes sociais o quão fofos são seus bichinhos. Receber likes e comentários confirmando isso é uma das grandes fatias do vício em redes sociais dos tempos atuais.

Eu conheço muitas pessoas que estão interessadas em adquirir um animal de estimação como um cachorro ou um gato, por exemplo. E isso é ótimo! Desde que não seja com o único motivo descrito no parágrafo acima.

Se esse não for o seu caso, sempre é bom lembrar que existem diversas ONGs que trabalham duro para resgatar animais das ruas e tratá-los para que alguém possa dar um novo lar para o bichinho.

São dessas ONGs que vem as piores histórias.

Tendo contato indireto recentemente com uma ONG que trata de centenas de animais a duras penas, tenho recebido notícias muito tristes sobre pessoas que querem ter seu animal de estimação.

“Quero um gato, mas não esse… É que ele tem um pouco de preto na cauda e eu queria um todo branco.”

Essa é uma transcrição adaptada de uma frase real.

Assim como o autor dessa frase, existem milhares. Não querem adotar um animal específico porque não é do padrão estético que procuram.

Isso nos leva à outro caso comum, pessoas que chegam a gastar até três mil reais para comprar um cachorro “de raça” em vez de adotar de algum abrigo.

Se eu posso comprar um “iDog” porque eu vou adotar um da versão baixa renda, não é? Vira-lata não vai ficar bem no meu “inxta”. Eu discordo…

Isso é um grande problema, ainda mais sabendo os maltratos que os animais “de raça” sofrem para gerar ninhadas diversas vezes por ano. Mesmo assim existem casos muito piores…

Acredite se quiser, nesta ONG que citei já houve devolução de um gato adotado com o seguinte motivo:

“Ele faz cocô.”

Sim, ele vai fazer cocô. Vai dar despesa no veterinário. Dependendo da idade, vai destruir coisas dentro da sua casa. Vai soltar pêlos. E muito mais.

Animais de estimação não são produtos. São seres vivos.

Se você quer um produto de marca, um boneco para brincar ou só alguma coisa para postar em suas redes sociais, não adote ou compre um animal de estimação. Porque ele não serve para isso.

Agora, se você gosta de animais mas não quer assumir a responsabilidade de adotar um por falta de tempo, condições financeiras, etc, algo que é completamente compreensível, então procure uma forma de ajudar essas ONGs. Porque só quem vê de perto o trabalho que elas fazem sabe o quanto é difícil manter um projeto como este.

Até a próxima!

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Por que escrever?

Escrever é uma atividade que eu faço com muito gosto. As vezes passo algumas horas escrevendo e apagando linhas para tentar formar uma ideia através das palavras, mas nem sempre sai como eu desejo. Quando sai, eu clico no botão de publicar e ainda assim releio algumas vezes depois para corrigir alguma besteira.

Mas por que escrever? Por que ter todo esse trabalho?

Para mim escrever é uma forma de criar histórias. Cada texto que posto no meu blog é como se fosse uma pequena história que conto. Pode ser a história de uma ideia que tive, de algo que percebi nas minhas atitudes ou na atitudes de pessoas próximas à mim.

Pode ser a história de algo que gostaria que fosse diferente no mundo ou algo que eu gostaria de ter força para mudar nele.

As vezes eu escrevo para contar uma história que serve como forma de extravasar um sentimento ruim que tive em relação ao trabalho ou às pessoas com quem convivo.

Pode ser também uma história que serve para ajudar alguém. Algo que aconteceu na minha vida e cuja experiência pode ser de algum valor para quem acabar por cair naquele texto.

Como sou desenvolvedor de software é muito comum que eu escreva a história de como resolvi um problema. Os tutoriais nada mais são do que uma linha de tempo de um problema resolvido.

“Quando percebi que tive esse problema resolvi dessa maneira”. Uma pequena história, mas que também pode ter valor para alguém que esteja na mesma situação em que estive.

As vezes conto a história de um questionamento que tive. Aquela famosa frase “você já parou para pensar…”. Eis algo que faço com muita frequência. Parar para pensar.

Pensar em coisas que normalmente não paramos para prestar atenção. De coisas bobas, como a origem de uma palavra específica, até coisas com certa profundidade, como o comportamento da sociedade e, é claro, o meu mesmo.

Enfim, Escrevo para transformar qualquer coisa em histórias e isso me dá prazer.

Sempre gostei de fazer isso. Desde muito cedo. Ainda criança criava histórias para passar o tempo no banco de trás do carro do meu pai enquanto viajávamos em família.

Naquela época elas ficavam apenas na minha cabeça, mas com o tempo comecei a ter prazer em contá-las.

Uma história criada pode ser contada de diversas formas. Através de longas conversas com um amigo, através de fotos de uma viagem, com páginas desenhadas de histórias em quadrinhos ou com vídeos e filmes.

Para mim não importa. Gosto de criar e contar essas histórias. Todas com um começo, um meio e um fim. É assim que elas se tornam interessantes.

A grande dificuldade na hora de escrever é conseguir traduzir as milhares de histórias que são criadas constantemente na minha cabeça para apenas alguns parágrafos de um texto como esse.

Tudo pode virar uma história, mas nem todas são boas.

O que importa é o prazer de escrever e imaginar que alguém também terá prazer em ler cada palavra.

Sendo elas como forem. Boas, ruins ou medíocres. Não importa.

Eram apenas pensamentos, foram traduzidos em palavras e jogados ao ar quando publicados.

Começo, meio e fim.

Como uma boa história.

Até a próxima!

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Machine Learning está arruinando as timelines

Machine Learning é incrível.

Hoje em dia temos máquinas aprendendo o tempo todo e os dados se tornaram o novo petróleo. Quem tem quantidades gigantescas de dados de usuários tem grande valor de mercado. Isso acontece porque quanto maior a quantidade de dados mais as máquinas podem aprender sobre qualquer coisa. O que você gosta, o que você quer comprar, quais são as suas inclinações políticas e sociais, por onde você costuma andar, etc.

As possibilidades que podem ser criadas a partir da análise dos dados de uso de um aplicativo são incríveis. A ideia geral é que isso ajude na personalização de qualquer serviço que você usa.

Dois bons exemplos do uso de Machine Learning em redes sociais para mim são a página inicial do YouTube e a parte de Explore do Instagram. Ambos se ajustam muito bem ao tipo de conteúdo que eu me interesso nesses serviços.

Algo que poderia incomodar algumas pessoas sobre o uso de Machine Learning atualmente é a questão da privacidade, que é um assunto muito discutido nesse conceito de uso dos dados alheios.

Mas o que me chamou atenção e me incomodou mais ultimamente sobre o assunto é uma coisa que pode parecer muito mais boba e simples. As timelines das redes sociais.

A timeline tem esse nome porque deveria ser uma linha do tempo. É comum gostarmos de saber o que está acontecendo de mais atual com nossos contatos sociais e também aqueles influenciadores que seguimos.

Entretanto, com o uso do machine learning na maioria das timelines de todas as redes sociais, não temos mais uma linha do tempo. Temos uma lista de conteúdos que a máquina resolveu que é o mais interessante para o seu perfil. Perfil esse criado através da análise dos seus dados de uso da rede.

Eu tenho usado pouco as redes sociais ultimamente, meu acesso não passa de um por dia durante os dias úteis para algumas redes e um por semana para outros, e essa descrição que vou dar sobre a experiência que tenho pode não condizer com a experiência de alguém que usa muito as redes, portanto se esse for o seu caso enquanto lê, por favor, deixe um comentário me falando como funciona para você.

Toda vez que acesso uma rede acontece a mesma coisa: recebo conteúdos que foram postados há um bom tempo atrás misturados com conteúdos recentes. Cheguei a receber alguns com mais de um mês de idade na minha timeline.

Como eu disse antes, pode parecer bobo, mas eu não tenho interesse em receber coisas tão antigas para os padrões da internet. Isso é um pequeno problema que venho enfrentando, mas existe um pior. Pessoas que simplesmente não dão as caras mais no meu feed.

Você pode pensar “Ah, mas elas nem devem postar mais”. Foi exatamente o que pensei sobre essas pessoas até acessar seus perfis nas redes. Lá estavam conteúdos que eu gostaria de ter visto, provavelmente teria interagido, mas que nunca tive a chance.

A máquina decidiu que eu não deveria me interessar por um conteúdo de uma pessoa talvez porque ela poste de forma mais esporádica. Mas a máquina errou.

Eu não quero que a máquina escolha quem deve aparecer ou não no feed do meu aplicativo. Eu quero ter a opção simples de acessar as configurações da minha rede e escolher que a máquina não monte o minha timeline e deixe de escolher qual conteúdo eu devo ou não devo interagir.

Uma opção simples de configuração, mas que pode afetar todo um modelo de negócio de uma empresa que se baseia em análise de dados de uso para vender certo serviço de publicidade.

Como isso afeta o modelo de negócios das redes sociais? Vamos ver um exemplo.

Uma amiga minha vende produtos pela internet e o Instagram costumava ser sua maior fonte de clientes. Bem, ela teve uma queda gigantesca nas vendas assim que a nova timeline com Machine Learning entrou no ar neste aplicativo. Graças à isso agora precisa comprar posts patrocinados da rede social se quiser continuar conseguindo leads pelo app de fotos.

Você pode me perguntar se eu acho errado que se venda um serviço baseado no acesso dos meus dados. Bem, eu aceitei aquele termo de uso e sei que nada vem de graça nesse mundo. O Facebook não gasta milhões de dólares em servidores e funcionários para que você possa curtir aquela foto da sua tia. Ele investe para obter lucro.

É por isso que resolvi fazer uma mudança na forma como consumo conteúdo e voltar para algo que se usava muito na internet do passado. Escolher blogs e sites e seguir suas postagens através de um agregador de conteúdo, o Feedly. Ele também deve aproveitar meus dados para alguma coisa, mas pelo menos eu escolho de onde meus conteúdos vem, não é mesmo.

As redes sociais não são a internet. A internet é descentralizada por natureza. É por isso que apesar de publicar com certa frequência na minha conta do Medium eu também costumo postar sempre aqui no meu próprio blog. Fica aqui o link para um texto do Luciano Ramalho sobre o porque ter seu próprio site na internet.

Aguardo sua opinião nos comentários.

Até a próxima!

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Retrospectiva 2017

Ao final de cada ano, desde 2015, comecei uma pequena tradição inspirada pelo meu amigo e chefe Fernando Freitas Alves. Escrever uma retrospectiva do ano que passou.

Talvez a parte mais importante seja parar para pensar em tudo que aconteceu. Minha grande motivação para escrever em 2015 foi o fato de que aquele ano me ensinou mais do que qualquer outro em toda a minha vida.

Já a retrospectiva de 2016 mostrou que ano passado foi de estabilização no trabalho e na vida pessoal. Apesar de não ter muitos avanços na parte da saúde, uma das metas que continuei tendo em 2017.

Como sempre faço em minha vida, em 2017 experimentei diversas maneiras de me manter em uma rotina mais saudável. Tentei algumas novas atividades físicas, como o Crossfit por exemplo, e infelizmente não consegui dar continuidade como deveria.

Também me arrisquei em técnicas de jejum intermitente para perda de peso e melhora da atividade cerebral… sem sucesso.

Graças a mais um ano de falhas na área da saúde percebi que preciso dar uma importância maior para este tópico na minha escala de metas para 2018. O primeiro passo já foi dado: horário marcado na nutricionista já para janeiro.

Mas tive uma pequena conquista nesse ano. Foi agora, bem no finalzinho, em dezembro mesmo. Foi uma amostra de que posso atingir algo se me esforçar um pouco. Parei de roer unhas! Graças a um aplicativo chamado Coach.me.

Roer unhas era um hábito que estava difícil de largar e por isso resolvi usar como um experimento desse aplicativo. Acredite se quiser, estou sentindo as unhas batendo nas teclas neste exato momento como há anos não sentia. Um pequeno passo, mas uma grande prova de que posso conseguir mudar alguns hábitos em 2018, certo?

Outra pequena conquista desse ano foi o café sem açúcar. Sempre tomei café muito doce, mas com a ideia do jejum intermitente veio a necessidade de tomar café ao natural.

O primeiro dia sempre é estranho. Você faz careta a cada gole, mas no dia seguinte eu já estava sentindo o gosto de diferentes tipos de café que temos disponíveis lá no escritório e decidindo os que realmente são do meu gosto.

No trabalho, que nos ocupa boa parte do tempo dentro de um ano, 2017 se mostrou estável. Continuo trabalhando como desenvolvedor na startup de legal tech Tikal Tech.

Com o lançamento de uma nova linha de produtos na empresa as coisas aconteceram rápido. Este foi o ano do ELI na Tikal Tech.

Graças ao desenvolvimento do ELI ICMS Energia tivemos uma experiência muito produtiva com arquitetura de microsserviços. Além de outras integrações interessantes como o Login Integrado do LegalNote para aplicativos ELI. Um sistema de gestão de acesso de usuários centralizado para diferentes aplicativos em Django.

Antes disso, mais pro início do ano, tive o prazer de participar da comunidade Chatbot Brasil. Até criei alguns chatbots e coloquei algum conteúdo por aqui sobre o assunto. Já na Tikal Tech implementamos o chatbot Corujinho na fanpage do SeuProcesso no Facebook. Foi uma experiência bem interessante.

Com o crescimento da empresa tivemos um aumento considerável no staff. Basta ver a  foto do pessoal na retrospectiva de 2015 e notar como as coisas mudaram! Veja a foto da equipe nesse ano.

Equipe Tikal Tech 2017

Falando em trabalho não posso esquecer das minhas férias. Este foi uma das grandes metas desse ano. Aproveitei  maravilhosos 30 dias de viagens e descanso merecido depois de muitos e muitos anos sem tirar férias.

O ponto alto foi a primeira semana em que eu e minha namorada passamos alguns dias em Paraty. Que lugar maravilhoso para aproveitar natureza, os locais históricos e, é claro, as praias e os passeios de barco. Que delícia!

Financeiramente 2017 também foi um ano muito bom para mim, pelo menos comparados aos últimos dez anos de perrengues e problemas para manter um orçamento estável. Graças à liberação do FGTS inativo consegui quitar algumas dívidas e até mobiliar um pouco minha vazia casa.

Mas o que realmente está fazendo a diferença é o estudo de finanças pessoais. Durante esse ano inteiro investi um bom tempo nesse tópico, seguindo canais de Youtube interessantes como o do Gustavo Cerbasi e o Me Poupe!, os quais indico muito a quem quer começar a sair do buraco.

Graças a isso, posso até começar a pensar em investir algum dinheiro para 2018. Nem que sejam apenas alguns trocados. A meta é montar uma reserva de emergência o quanto antes!

Para terminar, algo legal que voltei a fazer: desenhar.

Desenho desse ano! Yey!

Nesse ano de 2017 eu voltei a desenhar e até alimentei o meu canal que fala sobre criação de histórias em quadrinhos no Youtube. Separei os tópicos que falam sobre isso aqui no meu blog para um novo domínio separando assim os conteúdos.

Criei também um Instagram e voltei a alimentar a minha velha fanpage no Facebook.

Sempre adorei desenhar histórias em quadrinhos e manter um hobby divertido como esse é algo essencial para a qualidade de vida de qualquer um. Me fez um bem danado!

Participei pela primeira vez de um Inktober! Se quiser entender melhor o que é isso, é melhor dar uma lida na publicação que fiz no meu blog de desenho.

Bem, por cima esse foi o meu ano de 2017. Essa retrospecitva vale mais para quem escreve do que para quem lê, porque a parte mais legal é repassar o ano na sua cabeça. Rever o que foi feito e pensar em como melhorar no ano seguinte.

Se você leu até aqui, obrigado! Deixe seu comentário sobre como foi seu ano também!

Um abraço e até 2018!

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Músicas e memórias

Basta dar um play e se transportar através do tempo

Poucos dias atrás eu descobri o Daily Mix do Spotify. Estava cansado de escolher músicas para ouvir enquanto trabalho e queria delegar essa responsabilidade para outrem.

O Daily Mix prepara cinco listas de diferentes estilos musicais baseado no que você costuma ouvir. Resolvi dar uma chance para uma delas e dei o play.

Uma das listas continha músicas de meados dos anos 2000 e a primeira já me transportou diretamente para uma lembrança gostosa.

Eu me impressiono com o fato de que os primeiros acordes ou batidas de uma música são o suficiente para ativar algo no cérebro que faz com que ele reviva um momento específico do passado.

Com uma das músicas voltei para um palco onde a Karma Patrol, minha banda na época, fez o que consideramos a melhor apresentação da nossa curta história. Participamos de um festival/concurso num gelado inverno em Florianópolis.

Senti o cheiro do gelo seco, a aflição de não estar enxergando as casas do baixo por conta do breu e da fumaça. Lembro da emoção de ter acertado o riff na hora que a música começou e de me soltar depois disso. De várias apresentações aquela foi a mais inesquecível. Rolou até bis

Outra música me levou para um tempo onde eu, muito jovem, arriscava qualquer coisa por um sonho. Me vi deitado em um colchão estendido no chão de uma escola em Uberlândia, sem o mínimo dos confortos, como ter uma geladeira ou fazer três refeições por dia.

Ali vivi por alguns meses em busca de sucesso em uma carreira incerta que fazia parte de um propósito maior. Larguei aquilo que seria o mais promissor dos trabalhos no conforto de minha cidade para arriscar tudo em outro estado, longe de casa.

Logo depois surgiram as notas iniciais de uma canção que marcou um verão tranquilo, com muita praia, muitos encontros com os amigos e paixões que não duravam mais do que um final de semana. Morava com os pais e ainda assim só reclamava da vida, queria morar sozinho. Se eu soubesse o que me aguardava nos anos seguintes…

Outra música me leva ao primeiro apartamento em que morei sozinho. Minha primeira casa. Alugada. Lembro de decorar pessoalmente cada pedacinho do espaço. Referências orientais por todos os cantos. Ideogramas, estátuas, leques pintados e um incensário de bambu.

Apesar da música ter me trazido essa lembrança, ela desaparece quando me vejo deitando no sofá em silêncio no início da tarde de um dos dias raros em que podia fazer relaxar após o almoço. Ouvia o vento movendo as árvores à frente da porta da sacada e era uma canção de ninar. O vento adentrava a sala e eu cochilava numa tranquilidade dificilmente encontrada nos dias de hoje.

A viagem foi ainda mais longe com a próxima música. Estava de volta à uma praia do litoral sul de Santa Catarina. Um adolescente que tinha prazer em se isolar e ficar ouvindo música sozinho dentro do carro do pai em dias chuvosos de verão. Enquanto os primos, irmãos ou tios jogavam algo para se distrair dentro da casa da vó, eu preferia a companhia das músicas que poucos deles apreciavam.

As histórias continuam aparecendo a cada nova música conhecida que toca. A viagem é tão prazerosa que pulo aquelas que não conheço ou que não me trazem memória alguma.

A lista de músicas do Daily Mix é infinita. Se deixar tocando ela não para nunca, vai adicionando novas músicas à playlist eternamente. Corro o risco de ficar preso no passado, sem conseguir voltar.

É hora de vir para o presente e criar novas memórias para o futuro. Podem não ser tão marcantes quanto essas, mas existirão.

Desligo o Spotify e levanto para tomar um café. Volto ao trabalho em seguida.

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Retrospectiva 2016

Um resumo pessoal do ano que passou

Olhar para trás é sempre positivo. Nos ajuda a entender o que deu certo e o que deu errado em nossas vidas. É por isso que eu gosto de parar para fazer uma retrospectiva pessoal no final de cada ano.

Ah, 2016! Um ano que muitos falam que foi horrível, que só aconteceu coisa ruim e que só querem que acabe logo.

Não dá pra negar que muita coisa ruim aconteceu de um modo geral nesse ano que está acabando. Até me sinto mal dizendo que para mim foi um ano positivo.

Um ano de reconstrução pessoal. Um ano em que as coisas começaram a encaixar em seus devidos lugares. Um ano de autoconhecimento, mais uma vez, e com algumas dificuldades, mas nada comparado a tudo que aconteceu comigo em 2015.

Como tudo é uma questão de contexto, posso dizer que depois de 2015 vai ser difícil falar que um ano realmente me ensinou tanto através de acontecimentos não tão bons assim. Mas também aprendi muito com 2016.

Portanto, 2016 foi um bom ano sim… pelo menos para mim.

No trabalho consegui me estabilizar após o lançamento de dois produtos nos quais eu tive uma grande participação no desenvolvimento. O Diligeiro, lançado ainda na primeira metade do ano, e o SEUPROCESSO, lançado neste final de ano.

Com o primeiro eu aprendi muito no desenvolvimento de API Rest com Python, aprendi como trabalhar com GIS (Geolocalização) e também acabei me aventurando no desenvolvimento de webapp utilizando o AngularJS. Todos os três eram novidades para mim naquele momento, mas hoje, graças à essa experiência, eu posso dizer que consigo ter domínio em cada um deles.

Já com o SEUPROCESSO a coisa foi diferente. Trabalhamos em um ritmo muito intenso para transformar um sistema que já funcionava em uma API Rest e um webapp em tempo recorde. Fortaleci ainda mais os meus conhecimentos com esses dois, mas não foi um processo onde tive tempo para “aprender” mais.

Falando sobre o que aprendi, escrevi publicações sobre o desenvolvimento de APIs e sobre GIS com Django.

Aos poucos fui deixando de lado os trabalhos extras, os famosos freelas, para achar um tempo para a vida pessoal voltar à cena. Para isso, foi preciso organizar as contas de vez. Tarefa que ainda está em andamento…

Tenho certeza de que não sou o único que ainda está tentando organizar a vida financeira, infelizmente nosso país vem sofrendo com esse momento complicado da economia e da política. Então, não vou ficar reclamando sobre essa parte…

Como sobrou um pouco mais de tempo sem os freelas, comecei a estudar um pouco sobre outras coisas legais para fazer na minha área. E, mais ou menos na metade do ano, resolvi começar um desafio pessoal: fazer um chatbot.

Durante o ano li muito a respeito dos chatbots e quis criar um completo como aprendizado. Essa tarefa está quase concluída e já tem uma publicação quase pronta com o diário de desenvolvimento desse desafio… Pode ser que ela acabe publicada ainda esse ano por aqui.

Para finalizar, que tal lembrar do que não deu certo também?

Em uma meta eu falhei miseravelmente em 2016. Encontrar algo relacionado à atividade física que me prendesse de vez, como já aconteceu no passado com a arte marcial. Experimentei diversos tipos de atividades, mas infelizmente ainda não encontrei uma que tenha me conquistado pra valer.

Tenho a necessidade de melhorar minha saúde para que eu ainda possa escrever muitas retrospectivas no futuro. E sei que exercício físico é vital para isso. Portanto não vou desistir ainda.

Resumindo, 2016 foi ano de trabalhar muito e de ajustar a vida para que 2017 venha trazer os frutos desse trabalho e desse esforço para aparar as arestas.

Que venha o ano novo, estou pronto para você!

Publicado originalmente no Medium.

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A síndrome L’Oréal

“Porque eu mereço”

Quantas vezes você quis atingir algo, como guardar dinheiro ou emagrecer, e acabou desistindo no meio do caminho?

Comigo acontece o tempo todo. E sei que não sou o único.

Conversando com alguns colegas depois do almoço em um dia qualquer, surgiu este assunto. Logo após comermos, um deles chamou a todos para tomar um milkshake.

Alguns aceitaram na hora e outros pensaram um pouco antes de responder. A questão era simples: uns achavam que não podiam gastar com a iguaria e outros que as calorias iriam atrapalhar a nova dieta que acabaram de começar.

Mas todos resolveram aceitar, incluindo eu, que me encaixava nas duas condições, falta de dinheiro e excesso de calorias.

O pensamento da maioria foi:

Ah… tudo bem. Trabalhamos tanto, não é? Eu mereço esse mimo.

E é isso que eu chamo de Síndrome L’Oréal.

Toda vez que estamos engajados para atingir algum objetivo complicado, principalmente coisas como emagrecer e guardar dinheiro, criamos regras para chegar lá. “Vou comer apenas salada!”, “Não vou mais gastar em roupas!”, “Vou pra academia todo dia!”.

O problema é que encontramos maneiras de burlar nossas próprias regras com as desculpas mais estapafúrdias possíveis.

“Fui na academia e trabalhei o dia todo… posso pedir aquela pizza hoje à noite! Afinal, eu mereço!”

Bem, talvez eu mereça sim, mas eu não preciso! E se quero atingir aquele objetivo, vou ter que lembrar disso o tempo todo.

A desculpa do “eu mereço” não é a única, mas é uma das principais. Para citar algumas outras, que tal a “Já saí da dieta ontem mesmo, vou comer a vontade hoje!” ou “Fiquei doente, acho melhor não me exercitar essa semana…”?

Um dos colegas da história que contei no começo desse texto tem uma maneira pra lidar com isso, ele falou a seguinte frase:

“Querer o milkshake, eu quero! Mas não me convém.”

Ele estava falando por causa da falta de grana, mas vale para qualquer situação.

Essa técnica do “não me convém” pode ser uma boa maneira de não cair nas garras do “eu mereço”.

Mas o que realmente vai fazer qualquer um escapar desse problema é a força de vontade e o foco na hora de atingir os objetivos, não tem outro jeito.

Eu estou sempre tentando chegar lá, fugindo ao máximo da Síndrome L’Oréal para atingir meus objetivos, mesmo sabendo que não é uma tarefa fácil.

Porque só assim vou poder dizer:

“Cheguei aqui porque eu mereço!”

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Ser um Programador Ninja…

…ou Programador Rockstar ou Mago da Programação…


Este texto foi originalmente publicado no Medium. Leia a versão original clicando aqui e recomende se você gostar.


Alguns bons anos atrás, costumava ser cool ver uma vaga de emprego com a expressão “programador ninja” ou algo do gênero. Mostrava que a empresa era maneira, joinha e que tinha aquele ambiente de trabalho diferentão.

“Buscamos um programador ninja”

Hoje, a coisa é um pouco diferente. Quando vejo uma vaga que busca um programador ninja ou um mago da programação, eu já desconfio.

O problema não é a expressão em si, que hoje em dia é brega e não pinta mais a empresa como “diferentona”. O problema é que ela costuma vir com uma lista absurda de exigências…

O cidadão tem que comprovar anos de experiência em diversas linguagens de programação, tem que gostar de programar em seu horário livre (?!) e, às vezes, é um diferencial, se não obrigação, que o camarada tenha projetos paralelos.

Ou seja, o cara não tem que ser um programador… Ele tem que programar de tudo e o tempo todo. Se tiver vida pessoal, não serve para mago da programação.

O ninja-mago-rockstar da programação

Por algum motivo essas empresas acreditam que é preciso ser apaixonado pela programação para ser um bom profissional. E para demonstrar isso tem que ter aqueles projetos paralelos e, quem sabe, uns commits no seu Github nas madrugadas de sábado.

O que não percebem é que quem programa por prazer não necessariamente vai gostar de trabalhar no seu projeto de gestor administrativo ou de vendas. Hobbies que viram trabalho nem sempre são tão prazerosos. E isso não é tudo…


Nesta semana eu li um texto aqui no Medium chamado Programming Doesn’t Require Talent or Even Passion (Programar Não Exige Talento ou Mesmo Paixão). Eu recomendo a leitura para qualquer um que trabalhe na área.

Nele o autor fala que nunca antes uma habilidade foi tão mitificada como a programação.

“Você não precisa apenas ter talento, você também precisa ser apaixonado para se qualificar como um bom programador.”

É exatamente o que pedem nessas vagas de programador Rockstar dos dias de hoje.


Exemplo de uma vaga postada na lista Python BrasilNo texto citado, o autor ainda traz uma série de grandes nomes da área, como os criadores dos frameworks Rails e Django e da linguagem PHP, por exemplo, que demonstram claramente não serem grandes amantes da programação e muito menos gênios da magia do desenvolvimento de software.

“Na verdade eu odeio programar, mas eu amo resolver problemas.” Tradução da citação de Rasmus Lerdorf, criador do PHP.

Eu trabalho nessa área há cerca de treze anos e não tenho receio em dizer que os melhores profissionais que encontrei não eram grandes magos dos códigos. O que realmente importa nessa área é a entrega. É conseguir resolver os problemas apresentados de forma objetiva e simples e, quase sempre, em um curtíssimo espaço de tempo.

Um bom profissional da programação não precisa ser um gênio, um monstro, um ninja, um hacker… ele precisa saber resolver problemas e ter a capacidade e humildade de aprender o que precisar para atingir esse objetivo.

Além disso, esse mito atrapalha todo mundo que está envolvido ou quer se envolver na área.

“O mito do ‘programador gênio’ é extremamente perigoso. Por um lado, ele deixa o limiar de entrada muito alto, assustando um monte de aspirantes a programador. Por outro lado, também assombra os que já são programadores, porque isso significa que se você não é um mago na programação, você é ruim… …Programação é só um monte de habilidades que podem ser aprendidas e não exigem muito talento, e não é vergonha nenhuma ser um programador mediano.” Tradução livre de parte da citação de Jacob Kaplan-Moss, criador do Django.

Eu consegui aprender a programar, e nem sequer gostava disso…

“Depois de muito tempo percebi que eu tinha ficado melhor em programar e continuava sempre ocupando vagas em empresas nessa área, entretanto, sempre querendo sair para ‘trabalhar com o que gosto’.”

Esse é um trecho de um texto que escrevi em 2014 falando sobre a minha relação conturbada com a programação. Eu passei anos procurando trabalhar em outra área, porque realmente não gostava de programar.

O que mudou isso em mim foi conhecer o Python. Passei a curtir a simplicidade e objetividade de escrever códigos com essa linguagem. Hoje eu gosto do que faço. De vez em quando eu até programo por diversão no meu horário livre.

Eu não consigo me enxergar como um bom programador, mas sei que consigo atender as expectativas de quem me contrata. Resolvo os problemas e faço as minhas entregas. E isso me deixa orgulhoso do meu trabalho.

Não somos ninjas, gênios ou magos, somos profissionais da área de desenvolvimento de software. É isso que temos que ser das 9h as 18h, ou em qualquer que seja seu horário de trabalho, o que fazemos fora disso diz respeito somente a nós mesmos.

Quer ter projetos paralelos? Ama programar? Ótimo.

Mas se você gosta de nadar, andar de bicicleta, jogar futebol, passear com seu cachorro, ficar com sua família ou dormir por horas e horas no seu tempo livre, você continua sendo um programador.

Não é isso que vai definir sua qualidade como profissional.

Pode ser também…

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Lançamento do Diligeiro

Em novembro de 2015 recebi uma ligação de uma empresa na qual eu já havia feito entrevistas e testes meses antes. Nesta ligação marcamos uma reunião e na próxima semana lá estava eu ouvindo pela primeira vez sobre o Diligeiro.

O Diligeiro é um aplicativo para smartphone que serve para conectar advogados correspondentes com escritórios de advocacia ou advogados que precisam do serviço de diligência.

O meu desafio era criar o backend desse aplicativo, uma API. O seu grande diferencial é a geolocalização, mostrar aos correspondentes quais diligências estão mais próximas dele. Ou seja, seria minha primeira experiência desenvolvendo uma API e também a primeira experiência com Geolocalização. Estudei, experimentei e hoje posso dizer que aprendi muito.

Enquanto ainda desenvolvia todas essas coisas novas para mim, fui escalado para fazer também o frontend web do mesmo produto. Mais uma série de aprendizados, desenvolver um frontend web totalmente baseado em requisições de API. Mais estudos, experiências e aprendizados.

Nas últimas semanas o aplicativo para Android e a versão Web do Diligeiro foram lançados em formato Alpha e em seguida em formato Beta, para que os usuários pudessem começar a utilizá-lo e passarem seus feedbacks.

Nesta semana o aplicativo Android e o WebApp foram abertos ao público.

Foram seis meses de muito trabalho, muitos aprendizados e também muita diversão, graças à equipe incrível da TIA Tikal.

O trabalho continua, as melhorias e novas ideias para funcionalidades não param nunca, mas a fase inicial de desenvolvimento acabou. Agora é hora de deixar que os usuários decidam se todo o esforço valeu a pena. O aplicativo iOS continua em desenvolvimento.

Me sinto orgulhoso pelo resultado dessa primeira fase e agradecido a todos os envolvidos. A equipe do Diligeiro e a equipe do LegalNote, o produto irmão do Diligeiro que já está no mercado a mais tempo.

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Brevidade da vida

Uma verdade que nem sempre aceitamos

Um tempo atrás eu tive um sonho que virou pesadelo quando, do nada, uma pessoa com quem eu interagia sofreu um acidente e morreu.

Acordei em choque. E passei boa parte daquele dia com essa sensação ruim.

Depois de um tempo mastigando o sonho/pesadelo eu entendi que o choque era causado pelo entendimento de algo que poucos queremos aceitar: a brevidade da vida.

Ontem a noite, ao chegar em casa, liguei a televisão e estava passando o documentário Senna, de Asif Kapadia. Assistindo, lembrei da primeira vez na vida que tive essa sensação. Eu tinha dez anos quando Senna sofreu seu acidente fatal e me lembro de ter ficado em choque.

Hoje acordei com a notícia da tragédia que aconteceu com o time da Chapecoense.

Um time do meu estado. Um time do meu esporte favorito. Um time que vi jogando o Campeonato Catarinense quando era novo e agora estava à caminho de sua primeira final internacional.

Novamente a brevidade da vida bate à minha porta. Fiquei mais uma vez em choque.

Não importa quantas vezes essa verdade for jogada na minha cara, vou continuar em choque.

Seja por atletas no auge de uma carreira ou por um conhecido da minha idade que acabou de ter um filho. Vou ficar em choque com a morte inesperada, sem aviso.

Não importa o quanto achamos que estamos no controle, o quanto necessitamos da sensação de que temos as rédeas da nossa vida. A qualquer momento ela pode se acabar. Sem aviso prévio.

Uma tragédia. Algo difícil de acreditar e de aceitar, mas algo possível de acontecer com qualquer um.