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Um grande erro – Diário de criação de uma HQ #003

Essa é mais uma entrada no diário (que não é feito todo dia) de criação de uma história em quadrinhos.

Já falei sobre o começo da criação da HQ na entrada #001 e falei sobre o desenvolvimento dos personagens na entrada #002.

Hoje quero falar sobre algo que acredito que aconteça com muitos quadrinistas independentes por aí e que aconteceu comigo nestas últimas semanas.

Fiquei totalmente travado na hora de desenhar as páginas.

O erro que cometi

Mesmo já tendo o roteiro pronto para o primeiro capítulo da minha história em quadrinhos e faltando apenas sentar em frente ao computador e desenhar as páginas… eu travei.

Cheguei a desenhar duas páginas, mas tive muitas dúvidas sobre como seriam certas coisas no mundo em que a história acontece.

Como seriam as cidades, as roupas das pessoas, etc. Apesar de ter uma ideia bem clara das referências que vou usar para a criação do mundo, senti que faltou me preparar melhor para essa fase.

No momento em que vamos desenhar as páginas precisamos ter tudo isso muito bem pensado. É preciso já ter as referências que você vai usar e já ter planejado a maioria das coisas.

Percebi isso tarde demais. E acabei travado para continuar criando as páginas.

Foi um erro que me atrasou muito no planejamento dessa HQ, mas só agora percebo o que preciso fazer.

Antes de colocar toda a história no papel de vez, vou desenhar as coisas necessárias para todo o cenário e os figurantes desse capítulo. Assim, durante o processo de desenho das páginas eu não vou mais ficar travado com a decisão de como fazer alguma coisa.

Analisando o erro

Parece um erro muito bobo esse. E foi mesmo. Um erro de principiante. Mas então porque eu cometi esse erro já tendo desenhado tantas HQs no passado?

Analisando friamente agora, com mais calma, eu só criei histórias em quadrinhos que aconteciam no tempo atual e no mesmo mundo em que vivo meu dia-a-dia.

Tailer, minha última aventura em criar quadrinhos antes da atual, acontecia em uma cidade normal dos dias atuais e com referências do lugar onde cresci.

Com isso não precisava planejar o que usaria como referência para roupas, pois via as pessoas com as roupas que desenhava todos os dias. Não precisava pensar nos cenários, pois andar na rua já era o suficiente para entender como deveriam ser as construções e ruas onde a aventura acontecia.

No caso de Magnos, a HQ que estou criando agora, eu resolvi criar um mundo novo. Diferente de tudo que já fiz e baseado não na Europa Medieval ou no Japão Feudal, mas sim na época mais colonial da América do Sul.

Esse é um grande desafio para mim, pois não existem muitas referências na arte popular para esse tipo de world building.

Foi essa decisão que me levou ao erro de achar que eu já podia desenhar as páginas, quando na verdade ainda falta uma fase de planejamento antes disso acontecer.

Nas próximas entradas do diário vou mostrar essa fase que eu estava “pulando” sem perceber.

O resultado

Como resultado desse erro eu vou jogar fora algumas horas de trabalho. Vou ter que redesenhar as duas primeiras páginas da história, afinal estou repensando o mundo em que ela acontece.

Na primeira página eu tive horas de trabalho apenas no primeiro quadro. Onde eu desenhei um cenário enorme baseado em uma foto. Só que ele não ficou de acordo com o que eu quero para a Vila Peregrina, local onde o primeiro capítulo acontece.

Essa pequena vila acabou ficando aparentemente muito mais populosa do que deveria ser nesse quadro.

Ela deveria ser muito menor, porque tem uma importância geopolítica praticamente insignificante e isso é um fato importante para o contexto da história.

Por isso a importância da experiência com diferentes tipos de histórias, para entender que cada uma traz desafios diferentes.

Bem, agora vou voltar para a prancheta e continuar trabalhando na construção do mundo, visualmente falando, em que Magnos acontece.

Me conte nos comentários se algo assim já aconteceu com você também.

Até a próxima!

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Como organizar seu projeto de história em quadrinhos

Nesse vídeo falo sobre como organizar a produção de sua HQ como um projeto de história em quadrinhos para que você possa começar e terminar sua história em pouco tempo.

Segue abaixo a transcrição do vídeo.

Transcrição:

Hoje quero falar sobre um assunto que não vejo muita gente falando, mas que é importante. Trate a produção da sua HQ como um projeto de história em quadrinhos!

O que quero dizer com projeto de história em quadrinhos?

É muito comum começarmos nossa HQ, pensar na história, nos personagens e começar logo a desenhar as páginas para por as ideias que estão fervendo na nossa cabeça logo para o papel.

Para depois de um tempo perder a empolgação ou ter outra ideia que você acha melhor do que a que está trabalhando e acabar parando a história sem chegar ao final.

Não acho que isso seja um problema tão grave. Já aconteceu muitas vezes comigo no passado. Só acho que é uma perda de tempo.

É muito importante para nossa evolução como quadrinistas terminar o que começamos. Ajuda na nossa formação.

Uma forma de chegar nisso é tratar a criação da sua história em quadrinhos como um projeto.

Imagine que você é uma empresa e precisa entregar um produto para um cliente. É esse tipo de projeto que eu digo.

Vamos fazer uma checklist para isso então:

  1. Defina um prazo para “entrega” do projeto.
  2. Coloque uma meta semanal
  3. Pense em como você vai “entregar” esse projeto para o “cliente”

Definindo um prazo

Definir um prazo é complicado, é difícil saber exatamente o tempo que você vai levar para finalizar todas as páginas, principalmente se você não tem o dia inteiro para fazer só isso. No caso de trabalhar ou estudar.

Mas definir um prazo serve exatamente para isso. Para que você possa se planejar e saber o quanto você precisa se dedicar para conseguir chegar nesse objetivo.

Com o prazo definido, divida seu projeto em metas semanais.

Criando metas semanais

Sabendo o prazo que você tem, ou melhor, que você mesmo se colocou para terminar o projeto agora é a hora de saber o quanto você precisa se dedicar para chegar nele.

Por isso colocar uma meta em um período de tempo pequeno ajuda.

Digamos que sua HQ vai ter 15 páginas e que você precisará trabalhar no desenvolvimento dos personagens, no roteiro e nos layouts das páginas antes de começar a desenhar.

Você definiu que quer ter esse projeto pronto em dois meses.

Para isso você coloca as seguintes metas semanais.

Na primeira semana vai concluir o desenho dos personagens (também chamado de character design) e escrever suas características importantes como personalidade e o “tom de voz” que ele vai ter.

Na segunda semana, por exemplo, você pode colocar como meta terminar o roteiro escrito ou o roteiro com os layouts das páginas onde você trabalhou a narrativa visual.

Então você começaria a desenhar as páginas a partir da terceira semana.

Aí coloca uma meta de três páginas concluídas por semana.

Assim você tem as duas semanas iniciais e mais as cinco semanas de desenho de páginas.

Com isso em mais ou menos dois meses você terá sua HQ pronta.

Você conseguiu atingir o prazo que definiu no começo do projeto graças às metas semanais.

Além disso, quando concluímos alguma coisa sentimos prazer e mais motivação. E dividindo o projeto em partes menores por semana você vai ter essa sensação ao final de cada uma delas e não somente no final do projeto inteiro.

Definindo a forma de entrega

Agora chegou a hora de cumprir o último item da lista.

Você definiu que sua HQ será lida online, por exemplo. Então onde os leitores irão consumir?

Você vai usar as redes sociais, ter um site ou blog ou entregar via PDF para quem quiser ler.

Se você escolher distribuir de forma impressa, os arquivos precisam ser preparados de forma diferente do que online. É preciso ver com gráficas o quanto isso vai custar e se você vai vender online e enviar pelo correio ou vender em eventos, por exemplo.

Ainda existe a opção de desenhar apenas no papel e fazer cópias em xerox. Isso tem um custo menor e você pode vender e distribuir pelo correio ou em eventos também.

Escolher qualquer uma das opções no começo é importante, porque vai definir como você deve preparar as suas páginas.

Com as páginas prontas, a forma de distribuição (ou entrega) definida, agora é só deixar sua HQ ser consumida pelos seus “clientes”.

E pronto!

Mais um projeto iniciado e concluído com sucesso!

Falando em projeto, você já leu minha nova HQ? Ela está disponível para download gratuito no bot da minha página do Facebook. Basta acessar a página Marcus Beck no Facebook e clicar em “Enviar Mensagem”. A resposta automática da página já virá com o link para o download da minha HQ Magnos.

Então é isso!

Se você tiver dúvidas sobre esse assunto ou sobre qualquer outro tema na criação de histórias em quadrinhos, deixe nos comentários para que eu possa ajudar. Quando posso respondo todos!

Obrigado por acompanhar os meus vídeos e não esqueça de me seguir nas redes sociais (links na descrição do vídeo).

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Até a próxima!

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Tutorial – Cenários em histórias em quadrinhos – Perspectiva Básica

Sempre recebo comentários nos meus vídeos pedindo dicas de como desenhar cenários em histórias em quadrinhos. Esse não é um assunto simples, por isso resolvi começar pelo básico: Perspectiva.

Nesse vídeo dou uma introdução à perspectiva e falo algumas dicas para praticar a criação de cenários.

Sobre cenários em histórias em quadrinhos

Não existe uma resposta fácil e muito menos um jeito fácil de criar cenários.

Existem muitas coisas importantes sobre criação de cenários. Você precisa aprender a obervar os lugares e tentar simplificá-los em formas geométricas, por exemplo. Mas antes de qualquer outra coisa o que você realmente precisa aprender para começar a fazer cenários para seus quadrinhos é perspectiva.

Então eu vou falar um pouco sobre perspectiva básica aplicada à cenários aqui.

Perspectiva de um ponto. A perspectiva linear com apenas um ponto de fuga é uma perspectiva de um ponto. O ponto de fuga normalmente aparecerá na parte central da cena.

Perspectiva de dois pontos. A perspectiva linear que usa dois pontos de fuga é chamada de perspectiva de dois pontos. Cenas na perspectiva de dois pontos normalmente têm os pontos de fuga colocados na extrema esquerda e na extrema direita.

Perspectiva Multi-ponto. A perspectiva linear não precisa se limitar a um ou dois pontos de fuga. Uma cena pode ter vários pontos de fuga, dependendo da complexidade do assunto. Por exemplo, a perspectiva de três pontos é semelhante à perspectiva de dois pontos; tem pontos de fuga à esquerda e à direita no horizonte. Além disso, existe um terceiro ponto de fuga abaixo ou acima do horizonte.

Quer mais?

Aguardo seu comentário com dúvidas, sugestões e me dizendo se você quer ver mais vídeos tutoriais como esse sobre cenários e desenho de quadrinhos em geral.

Até a próxima!

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5 dicas de desenvolvimento de personagens

No post anterior falamos sobre os 5 erros no desenvolvimento de personagens descritos pela escritora C.S. Marks. Agora vamos continuar com as 5 dicas de desenvolvimento de personagens.

Caso saiba ler em inglês, você pode acessar o artigo original clicando aqui.

Obs: Os itens a seguir com as dicas de desenvolvimento de personagens foram traduzidos diretamente do artigo e adaptados para se referir à autora em terceira pessoa quando fala de suas próprias experiências.

1. O importante são os detalhes.

Muitas vezes queremos apresentar demais ao leitor de uma só vez – dar uma descrição física completa, contar a história da vida e revelar os pensamentos mais íntimos de um personagem assim que ele for apresentado. Mas isso não é necessariamente a melhor abordagem.

Pense que você está apresentando o personagem como alguém que o leitor está conhecendo pela primeira vez.

Não percebemos tudo de primeira quando conhecemos uma pessoa nova, mas geralmente notamos alguns detalhes que podem nos dar uma ideia da personalidade e situação de vida dessa pessoa.

O personagem está bem vestido? Ele morde as unhas? Ela tem cicatrizes de acne, maquiagem pesada, manicure profissional, maneirismos nervosos? O personagem faz contato visual?

Estes são os tipos de coisas que podemos notar durante um primeira contato. Então, interagimos com as pessoas e as observamos interagindo com os outros e é assim que realmente as conhecemos.

Isso também é verdade para os personagens. Quando você os apresenta pela primeira vez você deve incluir alguns detalhes, mas o resto de suas personalidades, motivações e histórias secundárias devem ser reveladas gradualmente através de suas ações.

2. Basear personagens em pessoas reais.

Alguns escritores acham que isso é trapaça, mas a autora diz que faz isso o tempo todo.

Ela pega um personagem de fantasia e dá a ele a personalidade de alguém que conhece e, como conhece muito bem essa pessoa real, tudo que tem que fazer é imaginar o que fulano faria em determinada situação. É uma maneira de aperfeiçoar um personagem muito rapidamente.

Também fica mais fácil manter a consistência, porque você tem uma ideia totalmente desenvolvida da personalidade do personagem desde o início.

Você também pode basear personagens em pessoas reais que você também não conhece. A autora diz que gosta de observar as pessoas e de ir a lugares onde as pessoas se reúnem e observá-las – como elas falam, seus maneirismos, o que vestem, suas atitudes e linguagem corporal. Assim pode incorporar tudo isso em minhas histórias.

3. Lembre-se que todo mundo tem uma história.

Somos moldados pelas nossas origens. E mesmo que você não revele o passado de seus personagens para seus leitores, você deve saber tudo sobre eles, pelo menos para seus personagens principais.

Você deve ter biografias completas de seus personagens principais em sua mente para que você entenda o que os impulsiona.

Por que isso é importante? Porque se você não entender um personagem, seus leitores também não entenderão.

Vejamos um exemplo de um histórico de personagens efetivos.

A história do Capitão Quint no filme Tubarão é ótima.

Em uma cena, os três heróis, Quint, Chief Brody e Matt Hooper, estão na cabine do barco de pesca de Quint e estão comparando velhas cicatrizes.

Quint tem uma tatuagem que foi removida, e Brody inocentemente pergunta a ele sobre isso.

Em resposta, Quint conta aos outros personagens uma história horrível sobre muitos de seus amigos no USS Indianapolis sendo comidos por tubarões, e de repente é fácil entender esse homem e por que ele é do jeito que é. A autora diz que não pode imaginar esse filme sem essa história.

4. Não negligencie seus personagens secundários.

Personagens secundários podem ser os personagens mais simpáticos e interessantes da história. Muitas vezes, eles são os favoritos dos leitores.

Um exemplo disso é o fenômeno Boba Fett. Todo mundo ama Boba Fett; ele certamente é um personagem secundário, mas ele enriquece o cenário de Star Wars.

Da mesma forma, personagens bem desenvolvidos podem enriquecer seu livro. Eles são como os instrumentos de apoio em uma sinfonia.

Eles podem ser uma mina de ouro e cada um serve a um propósito.

Alguns adicionam cor ou ajudam na construção do mundo, e alguns são contrapartes para os personagens principais.

Contrapartes são personagens que não suportam o seu herói ou a sua heroína e não fazem nada além de reclamar pelas suas costas. Eles podem ser muito divertidos.

A autora diz que sempre sabe muito sobre meus personagens secundários, mesmo que acabe não revelando tudo para o leitor.

5. Dedique muita atenção ao vilão.

Muitos autores dizem que o vilão é o personagem favorito deles, aquele sobre o qual eles adoram escrever. C.S. Marks é uma deles.

Os maus podem ser muito difíceis de fazer e pode ser ainda mais difícil fazer com que os leitores se identifiquem com eles.

Sempre que você escrever um vilão tenha em mente que ele ou ela precisa ser tão bem desenvolvido quanto seus personagens principais.

Em vez de ser falho, no entanto – porque obviamente todos os vilões são falhos – o vilão deve ser imperfeitamente mau. Em outras palavras, os vilões devem ter características redentoras, onde nossos heróis têm falhas.

Gollum em O Senhor dos Anéis é um ótimo exemplo disso. Temos empatia com Gollum e sentimos pena dele às vezes. Nós temos esperança por ele. Nós desejamos que ele pudesse se redimir. E então nós o odiamos, e o desprezamos, e desejamos que alguém simplesmente o esmague como um inseto, porque ele é tão chato.

Gollum é um personagem que definitivamente é governado pelo mal na maior parte do tempo, mas ele também é, em muitos aspectos, uma vítima, e por isso podemos ter empatia com ele. Ele é um grande antagonista.

Estes podem ser os personagens mais difíceis de criar, mas também alguns dos mais satisfatórios.

Com essa última, fecho a tradução e adaptação do artigo da escritora C.S. Marks com os 5 erros e 5 dicas de desenvolvimento de personagens.

Ela conclui dizendo:

“Escrever bem ou mal vai determinar se seus leitores ficarão com você até o final da jornada ou sairão na primeira parada. Se os personagens falharem, a história falhará.”

Espero que esse artigo possa ajudar você como tem me ajudado no desenvolvimento dos meus personagens.

Se você quer mais conteúdo como esse, me avise nos comentários. Também quero saber como anda o desenvolvimento dos seus personagens e das suas histórias. Então me fale tudo isso nos comentários abaixo.

Até a próxima!

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5 erros no desenvolvimento de personagens

Continuando a conversa sobre criação de personagens que comecei no post anterior, aqui vou abordar 5 erros no desenvolvimento de personagens.

Esses erros, ou armadilhas, são de autoria da romancista C.S. Marks e foram encontradas em um artigo durante minha pesquisa permanente sobre criação de boas histórias.

Neste mesmo artigo existem cinco dicas para melhorar os personagens, mas será o tema de um próximo post por aqui. Se você consegue ler em inglês, já pode ir lá ver o artigo original clicando aqui.

1. Personagens unidimensionais não parecem reais. Eles são superficiais.

Você tem personagens unidimensionais quando não dedica tempo suficiente ao desenvolvimento de personagens.

Qualquer história tem personagens principais e secundários. Se você tentar desenvolver todos os personagens num nível profundo, sua história vai ficar imensa!

Tudo bem um personagem ser superficial se o papel dele na história não tiver muita importância. Mas se tiver, precisa ser muito bem desenvolvido.

Isso reforça o que já falei no post passado. Personagens unidimensionais ou superficiais não vão fazer o leitor criar uma relação. Ele vai esquecê-los rapidinho e não vai se interessar pelo que acontece com esses personagens.

2. Personagens estereotipados são desinteressantes porque não são exclusivos.

É importante notar aqui que ser estereotipado não é a mesma coisa que ser consistente. Seus personagens devem se comportar de maneira consistente com o modo como você os desenvolveu, mas isso não é o mesmo que ser estereotipado.

Imagine que todas as pessoas ricas em suas histórias são superficiais, gananciosas e indiferentes. Todas as mulheres ricas são altas e vestidas de forma extravagante, e todas fizeram cirurgias plásticas. Ou imagine que você está escrevendo uma história de fantasia e todos os elfos são arrogantes e todos os anões são rudes e se odeiam.

Esses são estereótipos.

É quando um personagem se liberta do estereótipo que ele ou ela se torna crível e memorável.

Pessoas reais raramente agem de acordo com estereótipos em todos os aspectos. Todo mundo é único de alguma forma.

3. O personagem muito perfeito tende a fazer os olhos do seu leitor rolarem.

Aqui a autora fala sobre pontos que já comentei no post passado também.

Às vezes, tudo bem ter um personagem que seja perfeito em todos os aspectos, especialmente se você estiver fazendo uma paródia.

Mas a perfeição não existe na vida real, então normalmente não deveria existir em sua história.

É difícil ter empatia com uma pessoa perfeita, porque nenhum de nós é perfeito.

Todo mundo, não importa quão nobre seja, é defeituoso de alguma forma.

Por exemplo, um personagem efetivo pode ser alguém que é heróico em quase todos os aspectos – ele é um bom lutador, ele é legal de se ver, ele anda bem e atira bem, e ele é corajoso e compassivo – mas ele é totalmente indeciso. Se assumir o comando em uma batalha, todo mundo vai morrer.

É muito mais fácil para os leitores se relacionarem com alguém com uma falha, porque eles podem dizer: “Sim, é como meu amigo Jeff. Ele é um ótimo cara, mas ele não consegue tomar uma decisão.

Há também um tipo específico de personagem muito perfeito ao qual ela se refere no texto como “personagem do autor“.

Eu falei sobre isso no vídeo sobre os 3 erros que cometi criando quadrinhos. Meus personagens principais costumavam ser a minha própria versão idealizada de mim mesmo. Com eu gostaria de ser.

Como alguém vai se relacionar com isso, além do próprio autor? Nesse caso o autor está vivendo suas fantasias. Todos nós fazemos isso até certo ponto, mas precisamos ter cuidado com isso.

4. Inconsistência em seus personagens vai abalar seus leitores.

Na verdade, isso provavelmente tirará o leitor da história mais rapidamente do que qualquer outra coisa.

Você desenvolveu um personagem de uma certa maneira. Os leitores estão esperando que o personagem se comporte de acordo com sua personalidade e motivações como você os definiu. Se esse personagem se comportar de uma maneira que não faz sentido, seus leitores perceberão.

A consistência se aplica a tudo, desde pequenas coisas, como a cor do cabelo de um personagem, a coisas grandes como a maneira de falar do personagem e suas escolhas.

Se um personagem fala como um elfo em um minuto e usa gírias de rua no outro, isso vai tirar o leitor da história.

Ou se um personagem abate um grupo de crianças do jardim de infância e depois fala sobre os males do abuso infantil, isso também é inconsistente.

Os personagens fictícios que criamos precisam parecer pessoas reais para o leitor.

Se você não tiver uma imagem firme deles em mente, eles ficarão instáveis ​​na página.

5. Desenvolvimento de personagens chatos.

Alguns personagens são supostamente chatos, mas, nesse caso, são geralmente inimigos de personagens ou contrabalanceiam eventos mais interessantes.

Se você acha que pode ter um personagem chato na sua história, a primeira coisa que você deve perguntar é se você precisa desse personagem.

Por que esse personagem está aí? Qual é o papel dele ou dela na história? Se você não consegue encontrar uma resposta, então esse personagem é apenas um tapa-buraco.

Outra opção é fazer um personagem maçante ganhar vida adicionando algumas características únicas. Talvez seu personagem monótono tenha uma vida fantasiosa secreta ou um passatempo intrigante, indicando que ele é muito mais interessante do que parece superficialmente.

Esse tipo de coisa vai dar uma vida de personagem.

Bem, essas são os cinco erros ou cinco armadilhas no desenvolvimento de personagens que a escritora C.S. Marks nos descreve em seu artigo.

Evitando essas cinco armadilhas; seus personagens são tridimensionais, únicos, falhos, consistentes e interessantes.

Eu gostei muito desse conteúdo e por isso estou traduzindo, adaptando e compartilhando com você. Estou sempre estudando e tentando melhorar mais e mais minhas histórias e o desenvolvimento de personagens.

Se você gostou, me deixe um comentário e compartilhe esse texto com pessoas que também podem se beneficiar dele!

Até a próxima!

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Criando bons personagens para sua história

Na hora de contar uma boa história nada é mais importante do que sobre quem ela nos fala. Personagens interessantes fazem parte de histórias interessantes. Mas como criar bons personagens?

Lembrando que criar quadrinhos é contar uma história através de imagens e texto. Por isso eu sempre indico que se estude sobre estrutura de história na hora de começar a criar uma HQ.

Desenvolver personagens interessantes é o maior desafio em qualquer história, não apenas nos quadrinhos.

Já falei um pouco sobre esse tópico no post sobre os 3 erros que cometi criando HQs, mas esse assunto não é simples o suficiente para apenas um item em um post ou até para apenas um ou dois textos.

Então vou levantar mais alguns pontos sobre criação de personagens.

Nem todos esses pontos são obrigatórios para que um personagem seja bom, mas podem ser combinados e adaptados para dar forma à sua criação.

Personagens que geram empatia

Um bom personagem deve gerar empatia no seu leitor. Mas o que é empatia?

Segundo o site Significados:

Empatia significa a capacidade psicológica para sentir o que sentiria uma outra pessoa caso estivesse na mesma situação vivenciada por ela. Consiste em tentar compreender sentimentos e emoções, procurando experimentar de forma objetiva e racional o que sente outro indivíduo.

Simplificando. É uma maneira de dizer que o leitor deve conseguir se colocar, de um jeito ou de outro, na pele do personagem.

Se o seu leitor conseguir sentir o que seu personagem sente ou se colocar no lugar dele, a chance de que ele se envolva mais com sua história e queira continuar acompanhando é muito maior.

O leitor pode até não gostar do seu personagem, mas se entender os seus motivos ou seus sentimentos tem mais chance de se interessar pela história.

Personagens com grande capacidade de execução ou geniais

Personagens gênios, que são muito bons em algo ou que executam uma tarefa com maestria podem chamar muito a atenção dos leitores.

Esses personagens são interessantes pelas suas qualidade de execução e não necessariamente pela sua personalidade adorável.

Muito provavelmente a sua genialidade não gere muita empatia do leitor, porque gênios costumam ser muito excêntricos, mas isso será compensado pela vontade de vê-lo executando algo ou colocando suas habilidades incríveis em prática.

Nos quadrinhos temos o exemplo do Batman, um detetive gênio e estrategista, mas um ser humano sombrio e abalado por seus traumas do passado.

Temos também aqueles com grande capacidade de execução de alguma tarefa, porém com uma personalidade mais leve e de mais fácil identificação. Que geram mais facilmente uma empatia do leitor.

Personagens com falhas de caráter

Esse é o tópico que já comentei no post 3 erros que cometi criando HQs. As fraquezas do personagem são parte fundamental do que o deixa interessante.

Citando meu próprio texto:

O leitor precisa se identificar com os personagens que está lendo e fica muito difícil isso acontecer se ele é um ser humano ideal, cheio de virtudes e sem nenhuma falha de caráter.

Um personagem “perfeito” deixa a história chata. Para ser interessante é preciso que o personagem tenha falhas e cometa erros.

Voltamos ao primeiro tópico agora, falando sobre empatia.

Como seres humanos nós tendemos a nos identificarmos com coisas parecidas conosco. E seres humanos possuem falhas. Simples assim.

Por isso não conseguimos acreditar em personagens sem falhas. Eles não são críveis, não parecem reais o bastante.

Mas quais falhas poderíamos usar?

Podemos ter um personagem preguiçoso, mentiroso, covarde ou qualquer outra falha que nós todos podemos ter.

O importante é que se forme o caráter do personagem tanto com qualidades como com fraquezas.

Essas falhas podem (e devem) ser exploradas para ajudar na evolução do personagem durante a história, mas esse é outro tópico que quero abordar em um conteúdo futuro aqui no blog.

Alguns exemplos…

Vou finalizar mostrando alguns personagens que combinam os tópicos que mostrei aqui.

Lembrando que são apenas alguns dos itens importantes, servem mais para começo de conversa sobre criação de personagens interessantes.

Que tal analisarmos o exemplo anterior, o Batman. Ele possui muitas qualidades como detetive, estrategista, lutador, etc. Mas também possui falhas como problemas de relacionamento e traumas de infância que o deixam com mais facilidade de gerar empatia dos leitores.

Entretanto, o que mais chama a atenção nele é sua capacidade de execução e genialidade.

Queremos ver o Batman usando suas qualidades para resolver os problemas que enfrente. É isso que chama tanta atenção nesse personagem. Ele é genial.

No caso do Superman, temos um personagem formado somente de virtudes. Ele praticamente não tem falhas de caráter, apesar de ser um personagem icônico.

Talvez por isso muitas das histórias criadas com esse personagem acabem não sendo tão interessantes. Ele é o arquétipo do ser humano perfeito, aquele que não existe. Isso torna o trabalho dos escritores ainda mais complicado.

Mesmo assim, grandes roteiristas de quadrinhos criaram grandes histórias para esse personagem. Isso mostra o quanto eles são ótimos story tellers, ou contadores de histórias.

Uma das histórias do Superman que me chama a atenção é exatamente sobre suas possíveis fraquezas. Falo dos quadrinhos de Injustice. Nessa história ele comete uma falha e passa a não acreditar mais nas virtudes do mundo. Isso faz com que ele acabe se tornando um ditador tirano.

Bem, é isso por hoje. Como eu já comentei, esse é um começo de conversa sobre criação de personagens interessantes para nossas histórias em quadrinhos.

Se você quer mais conteúdo sobre esse assunto, deixe um comentário aí embaixo!

Até a próxima!