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Eu e a programação

Quando eu tinha por volta de 16 anos, escrevi minha primeira linha de código. Foi na linguagem de programação PASCAL e fazia parte da aula de Lógica de Programação do curso técnico de informática que eu havia acabado de ingressar, por falta de opção, de certa forma, na Escola Técnica Federal de Santa Catarina.

Vou contar um pouco sobre como foi a experiência que me levou à esse momento. Quando passei na prova para a ETFSC, a ideia era estudar o ensino médio sem precisar pagar mensalidade, afinal a situação financeira da família já era precária há alguns anos e, sendo o mais novo de quatro irmãos, as opções eram muito poucas. Conseguir vaga no ensino médio em escolas públicas naquele ano estava complicado, então dependia apenas de mim passar na prova.

Depois disso, a ideia de sair do ensino médio já com alguma formação e podendo estagiar para ter alguma renda e ajudar em casa também me atraiu bastante. O primeiro ano (ou as duas primeiras fases) na ETFSC eram de ensino médio comum, mas após a terceira você ingressava no curso técnico do seu interesse, que poderia lhe propiciar uma oportunidade de estágio remunerado.

O problema é que entrei num ano divisor de águas, a ETFSC estava virando CEFET/SC e o ensino técnico seria separado do médio. Entretanto, na exata fase em que entrei, a direção não sabia o que fazer. Eram obrigados a nos prover ensino médio completo dentro do período padrão de três anos (não mais apenas o primeiro ano), mas também tínhamos direito adquirido de cursar o técnico a partir da terceira fase.

Então, uma escolha nos foi oferecida: começar o técnico na terceira fase (início do segundo ano) de forma concomitante com o ensino médio (períodos opostos) ou aguardar o término dos três anos (ou seis fases) do médio para somente depois iniciar o técnico.

Imagine que um adolescente de 15 anos precisa fazer essa escolha. Eu queria ganhar tempo, então escolhi fazer concomitância. O problema é que teria que escolher rapidamente em qual curso iria ingressar para cursar ao mesmo tempo que o ensino médio.

Segurança do trabalho, mecânica, eletrônica, eletrotécnica, edificações ou informática?

Com uns 13 anos eu aprendi um pouco de HTML com uma fotocópia de um livrinho básico que achei em casa, provavelmente de algum curso que meu irmão mais velho tinha feito e até que gostei de brincar com páginas da internet. Então pensei, vou entrar para informática!

Após três meses de aula de “Empreendedorismo”, iniciamos as aulas técnicas do curso de informática. Então chego novamente ao PASCAL da classe de Lógica de Programação.

Lembro de como foi a sensação de escrever comandos simples em texto e ver o computador executá-los. Para uma pessoa que sempre gostou de ver resultados rápidos como eu, aquilo ali era uma maravilha. Escreva, execute e as coisas acontecem. Naquele momento eu descobri o poder da programação… e estamos falando de um algoritmo extramente simples.

Passei a adorar os exercícios de Lógica de Programação, só achava insuportável ter que escrevê-los no papel durante as provas. Queria ver o resultado, e no papel nada acontecia. Depois disso ainda tive aulas de hardware e de redes. Não gostava de nada. Banco de dados eu até engolia, mas o que eu queria era o imediatismo de escrever e ter o resultado ali na hora.

Sendo um adolescente que queria apenas ficar com notas altas o suficiente para passar, eu matava muita aula para jogar futebol na quadra da escola. Tentando, sem sucesso, me justificar: imagine quão insuportável era ter que estudar de manhã e de tarde para um rapaz de 16 anos. Eu queria era me divertir!

Nessas “saídas” eu acabei perdendo conteúdo importante e, por sorte, no trabalho final do curso eu tinha dois grandes amigos como membros do grupo e me ajudaram a entender o sistema que entregamos para poder apresentar melhor. Infelizmente, não tive tanta participação na criação do código do sistema, que, nesse caso, foi desenvolvido com PHP/MySQL.

Antes de terminar o curso, eu já estava estagiando para ganhar aquele dinheirinho e ajudar minha família. Na época, 120 reais por mês. Estudava de manhã e à tarde e estagiava à noite, o que, para a vitalidade de um adolescente, não era nada demais.

Meu maior hobby, desde muito novo, era fazer histórias em quadrinhos. E durante o início do curso, um amigo meu se ofereceu para publicar minhas hqs no seu site. Eu amei aquilo, estava tendo resultado com meus quadrinhos pela primeira vez.

Ao terminar o curso, eu fiquei com o código fonte da aplicação PHP que havíamos apresentado. Minha vontade de publicar minhas hqs era tão grande, que aprendi a programar de verdade em PHP apenas para criar um site e postar minhas histórias por lá. Eu o nomeei Macro Vision Studio.

Mais uma vez, eu tinha motivo para programar: ver o resultado. Eu publicava “webcomics” antes mesmo de   termo. Cheguei a ter um pequeno público de fãs e adorava responder aos e-mails deles.

Em tudo isso, a programação era apenas um meio de atingir um resultado rápido. Perceba, nunca foi o fim, mas o meio. Hoje, olhando para trás com uma visão mais madura, eu percebo o quanto isso foi um desperdício de oportunidade. Mas convenhamos, para um adolescente no final dos anos 90 não podemos exigir tanto, não é?

Durante os próximo anos, o desenvolvimento web continuou sendo um meio para mim. Sempre quis ter outras atividades que me gerassem renda, atividades que eu considerava como “trabalhar com o que gosto”. Tentei ilustração, arte marcial, música, design… em todos eles, de alguma forma, a programação web estava lá. Era um sistema para gerenciar alunos, um site para publicar quadrinhos, etc.

Depois de muito tempo percebi que eu tinha ficado melhor em programar e continuava sempre ocupando vagas em empresas nessa área, entretanto, sempre querendo sair para “trabalhar com o que gosto”.

Eu insisti muito em não trabalhar com programação web e tecnologia, mas elas nunca desistiram de mim. Estiveram sempre presentes e foram pacientes, aguardando o momento em que eu iria perceber que fomos feitos um para o outro.

Desde muito cedo eu já usava a internet para guardar arquivos e não pendrives ou CDs. Eu já publicava meu conteúdo na web em vez de em fanzines, como os outros artistas independentes faziam. Eu sempre me inscrevi em todos os aplicativos web que apareciam, porque adorava ver como funcionavam.

Ela estava lá o tempo todo e eu já estava “trabalhando com o que gosto” há muito tempo e nem sequer percebia, porque insistia que devia procurar um trabalho menos convencional. Perceber isso faz minha vida começar a andar para frente.

Nos últimos tempos, minha paixão tem sido o empreendedorismo e já faz alguns anos que tenho o sonho de ter minha própria empresa. Mas, assim como com o trabalho, queria construí-la a partir de algo que eu gostasse muito. Me conhecer o suficiente para perceber o quanto eu gosto de tecnologia e desenvolvimento web me abriu ainda mais portas para realizar esse sonho. Não existe casamento melhor nos dias de hoje do que empreendedorismo e tecnologia!

Escrevi essa pequena história apenas para mostrar o quão importante é se conhecer e quero terminar com uma frase de um livro de empreendedorismo que significou muito para mim nesse processo de autoconhecimento profissional:

Errar muitas vezes, tentando acertar, nem sempre significa sinal de persistência. Na verdade, pode ser um aviso gritante de que você precisa mudar de estratégia, com rapidez.

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Crônicas Tech

Vai saber, né?

Conversando com meus colegas no trabalho esses dias, percebi o quanto é comum pessoas da área do TI fazendo os famosos freelas. O trabalho freelance é algo presente na vida não só dos programadores, mas também dos designers, jornalistas, ilustradores, etc. Por que será? Posso responder isso em relação à programação pelo menos.

As empresas não pagam o suficiente? Talvez sim, principalmente aquelas que buscam estagiários com experiência (onde já se viu isso!?), mas também porque normalmente precisamos de algum a mais no final do mês ($$) e sempre tem alguém precisando de um sistema pra isso, um site pra aquilo.

Se todos pudéssemos trabalhar apenas as oito horas padrão (ou menos, né?) seria tranquilo, mas as vezes parece que elas são apenas a metade do expediente.

Atualmente tenho entrado neste mundo do freelance e posso dizer com todas as letras: quem iria recusar a oportunidade de ganhar aquele dinheiro que tava faltando? Ainda mais sendo algo que você está acostumado a fazer todos os dias. É quase como fazer horas extras, mas ganhar bem melhor por cada uma delas.

Dormir é para os fracos! =P

Temos que aproveitar enquanto somos jovens e temos energia de sobra pra correr atrás e fazer seu pé-de-meia, pois um dia eu sei que não vou precisar mais das horas extras… ou não. Vai saber, né?

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The King of the Sprint

Nesta segunda-feira recebi o prêmio recém inventado na minha equipe de trabalho: “The King of the Sprint“. O presente ao ganhador era uma caneca com uma ilustração dos membros do grupo com os dizeres “The King of the Sprint”. =)

Mas o que diabos é Sprint? Pra saber isso, primeiro vamos saber o que é Scrum, via Wikipédia.

O Scrum é um framework para desenvolvimento ágil e Gerenciamento de Projetos.

A função primária do Scrum é ser utilizado para o gerenciamento de projetos de desenvolvimento de software. Ele tem sido usado com sucesso para isso, assim como Extreme Programming e outras metodologias de desenvolvimento. Porém, teoricamente pode ser aplicado em qualquer contexto no qual um grupo de pessoas necessitem trabalhar juntas para atingir um objetivo comum, como iniciar uma escola pequena, projetos de pesquisa científica, ou até mesmo o planejamento de um casamento.

E sprint?

Sprint é uma iteração que segue um ciclo (PDCA) e entrega incremento de software pronto.

Simplificando ao extremo, Sprint é um ciclo de tarefas dentro do projeto. E nosso prêmio seria entregue aquele que vencesse o maior número de tarefas dentro deste Sprint. Desta vez o vencedor fui eu!

Mas o mais legal de tudo é que não existe uma competição entre nossa equipe e o pessoal se divertiu muito com essa brincadeira. E no final eu saí com uma caneca novinha!