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Como criar HQs

Todo personagem precisa de um medo? – Q&A #04 (parte 2)

Neste vídeo respondo várias perguntas sobre como criar quadrinhos, personagens, desenho, e muito mais. Incluindo “Todo personagem precisa de um medo?”.

Assista a PARTE UM clicando aqui.

Perguntas respondidas neste vídeo:

  • Como posso fazer uma capa que além de convencer o leitor de ler a HQ, seja coerente com a história? – Náira Maria
  • Como posso deixar minha HQ mais atraente? – Gabriel Lodge
  • Primeiramente quero agradecer você me incentivou a voltar fazer quadrinhos, não sou escritor mas amo quadrinhos sempre quis fazer minha HQ e já está em andamento. Agora minha pergunta: você cria o roteiro da história todo primeiro ou vai criando por capítulos? – Colecionador Mineiro
  • Marcus, estou sem idéias para minha história; já fiz um Wordbuilding (pelo menos uma boa parte dele), mas não consigo encaixar uma boa história nele; o que você me recomenda? – Sávio Miranda
  • Todo personagem precisa de um medo? – Vitor Cesar
  • Como dar movimento aos personagens? Sinto meus personagens muito estáticos, parecendo manequins. – Hugo Felix
  • Marcus, quando a gente termina uma história como é o processo de encontrar uma editora. Me responde, por favor! – Larissa Leit

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Quem sou eu pra falar de personagem precisa de um medo?

Meu nome é Marcus Beck e sou quadrinista e criador do curso ComoCriarHQ.com. Meu objetivo é trazer o máximo possível de informação sobre como criar uma história em quadrinhos.

Publiquei minhas webcomics (quadrinhos online publicados na internet) por mais de dez anos e aprendi muitas lições sobre o que deve ou não ser feito para que as HQs sejam as melhores possíveis.

Quando eu comecei a criar meus quadrinhos eu gostaria muito que tivesse conteúdo sobre o assunto para que eu não tivesse que aprender tudo sozinho. É por isso que criei esse canal e também o meu blog, para ajudar quem está passando pela mesma situação que eu estive quando comecei.

Faço o possível para responder todas as perguntas, por isso fique a vontade para comentar com todas as suas duvidas. =)

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Como criar HQs

Como deixar uma HQ mais interessante – Q&A #04 (parte 1)

Neste vídeo respondo várias perguntas sobre como criar quadrinhos, personagens, desenho, e muito mais. Incluindo “Como deixar uma HQ mais interessante?”.

Fique ligado para a PARTE 2 que vai sair em breve!

Perguntas respondidas neste vídeo:

  • Como posso deixar uma cena mais interessante por exemplo de ação, como posso fazer o leitor se interessar pelo que pode acontecer no resto da história? – Zodíaco
  • Quantos quadros no mínimo tem que ter uma página de HQ, como faço para ter ideias melhores para cabelo. (Já fiz as quatro primeiras página do meu mangá obrigado pelas dicas) – heberty desenhos HD
  • Como movimentar o ângulo da câmera em cenários com perspectiva? Um exemplo é quando um personagem está sentado e a câmera pega em um ângulo de cima e meio inclinado distorcendo a perspectiva (acho que até aumenta os pontos de fuga). Eu não achei nenhum video nem site explicando, apenas tutoriais em japonês no Pinterest. – Makson William
  • Qual é o melhor tamanho de folha para fazer as páginas da minha HQ? – Overlimn G7
  • Gostaria de saber como é seu processo pra usar retículas e speed lines digitalmente. Se você já pega alguns prontos ou cria outros (e como você cria). – Emanuel Almeida
  • Desenhar um personagem gordo, magro e forte, desenhar mulheres também. – Thalison Piff Puff
  • Queria saber se tem alguma dica de como podemos deixar o traço limpo e fluido, sem aspecto de ruído, quando se escaneia a lineart. Além de digitalizar em uma ótima resolução, porque algumas vezes sinto que o traço perde muita naturalidade. Não sei se é paranóia minha, mas gostaria de saber que tipo de tratamento você dá às linhas quando trabalha dessa forma. – Emanuel Almeida
  • Bom, queria saber como usar linhas de ação. Pois estou com muita dificuldade. E como fazer para quando desenhar o personagem da minha HQ dar mais movimento. – Luiz Carlos Rocha

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Personagens

3 dicas para melhorar o seu character design

Eu estou sempre estudando como melhorar tudo no contexto de criação de histórias em quadrinhos. E isso inclui o design dos personagens, ou character design.

Gosto de pesquisar conteúdo sobre o assunto em áreas diversas da criação de personagens, não apenas nas histórias em quadrinhos.

Sempre que acho algumas dicas importantes, trago minha interpretação dela aqui para o blog.

Penso nisso como uma forma de assimilar melhor o que estou estudando enquanto compartilho algo de interessante.

Afinal sempre dizem:

“Ensinar é aprender duas vezes.”

Este é mais um post sobre meus estudos.

Antes de começar, um pouco sobre o objetivo do character design

O objetivo principal da aparência de um personagem é representar uma mistura de sua personalidade com o seu histórico de vida, ou seu passado.

Então você pode começar pensando em quem é seu personagem antes de começar a pensar na aparência.

É claro que você pode fazer ao contrário também, como eu já fiz muitas vezes.

Você desenha o personagem e acaba criando uma personalidade e um passado para ele baseado no que você desenhou.

Eu acredito que a primeira maneira, desenhar depois, é mais objetiva e traz um resultado mais interessante se você já tem uma noção de como vai ser sua história.

Mas as vezes uma história pode vir a partir de um desenho que você fez… em resumo, tudo é válido!

Bem, mas o que eu quero dizer com a aparência representar personalidade?

Com as essas dicas vou explicar exatamente isso.

Dica #1: Formas no character design

A forma básica é importante na criação da personalidade do seu personagem por meio de sua imagem. As formas costumam ter associações psicológicas.

Como forma eu quero dizer figuras geométricas que predominam na aparência do personagem.

Seres humanos costumam associar coisas visualmente. É assim que nosso cérebro funciona.

Da mesma maneira vai funcionar associando as formas geométricas básicas (que vai reconhecer em um primeiro olhar) dos personagens com algum efeito psicológico.

Bem, vamos as definições básicas sobre os efeitos, ou associações, psicológicas que cada forma geométrica pode nos trazer.

Círculos e curvas

Formas arredondadas costumam representar leveza, inocência, pureza.

Para demonstrar isso, pense que são formas muito utilizadas para representar crianças e bebês.

Mas também para personagens adolescentes e adultos com essas características.

Triângulos e pontas

Formas pontudas costumam representar perigo, empolgação, imprevisibilidade.

Podemos ver essas formas em pessoas mais caóticas, que não costumam seguir regras e portanto são imprevisíveis de alguma forma.

Formas bem pontiagudas também podem representam algo mais sinistro, malévolo. O oposto de formas arredondadas.

Quadrados e Retângulos

Formas retas costumam representar estabilidade, força, maturidade e confiança.

Normalmente as vemos em adultos sérios e que tem grande responsabilidade sobre algo.

Também podemos ver a predominância dessas formas em pessoas mais sisudas, mais mal-humoradas, com pouca flexibilidade para mudar de opinião.

Alguns exemplos de formas em character design

Na imagem abaixo dos personagens do filme UP, podemos notar a predominância da forma redonda e circular no Russel (personagem da esquerda) e no caso do Carl (personagem da direita) podemos notar claramente as formar retangulares.

Quando eu falo da predominância, estou falando que a maior parte do personagem tem essas formas.

Só que se notarmos o cabelo do Russel tem características mais pontudas e triangulares do que circulares. Isso pode representar o seu jeito mais “caótico” e imprevisível.

Falando do mesmo filme, que tal vermos o nosso vilão?

Charles Muntz, o vilão da história, tem uma aparência com predominância da forma triangular.

Dica #2: Simetria

Uma dica que eu peguei deste post no Instagram, e achei muito boa, é sobre simetria e equilíbrio na aparência do personagem.

Quanto mais simétrica e equilibrada for a composição da aparência do personagem, mais estável e reservado esse personagem aparenta ser.

Quanto menos simétrica, mais o personagem aparenta ser extrovertido e caótico.

Um exemplo que pode trazer essa assimetria é utilizar linhas mais diagonais e menos paralelas tanto para roupas como para cabelos e acessórios em um personagem.

Num exemplo bem básico podemos comparar o design dessas duas personagens, Sakura (esquerda) e Hinata (direita) e notarmos como as linhas paralelas trazem uma certa simetria e as diagonais a sensação menos equilibrada.

Essa não é uma regra exata, ela é flexível.

Um personagem muito simétrico também pode aparentar ser meio sem graça.

Então cuidado ao seguir essa dica.

Pra mim o importância disso é mais como um “algo a mais” na composição do personagem.

A simetria pode ser usada para reforçar algo que as formas e outras dicas de character design já compõe o todo do personagem.

Dica #3: Fluência da silhueta

Mais uma dica deste post no Instagram que é ótima.

Como a silhueta de um personagem flui pode afetar bastante a impressão que as pessoas vão ter dele.

De maneira geral, se a forma de um personagem flui pra dentro, ela expressa uma personalidade reservada, moderada e madura.

Se a forma de um personagem flui pra fora, ela expressa uma personalidade extrovertida, infantil, pomposa e colorida.

Mas o que isso quer dizer? Fluir pra dentro ou pra fora?

Vamos ver um exemplo:

Neste exemplo de Norman (esquerda) e Emma (direita) de The Promised Neverland, vamos verificar apenas os cabelos, mas isso serve para qualquer acessório ou roupa também.

Norman tem as linhas fluindo pra dentro, como em uma espiral de fora para dentro. Enquanto Emma tem linhas fluindo de dentro para fora.

Apenas olhando de primeira, conseguimos identificar qual é o mais reservado e qual é o mais expansivo, não acha?

Obviamente que não é essa única característica que nos faz perceber isso de primeira, mas assim como a dica #2 é mais um reforço dessa impressão inicial que nós temos.

Dicas são apenas guias…

Essas dicas são uma forma de nos guiar na hora de criar o character design dos nossos personagens.

No final das contas o que realmente vai importar é como você acha que seu personagem deve se parecer.

Eu acredito que nossa intuição como artista sempre deve ficar acima de regras e guias na hora de criar.

Estudo tudo isso, character design, storytelling, diálogos, para que eles fixem na minha mente e que acabem sendo meio que parte da minha intuição na hora de criar minhas histórias em quadrinhos.

Dicas, tutoriais, cursos, são ótimos para isso. Para criarmos uma referência na mente que nossa intuição de artista possa usar no futuro.

Lembre-se disso!

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Quem sou eu pra falar de character design?

Meu nome é Marcus Beck e sou quadrinista e criador do curso ComoCriarHQ.com. Meu objetivo é trazer o máximo possível de informação sobre como criar uma história em quadrinhos.

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Quando eu comecei a criar meus quadrinhos eu gostaria muito que tivesse conteúdo sobre o assunto para que eu não tivesse que aprender tudo sozinho. É por isso que criei esse canal e também o meu blog, para ajudar quem está passando pela mesma situação que eu estive quando comecei.

Faço o possível para responder todas as perguntas, por isso fique a vontade para comentar com todas as suas duvidas. =)

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Narrativa Visual

Narrativa visual de quadrinhos: “mostre, não conte”

Existe uma “regra de ouro” no mundo do storytelling, ou “contação de histórias”. Mostre, não conte.

Esse expressão quer dizer basicamente que em vez de você contar o que está acontecendo através de um texto ou através de algum personagem explicando, você deve mostrar como aconteceu no decorrer da história.

Para explicar melhor, imagine que um personagem de uma história chega em um lugar e começa a contar o que aconteceu para outro.

“João chega em casa ofegante e diz para Márcia:

– Eu fui até a casa do vizinho, e quando cheguei lá ele estava deitado no chão. Corri para ver se ele estava vivo. Percebi que ainda respirava, então corri para o telefone e liguei para a emergência.”

De uma forma bem simplista, isso seria um “conte” e não um “mostre”.

Se estamos falando de um texto, um romance ou um conto, talvez essa cena pudesse ser descrita em ações e não com um personagem contando. Vamos tentar um exemplo.

“João se dirigiu até a casa do vizinho para pedir um pouco de farinha. Ele conhecia seu Francisco desde criança.

Ao entrar ele se depara com a casa toda acesa. Luzes, televisão, fogão. Mas apesar de chamar pelo nome de Francisco, não ouviu resposta.

Curioso e preocupado, João resolve adentrar pelos cômodos da casa e procurar por seu vizinho. Olhou pelos cômodos do andar térreo e não encontrou ninguém.

Ao chegar próximo da escada que leva para o segundo andar, João viu os pés de Francisco. Ele estava caído lá em cima, ao final da escada.

João sobe correndo e ao chegar vê que seu vizinho parece desacordado. Ele verifica seu pulso e percebe que está apenas desmaiado. João, assustado, saca o telefone celular do bolso e liga para a emergência.”

É claro que esse texto é um exemplo bem bobo, mas o que estou tentando demonstrar é o que quer dizer o “mostre, não conte”.

Bom, isso no caso de uma história contada através de texto. Que tal vermos um exemplo em quadrinhos.

Para isso vou usar minha própria história, chamada Magnos.

Página 07 do prólogo de Magnos (leia esta hq online clicando aqui)

Essa é uma página que demonstra como um “conte” pode ser utilizado dentro de uma HQ.

Em vez de mostrar a infância da personagem com o pai usando várias páginas, resolvi utilizar uma montagem de lembranças com caixas de texto.

Ela não “mostra”, e sim literalmente expõe em palavras qual é o grande objetivo dela.

Mas tá errado então? Afinal a regra é mostre, não conte.

Depende.

Vamos por partes aqui.

Primeiro vamos analisar como a narrativa visual de quadrinhos funciona.

Para isso, vou me apropriar de um dos conteúdos que mais me ajudou quando eu resolvi começar a estudar a criação de histórias em quadrinhos e também a narrativa visual de HQs: o livro Desvendando os Quadrinhos, de Scott McCloud.

McCloud fala sobre a evolução da forma de contar histórias com textos e imagens. Uma coisa complementa outra.

No capítulo seis do seu livro, Scott McCloud define seis categorias que descrevem as combinações pelas quais palavras e imagens podem interagir nos quadrinhos.

Específica de palavras

Figuras ilustram, mas não acrescentam nada a um texto.

Específica de imagem

Palavras só acrescentam uma trilha sonora a uma sequência de visualmente falada.

Duo-específicas

Palavras e figuras transmitem a mesma mensagem.

Aditiva

Palavras ampliam ou elaboram sobre uma imagem.

Paralelas

Palavras e imagens seguem cursos diferentes, sem intersecção.

Montagem

Palavras são parte integrante da figura.

Obs: Estas imagens foram retiradas desta fonte.

Aqui nós vemos que existem muitas formas de contar uma história combinando palavras e imagens.

Então, seria errado colocar caixas cheias de texto explicando algo?

Na verdade não.

Faz parte do contexto de histórias em quadrinhos que você aproveite todas as opções que fazem sentido para que sua história seja contada da melhor maneira possível e também nas especificações que você tem.

No caso na página de Magnos que utilizei de exemplo acima, “contar” em vez de “mostrar” foi uma escolha.

Eu escolhi fazer dessa forma porque tinha 15 páginas para contar a história do prólogo e só mostrar a infância da personagem principal com seu pai tomaria muito mais do que isso.

Além de introduzir alguns conceitos do mundo em que a história acontece (como os Magnos, por exemplo), eu precisava ter uma história com começo, meio e fim que também fizesse algum sentido para o leitor.

Para essa história, para este prólogo em apenas 15 páginas, “contar” sobre o pai da protagonista me pareceu a melhor escolha.

Então não tem certo e errado?

Mais ou menos por aí.

O que existe é uma escolha que faz sentido para cada situação específica.

Nós precisamos tomar decisões em tudo que fazemos na vida. E escolher algo é sempre deixar de escolher as outras opções.

Se você pode contar sua história sem precisar usar o “conte” e usando apenas o “mostre”, então ótimo.

Agora se você tem certeza de que usar apenas um quadro com textos, por exemplo, para não gastar um monte de páginas com uma história secundária, então vá em frente!

Eu vejo muitas pessoas reclamam de “exposição” (exposition, em inglês), que é literalmente o nome que se usa para “conte”.

Mas pense bem, grandes filmes como Star Wars começam com um grande “conte” já de cara.

Aquele famoso texto subindo e desaparecendo no espaço sideral é um grande exemplo de “conte” e nem por isso faz a história não ser interessante.

No final eu vou ter que escolher mesmo…

Exatamente.

Você como autor ou autora, precisa tomar decisões o tempo todo na criação de sua história.

Essa é apenas mais uma delas.

Links úteis para você

Quem sou eu pra falar de narrativa visual, storytelling e mostre, não conte?

Meu nome é Marcus Beck e sou quadrinista e criador do curso HQ na Prática. Meu objetivo é trazer o máximo possível de informação sobre como criar uma história em quadrinhos.

Publiquei minhas webcomics (quadrinhos online publicados na internet) por mais de dez anos e aprendi muitas lições sobre o que deve ou não ser feito para que as HQs sejam as melhores possíveis.

Quando eu comecei a criar meus quadrinhos eu gostaria muito que tivesse conteúdo sobre o assunto para que eu não tivesse que aprender tudo sozinho. É por isso que criei esse canal e também o meu blog, para ajudar quem está passando pela mesma situação que eu estive quando comecei.

Faço o possível para responder todas as perguntas, por isso fique a vontade para comentar com todas as suas duvidas. =)