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Como fazer personagens que as pessoas gostem?

Isso é algo que muita gente me pergunta: como fazer personagens que as pessoas gostem?

Desenvolvimento de personagem é um assunto que adoro e por isso fico feliz em perceber que os autores e autoras de quadrinhos iniciantes estão começando a entender o quanto isso é importante para o sucesso de sua história.

Por isso eu fiz um vídeo com uma técnica que pode ajudar muito na criação de um personagem likeable ou gostável.

Transcrição do vídeo

Como criar personagens que as pessoas vão gostar? Como fazer personagens que as pessoas gostem?

Olá, aqui é o Marcus Beck e eu falo sobre criação de quadrinhos.

E nesse vídeo eu quero mostrar algumas ideias, algumas técnicas, para você criar personagens que gerem empatia e que façam com que as pessoas se interessem e gostem de acompanhar as histórias deles.

Ou seja, como fazer personagens que as pessoas gostem.

E por que isso?

Simplesmente porque as pessoas não acompanham histórias só pelo enredo, só pelo mundo que você criou.

As pessoas acompanham as histórias por causa dos personagens que estão nela.

Mesmo que a sua história não seja “character driven”, né, que é direcionada pelo personagem, que seja direcionada por um tema ou alguma coisa assim.

Os personagens que estão na sua história fazem muita diferença na hora de um leitor escolher ou não acompanhar a sua história.

As pessoas gostam de acompanhar outras pessoas.

A gente pode ter uma noção disso simplesmente entendendo o mundo de hoje, né.

As mídias sociais, o Youtube.

As pessoas gostam de se relacionar com outras pessoas.

Isso é da natureza humana e vem desde sempre. Nós somos seres sociais, né, nós vivemos em comunidade desde sempre.

Então é super importante acompanhar, gostar, ter empatia, ter um relacionamento com outra pessoa. Isso é importante pro ser humano.

E na hora de contar uma história funciona do mesmo jeito.

A gente prefere acompanhar histórias que tenham personagens que se relacionam de alguma forma com a gente.

Por isso que você precisa sim saber como fazer personagens que as pessoas gostem, né, que o leitor goste.

Então é importante saber pra quem você tá escrevendo.

Não adianta você escrever para adolescentes, por exemplo, e criar personagens que pessoas mais velhas vão gostar. Né, idosos vão gostar, por exemplo.

Não adianta você escrever pra crianças e criar personagens que adultos vão gostar. E assim por diante.

Mesma coisa o inverso.

Não adianta você escrever para adultos pensando num personagem que crianças vão gostar. E assim por diante.

Esse processo é muito importante.

Então saiba para quem você tá escrevendo.

Isso é um ponto importante. 

Eu já falei inclusive num vídeo aqui no meu canal, vou deixar no card e também o link na descrição pra você assistir se você quiser. E eu falo sobre quem é o seu público alvo, ou seja, pra quem você tá escrevendo sua história.

Então depois que você já sabe pra quem você tá escrevendo, você tem que começar a pensar o que você precisa fazer pra que essa outra pessoa, essa pessoa que tá lendo, que tá recebendo sua história, goste do seu personagem.

E uma coisa que é genérica, que serve pra todo mundo, não interessa se você tá escrevendo história pra criança, história pra adulto, história pra idoso, pra homem, pra mulher, pra… não faz diferença.

Uma coisa que serve pra todos é um personagem que não é perfeito, ou seja, um personagem que tenha falhas.

Você conhece alguma pessoa perfeita no seu círculo de amizade? Você conhece uma pessoa que não tem falha de caráter nenhum?

Bom, eu pelo menos não conheço e acho que dificilmente você vai conhecer também.

E isso é um ponto importante.

Como você vai querer que um leitor, uma leitora, se relacione com o personagem que você tá criando se esse personagem não parece verdadeiro, não parece que existiria.

Ah, aí você pode pensar: “Beleza, mas o meu personagem é um super-herói” ou “ele é um cavaleiro do mundo medieval, então ele não precisa ter essas falhas”. 

Não! Seres humanos tem falhas.

Então não interessa se ele é um alienígena, não interessa se ele é um homem das cavernas, o seu leitor é um ser humano e ele vive no mundo que a gente vive hoje.

Então pra que o seu leitor tenha essa relação você precisa criar falhas de caráter que esse leitor reconheça de alguma forma.

Então é importante que você insira uma falha de caráter, né, alguma questão nesse personagem que possa fazer com que o leitor pense assim: “Nossa, eu conheço uma pessoa assim!”, “Nossa, eu sou assim!”. 

Então vamos dar um exemplo assim pra tentar ser um pouco mais prático aqui.

Se o seu personagem precisa enfrentar um grande desafio ele pode ser um personagem destemido, por exemplo. 

Ele é o cara que não tem medo.

Ele é o cara da galera, do grupo, que enfrenta qualquer desafio, que corre vai lá e faz. Ele é o primeiro a tomar uma atitude. Ele é super destemido.

Isso aí a gente poderia pensar: “Nossa, que cara legal!”. 

Mas graças a isso ele coloca todo mundo em risco.

Toda vez que ele faz isso ele causa um problemão, né.

Não toda vez, as vezes isso pode ser usado pra fazer com que ele realmente tenha uma atitude positiva.

Mas as vezes ele faz isso, por ser destemido demais, ele faz isso e acaba causando um problema pro grupo.

Aí você tem um personagem que tem uma coisa positiva, que é ser destemido, mas ao mesmo tempo isso faz com que ele seja impulsivo, talvez. 

E aí essa é a falha que vai fazer seu personagem ser um pouquinho mais verosímil.

A gente nem sempre toma as escolhas certas, né, no nosso dia-a-dia, na nossa vida.

Todo ser humano tem esse problema. 

As vezes você toma atitudes, ou toma escolhas erradas. Faz escolhas erradas.

A mesma coisa seu personagem.

Tem que saber como fazer personagens que as pessoas gostem.

Em algum momento essa falta de medo dele, né, o fato dele ser destemido vai fazer com que ele cause um problema.

Ou seja, ele vai tomar uma decisão equivocada e vai levar o grupo até um grande problema.

Outro exemplo que a gente pode dar, por exemplo, é o personagem ser tão “overpowered”, ele é tão poderoso que ele chega a ser um pouco arrogante, né. 

Ele sabe que ele tem muito poder. Que ele enfrenta qualquer coisa. E por isso ele começa a ser arrogante, ele começa a tratar os outros como se fossem menos do que ele.

Isso é uma falha que você tá inserindo em um personagem que poderia ser perfeitão. 

“Eu sou o Superman, né, eu sou justiça, poder, né, eu sou maravilhoso”, mas ao mesmo tempo ele começa a tratar os outros como se fossem menos do que ele.

Ou seja, tem uma falha nesse personagem, esse personagem deixa de ser perfeito então ele começa a ser um pouquinho mais verosímil.

O leitor começa a acreditar um pouquinho mais que aquele personagem poderia existir no nosso mundo.

Isso vai automaticamente gerar uma empatia.

Não necessariamente ele vai gostar do personagem, não necessariamente ele vai achar que ele é igual ao personagem, mas ele vai acreditar que aquele personagem pode existir.

Que aquele personagem não é uma estátua, né. Que é um personagem que pode existir no nosso mundo.

E isso vai gerar automaticamente essa relação de que aquele… o que será que aquele personagem vai fazer? Como isso vai atrapalhar a vida dele? Como isso vai atrapalhar a vida dos outros? 

Então já começa a gerar uma questão. 

“Eu conheço um cara assim!”. 

“Meu chefe é assim!”.

“Um outro colega… um colega que estuda comigo, por exemplo, é muito inteligente e age desse jeito também”.

Então começa a gerar uma relação entre as pessoas que o leitor conhece.

E aí começa a ficar mais fácil de ele interagir, de ele relacionar, de ele se relacionar com aquele personagem que ele tá lendo na sua história.

Ou seja, a grande questão aqui é:

Você precisa fazer com que seu personagem tenha uma falha de um ser humano normal.

Mais uma vez eu lembro: 

Ele pode ser alienígena, pode ser de outro planeta, né, ele pode ser da idade média, ele pode ser do futuro de uma ficção científica.

Ele pode ser o que for, mas ele vai ter falhas que seres humanos tem.

Outra coisa que você pode aproveitar também é fazer o antagonista com uma falha relacionada de alguma forma com aquele protagonista também.

Isso é interessante, né.

Você pode colocar por exemplo um protagonista bem humilde e um antagonista extremamente arrogante.

Isso vai elevar em alguma potência, em uma certa potência, a humildade do nosso protagonista.

Então pra dar um exemplo dessa relação entre o antagonista e o protagonista eu vou contar uma história bem engraçada rapidamente que aconteceu comigo e com a minha esposa enquanto a gente assistia televisão.

A gente tava assistindo um programa que era de reforma. 

Eram quatro mulheres que faziam reforma em quatro casas e era uma espécie de competição pra ver quem conseguia valorizar mais a casa.

Uma dessas personagens, né, que apesar de ser um Reality Show eles são personagens, né pessoal.

Eles são dirigidos, né, a edição é feita para que exista uma história no episódio, mesmo sendo um Reality Show.

Uma dessas personagens era extremamente arrogante.

E ela costumava dizer assim: 

“Nossa, eu com certeza tenho mais experiência que as outras”.

“Eu vou conseguir, de certeza, fazer uma reforma melhor”.

“Minha casa vai valer muito mais”.

Então existia toda uma questão dela ser um pouco arrogante assim.

Enquanto uma outra personagem, uma outra pessoa que tava fazendo a reforma também, era extremamente humilde e ela não tinha certeza se ela tava conseguindo.

Então ela era um pouco insegura.

Isso criou um contraste, um antagonismo entre essas duas personagens.

O que aconteceu imediatamente foi que minha esposas começou a torcer pra personagem mais humilde.

E odiar a personagem mais arrogante.

Foi automaticamente, foi crescendo durante o episódio.

Foi gerando esse antagonismo e pra minha esposa foi ficando cada vez mais claro de que ela queria muito que a mais humilde ganhasse.

E por que que isso aconteceu?

Pela questão de arrogância e humildade.

Pela combinação entre essas duas coisas.

Só pra você ter uma noção, a gente começou a… tava “zappiando” pela televisão e achou um programa que só tinha aquela personagem mais humilde.

É que essas quatro mulheres na verdade tinham… cada uma delas tem um programa de reformas, né.

E adivinha o que aconteceu?

A minha esposa quis assistir.

Porque ela gerou uma relação lá naquele programa, graças ao antagonismo, né, graças a outra personagem ser arrogante e ela ser humilde. 

E aumentar, fazer com que esse grau de humildade parecesse maior, graças a arrogância da outra.

A relação foi imediata. A empatia da minha esposa com essa personagem foi muito maior e ela já quis assistir o programa onde só aparecia aquela personagem.

E ela não quis assistir o programa da antagonista, né, aquela mais arrogante.

Ela quis assistir daquela mais humilde, porque ela gerou essa relação, ela criou, ela gostou mais dessa personagem por causa da outra.

Pelo contraste na verdade, né, com a outra.

É a mesma coisa que você tem que fazer na história.

Você pode usar um antagonista pra revelar a parte boa daquele personagem.

Só que assim, a personagem que ela gostou era mais humilde, mas obviamente ela parecia muito mais insegura também.

Então ela tinha uma falha de caráter. Ela não era só perfeita. Só humilde.

Nossa, humildade em pessoa. Madre Teresa.

Não, ela era também uma personagem com uma certa insegurança.

E a outra tinha uma coisa boa.

Ela era uma personagem super autoconfiante.

Então são coisas boas, autoconfiança.

Mas o exagero da autoconfiança trouxe a arrogância.

E nesse caso o exagero da humildade talvez trouxe a insegurança.

Então a gente tá criando personagens que se conectam com coisas que você provavelmente vê no mundo real.

E esse é um ponto chave que você pode fazer. Pode criar pra desenvolver melhor os seus personagens.

Sempre ter essa relação, né.

Porque você nunca cria um personagem sozinho, ele vai um antagonismo, né, um outro personagem que vai ser antagônico a ele de alguma forma.

E esse personagem antagônico pode ser utilizado pra alavancar as coisas positivas desse protagonista.

Assim como o protagonista pode acabar alavancando também coisas positivas de um antagonista.

Por que não?

Mas o importante é que graças a isso o seu leitor ou sua leitora vai se relacionar com algum deles.

Que seja o vilão, que seja o protagonista, que seja um dinâmico, né, um personagem coadjuvante, né. 

Que seja um oponente.

Em qualquer tipo de personagem que você desenvolver você pode gerar essa mesma sensação com o seu leitor.

Esse relacionamento, essa empatia que o seu leitor vai ter com esse personagem.

E não tenha dúvida.

Assim como minha esposa quis assistir o programa daquela personagem que ela se relacionou, o seu leitor também vai querer ler mais histórias com aquele personagem, ou talvez mais capítulo se for uma série, por exemplo, coma quele personagem que ele se relacionou, que ele gostou mais também.

Bom, eu quero conversar mais com vocês sobre personagens, desenvolvimento de personagens, que é um tema que eu adoro. Como fazer personagens que as pessoas gostem.

Então deixa comentários com dúvidas ou um comentário mesmo sobre esse tema que a gente tá falando aqui nesse vídeo também.

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Muito obrigado por assistir esse vídeo e até a próxima.

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Quem sou eu para falar de como fazer personagens que as pessoas gostem?

Meu nome é Marcus Beck e meus objetivos são:

  • Entreter através das minhas histórias;
  • ajudar quadrinistas independentes a divulgar seus trabalhos através da plataforma Fliptru;
  • e trazer o máximo possível de informação sobre como criar uma história em quadrinhos para o maior número de pessoas possível.

Publiquei minhas webcomics (quadrinhos online publicados na internet) por mais de dez anos e aprendi muitas lições sobre o que deve ou não ser feito para que as HQs sejam as melhores possíveis.

Quando eu comecei a criar meus quadrinhos eu gostaria muito que tivesse conteúdo sobre o assunto para que eu não tivesse que aprender tudo sozinho.

Por isso que criei meu canal do Youtube e também o meu blog, para ajudar quem está passando pela mesma situação que eu estive quando comecei.

Também sempre senti a necessidade de criar uma comunidade e uma plataforma onde quadrinistas nacionais pudessem publicar suas obras e entrar em contato com seus leitores.

Por isso em 2019 eu usei meus conhecimentos como desenvolvedor de software para criar e lançar a plataforma Fliptru.

Faço o possível para responder todas as perguntas, por isso fique a vontade para comentar com todas as suas duvidas. =)

Por Marcus Beck

Quadrinista, desenvolvedor de software e criador da Fliptru.

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