em Como criar HQs, Storytelling

“Como faço para começar a criar meus quadrinhos?” Comece com uma história curta.

Todo mundo me pergunta isso e me fala que está começando uma série… Só que eu já sei o que vai acontecer. Depois de alguns capítulos vai ter uma ideia melhor e aí perde o interesse na que está fazendo e quer começar outra.

Eu não precisava nem que as pessoas falassem isso pra mim, porque essa experiência eu tive muitas vezes na minha vida. Comecei um monte de séries e parava depois de alguns capítulos. Minhas ideias eram incríveis, de várias sagas com muitos personagens… mas nunca chegava lá.

Do que me serve ter um monte de quadrinhos inacabados… uma série longa com vários capítulos exige muito compromentimento e pode te causar mais frustração do que satisfação.

Por isso eu sempre falo para quem vem me falar que está começando a fazer quadrinhos. Foque em histórias curtas!

Mesmo que sejam histórias curtas com os personagens que você quer utilizar na sua série ou história mais longa. Pegue um recorte do que é este personagem e crie uma história de algumas páginas com ele.

Assim você acaba desenvolvendo seu personagem melhor antes de começar histórias mais longas com ele e de quebra ainda treina sua arte, seu roteiro, sua narrativa visual… além disso, ainda começa a mostrar seu trabalho para os futuros leitores da sua história mais longa.

Tudo bem, mas fazer histórias curtas é mais difícil do que longas. Eu sei! Porque queremos contar muitas coisas sobre os personagens ou eventos incríveis das nossas histórias… difícil mesmo é conseguir pegar apenas o que importa de verdade para a história funcionar.

Por isso eu postei um vídeo explicando como estruturar uma história curta, usando os três atos.

Transcrição do vídeo

Oi, aqui é o Marcus Beck!

Hoje vou mostrar como estruturar uma a história curta usando uma HQ minha como exemplo e no final do vídeo vou passar um exercício para praticar isso!

No vídeo da semana passada eu mostrei como usei a metodologia do ebook Como criar uma HQ para fazer a história em quadrinhos do Cão de Rua (essa daqui).

Se você ainda não baixou o ebook gratuito, veja o link na descrição do vídeo.

Bem, no vídeo anterior eu perguntei se vocês gostariam que eu falasse sobre como estruturei a história nas 31 páginas da HQ.

Como tive respostas positivas, aqui estou para falar de estrutura de histórias.

Ah, se você ainda não viu o vídeo que acabei de falar, o link está na descrição e também nos cards aqui em cima, nesse “izinho” aqui.

Vamos começar com a pergunta: o que é estrutura de história?

É a forma como você organiza os eventos que acontecerão na sua história. Por exemplo, o que vai acontecer no início, no meio e no fim da sua história.

Já falei sobre isso no vídeo “Um bom quadrinista é um bom storyteller“, onde eu explico por cima sobre algumas estruturas de história, como a Jornada do Herói, por exemplo.

Neste vídeo eu quero abordar esse assunto de forma mais prática, usando um exemplo real. No caso, a minha HQ do Cão de Rua.

Ela é uma história curta. Isso quer dizer que tem como objetivo contar uma história inteira em poucas páginas.

Esse é o primeiro ponto que devemos levar em conta na hora de estruturar a história. Não adianta eu querer fazer uma estrutura cheia de eventos se a história não vai ter espaço o suficiente para isso.

É preciso escolher bem as ideias que mais tem valor para que a história seja contada e descartar aquilo que não é tão importante.

Dividindo histórias em três atos

Boa parte das histórias é tradicionalmente dividida em três atos.

Mesmo que a história seja longa, uma série por exemplo, você consegue dividi-la em três atos. Como eu mostro nesse infográfico da Jornada do Herói.

Os 3 atos na Jornada do Herói
Os três atos na jornada do Herói

Isso é a forma mais comum de dividir uma história curta.

No primeiro ato, você define a cena e apresenta seu público aos personagens, cenário e sementes do conflito.

No segundo ato, seus personagens crescem e mudam em resposta a conflitos e circunstâncias.

Eles começaram a tentar resolver o grande problema.

Normalmente, o conflito vai escalar para um clímax.

No terceiro ato, os personagens resolvem o grande problema e a história termina.

OS três atos na história curta de exemplo

Agora vamos ver como isso se encaixou no nosso caso de exemplo.

Nas primeiras quatorze páginas nós temos o primeiro ato.

O cãozinho é apresentado, o cenário e a situação atual em que ele se encontra são mostrados.

Neste mesmo ato ele se afasta de sua caixinha e sua família porque é curioso e vai atrás do pássaro.

Isso mostra algo sobre a personalidade dele. Essa parte também serve para preparar a transição para o segundo ato da história.

Se afastando dos outros cães ele assume um risco sem nem mesmo saber.

A partir da página quinze entramos no segundo ato, onde o cão precisa aprender a viver sozinho nas ruas e enfrenta as dificuldades que essa situação traz.

No meio do segundo ato, mais ou menos na página dezenove, chegamos à cena da perseguição e o ataque do outro cão de rua.

Essa é a cena que vai escalar a situação de rua dele, que começou a parecer controlada nas páginas anteriores, para o nível mais tenso. Isso leva a história ao seu clímax!

Na página 26 entramos no terceiro e último ato, onde o cão, agora ferido, é encontrado pela pessoa que vai “resolver a situação”, cuidando e em seguida adotando nosso protagonista.

Essa é uma história bem simples, sem muitas camadas e com personagens simplistas que são exatamente o que é mostrado deles.

Isso não quer dizer que toda história curta precisa ser simples assim. O importante é escolher a mensagem que você quer passar com a história que quer contar e garantir que ela seja clara ao final da história.

Eu não dividi a história dessa maneira de forma deliberada, eu simplesmente fui pensando no que eu queria contar e a acabou se desenrolando dessa forma.

Isso porque eu já estou acostumado a pensar em histórias com pelo menos os três atos.

Exercício

Um bom exercício pra praticar esse tipo de estrutura é pegar alguma das suas histórias curtas preferidas e tentar dividi-las em três atos. Assim você começar a compreender melhor como eles funcionam!

Tente identificar o primeiro ato, onde os personagens e o problema são apresentados. O segundo ato, onde eles mudam ou crescem de alguma forma. E o terceiro ato, onde o problema apresentado é resolvido de alguma forma.

Agora é sua vez! Faça o exercício e nos conte qual história e onde estão os três atos aí nos comentários.

E se ficou com alguma dúvida sobre esse tópico, deixa sua pergunta nos comentários também!

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Se acha que mais alguém vai curtir esse vídeo, compartilha com essa pessoa!

Obrigado por assistir e até a próxima!

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Comentário

  1. Gostei muito do artigo, como sempre gostei de ler livros, queria escrever um então pesquisei sobre isso como estruturas de narrativas, desenvolvimento de personagens e várias coisas relacionadas a criar histórias, como também tenho vontade de fazer uma Hq, é bom saber que da pra usar tudo isso pra escrever uma também!
    Todas as pessoas que fazem Hq ou escrevem que dão dicas falam pra começar com histórias curtas, no caso das Hqs porém, fico na dúvida no começo se é melhor criar uma história ou pegar uma que existe, ou um trecho de um livro coisa assim e tentar fazer uma Hq pra treinar. O que você aconselha? Já tentei fazer umas páginas de Hq há muitos anos atrás, e, por ter sido uma experiência com pouco planejamento acabou se tornando um fiasco (e no fim achava que precisava desenhar melhor, o que já vi o quanto você reforça que isso não é o mais importante e hoje vejo que realmente não era esse o problema).

    • Obrigado pelo comentário, Tristah. Pessoalmente eu prefiro fazer histórias curtas para praticar os quadrinhos também, isso porque você trabalha tanto no storytelling e nos personagens como também na narrativa visual e no desenho. =)