Categorias
Personagens

Como registrar seu personagem

Neste post vou responder uma pergunta que recebo o tempo todo por email e por mensagens: devo registrar meu personagem?

A maioria das pessoas que mandam essas mensagens me falam a mesma coisa.

“Tenho medo de que copiem meu personagem / minha história em quadrinhos”.

Mas será que registrar seu personagem no EDA (Escritório de Direitos Autorais) vai garantir que ele não seja copiado?

Eu fiz um vídeo explicando como é o processo de registro de obras visuais na Biblioteca Nacional e também discutindo algumas questões sobre o assunto.

Um pouco de história

Quando eu comecei a publicar quadrinhos na internet era ainda adolescente no final dos anos 90. Essa mesma pergunta que todos me fazem eu me fazia também naquela época.

“E se alguém copiar meu personagem? Copiar a minha ideia de história?”

Cheguei a pesquisar sobre o assunto na época e confesso que era muito mais difícil encontrar informações sobre isso.

Cheguei a pesquisar sobre o assunto na época e confesso que era muito mais difícil encontrar informações sobre isso.

Mesmo assim descobri como devia fazer, mas a situação financeira que eu vivia na época não me permitiu fazer essa loucura.

Mas por que seria uma loucura?

O momento da verdade sobre registro de personagens

Bem, era uma loucura na época porque ninguém nesses 20 anos que se passaram jamais tentou copiar ou se apropriar do personagem que criei.

Os direitos autorias vão ajudar você em processos judiciais contra usos indevidos da sua obra.

Ou seja, vão te ajudar se você processar alguém por uso indevido da sua criação.

Entrar com uma ação judicial contra alguém que usou indevidamente seu trabalho é algo que demanda tempo e dinheiro.

Isso quer dizer que se você não foi lesado financeiramente, ou seja, a pessoa que usou indevidamente seu trabalho ganhou dinheiro com ele, provavelmente não vai valer a pena entrar com um processo na justiça.

De forma resumida, o registro do seu personagem não necessariamente vai garantir que ele não seja copiado ou usado por terceiros.

E sobre a minha ideia de personagem ou hq?

Lembra o que eu acabei de relatar sobre os 20 anos sem ninguém ter se apropriado comercialmente da minha “grande ideia”?

É isso que vai acontecer com autores independentes que estão começando a publicar suas histórias agora.

Nós costumamos achar que nossas ideias são incríveis e únicas e que precisam ser protegidas com nossa vida, se preciso for.

Só que aprendi com os anos que uma ideia por si só não tem valor. A execução dela é que vale alguma coisa.

Isso não vale apenas para quadrinhos, mas para qualquer coisa.

Ter a ideia para uma história incrível não vai valer nada se você não for para sua mesa de trabalho e começar a executar.

Não é uma ideia que vale algo, é a criação que você faz a partir dela.

Então antes de se preocupar em registrar seu personagem, foque em criar sua história, desenvolver bem o seu personagem, praticar e estudar para melhorar seus desenhos e assim por diante.

Quando chegar o momento em que você tenha criado e executado algo que realmente tenha valor comercial, você pode começar a se preocupar com os direitos autorais de sua obra.

Até lá, publique sua HQ online sem medo.

Links úteis para você

Quem sou eu pra falar sobre registro de personagem?

Meu nome é Marcus Beck e sou quadrinista e criador do curso HQ na Prática. Meu objetivo é trazer o máximo possível de informação sobre como criar uma história em quadrinhos.

Publiquei minhas webcomics (quadrinhos online publicados na internet) por mais de dez anos e aprendi muitas lições sobre o que deve ou não ser feito para que as HQs sejam as melhores possíveis.

Quando eu comecei a criar meus quadrinhos eu gostaria muito que tivesse conteúdo sobre o assunto para que eu não tivesse que aprender tudo sozinho. É por isso que criei esse canal e também o meu blog, para ajudar quem está passando pela mesma situação que eu estive quando comecei.

Faço o possível para responder todas as perguntas, por isso fique a vontade para comentar com todas as suas duvidas. =)

Categorias
Personagens

Seus personagens mudam?

Pessoas mudam, então seus personagens também precisam mudar durante sua história em quadrinhos.

Venho falando bastante sobre criação de personagens nos meus conteúdos e cada vez mais percebo que é um assunto que não tem fim!

Sempre podemos melhorar nosso conhecimento sobre esse tema e consequentemente melhorar os personagens que criamos.

No vídeo dessa quinzena no meu canal do Youtube o assunto foi esse.

Neste vídeo eu falo um pouco sobre a necessidade de conseguir que o leitor se relacione com seus personagens e como a mudança que a história vai obrigar o personagem a fazer tem a ver com isso.

Links úteis para você

Quem sou eu pra falar sobre seus personagens?

Meu nome é Marcus Beck e sou quadrinista e criador do curso HQ na Prática. Meu objetivo é trazer o máximo possível de informação sobre como criar uma história em quadrinhos.

Publiquei minhas webcomics (quadrinhos online publicados na internet) por mais de dez anos e aprendi muitas lições sobre o que deve ou não ser feito para que as HQs sejam as melhores possíveis.

Quando eu comecei a criar meus quadrinhos eu gostaria muito que tivesse conteúdo sobre o assunto para que eu não tivesse que aprender tudo sozinho. É por isso que criei esse canal e também o meu blog, para ajudar quem está passando pela mesma situação que eu estive quando comecei.

Faço o possível para responder todas as perguntas, por isso fique a vontade para comentar com todas as suas duvidas. =)

Categorias
Personagens

4 dicas para criar o design do seu personagem

Criar personagens interessantes e cativantes para suas histórias não é uma tarefa fácil. A aparência é parte essencial disso. Por isso apresento algumas dicas para criar o design do seu personagem.

São dicas bem básicas, mas podem ajudar a direcionar o seu trabalho quando for o momento de começar a criar o design do seu personagem.

Vamos lá?

Silhueta

Faça seu personagem ser facilmente reconhecido. Deve ser fácil saber quem é seu personagem e distingui-lo dos já existentes.

Uma forma de fazer isso é trabalhar em uma silhueta clara que seja fácil de reconhecer.


Exagero

Exagerar as características que definem o seu personagem ajuda a fazer com que ele se destaque.

Também ajuda os leitores a identificarem as principais características do personagem.

Se seu personagem é forte não o faça com braços normais, mas sim encha ele de músculos 5x mais do que o normal!


Acessórios

Acessórios podem ajudar a enfatizar características importantes e também o passado do personagem.

Também podem ser uma extensão da personalidade.

Assim como um papagaio no ombro do capitão do navio pirata.


Expressões

Expressões mostram o alcance das emoções do personagem. Foque nelas!

Faça com que seu personagem tenha características que deixem simples demonstrar muito suas expressões faciais, se for o caso do personagem ser extrovertido, ou que praticamente não mostre seu rosto, no caso de ser misterioso ou introvertido.


Links úteis para você

Quem sou eu pra dar dicas para criar o design do seu personagem?

Meu nome é Marcus Beck e sou quadrinista e criador do curso HQ na Prática. Meu objetivo é trazer o máximo possível de informação sobre como criar uma história em quadrinhos.

Publiquei minhas webcomics (quadrinhos online publicados na internet) por mais de dez anos e aprendi muitas lições sobre o que deve ou não ser feito para que as HQs sejam as melhores possíveis.

Quando eu comecei a criar meus quadrinhos eu gostaria muito que tivesse conteúdo sobre o assunto para que eu não tivesse que aprender tudo sozinho. É por isso que criei esse canal e também o meu blog, para ajudar quem está passando pela mesma situação que eu estive quando comecei.

Faço o possível para responder todas as perguntas, por isso fique a vontade para comentar com todas as suas duvidas. =)

Categorias
Personagens Quadrinhos

O que é arco de personagem?

Seu personagem muda durante sua história? Ele começa com algumas crenças ou atitudes e os acontecimentos da história o fazem mudar seu ponto de vista ou a forma como ele age? Então sua história possui um arco de personagem.

Um arco de personagem é a transformação ou a jornada interior de um personagem ao longo de uma história. 

Se uma história tem um arco de personagem, o personagem começa como um tipo de pessoa e gradualmente se transforma em um tipo diferente de pessoa em resposta às mudanças na história.

Uma vez que a mudança é muitas vezes substantiva e leva de um traço de personalidade a um traço diretamente oposto (por exemplo, da ganância à benevolência), o termo geométrico “arco” é freqüentemente usado para descrever a mudança radical.

Wikipédia (fonte)

Nem todo protagonista de uma história precisa necessariamente ter um arco de personagem.

Existem boas histórias em que as transformações acontecem com as pessoas ao redor do personagem principal e não com ele, mas vamos deixar esse tipo de história para outro texto.

Seguindo minhas pesquisas sobre como montar bons personagens, encontrei coisas interessantes que podem ajudar o desenvolvimento do arco de um personagem.

Traduzi parte de uma postagem que achei sobre o assunto em inglês e compilei neste texto. Aqui são apresentados três tipos de arco de personagens que podem ser usados.

Pense desta maneira: todas as boas histórias giram em torno do conflito. Isso geralmente vem na forma de obstáculos, externos e internos, que um personagem deve superar.

Para superar os obstáculos, o personagem precisa crescer ou mudar de alguma forma. E é aí que entra o arco do personagem.

Obviamente, nenhum arco de dois personagens na ficção é exatamente o mesmo. Mas há três arquétipos básicos nos quais a maioria dos arcos de personagem se enquadram.

Os 3 tipos básicos de arco de personagem

1. Arco de mudança ou transformação

O primeiro arco, e talvez o mais comum, é de mudança ou transformação completa. Ele anda de mãos dadas com a jornada do herói – uma estrutura de enredo encontrada em mais livros e filmes do que você pode contar.

Esse arco de personagem envolve uma mudança completa de pessoa “normal” para herói ou salvador.

Geralmente reservado para personagens principais/protagonistas, o arco de mudança ou transformação costuma começar com uma pessoa comum que é uma espécie de azarão, ou pelo menos parece improvável que acabe salvando o mundo em algum momento.

No entanto, à medida que a história se desenrola, esse personagem sofre uma transformação – geralmente bastante radical.

Com base em alguma força interior ou talento que ele não sabia que tinha, o personagem finalmente alcança o sucesso no que ele se propôs a fazer – e basicamente se torna uma pessoa completamente diferente no processo.

A maioria, se não todos os arcos de mudança, envolvem o personagem em questão acreditando em uma mentira ou equívoco em relação a si próprio ou ao mundo ao seu redor.

O personagem então descobre a verdade, e a maneira como ele reage a essa descoberta – como ele muda em face disso – forma a base do arco do personagem.

Harry Potter é um exemplo de Arco de Mudança ou Transformação

Portanto, ao escrever um arco de mudança ou transformação, pergunte a si mesmo: que mentira ou equívoco meu personagem acredita? Como ele descobrirá a verdade? E como essa descoberta o levará a mudar ou ser completamente transformado como pessoa?

2. Arco de crescimento

Nesse tipo de arco o personagem cresce, mas não necessariamente passa por uma mudança ou transformação completa.

Até o final da história, ele ainda é essencialmente a mesma pessoa, mas superara algo dentro de si mesmo. Como resultado, ele é uma pessoa melhor ou simplesmente diferente de alguma forma.

O crescimento também pode ser alcançado pelo personagem mudando sua perspectiva, aprendendo algo novo ou tendo um papel diferente no final da história.

Basicamente, este arco é um pouco mais sutil do que o arco do estilo jornada do herói. Em um arco de crescimento, o personagem não vai acabar sendo o salvador do universo, mas terá crescido, desenvolvido e mudado de alguma forma.

Arcos de crescimento funcionam particularmente bem para personagens secundários, especialmente se o personagem principal estiver passando por um arco de mudança ou transformação completo.

Sam de “O Senhor dos Anéis” é um exemplo de Arco de Crescimento

Ao escrever arcos de crescimento, compare seu personagem no começo e no final da história e pergunte-se: em essência, ele é a mesma pessoa? Ele seria capaz de retornar à “vida normal” apenas com uma perspectiva, visão de mundo ou maneira diferente de fazer as coisas?

3. Arco de queda

Enquanto os dois tipos de arco acima são geralmente positivos, este é um arco negativo. Envolve o declínio ou ‘queda’ de um personagem através de más escolhas que fez, o que causa sua destruição, e potencialmente a destruição de outros também.

No final deste arco, o personagem geralmente morreu, ficou corrompido ou perdeu a cabeça. Ele provavelmente arruinou a própria vida, assim como a vida de outros, e não experimentou redenção ou salvação – apenas a queda.

Na forma mais extrema do arco de queda, o personagem começa a história como uma pessoa boa/feliz/bem-sucedida, mas no final da história é completamente irreconhecível – basicamente o oposto do arco de mudança ou transformação positiva que discutimos acima.

Anakin Skywalker de “Star Wars” é um exemplo de Arco de Queda

Autor K.M. Weiland diz que existem três subtipos quando se trata deste arco:

  • Queda “típica” – o personagem muda para pior através de más decisões.
  • Corrupção – o personagem muda para pior, mas acaba abraçando a mudança.
  • Desilusão – o personagem descobre uma verdade sobre o mundo que o deixa infeliz ou amargurado no final da história. (Esse tipo é às vezes melhor aplicado ao estilo de arco de crescimento, já que não envolve necessariamente uma transformação completa, apenas uma mudança de perspectiva dentro do personagem.)

Os arcos de queda são talvez os mais usados ​​na criação de um vilão autêntico.

Eles são particularmente eficazes quando o personagem começa como alguém que pode ser percebido como o herói, mas passa por uma transformação negativa e se torna um vilão ou antagonista.

Ao escrever um arco de queda, é útil considerar se você quer que os leitores sejam simpáticos ao seu personagem.

  • Se sim, siga o caminho de um arco de queda “típica” ou uma desilusão;
  • se não, você pode criar um arco de corrupção, no qual o personagem é tão terrível quanto a forma como os leitores o veem!

Certifique-se de manter as coisas realistas quando se trata de motivações de personagens, no entanto – não adianta dar a um personagem um arco negativo ou de ‘vilão’ se não houver motivações críveis ​​por trás.

Concluindo…

Esses são alguns tipos básicos de arco de personagem. Meu objetivo ao final deste texto é que você tenha compreendido o que é um arco de personagem e como pode usar um “modelo” para criar o seu.

Se você tem perguntas sobre criação de personagens, deixe nos comentários para que possamos continuar aprendendo juntos!

Até a próxima!

Categorias
Magnos Quadrinhos

Diário de criação de uma HQ #002

Este diário de criação de uma HQ tem como objetivo mostrar na prática os métodos e teorias do ebook gratuito Como criar uma história em quadrinhos. Isso será feito acompanhando o processo de criação da HQ a qual estou trabalhando no momento: Magnos.

Essa é a segunda entrada no meu “diário” de criação de uma HQ. Eu chamo de “diário” (entre aspas) porque não estou escrevendo todos os dias e as primeiras entradas estão voltando um pouco no tempo, como a primeira entrada do diário que fala sobre o argumento da história e o desenvolvimento dos personagens.

Hoje vou falar sobre como comecei a escrever o roteiro do primeiro volume da história e todo o processo de criação do capítulo piloto.

O roteiro tipo Resumo Geral

Originalmente eu pensei nessa história como três grandes volumes formados por vários capítulos cada um.

Mas como não achei produtivo começar escrevendo capítulo por capítulo separadamente, resolvi escrever tudo que vai acontecer no primeiro volume inteiro diretamente.

Eu usei o modelo de roteiro que chamo no ebook de Resumo Geral.

Eu escolhi essa abordagem porque estava com toda a história borbulhando na minha cabeça e precisava colocar isso em algum lugar. Então saí escrevendo.

Com isso eu tenho um textão com os acontecimentos e diálogos que eu imaginei em um primeiro momento até o final do primeiro volume.

Fiz isso porque eu tinha uma ideia bem clara de onde eu queria chegar no final do primeiro volume, no contexto da história inteira. Eu sabia qual era o ponto que marcaria o encerramento desse volume.

No caso dos outros volumes eu tenho uma ideia geral do que vai acontecer, mas não tenho a história detalhada ainda.

Como tem muito trabalho pela frente nos capítulos que formam o primeiro volume, não vale a pena para mim escrever tudo que vai acontecer nos outros. Até porque o processo de desenvolvimento do primeiro volume pode acabar fazendo com que eu tenha novas ideias para os outros volumes.

Como falo no ebook, o roteiro do tipo Resumo Geral combina bem com o tipo Layouts.

Então o próximo passo é dividir esse textão em vários páginas e alguns capítulos. E escolhi fazer os layouts das páginas nesse processo, como explico na parte de roteiro Layouts no ebook.

Mas antes…

Antes de começar eu ainda tinha muitas dúvidas sobre os personagens, os locais que eu estava criando (world building) e várias outras coisas da história.

Então eu fiquei pensando por um tempo como começar esse processo. Queria me sentir mais confortável em relação à história e aos personagens.

Além disso, eu já tinha decidido que produziria a HQ de forma digital, ou seja, desenharia direto no computador através do tablet.

Só que eu nunca desenhei uma HQ dessa maneira e só no final do ano passado comecei a desenhar de forma digital. E uma nova ferramenta exige tempo para adaptação.

Fiquei pensando durante um tempão sobre isso. Essas dúvidas acabavam me deixando na procrastinação e isso estava atrasando o início da produção.

Foi então que veio a ideia de fazer histórias curtas com a protagonista para ir construindo sua personalidade e já aproveitar para montar o mundo à sua volta também.

Comecei a pensar em uma história curta para a Catarina. Sentei e escrevi a história que se tornou o prólogo em uns 10 minutos, da mesma maneira que havia escrito o roteiro do volume um. Usando o Resumo Geral.

É claro que faz todo o sentido que essa história curta seja produzida exatamente como os capítulos dos volumes serão, por isso segui o mesmo processo.

O argumento/a ideia

Nesse caso nem cheguei a escrever a ideia, só tinha o resumo da história curta na minha cabeça. A ideia básica era a Catarina sendo presa por invadir uma biblioteca e encontrar alguém que entendesse os motivos dela e a ajudasse a fugir.

Os personagens

A protagonista eu já tinha definido que seria a Catarina, então ela já estava pronta.

Mas o velho Magno que está preso com ela eu desenvolvi enquanto escrevia o roteiro. Acabou que o Silvano Montenagua, nome que dei a ele, acabou se saindo melhor do que eu esperava na história.

Primeiro desenho do personagem Silvano

O roteiro

Escrevi o Resumo Geral em uma tacada só. Sentei e escrevi a história, os eventos e os diálogos de uma vez só.

O que iria em cada página foi definido no momento do Layout. Fase que fiz com mais calma, definindo a narrativa visual que ia usar em cada quadro e página, além de fazer algumas alterações na história também.

Layouts das páginas do prólogo de Magnos

Desenho das páginas

Com tudo pronto e já definido, parti para o desenho das páginas usando o tablet Wacom Intuos e o software Clip Studio Paint.

O Clip Studio facilita bastante esse processo. Desenhar páginas assim é mais rápido do que meu antigo processo de desenhar à mão e depois digitalizar para tratar no computador e inserir retículas e textos.

O tempo que eu levava para desenhar a página no papel, sem contar a parte de digitalizar e tratar, é o tempo que eu levo para fazer uma página completa hoje.

Foto da tela enquanto desenhava a primeira página do prólogo de Magnos no Clip Studio Paint

Distribuição

Assim que terminei de desenhar todas as páginas eu já havia definido que essa história curta seria o prólogo do primeiro volume.

Desenhei a capa do prólogo e criei o PDF com todas as páginas para disponibilizar para quem quisesse ler através do meu bot do Messenger na minha fanpage do Facebook.

Fiquei feliz com o resultado. Centenas de pessoas já leram e recebi vários feedbacks, o que é muito importante para manter a empolgação para o projeto!

Uma curiosidade

O nome da história, Magnos, não era o nome oficial do projeto quando eu tive as primeiras ideias no ano passado. O primeiro nome era Colosso.

Colosso é o nome que eu queria dar ao continente onde a história acontece.

Talvez esse ainda seja o nome do território, mas não achei que faria sentido dar esse nome para a história toda, sendo que a queda do império dos Magnos é o foco principal.

Somente no momento em que eu desenhei a capa é que eu tomei a decisão final de usar o nome Magnos.

No próximo diário de criação de uma HQ

Depois de voltar no tempo nos dois primeiros diários, estamos quase chegando nos dias atuais, onde acabei de fazer os layouts das páginas do primeiro capítulo do primeiro volume e estou produzindo as páginas.

Se você está gostando desse diário me avise nos comentários. Também me fale o que achou do prólogo de Magnos que já está disponível para download gratuito.

Até a próxima!

Categorias
Magnos Quadrinhos

Diário de criação de uma história em quadrinhos #001

Esta é a primeira entrada no meu diário de criação de uma história em quadrinhos.

Poucos dias atrás eu disponibilizei para download o prólogo da minha nova HQ chamada Magnos. A recepção foi muito boa. Fiquei feliz com o feedback dos leitores!

Agora quero aproveitar que estou trabalhando no primeiro capítulo para compartilhar com você o processo que eu uso para criar minhas histórias em quadrinhos.

Vou começar falando um pouco do passado porque precisamos começar contextualizando todo o processo que já aconteceu.

A ideia é que a medida que for passando pelas fases desse processo de criação de uma história em quadrinhos eu publique postagens para mostrar o que está acontecendo.

Então vamos voltar para o ano passado e começar pela ideia que deu início a toda essa história.

O argumento (a ideia)

O primeiro passo de todo o processo aconteceu ano passado, quando tive as primeiras ideias para o mundo onde a história acontece. Especificamente um continente desse mundo.

Passei um tempo pesquisando e escrevendo sobre a história desse lugar. Pensei em como os primeiros habitantes de fora chegaram e a relação deles com os nativos do continente.

Cheguei a passar uma madrugada escrevendo evento por evento desde a chegada desse povo até certo ponto na história. Cada um dos governantes e como eles foram conhecidos em seu tempo.

Não cheguei a escrever tudo até o ponto onde a história principal vai mesmo acontecer, mas deu uma boa base para o passado desse continente.

Depois comecei a trabalhar na história mais recente do continente. Com isso foram surgindo as primeiras ideias do que seria a linha de história principal da HQ.

A ideia de um império que caiu há poucos anos atrás e a religião que dominou o lugar a partir disso… Não vou falar muito mais para não estragar a surpresa de ler a história.

Usei muita coisa da história da humanidade e até do Brasil para compor esse enredo. Só que depois de um tempo ele vai tomando seus próprios rumos e as referências vão ficando cada vez mais distantes.

Foi a partir de aí que passei para a próxima fase da criação de uma história em quadrinhos. Comecei a desenvolver os personagens.

Desenvolvendo os personagens

A linha de história principal envolve três personagens. Sendo cada um deles de um local diferente desse continente. Cada um com seu próprio passado e história pessoal.

A forma como eles vão se relacionar ao longo da história é importante, mas nesta fase o foco é no desenvolvimento de cada um deles de forma separada.

Comecei escrevendo motivação, personalidade, desenvolvimento e background de cada um deles.

Segue um exemplo do que escrevi:

Catarina
Motivação:
– Provar que o pai estava certo (?)
– Conhecimento.

Personalidade:
– Curiosa. Investigativa. Aventureira. Motivada. Gosta de fazer as coisas por conta própria, a não ser que precise de alguém para descobrir uma coisa nova. Autossuficiente.

– Se acha mais esperta e melhor do que os demais. Adora a adrenalina de estar em perigo.

– Acima de tudo, ela está em uma jornada para aprender sobre coisas novas. Está sempre atras de aventuras que possam lhe ensinar alguma coisa nova.

– Quer entender mais sobre as raças do continente e saber mais sobre a verdade por trás das histórias que cresceu ouvindo. Sempre busca fugir da zona de conforto.

Desenvolvimento:
– O grande desenvolvimento dela será aprender a confiar nos companheiros e admitir que não está sempre certa. Além de compreender que nem tudo que você deseja, você consegue.

Background:
– Deixou sua família muito cedo para viajar pelo continente. Seu pai era um historiador e foi condenado por questionar gente poderosa sobre como a história fora escrita. Ele foi levado quando ela tinha apenas 10 anos de idade. Sua mãe tinha mais dois filhos e ela era a filha do meio. Seu irmão mais velho trabalha para o governo que condenou seu pai e seu irmão mais novo segue o mesmo caminho para o futuro. Sentindo-se indignada pelo que ela considera frieza de sua família ela resolveu deixar sua casa e achar um jeito de mostrar para as pessoas que nem tudo que elas ouvem é verdade.

– Sua origem é da região sul, nascida nos arredores de Portofrio.

– Ganha a vida achando pequenos tesouros que encontra em suas pesquisas históricas. Normalmente através de algum mapa que encontra em bibliotecas que invade para pesquisar.

Isso não reflete a personagem como ela é hoje na história, mas sim um rascunho inicial do que eu imaginava que ela seria em agosto do ano passado.

Pensar em todos esses pontos é importante para começar, mas ainda é insuficiente para o quanto você precisa conhecer do seu personagem quando começar a escrever a história para valer.

Em seguida eu escrevi o que chamei de “ideia de plot” que na verdade seria como esses personagens estariam relacionados de alguma forma. Mas isso já foi o começo da próxima fase de criação de uma história em quadrinhos, a parte de roteiro da história em si.

Antes de continuar me empolgando com o plot da história, voltei para o desenvolvimento dos personagens.

Passei para o visual, o desenho dos personagens.

Desenho dos personagens

A aparência dos personagens é algo muito importante na criação de uma história em quadrinhos. Por isso merece uma atenção especial.

Busquei utilizar algumas referências sobre formas geométricas que podem ser usadas no visual de personagens para representar características de personalidade diferentes.

O quadrado, por exemplo, passa uma sensação de seriedade, rigidez, força, etc. O triângulo e o círculo refletem outras características e assim por diante.

Esses são os primeiros rascunhos do visual dos três personagens principais da história.

Claro que eles mudaram bastante desde setembro do ano passado. Mas temos que começar por alguma coisa.

Com o tempo você vai pensando em como o visual reflete de verdade esse personagem que você está “conhecendo” agora.

Aqui segue uma segunda versão, já melhor trabalhada, de cada um deles.

Eu acredito que devemos “pegar o jeito” dos personagens antes de começar a desenhar a história para valer.

Eu tive a sorte de ter criado os personagens pouco antes de um Inktober. Pra quem ainda não sabe o que é o Inktober tem um post explicando tudo aqui. Resumindo, é um desafio de desenho. Você deve fazer um desenho por dia durante todo o mês de outubro, ou seja, 31 desenhos em 31 dias.

Aproveitei o desafio para desenhar bastante cada um deles.

Você pode ver como esses desenhos ficaram neste post aqui. Mas aproveito para mostrar um dos meus preferidos aqui.

O diário de criação de uma história em quadrinhos continua…

Bem, esse post já ficou bem maior do que eu esperava.

Vou continuar escrevendo esse diário de criação de uma história em quadrinhos em breve. Ainda vou falar mais sobre personagens, o roteiro do primeiro volume da história e também sobre o roteiro da história piloto.

Se você curtiu essa ideia de acompanhar a criação de uma história em quadrinhos, me avise nos comentários.

Até a próxima!

Categorias
Personagens Quadrinhos

5 dicas de desenvolvimento de personagens

No post anterior falamos sobre os 5 erros no desenvolvimento de personagens descritos pela escritora C.S. Marks. Agora vamos continuar com as 5 dicas de desenvolvimento de personagens.

Caso saiba ler em inglês, você pode acessar o artigo original clicando aqui.

Obs: Os itens a seguir com as dicas de desenvolvimento de personagens foram traduzidos diretamente do artigo e adaptados para se referir à autora em terceira pessoa quando fala de suas próprias experiências.

1. O importante são os detalhes.

Muitas vezes queremos apresentar demais ao leitor de uma só vez – dar uma descrição física completa, contar a história da vida e revelar os pensamentos mais íntimos de um personagem assim que ele for apresentado. Mas isso não é necessariamente a melhor abordagem.

Pense que você está apresentando o personagem como alguém que o leitor está conhecendo pela primeira vez.

Não percebemos tudo de primeira quando conhecemos uma pessoa nova, mas geralmente notamos alguns detalhes que podem nos dar uma ideia da personalidade e situação de vida dessa pessoa.

O personagem está bem vestido? Ele morde as unhas? Ela tem cicatrizes de acne, maquiagem pesada, manicure profissional, maneirismos nervosos? O personagem faz contato visual?

Estes são os tipos de coisas que podemos notar durante um primeira contato. Então, interagimos com as pessoas e as observamos interagindo com os outros e é assim que realmente as conhecemos.

Isso também é verdade para os personagens. Quando você os apresenta pela primeira vez você deve incluir alguns detalhes, mas o resto de suas personalidades, motivações e histórias secundárias devem ser reveladas gradualmente através de suas ações.

2. Basear personagens em pessoas reais.

Alguns escritores acham que isso é trapaça, mas a autora diz que faz isso o tempo todo.

Ela pega um personagem de fantasia e dá a ele a personalidade de alguém que conhece e, como conhece muito bem essa pessoa real, tudo que tem que fazer é imaginar o que fulano faria em determinada situação. É uma maneira de aperfeiçoar um personagem muito rapidamente.

Também fica mais fácil manter a consistência, porque você tem uma ideia totalmente desenvolvida da personalidade do personagem desde o início.

Você também pode basear personagens em pessoas reais que você também não conhece. A autora diz que gosta de observar as pessoas e de ir a lugares onde as pessoas se reúnem e observá-las – como elas falam, seus maneirismos, o que vestem, suas atitudes e linguagem corporal. Assim pode incorporar tudo isso em minhas histórias.

3. Lembre-se que todo mundo tem uma história.

Somos moldados pelas nossas origens. E mesmo que você não revele o passado de seus personagens para seus leitores, você deve saber tudo sobre eles, pelo menos para seus personagens principais.

Você deve ter biografias completas de seus personagens principais em sua mente para que você entenda o que os impulsiona.

Por que isso é importante? Porque se você não entender um personagem, seus leitores também não entenderão.

Vejamos um exemplo de um histórico de personagens efetivos.

A história do Capitão Quint no filme Tubarão é ótima.

Em uma cena, os três heróis, Quint, Chief Brody e Matt Hooper, estão na cabine do barco de pesca de Quint e estão comparando velhas cicatrizes.

Quint tem uma tatuagem que foi removida, e Brody inocentemente pergunta a ele sobre isso.

Em resposta, Quint conta aos outros personagens uma história horrível sobre muitos de seus amigos no USS Indianapolis sendo comidos por tubarões, e de repente é fácil entender esse homem e por que ele é do jeito que é. A autora diz que não pode imaginar esse filme sem essa história.

4. Não negligencie seus personagens secundários.

Personagens secundários podem ser os personagens mais simpáticos e interessantes da história. Muitas vezes, eles são os favoritos dos leitores.

Um exemplo disso é o fenômeno Boba Fett. Todo mundo ama Boba Fett; ele certamente é um personagem secundário, mas ele enriquece o cenário de Star Wars.

Da mesma forma, personagens bem desenvolvidos podem enriquecer seu livro. Eles são como os instrumentos de apoio em uma sinfonia.

Eles podem ser uma mina de ouro e cada um serve a um propósito.

Alguns adicionam cor ou ajudam na construção do mundo, e alguns são contrapartes para os personagens principais.

Contrapartes são personagens que não suportam o seu herói ou a sua heroína e não fazem nada além de reclamar pelas suas costas. Eles podem ser muito divertidos.

A autora diz que sempre sabe muito sobre meus personagens secundários, mesmo que acabe não revelando tudo para o leitor.

5. Dedique muita atenção ao vilão.

Muitos autores dizem que o vilão é o personagem favorito deles, aquele sobre o qual eles adoram escrever. C.S. Marks é uma deles.

Os maus podem ser muito difíceis de fazer e pode ser ainda mais difícil fazer com que os leitores se identifiquem com eles.

Sempre que você escrever um vilão tenha em mente que ele ou ela precisa ser tão bem desenvolvido quanto seus personagens principais.

Em vez de ser falho, no entanto – porque obviamente todos os vilões são falhos – o vilão deve ser imperfeitamente mau. Em outras palavras, os vilões devem ter características redentoras, onde nossos heróis têm falhas.

Gollum em O Senhor dos Anéis é um ótimo exemplo disso. Temos empatia com Gollum e sentimos pena dele às vezes. Nós temos esperança por ele. Nós desejamos que ele pudesse se redimir. E então nós o odiamos, e o desprezamos, e desejamos que alguém simplesmente o esmague como um inseto, porque ele é tão chato.

Gollum é um personagem que definitivamente é governado pelo mal na maior parte do tempo, mas ele também é, em muitos aspectos, uma vítima, e por isso podemos ter empatia com ele. Ele é um grande antagonista.

Estes podem ser os personagens mais difíceis de criar, mas também alguns dos mais satisfatórios.

Com essa última, fecho a tradução e adaptação do artigo da escritora C.S. Marks com os 5 erros e 5 dicas de desenvolvimento de personagens.

Ela conclui dizendo:

“Escrever bem ou mal vai determinar se seus leitores ficarão com você até o final da jornada ou sairão na primeira parada. Se os personagens falharem, a história falhará.”

Espero que esse artigo possa ajudar você como tem me ajudado no desenvolvimento dos meus personagens.

Se você quer mais conteúdo como esse, me avise nos comentários. Também quero saber como anda o desenvolvimento dos seus personagens e das suas histórias. Então me fale tudo isso nos comentários abaixo.

Até a próxima!

Categorias
Personagens Quadrinhos

5 erros no desenvolvimento de personagens

Continuando a conversa sobre criação de personagens que comecei no post anterior, aqui vou abordar 5 erros no desenvolvimento de personagens.

Esses erros, ou armadilhas, são de autoria da romancista C.S. Marks e foram encontradas em um artigo durante minha pesquisa permanente sobre criação de boas histórias.

Neste mesmo artigo existem cinco dicas para melhorar os personagens, mas será o tema de um próximo post por aqui. Se você consegue ler em inglês, já pode ir lá ver o artigo original clicando aqui.

1. Personagens unidimensionais não parecem reais. Eles são superficiais.

Você tem personagens unidimensionais quando não dedica tempo suficiente ao desenvolvimento de personagens.

Qualquer história tem personagens principais e secundários. Se você tentar desenvolver todos os personagens num nível profundo, sua história vai ficar imensa!

Tudo bem um personagem ser superficial se o papel dele na história não tiver muita importância. Mas se tiver, precisa ser muito bem desenvolvido.

Isso reforça o que já falei no post passado. Personagens unidimensionais ou superficiais não vão fazer o leitor criar uma relação. Ele vai esquecê-los rapidinho e não vai se interessar pelo que acontece com esses personagens.

2. Personagens estereotipados são desinteressantes porque não são exclusivos.

É importante notar aqui que ser estereotipado não é a mesma coisa que ser consistente. Seus personagens devem se comportar de maneira consistente com o modo como você os desenvolveu, mas isso não é o mesmo que ser estereotipado.

Imagine que todas as pessoas ricas em suas histórias são superficiais, gananciosas e indiferentes. Todas as mulheres ricas são altas e vestidas de forma extravagante, e todas fizeram cirurgias plásticas. Ou imagine que você está escrevendo uma história de fantasia e todos os elfos são arrogantes e todos os anões são rudes e se odeiam.

Esses são estereótipos.

É quando um personagem se liberta do estereótipo que ele ou ela se torna crível e memorável.

Pessoas reais raramente agem de acordo com estereótipos em todos os aspectos. Todo mundo é único de alguma forma.

3. O personagem muito perfeito tende a fazer os olhos do seu leitor rolarem.

Aqui a autora fala sobre pontos que já comentei no post passado também.

Às vezes, tudo bem ter um personagem que seja perfeito em todos os aspectos, especialmente se você estiver fazendo uma paródia.

Mas a perfeição não existe na vida real, então normalmente não deveria existir em sua história.

É difícil ter empatia com uma pessoa perfeita, porque nenhum de nós é perfeito.

Todo mundo, não importa quão nobre seja, é defeituoso de alguma forma.

Por exemplo, um personagem efetivo pode ser alguém que é heróico em quase todos os aspectos – ele é um bom lutador, ele é legal de se ver, ele anda bem e atira bem, e ele é corajoso e compassivo – mas ele é totalmente indeciso. Se assumir o comando em uma batalha, todo mundo vai morrer.

É muito mais fácil para os leitores se relacionarem com alguém com uma falha, porque eles podem dizer: “Sim, é como meu amigo Jeff. Ele é um ótimo cara, mas ele não consegue tomar uma decisão.

Há também um tipo específico de personagem muito perfeito ao qual ela se refere no texto como “personagem do autor“.

Eu falei sobre isso no vídeo sobre os 3 erros que cometi criando quadrinhos. Meus personagens principais costumavam ser a minha própria versão idealizada de mim mesmo. Com eu gostaria de ser.

Como alguém vai se relacionar com isso, além do próprio autor? Nesse caso o autor está vivendo suas fantasias. Todos nós fazemos isso até certo ponto, mas precisamos ter cuidado com isso.

4. Inconsistência em seus personagens vai abalar seus leitores.

Na verdade, isso provavelmente tirará o leitor da história mais rapidamente do que qualquer outra coisa.

Você desenvolveu um personagem de uma certa maneira. Os leitores estão esperando que o personagem se comporte de acordo com sua personalidade e motivações como você os definiu. Se esse personagem se comportar de uma maneira que não faz sentido, seus leitores perceberão.

A consistência se aplica a tudo, desde pequenas coisas, como a cor do cabelo de um personagem, a coisas grandes como a maneira de falar do personagem e suas escolhas.

Se um personagem fala como um elfo em um minuto e usa gírias de rua no outro, isso vai tirar o leitor da história.

Ou se um personagem abate um grupo de crianças do jardim de infância e depois fala sobre os males do abuso infantil, isso também é inconsistente.

Os personagens fictícios que criamos precisam parecer pessoas reais para o leitor.

Se você não tiver uma imagem firme deles em mente, eles ficarão instáveis ​​na página.

5. Desenvolvimento de personagens chatos.

Alguns personagens são supostamente chatos, mas, nesse caso, são geralmente inimigos de personagens ou contrabalanceiam eventos mais interessantes.

Se você acha que pode ter um personagem chato na sua história, a primeira coisa que você deve perguntar é se você precisa desse personagem.

Por que esse personagem está aí? Qual é o papel dele ou dela na história? Se você não consegue encontrar uma resposta, então esse personagem é apenas um tapa-buraco.

Outra opção é fazer um personagem maçante ganhar vida adicionando algumas características únicas. Talvez seu personagem monótono tenha uma vida fantasiosa secreta ou um passatempo intrigante, indicando que ele é muito mais interessante do que parece superficialmente.

Esse tipo de coisa vai dar uma vida de personagem.

Bem, essas são os cinco erros ou cinco armadilhas no desenvolvimento de personagens que a escritora C.S. Marks nos descreve em seu artigo.

Evitando essas cinco armadilhas; seus personagens são tridimensionais, únicos, falhos, consistentes e interessantes.

Eu gostei muito desse conteúdo e por isso estou traduzindo, adaptando e compartilhando com você. Estou sempre estudando e tentando melhorar mais e mais minhas histórias e o desenvolvimento de personagens.

Se você gostou, me deixe um comentário e compartilhe esse texto com pessoas que também podem se beneficiar dele!

Até a próxima!

Categorias
Personagens Quadrinhos Storytelling

3 erros que cometi criando histórias em quadrinhos

Quero compartilhar com você os 3 erros que cometi criando histórias em quadrinhos. Não são os únicos, mas são alguns dos principais.

Uma das melhores maneiras de aprender é errando. Você tenta algo e descobre que aquilo não dá certo. Esse aprendizado vem com experiência, sendo ela sua ou de outra pessoa.

Esse texto vai servir para que você possa aprender com os meus erros. Então vamos lá.

1. Começar criando séries de histórias em quadrinhos

Nós somos fãs de séries famosas. Adoramos os personagens e suas muitas aventuras. Por isso queremos criar nossos próprios personagens e sua saga enorme com muitos personagens coadjuvantes.

Esse é um erro que cometi muitas vezes. Logo quando comecei a publicar quadrinhos online por volta de 1999. Criei uma série, mas acabei descontinuando.

Em seguida criei outra que chegou a ter mais capítulos. Publicando online, consegui um certo sucesso recebendo feedbacks positivos (na época apenas por email, não haviam redes sociais ainda) e um certo grupo de fãs. Acabei descontinuando a série mais uma vez.

Por fim, minha maior série começou a ser publicada online. Nessa cheguei longe, com mais de 120 páginas e 11 capítulos. Essa certamente foi a que tive mais sucesso e foi publicada em diversos sites, mas mesmo assim, acabou sendo descontinuada.

1.1. E por que isso acontece?

Primeiro porque uma série longa exige muita dedicação e um grande investimento de tempo. Então o comprometimento precisa ser muito maior.

É comum perdermos o interesse em uma história tão longa, querendo desenvolver novas ideias e colocar no papel nossos novos personagens.

Por isso, quem está começando a criar histórias em quadrinhos precisa começar com histórias curtas. Podem ser todas do mesmo universo ou personagens, mas precisam ser histórias com um começo, meio e fim. De preferência com poucas páginas.

Isso vai servir para ajudar a desenvolver a habilidade do autor com a narrativa gráfica dos quadrinhos. Vai melhorar sua habilidade de escrever histórias que fazem sentido, que começam e terminam.

Nenhum diretor de cinema iniciante vai estrear com um longa metragem.

Focar em histórias curtas será sempre um bom caminho para melhorar o trabalho do quadrinista, fazendo com que ele ganhe experiência e aprenda os atalhos para boas histórias.

Quando sentir que está pronto para se comprometer com uma série, comece com mini-séries em três capítulos. Somente depois passe para séries maiores.

Essa dica vai ajudá-lo a publicar mais histórias prontas que podem ser mais prazerosas de ler para quem ainda não conhece seu trabalho.

2. Não planejar a história antes de sair desenhando

Nada melhor do que pensar em uma história e sair desenhando as páginas para vê-la pronta o quanto antes.

O problema é que essa atitude pode causar arrependimento no futuro.

Várias vezes cometi esse erro, principalmente por começar meus primeiros quadrinhos diretamente como séries e sair criando a história da cabeça página a página, só tendo uma vaga ideia do que iria acontecer no futuro.

Sem saber para onde a história vai,  o autor pode se arrepender de ter desenhado o personagem de um jeito ou até de ter adicionado um acontecimento que não faz mais sentido para a história lá na segunda ou terceira página. Agora que está desenhando a décima página já gostaria que a história tivesse começado diferente.

Em um dos capítulos da minha última série, Tailer, acabei inserindo uma cena dentro de um navio cargueiro (imagem ao lado) porque achei interessante que a base dos inimigos fosse em alto-mar.

O problema é que essa cena aconteceu cedo demais na história. Ainda não era o melhor momento para apresentar alguma dica de quem eram os inimigos dos protagonistas.

Alguns capítulos passaram e a base não foi mais mencionada. Uma falha de planejamento da história.

Por isso pensar o roteiro, escrever e desenhar os rascunhos das páginas para marcar o layout são passos importantes antes de começar a desenhar a história.

3. Não pensar nos personagens como pessoas

Criar personagens interessantes é uma das partes legais de se criar histórias em quadrinhos.

Mas as vezes nos apegamos muito no que queremos que o personagem seja, num modelo de pessoa ideal. Só que pessoas não seguem modelos ideais.

O leitor precisa se identificar com os personagens que está lendo e fica muito difícil isso acontecer se ele é um ser humano ideal, cheio de virtudes e sem nenhuma falha de caráter.

Um personagem “perfeito” deixa a história chata. Para ser interessante é preciso que o personagem tenha falhas e cometa erros.

Os meus protagonistas costumavam ser exatamente como eu gostaria de ser na época. Só que analisando hoje de forma fria, vejo que eram personagens sem graça e superpoderosos demais.

Quem acabava salvando a história eram alguns personagens coadjuvantes, como o Professor Wu (imagem ao lado) da minha antiga série Tailer. Ele era um personagem divertido e cheio de falhas de caráter, mas que falava o que era preciso de vez em quando.

Conclusão

Como já mencionei, são alguns dos principais erros que cometi ao criar histórias em quadrinhos durante os primeiros anos de publicações independentes na internet.

Agora que você já conhece alguns desses erros, me diga se esse texto lhe ajudou de alguma forma nos comentários. Estou ansioso para saber.

Até a próxima!

Obs: O livro Como criar HQs está disponível para download. Clique aqui!

Categorias
Quadrinhos

Criando o visual de personagens

Já faz um tempo que venho preparando uma nova história, escrevi bastante sobre o mundo onde ela vai acontecer e agora chegou a hora de começar a criar o design de tudo. Comecei criando o visual de personagens.

Esses são os primeiros esboços e ideias de como os protagonistas da primeira história devem parecer.

Para acompanhar o desenvolvimento desses personagens e da história em geral, basta me seguir no Instagram ou no Facebook.

Na hora de pensar no visual do personagem não devemos focar só no que achamos que é legal ou que faria ela parecer maneira. Tudo que faz parte da aparência dela precisa ter um motivo.

Se seu personagem é rico, terá roupas melhores e acessórios que condizem com o status social. Se for uma pessoa religiosa, postura, cabelo, roupas e acessórios devem refletir a cultura dessa religião da personagem.

Se for mais humilde, pode ter roupas simples e talvez uma aparência um pouco mais desleixada. Entretanto pode ser humilde mas muito preocupada com sua aparência, o que pode fazê-la ter roupas simples, mas sempre limpas e bem arrumadas.

O cabelo e o rosto também refletem muito sobre a personalidade da personagem. Tudo tem que ser bem pensado para compor a aparência de cada um dos participantes da sua história.

Existe muito mais a se levar em conta quando criamos um character design para alguma de nossas histórias. Se quiser saber mais sobre esse assunto, dexe um comentário no post.

Até a próxima!