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Tecnologia

Essa nova tecnologia vai acabar com o que você usa hoje

Para entusiastas de martelo tudo é prego

Eu adoro ler sobre tecnologia e sua indústria pela internet a fora. É muito bom para descobrir algumas tendências e aprender sobre minha área de atuação.

Mas eu tenho notado um certo exagero em algumas publicações de nicho.

Alguns autores parecem querer reforçar que você precisa aprender essa ou aquela tecnologia porque é a única coisa que vai existir no futuro!

“Essa é a tecnologia que irá acabar com/substituir o que você usa hoje. Esteja pronto!”

Para ilustrar melhor o que quero dizer vou dar alguns exemplos.

Quando comecei a me informar sobre chatbots a primeira coisa que li nos textos do pessoal que já estava envolvido com isso é que os bots tomariam o lugar dos aplicativos mobile e até mesmo dos sites.

Afirmam isso com base em informações relevantes mesmo, como pesquisas que mostram que nos EUA as pessoas não estão mais baixando novos apps. Não é uma invenção, me parece apenas uma interpretação exagerada dessas informações.

Um tempo depois eu achei uma publicação que falava sobre arquitetura serverless. Lá o discurso era que em cinco anos ninguém mais estaria usando servidores.

Quando você faz parte de um nicho é muito fácil se deixar levar por opiniões exageradas em favor do que você está envolvido. Entretanto é preciso ser mais objetivo.

É claro que os chatbots podem assumir uma boa fatia de mercado dos aplicativos nativos (e vão, afinal eu sou um entusiasta ;D), mas não vão simplesmente acabar com eles do dia para a noite.

A mesma coisa para a arquitetura serverless… ninguém mais usando servidores em cinco anos? Um pouco exagerado, não acha?

Esses são apenas alguns exemplos, mas ainda podemos voltar um pouco no tempo e lembrar de algumas ondas que diziam que os aplicativos nativos seriam totalmente substituídos pelos híbridos e, já hoje em dia, substituídos pelos progressive webapps ou chatbots

Que tal voltar ainda mais, lá no começo da minha carreira nos grupos de Software Livre, onde achávamos que em breve os computadores com Windows seriam minoria perto dos usuários Linux… E quinze anos depois:

Market share de sistemas operacionais

Mesmo que a tecnologia seja muito rápida em sua evolução, dificilmente uma coisa mata outra tão rápido quanto as postagens que geram o hype afirmam.

Isso acontece porque cada negócio tem uma necessidade diferente, então cada tecnologia pode ser a melhor opção para cada tipo de necessidade. Uma não necessariamente mata outra. E não precisa matar!

Para que uma coisa seja boa ela não tem que destruir outra. Existe espaço, e até a necessidade, para tudo!

Eu escrevi o rascunho deste texto dentro de um Cabify, uso Uber com frequência e adivinha só: ainda existem muitos táxis por aí.

Se você gosta de algo e participa de um grupo sobre isso, como eu com chatbots por exemplo, seja um entusiasta sim! Discuta sobre, aposte nisso, mas mantenha os pés no chão. Entenda que o que você faz/gosta pode ser um ótimo martelo, mas nem tudo é prego.

Publicado originalmente no Medium.

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Crônicas

Músicas e memórias

Basta dar um play e se transportar através do tempo

Poucos dias atrás eu descobri o Daily Mix do Spotify. Estava cansado de escolher músicas para ouvir enquanto trabalho e queria delegar essa responsabilidade para outrem.

O Daily Mix prepara cinco listas de diferentes estilos musicais baseado no que você costuma ouvir. Resolvi dar uma chance para uma delas e dei o play.

Uma das listas continha músicas de meados dos anos 2000 e a primeira já me transportou diretamente para uma lembrança gostosa.

Eu me impressiono com o fato de que os primeiros acordes ou batidas de uma música são o suficiente para ativar algo no cérebro que faz com que ele reviva um momento específico do passado.

Com uma das músicas voltei para um palco onde a Karma Patrol, minha banda na época, fez o que consideramos a melhor apresentação da nossa curta história. Participamos de um festival/concurso num gelado inverno em Florianópolis.

Senti o cheiro do gelo seco, a aflição de não estar enxergando as casas do baixo por conta do breu e da fumaça. Lembro da emoção de ter acertado o riff na hora que a música começou e de me soltar depois disso. De várias apresentações aquela foi a mais inesquecível. Rolou até bis

Outra música me levou para um tempo onde eu, muito jovem, arriscava qualquer coisa por um sonho. Me vi deitado em um colchão estendido no chão de uma escola em Uberlândia, sem o mínimo dos confortos, como ter uma geladeira ou fazer três refeições por dia.

Ali vivi por alguns meses em busca de sucesso em uma carreira incerta que fazia parte de um propósito maior. Larguei aquilo que seria o mais promissor dos trabalhos no conforto de minha cidade para arriscar tudo em outro estado, longe de casa.

Logo depois surgiram as notas iniciais de uma canção que marcou um verão tranquilo, com muita praia, muitos encontros com os amigos e paixões que não duravam mais do que um final de semana. Morava com os pais e ainda assim só reclamava da vida, queria morar sozinho. Se eu soubesse o que me aguardava nos anos seguintes…

Outra música me leva ao primeiro apartamento em que morei sozinho. Minha primeira casa. Alugada. Lembro de decorar pessoalmente cada pedacinho do espaço. Referências orientais por todos os cantos. Ideogramas, estátuas, leques pintados e um incensário de bambu.

Apesar da música ter me trazido essa lembrança, ela desaparece quando me vejo deitando no sofá em silêncio no início da tarde de um dos dias raros em que podia fazer relaxar após o almoço. Ouvia o vento movendo as árvores à frente da porta da sacada e era uma canção de ninar. O vento adentrava a sala e eu cochilava numa tranquilidade dificilmente encontrada nos dias de hoje.

A viagem foi ainda mais longe com a próxima música. Estava de volta à uma praia do litoral sul de Santa Catarina. Um adolescente que tinha prazer em se isolar e ficar ouvindo música sozinho dentro do carro do pai em dias chuvosos de verão. Enquanto os primos, irmãos ou tios jogavam algo para se distrair dentro da casa da vó, eu preferia a companhia das músicas que poucos deles apreciavam.

As histórias continuam aparecendo a cada nova música conhecida que toca. A viagem é tão prazerosa que pulo aquelas que não conheço ou que não me trazem memória alguma.

A lista de músicas do Daily Mix é infinita. Se deixar tocando ela não para nunca, vai adicionando novas músicas à playlist eternamente. Corro o risco de ficar preso no passado, sem conseguir voltar.

É hora de vir para o presente e criar novas memórias para o futuro. Podem não ser tão marcantes quanto essas, mas existirão.

Desligo o Spotify e levanto para tomar um café. Volto ao trabalho em seguida.

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Empreendedorismo

O cliente e a razão

Cliente tem sempre razão… Então porque precisa de um especialista?

Todo mundo conhece a expressão “o cliente tem sempre razão”, não é? Talvez o que poucos saibam é que ela foi criada por um empresário no início do século XX como um slogan, ou seja, uma frase de marketing, que serve simplesmente para atrair clientes.

Harry Gordon Selfridge foi o primeiro a promover as vendas de Natal com a frase “Faltam _____ dias de compras até o Natal”, um slogan que foi rapidamente apanhado por varejistas em outros mercados. A ele ou a Marshall Field é creditada a popularização da frase “O cliente tem sempre razão.” fonte: Wikipedia

Essa frase é uma estratégia de marketing, tanto quanto as próprias vendas de Natal. Então por que ainda existem pessoas que usam esse lema? Talvez no comércio isso possa fazer algum sentido, mas na área de serviços a coisa é bem diferente.

Quando cito “pessoas” não estou me referindo aos clientes, mas sim aos prestadores de serviço. São eles que fazem com que esse mantra continue firme e forte no mercado.

A lógica é muito simples, se um cliente contrata uma pessoa para fazer um serviço especializado, como a criação de um website, um sistema, uma ilustração, uma marca, é porque ela é um especialista naquilo.

Se o cliente precisa de um especialista é porque quer alguém que saiba o que está fazendo. Que entenda do assunto, muito mais do que ele. Certo?

Mas muitos profissionais não conseguem mostrar confiança o suficiente para apontar isso para o cliente. Acabam fazendo tudo que o cliente deseja e não o que realmente é o melhor para aquele serviço.

Isso acontece por diversos motivos. Precisar muito do trabalho e ter medo que o cliente não goste da sua postura de quem sabe o que faz, por exemplo. Ou por que o profissional é iniciante e ainda não tem confiança no próprio trabalho.

É nesse momento que o cliente passa o controlar tudo o que está sendo feito e pede dezenas de mudanças que não fazem o menor sentido para aquele serviço.

O problema disso é que o cliente acaba com um resultado que ele “acha o certo”, mas que na verdade não é o melhor. O profissional acaba com um projeto que não é grande coisa divulgado por aí.

Se o cliente quer escolher tudo que você vai fazer, ele não precisa de um especialista e sim de um operador, alguém que execute o que ele deseja.

“Eu até sei fazer isso, mas não tenho tempo, por isso contratei você!” — muitos clientes por aí

Precisamos de mais profissionais que acreditem no próprio trabalho e que batam o pé para executar o melhor para o briefing que foi recebido.

Precisamos de mais clientes que entendam que se contratam alguém para prestar um serviço é porque precisam de um especialista. E que é esse profissional que entende do seu trabalho.

Existem casos e casos, mas de modo geral a coisa deveria funcionar dessa maneira. Decisões tomadas no “achismo” e forçadas em cima de profissionais contratados só causam problemas e retrabalho para ambas as partes.

O próprio mercado precisa ser educado nesse sentido e são os profissionais que precisam “treinar” os clientes para que, quem sabe um dia, possamos chegar mais perto de atingir essa utopia.

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Crônicas

Retrospectiva 2016

Um resumo pessoal do ano que passou

Olhar para trás é sempre positivo. Nos ajuda a entender o que deu certo e o que deu errado em nossas vidas. É por isso que eu gosto de parar para fazer uma retrospectiva pessoal no final de cada ano.

Ah, 2016! Um ano que muitos falam que foi horrível, que só aconteceu coisa ruim e que só querem que acabe logo.

Não dá pra negar que muita coisa ruim aconteceu de um modo geral nesse ano que está acabando. Até me sinto mal dizendo que para mim foi um ano positivo.

Um ano de reconstrução pessoal. Um ano em que as coisas começaram a encaixar em seus devidos lugares. Um ano de autoconhecimento, mais uma vez, e com algumas dificuldades, mas nada comparado a tudo que aconteceu comigo em 2015.

Como tudo é uma questão de contexto, posso dizer que depois de 2015 vai ser difícil falar que um ano realmente me ensinou tanto através de acontecimentos não tão bons assim. Mas também aprendi muito com 2016.

Portanto, 2016 foi um bom ano sim… pelo menos para mim.

No trabalho consegui me estabilizar após o lançamento de dois produtos nos quais eu tive uma grande participação no desenvolvimento. O Diligeiro, lançado ainda na primeira metade do ano, e o SEUPROCESSO, lançado neste final de ano.

Com o primeiro eu aprendi muito no desenvolvimento de API Rest com Python, aprendi como trabalhar com GIS (Geolocalização) e também acabei me aventurando no desenvolvimento de webapp utilizando o AngularJS. Todos os três eram novidades para mim naquele momento, mas hoje, graças à essa experiência, eu posso dizer que consigo ter domínio em cada um deles.

Já com o SEUPROCESSO a coisa foi diferente. Trabalhamos em um ritmo muito intenso para transformar um sistema que já funcionava em uma API Rest e um webapp em tempo recorde. Fortaleci ainda mais os meus conhecimentos com esses dois, mas não foi um processo onde tive tempo para “aprender” mais.

Falando sobre o que aprendi, escrevi publicações sobre o desenvolvimento de APIs e sobre GIS com Django.

Aos poucos fui deixando de lado os trabalhos extras, os famosos freelas, para achar um tempo para a vida pessoal voltar à cena. Para isso, foi preciso organizar as contas de vez. Tarefa que ainda está em andamento…

Tenho certeza de que não sou o único que ainda está tentando organizar a vida financeira, infelizmente nosso país vem sofrendo com esse momento complicado da economia e da política. Então, não vou ficar reclamando sobre essa parte…

Como sobrou um pouco mais de tempo sem os freelas, comecei a estudar um pouco sobre outras coisas legais para fazer na minha área. E, mais ou menos na metade do ano, resolvi começar um desafio pessoal: fazer um chatbot.

Durante o ano li muito a respeito dos chatbots e quis criar um completo como aprendizado. Essa tarefa está quase concluída e já tem uma publicação quase pronta com o diário de desenvolvimento desse desafio… Pode ser que ela acabe publicada ainda esse ano por aqui.

Para finalizar, que tal lembrar do que não deu certo também?

Em uma meta eu falhei miseravelmente em 2016. Encontrar algo relacionado à atividade física que me prendesse de vez, como já aconteceu no passado com a arte marcial. Experimentei diversos tipos de atividades, mas infelizmente ainda não encontrei uma que tenha me conquistado pra valer.

Tenho a necessidade de melhorar minha saúde para que eu ainda possa escrever muitas retrospectivas no futuro. E sei que exercício físico é vital para isso. Portanto não vou desistir ainda.

Resumindo, 2016 foi ano de trabalhar muito e de ajustar a vida para que 2017 venha trazer os frutos desse trabalho e desse esforço para aparar as arestas.

Que venha o ano novo, estou pronto para você!

Publicado originalmente no Medium.

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Empreendedorismo

Receber investimento faz de uma startup um sucesso?

As estranhezas da cultura startup

Faz um tempo que me interesso por startups. Gosto muito de acompanhar a evolução de empresas de tecnologia que estão dando os primeiros passos de uma longa jornada.

Misturando as definições de Steve Blank e Eric Ries:

Uma startup é um grupo de pessoas buscando um modelo de negócio repetível e escalável em um cenário de incertezas.

Dentro desse contexto, uma empresa como Uber não pode mais ser considerada startup há um bom tempo. Em alguns lugares do mundo ela opera em cenário de incerteza, mas seu modelo de negócio já se provou ser escalável, e muito! Mas mesmo assim continua a participar de rodadas de investimentos para manter sua expansão mundial.

E isso não acontece somente com startups, várias empresas precisam de investimento para expansão, sendo empréstimos com bancos ou abertura de capital.

A questão é que as pessoas do meio, da tal cultura startup, parecem cada vez mais idolatrar empresas que conseguem um investidor. Aquela nova startup que conseguiu R$ 1 milhão em uma rodada de investimento é a queridinha dos empreendedores.

Copiando e traduzindo uma citação de um texto que li um tempo atrás:

“Por que todos te parabenizam quando você levanta $1 milhão, mas não quando você ganha $1 milhão?”

Um investimento é importante sim, com ele você consegue fazer sua ideia sair do papel e ganhar vida. Com ele você consegue testar o mercado pra valer, para ver se a sua ideia realmente tem valor no mundo real. Mas e depois?

Bem, depois é hora de começar a faturar. Não adianta ficar achando que investidores irão simplesmente continuar a dar dinheiro para uma empresa que não fatura.

Afinal, um investidor só coloca seu dinheiro em algo para que ele renda mais no futuro, afinal, esse é o sentido da palavra investir. Ou seja, ele investe R$ 1 milhão para tirar R$ 5 milhões no futuro.

Você pode fazer aquele seu aplicativo ficar cada vez com mais funcionalidades, cada vez com uma aparência melhor, cada vez com a operação mais bem estruturada… mas você precisa provar se as pessoas vão mesmo pagar para usá-lo!

O objetivo de uma startup é que ela deixe de ser uma startup. Não em termos de cultura da empresa, mas no contexto dos “especialistas” que citei no começo desse texto.

Para que ela deixe de ser um grupo de pessoas trabalhando em um cenário de incertezas, ela precisa que seu modelo de negócios seja validado. Não validado com uma pesquisa de mercado, mas sim com os clientes querendo pagar para usar o que você criou.

Não depender mais de investimentos. Viver por conta própria. Essa sim é a verdadeira startup de sucesso.

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Crônicas

A síndrome L’Oréal

“Porque eu mereço”

Quantas vezes você quis atingir algo, como guardar dinheiro ou emagrecer, e acabou desistindo no meio do caminho?

Comigo acontece o tempo todo. E sei que não sou o único.

Conversando com alguns colegas depois do almoço em um dia qualquer, surgiu este assunto. Logo após comermos, um deles chamou a todos para tomar um milkshake.

Alguns aceitaram na hora e outros pensaram um pouco antes de responder. A questão era simples: uns achavam que não podiam gastar com a iguaria e outros que as calorias iriam atrapalhar a nova dieta que acabaram de começar.

Mas todos resolveram aceitar, incluindo eu, que me encaixava nas duas condições, falta de dinheiro e excesso de calorias.

O pensamento da maioria foi:

Ah… tudo bem. Trabalhamos tanto, não é? Eu mereço esse mimo.

E é isso que eu chamo de Síndrome L’Oréal.

Toda vez que estamos engajados para atingir algum objetivo complicado, principalmente coisas como emagrecer e guardar dinheiro, criamos regras para chegar lá. “Vou comer apenas salada!”, “Não vou mais gastar em roupas!”, “Vou pra academia todo dia!”.

O problema é que encontramos maneiras de burlar nossas próprias regras com as desculpas mais estapafúrdias possíveis.

“Fui na academia e trabalhei o dia todo… posso pedir aquela pizza hoje à noite! Afinal, eu mereço!”

Bem, talvez eu mereça sim, mas eu não preciso! E se quero atingir aquele objetivo, vou ter que lembrar disso o tempo todo.

A desculpa do “eu mereço” não é a única, mas é uma das principais. Para citar algumas outras, que tal a “Já saí da dieta ontem mesmo, vou comer a vontade hoje!” ou “Fiquei doente, acho melhor não me exercitar essa semana…”?

Um dos colegas da história que contei no começo desse texto tem uma maneira pra lidar com isso, ele falou a seguinte frase:

“Querer o milkshake, eu quero! Mas não me convém.”

Ele estava falando por causa da falta de grana, mas vale para qualquer situação.

Essa técnica do “não me convém” pode ser uma boa maneira de não cair nas garras do “eu mereço”.

Mas o que realmente vai fazer qualquer um escapar desse problema é a força de vontade e o foco na hora de atingir os objetivos, não tem outro jeito.

Eu estou sempre tentando chegar lá, fugindo ao máximo da Síndrome L’Oréal para atingir meus objetivos, mesmo sabendo que não é uma tarefa fácil.

Porque só assim vou poder dizer:

“Cheguei aqui porque eu mereço!”

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Empreendedorismo

O dia em que percebi que não precisava usar roupa social no trabalho

A importância de mostrar a cultura dentro da empresa para seus novos colaboradores

Lembro claramente da minha entrevista de emprego em determinada empresa. Eu tinha me candidatado à vaga, feito algumas entrevistas e um belo dia recebi a ligação do RH querendo marcar uma hora para eu falar com a gerente. Era a entrevista final.

O problema é que tinha que ser naquela mesma tarde, eu estava na rua, nem um pouco pronto para uma entrevista. Usava tênis Allstar, jeans e uma camiseta preta velha. Vale ressaltar que naquele tempo eu só atendia a entrevistas com, pelo menos, uma camisa social, pagando de sério.

Resolvi ir de qualquer maneira, afinal o não tinha muita opção. O mês estava acabando e a janela de contratação da empresa iria fechar em alguns dias. Era preciso fazer a entrevista e lidar com todos os documentos a tempo.

Deu tudo certo e fui contratado. Independente da roupa que estava usando.

No dia da entrevista eu não pude deixar de notar que todos os funcionários que encontrei no caminho para a sala da gerente usavam roupas sociais. Aparentava ser uma regra de vestimenta da empresa, ou pelo menos do meu setor. Um Dress Code.

No primeiro dia, me vesti “adequadamente” e me apresentei ao trabalho. Camisa, calça e sapato social. E segui dessa maneira pelos próximos dias, até a primeira sexta-feira.

Neste dia eu era o único de roupa social, pois todos os outros funcionários vestiam camisa polo, jeans e sapatênis… Aparentemente, às sextas-feiras, o meu setor tinha um modelo de Casual Friday.

Aparentemente. Uma palavra que utilizei bastante até agora, não é?

A verdade é que não havia regra. Em nenhum momento chegou ao meu conhecimento a informação de que existia um Dress Code na empresa ou até mesmo no setor. Como uma boiada, todos seguiam na direção do que, aparentemente, era uma regra definida, mas ninguém sequer tentou verificar se essa regra existia mesmo.

A sistema de boiada era tão intenso, que até o Casual Friday acabou virando a Polo-sapatênis Friday. Até nesse dia, que deveria ser mais livre, todos seguiam o mesmo estilo de vestimenta rigorosamente.

É claro que existe um motivo para tudo isso. Essa era uma grande empresa, com nível multinacional e com diversos cargos altos e setores comerciais que provavelmente exigiam essa formalidade. Então era muito mais seguro para todos os outros funcionários que seguissem a mesma regra, talvez por medo ou qualquer outro motivo. Mas eu não via relação disso tudo com o setor em que trabalhava…

Então, na segunda ou terceira semana de trabalho, eu enchi o saco de usar social e resolvi tentar uma coisa diferente. Fui trabalhar vestido casualmente, com meu tênis, jeans e camiseta, para ver o que aconteceria. Afinal de contas, eu estava assim no dia da minha entrevista e não houve problema nenhum com aquela gerente, que agora era minha superiora direta.

Imagine a minha surpresa quando ninguém pareceu sentir a diferença na minha vestimenta. Tudo ocorreu exatamente como sempre. Nenhum comentário, nenhuma olhada torta… E assim continuou sendo até o dia em que deixei a empresa.

Vale comentar que eu continuei sendo o único a me vestir casualmente no meu setor durante todo o tempo em que fiquei lá. Então não causei nenhuma mudança de cultura, disruptura, nem nada do tipo. Todos continuaram a seguir o Dress Code inexistente do setor.

Ah, depois de deixar a empresa eu precisei ir no setor de RH para assinar alguns documentos e descobri que existia um Dress Code sim. Não podia entrar na empresa usando bermudas. De qualquer forma, isso só foi me dito pelo segurança da recepção depois que eu já estava saindo do prédio… de bermudas.

Um problema com a vestimenta parece meio bobo para dar tanta atenção, mas serve como um exemplo de cultura dentro de uma empresa. E ela é algo que afeta diretamente todas as pessoas que trabalham no ambiente.

O que eu concluí de tudo isso é que é muito importante que a cultura seja muito bem ensinada (ou passada) para os novos colaboradores.

Como não existia nada que me mostrasse que eu tinha que usar um tipo de roupa para ir trabalhar eu resolvi me sentir livre para usar o que eu bem entendesse. Se não existem regras, cada um acaba criando suas próprias.

Quanto maior a empresa, mais difícil é para seus dirigentes manter uma cultura bem definida. Isso é compreensível. Em empresas pequenas, manter a cultura é muito mais fácil, mas nem sempre simples. Imagine em gigantes.

Nesse caso simples de vestimenta, por exemplo, um pequeno email de boas-vindas descrevendo algumas “boas práticas” no setor poderia ter resolvido o problema e eu não teria feito tanto caso com algo tão simples.

Publicado originalmente no Medium.

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Empreendedorismo

Como não empreender

Quando deixei o emprego para empreender… e deu bem errado

Era final de 2014. Já havia um tempo que eu estava confortável em um bom emprego. Apesar de ter adquirido algumas dívidas nos últimos meses e o salário não ser lá essas coisas, eu conseguia dar conta das necessidades do mês. Vivendo mês a mês.

Foi então que surgiu uma oportunidade de mudar de empresa. Era um trabalho “melhor”, para ganhar mais e em uma multinacional.

A saída da antiga empresa me rendeu uma boa grana. Com ela resolvi boa parte dos problemas financeiros que havia adquirido e ainda consegui guardar um pouco na poupança.

Era a famosa época das vacas gordas. Conseguia dar presentes caros e jantar em lugares chiques.

Eu tinha um salário bom e dinheiro guardado. O sonho da classe média.

Até aí tudo ótimo, não é? Na verdade não.

O novo trabalho era uma tortura para mim. Não tinha nada do que eu gostava na minha profissão. Além disso, era cheio de burocracias burras e desnecessárias que só faziam cair, e muito, a produtividade. O ambiente parecia tirado de um galpão de operações da CIA, ou qualquer agência norte-americana, daqueles filmes dos anos oitenta.

Foram apenas quatro meses até que eu não aguentasse mais. Pedi demissão.

Com dinheiro na poupança e sem as dívidas era a hora de fazer algo por mim.

Eu poderia ter conhecido um lugar diferente, visitado a família, comprado algo legal, ou qualquer outra coisa de consumo rápido. Depois era só voltar a procurar um emprego e seguir a vida. Mas eu decidi fazer algo diferente.

Já fazia um bom tempo que eu estava namorando a ideia de empreender. Ter meu próprio negócio, minha própria empresa.

Há algum tempo eu acompanhava os vídeos dos “gurus” do empreendedorismo da época e estava louco para experimentar aquela sensação de liberdade que eles tanto falavam e passavam a seus seguidores.

Antes mesmo de sair da empresa que citei lá no começo deste texto, eu já tinha começado a desenvolver um software on-line para pequenos negócios. Esse seria meu primeiro produto.

Tinha certeza de que era uma ótima ideia e que poderia ser vendido como SaaS (Software as a Service) por uma mensalidade pequena, que os micro e pequenos empresários pudessem pagar. Bastaria eu manter as melhorias contínuas no sistema e todo o pequeno negócio ia querer usar minha ferramenta.

Como uma criança inocente mostrando seu rabisco em giz de cera para a sua mãe, eu mostrei meu produto para pessoas próximas e só recebi feedbacks positivos. “A ideia é boa”, “vai dar certo”.

Ok. Eu tinha um produto e uma grana guardada. Era hora de começar a empreender.

Então corri atrás dos primeiros usuários para testar a ferramenta de forma gratuita. Até consegui um ou outro. Eles se cadastraram no meu software e eu comecei a ficar empolgado.

Nesse mesmo período eu encontrei pela primeira vez os meus concorrentes.

Sim, eu não conhecia meus concorrentes ainda. Errei feio, errei rude.

Comecei a ficar desanimado com a ideia e meu primeiro produto já estava caindo no esquecimento. Tanto dos seus primeiros usuários, que logaram apenas uma vez no sistema e nunca mais voltaram, como de mim mesmo, que não via mais esperança de que meu MVP pudesse ter algum futuro.

Meu produto não tinha nenhum diferencial atrativo para os clientes. Ele não fazia nada que os outros já não fizessem. E o que fazia de igual, fazia pior.

Nesse meio tempo o dinheiro começou a ficar escasso. A poupança estava secando…

Nesse momento resolvi mudar a “empresa” para uma prestadora de serviços. Era hora de tentar vender minhas habilidades de desenvolvimento de sites e sistemas personalizados para os micro e pequenos negócios.

Meu novo plano parecia perfeito, vendia um site ou um sistema por um valor que o pequeno empreendedor pudesse pagar e cobrava uma mensalidade, também barata, para manter o serviço hospedado e funcionando.

Na verdade eu era um freelancer, mas a ideia ser um empreendedor fazia tudo parecer mais importante do que realmente era.

Apenas uma questão de aparência.

Eu continuava indo nas reuniões e eventos com meu terno surrado e sapato velho, para me sentir um empresário. Talvez se tivesse apenas admitido que era um freelancer, as coisas teriam sido muito mais fáceis.

Graças ao network que vinha construindo há um tempo, consegui fazer alguns contatos e cheguei a fazer um sistema e alguns sites.

Depois de um tempo focado em vender essa nova ideia “genial” de serviços por mensalidade, as coisas não chegaram nem perto de melhorar na minha vida financeira. As dívidas continuavam aumentando.

A matemática era muito simples: eu não sabia vender e muito menos precificar o meu trabalho do jeito certo.

Eu vendia um serviço que valia muito, mas cobrava pouco pelo mesmo, com medo de que os clientes não quisessem me contratar.

Para piorar, alguns clientes começaram a dar calote. Não importa se você tem um contrato com algumas pessoas, elas simplesmente não vão pagá-lo.

Nessa época eu comecei a ficar depressivo.

Eu passava todos os dias em casa, com pouco trabalho a fazer. Minha esperança de melhorar a vida estava se esvaindo cada vez mais. Eu só queria deitar na minha cama a tarde toda e dormir para esquecer o buraco em que eu tinha me colocado.

Então… a fonte secou de vez. Minha poupança estava vazia. Zerada.

Para comprar comida e pagar as contas de água e luz e o aluguel, comecei a usar todo o crédito que podia no banco. Até o dia em que essa fonte também secou. O banco agora queria que eu começasse a devolver tudo. Com juros, é claro… muitos juros.

Finalmente, muito mais tarde do que deveria, eu me dei conta de que a situação tinha atingido um nível que eu jamais imaginei que pudesse atingir.

“Eu falhei. Cheguei ao fundo do poço.”

Esse era o único pensamento que passava pela minha cabeça. A derrota estava completa.

Foi então que, com ajuda e conselhos de amigos, resolvi tomar uma atitude. Assumir as falhas cometidas, perceber que não tinha mais condições de continuar naquela jornada e procurar um trabalho com salário fixo. Era a solução mais rápida que poderia me ajudar a tapar os buracos financeiros aos quais eu havia me enfiado.

Era hora de encerrar a minha primeira jornada de empreendedor. Talvez não para sempre, mas até uma nova oportunidade. E quando ela vier, estarei mais pronto e com muito mais experiência.

Foram muitos os erros cometidos em menos de um ano após começar a empreender. Uma sequência de falhas. Uma mistura de despreparo com falta de planejamento e excesso de confiança.

Apesar de ter passado por uma fase terrível da minha vida, hoje eu percebo o quanto tudo o que aconteceu foi importante para mim. O quanto consegui aprender com esses erros e, principalmente, o quanto isso foi importante para que eu me conhecesse melhor como pessoa e como profissional.

“É bom celebrar o sucesso, mas é mais importante prestar atenção nas lições do fracasso.”

Onde foi que eu errei? Para tentar resumir toda essa história em algo produtivo, resolvi listar quais foram os erros que pude identificar nessa curta jornada de empreendedor.

Então, para encerrar, vamos para o jogo dos sete erros.

1. Excesso de autoconfiança, despreparo e falta de planejamento. Um desconhecimento total do mercado e dos concorrentes que atuavam nele.

2. Se apaixonar por uma ideia sem pensar no que ela traria de diferente para suprir a “dor” do cliente. A paixão cega.

3. Acreditar que poderia ter um negócio que atingiria o breakeven point em apenas alguns meses. Onde as contas da empresa (e minhas) seriam pagas pelo próprio faturamento da empresa.

4. Não fazer uma conta simples: por quanto tempo consigo sobreviver com esse dinheiro que tenho guardado?

5. Sentir-se derrotado, desanimar e não persistir logo nos primeiros nãos. Uma falha grave para qualquer um que está começando qualquer coisa.

6. Ser orgulhoso demais para entender que falhou. Se você não admite o erro, como pode tomar uma atitude para consertá-lo?

7. Seguir gurus da internet. Alguns podem ajudar muito, mas a maioria tem conteúdo muito superficial e de autoajuda, algo que não vai auxiliar em nada quando você estiver precisando de conselhos mais “práticos”.

Esses itens são apenas alguns dos centenas de aprendizados que tive durante esse curto espaço de tempo. Mas resumem bem o que não fazer quando se quer empreender.

Apesar de aprendermos muito mais com nossos próprios erros do que com os erros dos outros, acredito que essa minha experiência possa servir para que outras pessoas entendam um pouco mais sobre essa perigosa aventura chamada empreendedorismo.

Publicado originalmente no Medium.

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Tecnologia

Como aprender novas tecnologias

Na área de desenvolvimento de software sempre somos bombardeados por notícias de novas tecnologias que estão dominando o mercado. E que, para ficar na “crista da onda” (e ser bem pago), é preciso trabalhar com essa ou aquela nova tecnologia.

Essa é a hora que o desespero bate e você pensa:

“Tenho que aprender esse novo framework senão vou ficar para trás!”

Tenho certeza que isso já aconteceu com muitos programadores por aí.

Aí é só aprender que ficará tudo bem, certo? Mas não é tão simples assim.

Para aprender uma coisa pra valer não basta seguir aquele tutorial maneiro do blog do especialista. Envolve muito mais do que isso.

Aprendendo Python

Em 2012 eu fiz minhas primeiras tentativas de aprender Python e Django, porque eu achava que o PHP não me daria futuro. Leia-se grana.

Em 2012 eu achava que Python me deixaria assim… Doce ilusão.

Objetivo bobo para aprender algo, na verdade. Em 2010 eu tinha tentado a mesma coisa com Java… Não rolou.

Eu fiz uns projetos pessoais como um portfólio e um controle financeiro seguindo alguns tutoriais e a documentação do Django, mas somente a caráter de teste. Não cheguei nem a arranhar a superfície do que o Python ou o Django poderiam me proporcionar como soluções.

Não existia um problema real ao qual eu precisava do Python para resolver.

Eu continuava conseguindo trabalhos somente com PHP, por causa da minha experiência profissional. Com isso acabei não aprendendo nada relacionado a Python na época.

Como não gostar de Python, não é?

Depois de um bom tempo, eu continuava com PHP nas empresas em que trabalhava, mas não queria desistir do Python porque tinha gostado de programar na linguagem.

Aí o objetivo era outro. Aprender porque eu gostava. Mas como?

Foi então que resolvi fazer alguns projetos freelance com o Flask, outro framework em Python. A partir daí comecei a entender e a dominar um pouco mais essa linguagem.

Foi uma tática muito mais inteligente.

Depois de um tempo fazendo esses freelances, acabei conseguindo um emprego para desenvolvedor em Python e hoje trabalho diariamente com ele.

Não-aprendendo AngularJS

Outra experiência parecida foi com o desenvolvimento de frontend.

Durante um período em que fiquei desempregado, comecei a procurar vagas e percebi que existia muita procura por desenvolvedor frontend. Como sempre tive conhecimento sólido com HTML/CSS e JavaScript (e jQuery), pensei que poderia conseguir alguma coisa.

O problema é que a maioria das vagas exigia conhecimentos em AngularJS ou outro framework JavaScript. Me candidatei para várias delas e apesar de chegar à fase final de quase todas, não consegui ser contratado.

Eu tenho certeza que, mesmo tendo bom domínio de HTML/CSS/Javascript, não fui contratado porque não tinha familiaridade com nenhum dos (na época novos) frameworks de frontend.

Durante esse tempo eu fiz alguns tutoriais de AngularJS para tentar melhorar essa deficiência e até para fazer testes para algumas das vagas de emprego. Mas confesso que tudo me parecia meio confuso… No final não aprendi nada. Nem sequer entendi a base do framework.

Acabei por desistir na época.

Um tempo depois, precisei utilizar AngularJS em um projeto. Foi um tempo pesquisando para acabar entendendo e aprendendo. Hoje tenho um projeto em produção usando essa tecnologia.

Graças a necessidade.

Aprendendo com a necessidade

A verdade é que cada um tem seu jeito de fixar conhecimento. Não estou aqui para impor regras a algo tão subjetivo como a forma de aprendizagem de cada um.

Quero compartilhar a minha forma de aprender: E ela chama-se necessidade.

Eu só consigo aprender algo para valer se realmente usá-lo em algum projeto. Um projeto real.

Pode ser pessoal ou comercial, mas que seja algo que eu queira ou precise mesmo fazer.

Para que eu consiga entender e fixar é preciso existir a necessidade de resolver um problema com aquela tecnologia.

Foi assim com o Python, quando comecei a focar em projetos freelance com a linguagem, passei a aprendê-la de verdade.

Resumindo: se não existir um problema real para resolver, dificilmente se chega tão fundo a ponto de conhecer as verdadeiras funcionalidades e qualidades de certa tecnologia.

Quer aprender uma nova tecnologia?

Procure a tecnologia que dê a solução para um problema que você tenha que resolver, ela será a melhor e a mais fácil para você aprender.

Fica a dica.

Publicado originalmente no Medium.

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Crônicas

Brevidade da vida

Uma verdade que nem sempre aceitamos

Um tempo atrás eu tive um sonho que virou pesadelo quando, do nada, uma pessoa com quem eu interagia sofreu um acidente e morreu.

Acordei em choque. E passei boa parte daquele dia com essa sensação ruim.

Depois de um tempo mastigando o sonho/pesadelo eu entendi que o choque era causado pelo entendimento de algo que poucos queremos aceitar: a brevidade da vida.

Ontem a noite, ao chegar em casa, liguei a televisão e estava passando o documentário Senna, de Asif Kapadia. Assistindo, lembrei da primeira vez na vida que tive essa sensação. Eu tinha dez anos quando Senna sofreu seu acidente fatal e me lembro de ter ficado em choque.

Hoje acordei com a notícia da tragédia que aconteceu com o time da Chapecoense.

Um time do meu estado. Um time do meu esporte favorito. Um time que vi jogando o Campeonato Catarinense quando era novo e agora estava à caminho de sua primeira final internacional.

Novamente a brevidade da vida bate à minha porta. Fiquei mais uma vez em choque.

Não importa quantas vezes essa verdade for jogada na minha cara, vou continuar em choque.

Seja por atletas no auge de uma carreira ou por um conhecido da minha idade que acabou de ter um filho. Vou ficar em choque com a morte inesperada, sem aviso.

Não importa o quanto achamos que estamos no controle, o quanto necessitamos da sensação de que temos as rédeas da nossa vida. A qualquer momento ela pode se acabar. Sem aviso prévio.

Uma tragédia. Algo difícil de acreditar e de aceitar, mas algo possível de acontecer com qualquer um.