em Ilustrações, Quadrinhos

Materiais para Arte Final

Edit (04/01/2012): Leia o novo post sobre Materiais de desenho, arte-final e pintura!

Quando comecei a desenhar, com nove anos de idade e copiando as revistas informativas que traziam imagens dos Cavaleiros do Zodíaco e Zillion, eu usava papel vegetal (transparente) e copiava por cima dos desenhos com um lápis qualquer.

Logo depois abandonei o papel vegetal (acabou o estoque) e parti pra cópias “de olho”. O próximo passo foi desenhar sem copiar… só sabia fazer perfil no estilo Zillion.

Well, depois de um tempo comecei a entender melhor e perceber que as revistas não eram feitas a lápis e pronto. Então resolvi começar a desenhar usando caneta… bic! E como o bom autodidata que aprende fazendo besteira atrás de besteira (como eu queria ter tido oportunidade de fazer um curso) eu cheguei a desenhar algumas hqs, incluindo uma de 113 páginas, direto na caneta bic, sem nem sequer fazer um rascunho antes.

Assim foi até começar a perceber e entender como funcionava a arte final. Comprando algumas revistas resolvi procurar alguns materiais. E abaixo listo os materiais que testei durante os últimos 15 anos de trapalhadas e acertos nas produções independentes de hqs.

Caneta Nanquim Descartável

Caneta Nanquim Descartável

Caneta nanquim descartável

Minha primeira experiência (vou desconsiderar a bic, se me permite) foi a caneta nanquim descartável.

Na época era uma opção barata e muito boa para iniciantes. Utilizei-a por algum tempo, mas sempre tive um traço a lápis (pior ainda quando tinha uma lapiseira) muito forte que marcava a folha, então quando precisava apagar com a borracha as linhas do rascunho eu precisava fazer com força e acabava desbotando o traço da arte final.

Isso não foi grande problema na época, pois não distribuia e não mostrava minhas hqs pra quase ninguém. Era um artista solitário…

Essas canetas são muito práticas e podem ser encontradas com diversas espessuras de pontas. Muito bom para a variação no traço que uma boa arte final precisa ter.

Bico de pena e nanquim

Continuando a comprar revistas informativas que traziam fotos de desenhistas americanos e japoneses utilizando bico de pena e nanquim, parti para essa experiência.

Bico de Pena

Bico de Pena

Primeira constatação: “ô, coisinha que faz sujeira!“.

Segunda constatação: “Sim, o nanquim brasileiro é uma porcaria, assim como as revistas falavam…

Acabei tendo o mesmo problema de desbotar o traço após apagar o lápis por baixo com o nanquim, afinal o nanquim nacional era ruim demais e eu não tinha dinheiro para comprar material importado. Posso falar o mesmo dos bicos de pena.

Mas não desisti, passei desenhando (e destruindo páginas de hq inteiras com uma escorregadela no último quadrinho) com essas ferramentas por alguns anos.

Pode parecer complicado no começo, mas garanto que o resultado, depois de algum tempo de prática, ajuda muito na coordenação motora e na firmeza da mão do desenhista.

O controle de espessura e fluidez do traço são excepcionais se você se dedica ao treino.

Nesta mesma época utilizava pincéis para as partes de grande preenchimento do preto com o nanquim. Bico de pena e pincéis precisam de cuidado, pois a higienização de ambos é importante para manter a qualidade do traço.

Caneta Nanquim Recarregável

Caneta Nanquim Recarregável

Caneta nanquim recarregável

A próxima experiência, que aconteceu durante os anos em que utilizei o bico de pena, foi a utilização das canetas nanquim recarregáveis.

Essas eram bem mais caras que as descartáveis, porém duravam muito mais tempo.

O trabalho que dava para limpar era muito grande, bem maior do que o necessário para tratar com um bico de pena, que já não é tão simples.

Você precisa retirar os recipientes onde o nanquim é carregado na caneta e lavar por dentro, porque se não fizer direitinho uma crosta de nanquim seco se formará, atrapalhando o fluxo de tinta para a ponta da caneta.

Uma boa vantagem é que facilmente se encontrava variações da espessura da ponta, pois é um material muito utilizado na área de arquitetura. Eu comprei uma 0.1 e uma 0.3 na época, e me servia muito ter as duas opções.

Caneta Stabilo preta

Caneta Stabilo Point Fine 0.4

Caneta Stabilo Point Fine 0.4

Este tipo de caneta me acompanhou durante toda a minha experiência com arte final, nos intervalos de uso de todos os materiais acima listados era essa belezinha baratinha que supria minhas necessidades artísticas. O motivo disso é a facilidade e qualidade que encontrei nesse simples material.

A Stabilo Point Fine não é nanquim e não se encontra variações de espessura da ponta aqui no país, porém ela combinou com meu estilo de arte final, pois tem fácil controle de fluxo através da pressão e não desbotava nem com meu traço grosseiro por baixo!

Depois de experimentar os materiais acima eu acabei ficando com essa opção até os dias de hoje. Mas ainda sonho em ter a chance de voltar a trabalhar com o bico de pena, pois de todos foi a experiência que mais gostei.

Dica: Para traços mais finos guardo as canetas já gastas, pois liberam bem menos tinta e me permitem um traço mais preciso e sutil, ótimo para hachuras.

Arte Final Digital com tablet

Até hoje nunca experimentei a arte final digital, pois não tive oportunidade de comprar uma tablet. Mas ainda sou um fã da arte à moda antiga, gosto de ver o desenho pronto na minha mão, antes mesmo de scanear.

Lógico que adicionar detalhes e melhorias no computador é inevitável para mim. 😉

Quem sabe um dia eu experiemente essa forma digital de arte final e exponha minha experiência novamente aqui.

Conclusão

Muitas pessoas acham que existe uma fórmula para desenhar quadrinhos, mas eu tenho a opinião de que existem apenas opções e que todas devem ser experimentadas pelo artista para que este possa escolher a que mais lhe deixa confortável e combina com seu traço.

Sempre devemos manter os olhos abertos e observar ao nosso redor, assim não perdemos a chance de encontrar algo melhor, mas não o que alguem diz ser melhor, e sim o que é melhor para nós mesmos.

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Comentário

18 Comentários

  1. Gostei da matéria, realmente é um problema pra nós, que somos apenas amantes das artes de desenho a mão encontrar um jeito de se fazer a arte final. Estou começando a fazer Design Gráfico e começei ao mesmo tempo a treinar pena e nanquim vamos ver como vai ser.

  2. Também gostei da máteria,e sim, nanquim nacional é um horror, foi principalmente por ele que desisti da bico de pena.
    A arte-final no pc vai ser cada vez mais comum, bem como a própria construção básica nele. Com esses tablets pc’s, que dá pra desenhar direto na tela, a funcionalidade desse sistema melhora horrores a qualidade das pags,e a produção fica mais rápida.
    eu mesma pretendo adiquirir um tablet pc esse fim de ano asuhasuashu falta achar akguém que compre minha bamboo agora XD

  3. uma vez eu comprei um caneta nanquim descartável, era horrível fazer detalhes ou desenhos menores com ela :p, meu amigo pedia imprestado e eu ficava de boca aberta vendo ele fazer detalhes bem melhor do que eu que era dono da caneta xD

    hoje trabalho só com lápis mas, quero comprar uma bico de pena =)

  4. Valeu cara, decidi voltar a ilustrar e essas dicas são valiosíssimas pra mim.

    Hje mesmo vou comprar nanquim descartável e a caneta stabilo e dar continuidade aos meus estudos!

  5. Marcus, lendo o que escreveu me fez lembrar o mesmo que fiz na minha juventude, há dezenas de anos atrás: comecei copiando desenhos de histórias em quadrinhos da época com lápis, e em papel vegetal. Depois com caneta tinteiro. Depois com nanquim. O bico-de-pena foi meu instrumento de trabalho durante boa partede minha vida. Na escola cheguei a desenhar em cartolina de 1m x 1,5 m para uma exposição. Passava dias riscando milhares de traças para desenhar alguns centimetros.Depois conseguir canetas de ponta porosa da Pilot, mas o mesmo problema que você teve eu tive: a gente apaga os traços de lápis e a tinta vai junto ! Mesmo hoje, desenho a mão,escaneio-o no Photoshop (onde faços retoques) e depois passo para o Illustrator, onde sombreio-o. Também não sou adepto do “tablet”. Comprei um há quatro anos e até hoje não consegui manejá-lo. No mais, gostei muito da sua matéria. Boa sorte e parabéns …

    • Muito obrigado pelo comentário, ken.

      Hoje descobri as canetas PITT da Faber Castel, são de muito boa qualidade e tem uma boa tinta. Além disso, existem pontas-pincel e tamanhos superfinos, finos e médios. São ótimos! =)

  6. Simplesmente perfeito, eu tambem sou autodidata, aprendi a desenhar e pintar na base da força de vontade, gosto de desenhar tanto com lápis (somente grafite), quanto com caneta, só que ainda uso caneta esferografica, e devo admitir que da muito trabalho, principalmente se tratando de hq’s. curti muito as sugestões, vou procurar o mais rapido a stabilo, porque estou parado no tempo com a esferografica, até o escaneamento fica prejudicado, e mesmo com photoshop não fica tão bom.

    • @L Cassimiro
      Obrigado pelo comentário! A caneta esferográfica realmente não é a melhor opção. A Stabilo é uma saída boa e barata, mas hoje em dia eu tenho utilizado nanquim e pincel. É muito gostoso de arte-finalizar com essas ferramentas. Pra quem prefere usar caneta, eu aconselho as da linha Pitt Artist Pen da Faber Castell. São ótimas!

  7. Cara, eu acabei de adquirir uma g-pen, qual o modo que você aconselha para limpar o bico de pena? e Bela matéria.

    • @Alex
      Obrigado pelo comentário. Sobre a limpeza de bico de pena, eu costumo utilizar um pedaço de papel toalha ou papel higiênico, e caso esteja com muito nanquim seco, costumo molhar um pouco a ponta do papel antes de limpá-lo.

  8. Muito bom cara!!! Meu sonho é viver do meu sonho. Com o meu mangá. Desde que me conheço por gente estou na luta para realizar esse sonho. Espero um dia tá contanto minha história assim também

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  • Materiais de desenho, arte-final e pintura | Beck Blog janeiro 24, 2020

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