em Empreendedorismo

As estranhezas da cultura startup

Faz um tempo que me interesso por startups. Gosto muito de acompanhar a evolução de empresas de tecnologia que estão dando os primeiros passos de uma longa jornada.

Misturando as definições de Steve Blank e Eric Ries:

Uma startup é um grupo de pessoas buscando um modelo de negócio repetível e escalável em um cenário de incertezas.

Dentro desse contexto, uma empresa como Uber não pode mais ser considerada startup há um bom tempo. Em alguns lugares do mundo ela opera em cenário de incerteza, mas seu modelo de negócio já se provou ser escalável, e muito! Mas mesmo assim continua a participar de rodadas de investimentos para manter sua expansão mundial.

E isso não acontece somente com startups, várias empresas precisam de investimento para expansão, sendo empréstimos com bancos ou abertura de capital.

A questão é que as pessoas do meio, da tal cultura startup, parecem cada vez mais idolatrar empresas que conseguem um investidor. Aquela nova startup que conseguiu R$ 1 milhão em uma rodada de investimento é a queridinha dos empreendedores.

Copiando e traduzindo uma citação de um texto que li um tempo atrás:

“Por que todos te parabenizam quando você levanta $1 milhão, mas não quando você ganha $1 milhão?”

Um investimento é importante sim, com ele você consegue fazer sua ideia sair do papel e ganhar vida. Com ele você consegue testar o mercado pra valer, para ver se a sua ideia realmente tem valor no mundo real. Mas e depois?

Bem, depois é hora de começar a faturar. Não adianta ficar achando que investidores irão simplesmente continuar a dar dinheiro para uma empresa que não fatura.

Afinal, um investidor só coloca seu dinheiro em algo para que ele renda mais no futuro, afinal, esse é o sentido da palavra investir. Ou seja, ele investe R$ 1 milhão para tirar R$ 5 milhões no futuro.

Você pode fazer aquele seu aplicativo ficar cada vez com mais funcionalidades, cada vez com uma aparência melhor, cada vez com a operação mais bem estruturada… mas você precisa provar se as pessoas vão mesmo pagar para usá-lo!

O objetivo de uma startup é que ela deixe de ser uma startup. Não em termos de cultura da empresa, mas no contexto dos “especialistas” que citei no começo desse texto.

Para que ela deixe de ser um grupo de pessoas trabalhando em um cenário de incertezas, ela precisa que seu modelo de negócios seja validado. Não validado com uma pesquisa de mercado, mas sim com os clientes querendo pagar para usar o que você criou.

Não depender mais de investimentos. Viver por conta própria. Essa sim é a verdadeira startup de sucesso.

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