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5 dicas para fazer histórias curtas

Neste vídeo eu apresento cinco dicas para fazer histórias curtas.

Estou sempre falando a importância de começar a fazer quadrinhos através de histórias curtas, por isso fiz mais um vídeo abordando o assunto.

Criar histórias curtas não é fácil, mas se você tiver um foco e entender sobre estrutura de histórias pode fazer um ótimo trabalho!

Segue a transcrição completa do vídeo.

Transcrição do vídeo “5 dicas para fazer histórias curtas”:

Olá, aqui é o Marcus Beck.

No vídeo anterior eu falei sobre como estruturar uma história curta usando uma das minhas HQs como exemplo prático.

Para dar continuidade nesse assunto eu resolvi procurar algumas dicas para criação de histórias curtas.

E aqui estão algumas delas.

Dica número um: limite-se a um personagem principal.

Em uma HQ curta você não terá tanto espaço para desenvolver um grupo de personagens e talvez ainda menos para trabalhar nos coadjuvantes da sua história.

Então busque trabalhar com um protagonista com uma motivação clara.

Imagine uma história de 20 páginas, você não poderá gastar metade só apresentando personagens e suas características e motivações.

Por isso, limite sua história em um personagem principal.

Você irá precisar de coadjuvantes para auxiliar a história, mas não tente desenvolve-los demais.

Dica número dois: use os três atos.

Eu falei mais sobre os três atos no vídeo anterior, vou deixar o link na descrição aqui em baixo e nos cards aqui em cima.

Agora que você já limitou sua história a um personagem, vamos pensar em qual é o conflito ou situação que ele vai enfrentar.

Seguindo a mesma lógica da dica anterior, não tente colocar muitos conflitos em uma mesma história curta.

Escolha um conflito desse personagem e como ele irá fazer para supera-lo e trabalhe isso em sua HQ.

Assim que você tiver escolhido o conflito, você precisa pensar em como a situação irá se desenrolar para que o personagem resolva o conflito, de preferência mudando de alguma forma durante o processo, e como você vai fechar a história.

Relembrando os três atos…

Primeiro ato: apresente o personagem e o conflito.
Segundo ato: o personagem se desenvolve em torno do conflito e a história chega no clímax.
Terceiro ato: o clímax leva o conflito a ser resolvido.

Dica número três: escreva toda a história em uma tacada só.

O que quero dizer com isso é, uma história curta não deve ser muito complexa, deve ter uma ideia geral simples e você provavelmente já sabe como começa e como termina, pelo menos.

Então pegue um lápis ou vá para o computador e escreva tudo que vai acontecer na história de uma vez só.

Não escreva como um roteiro, simplesmente descreva a história toda.

Essa com certeza não será a versão final da sua história curta, mas é o momento onde você começa a fazer sua história acontecer.

No momento que você começa a escrever a história ela começa a tomar forma e fica mais fácil definir as cenas, os conflitos, você começa a “conhecer” o personagem.

Escreva o que vier na cabeça e verá que isso ajuda muito no desenrolar da história.

Depois disso, você começa a transforma-la em um roteiro de quadrinhos.

Dica número quatro: mantenha um caderno de ideias.

Não precisa ser um caderno físico, mas um lugar onde você mantem suas ideias.

Eu costumo guardar tudo em um software de documentos na nuvem, tipo o Evernote ou o Google Drive.

Quando eu tenho uma ideia eu vou direto lá e começo a escrever.

As vezes até esqueço que coloquei por lá…

Uns meses atrás eu encontrei no Evernote uma ideia que tinha escrito em 2015.

A história já estava toda escrita lá, só não tinha os diálogos bem definidos, mas dizia o que deveria ter em cada um.

Agora eu estou trabalhando nela para fazer mais uma HQ curta para publicar no meu Instagram.

Se eu não tivesse escrito em algum lugar essa ideia mais de três anos atrás, provavelmente eu nunca lembraria que algum dia eu tinha pensado nessa história.

Por isso eu deixo essa dica aqui, mantenha um caderno de ideias! Mesmo que a ideia lhe pareça boba agora, anote, porque você pode revisitá-la e usá-la no futuro.

A quinta e última dica: valide sua ideia!

Se você já leu meu ebook gratuito Como criar uma História em Quadrinhos, que tem o link para baixar aqui na descrição do vídeo, você já deve saber que essa dica não serve apenas para histórias curtas.

Apresente sua ideia para alguém.

Conte sua história, com suas palavras mesmo, e peça para a pessoa dar um feedback brutalmente honesto. Honesto de verdade!

Isso vai ser de grande ajuda para que você não perca tempo fazendo algo que as pessoas não querem ler.

Mas atenção, não é porque uma pessoa não gostou da ideia que você deve desistir.

Se o feedback for algo como “achei ruim”, “ah, não gostei”, não adianta de nada. É apenas uma opinião.

Tem que ser algo construtivo.

Tipo “não entendi porque o personagem fez isso” ou “não faz sentido isso ter acontecido”.

Com esse tipo de ajuda você pode melhorar sua história ou até reescrever de outra maneira.

Bom, essas são as dicas que tenho para hoje! Espero que você tenha gostado. E se gostou, clica aí no curtir!

Se achar que mais alguém pode gostar das dicas, compartilhe esse vídeo por WhatsApp ou Facebook!

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Muito obrigado por assistir e até a próxima!

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Como criar HQs Storytelling

Como estruturar sua história curta

“Como faço para começar a criar meus quadrinhos?” Comece com uma história curta.

Todo mundo me pergunta isso e me fala que está começando uma série… Só que eu já sei o que vai acontecer. Depois de alguns capítulos vai ter uma ideia melhor e aí perde o interesse na que está fazendo e quer começar outra.

Eu não precisava nem que as pessoas falassem isso pra mim, porque essa experiência eu tive muitas vezes na minha vida. Comecei um monte de séries e parava depois de alguns capítulos. Minhas ideias eram incríveis, de várias sagas com muitos personagens… mas nunca chegava lá.

Do que me serve ter um monte de quadrinhos inacabados… uma série longa com vários capítulos exige muito compromentimento e pode te causar mais frustração do que satisfação.

Por isso eu sempre falo para quem vem me falar que está começando a fazer quadrinhos. Foque em histórias curtas!

Mesmo que sejam histórias curtas com os personagens que você quer utilizar na sua série ou história mais longa. Pegue um recorte do que é este personagem e crie uma história de algumas páginas com ele.

Assim você acaba desenvolvendo seu personagem melhor antes de começar histórias mais longas com ele e de quebra ainda treina sua arte, seu roteiro, sua narrativa visual… além disso, ainda começa a mostrar seu trabalho para os futuros leitores da sua história mais longa.

Tudo bem, mas fazer histórias curtas é mais difícil do que longas. Eu sei! Porque queremos contar muitas coisas sobre os personagens ou eventos incríveis das nossas histórias… difícil mesmo é conseguir pegar apenas o que importa de verdade para a história funcionar.

Por isso eu postei um vídeo explicando como estruturar uma história curta, usando os três atos.

Transcrição do vídeo

Oi, aqui é o Marcus Beck!

Hoje vou mostrar como estruturar uma a história curta usando uma HQ minha como exemplo e no final do vídeo vou passar um exercício para praticar isso!

No vídeo da semana passada eu mostrei como usei a metodologia do ebook Como criar uma HQ para fazer a história em quadrinhos do Cão de Rua (essa daqui).

Se você ainda não baixou o ebook gratuito, veja o link na descrição do vídeo.

Bem, no vídeo anterior eu perguntei se vocês gostariam que eu falasse sobre como estruturei a história nas 31 páginas da HQ.

Como tive respostas positivas, aqui estou para falar de estrutura de histórias.

Ah, se você ainda não viu o vídeo que acabei de falar, o link está na descrição e também nos cards aqui em cima, nesse “izinho” aqui.

Vamos começar com a pergunta: o que é estrutura de história?

É a forma como você organiza os eventos que acontecerão na sua história. Por exemplo, o que vai acontecer no início, no meio e no fim da sua história.

Já falei sobre isso no vídeo “Um bom quadrinista é um bom storyteller“, onde eu explico por cima sobre algumas estruturas de história, como a Jornada do Herói, por exemplo.

Neste vídeo eu quero abordar esse assunto de forma mais prática, usando um exemplo real. No caso, a minha HQ do Cão de Rua.

Ela é uma história curta. Isso quer dizer que tem como objetivo contar uma história inteira em poucas páginas.

Esse é o primeiro ponto que devemos levar em conta na hora de estruturar a história. Não adianta eu querer fazer uma estrutura cheia de eventos se a história não vai ter espaço o suficiente para isso.

É preciso escolher bem as ideias que mais tem valor para que a história seja contada e descartar aquilo que não é tão importante.

Dividindo histórias em três atos

Boa parte das histórias é tradicionalmente dividida em três atos.

Mesmo que a história seja longa, uma série por exemplo, você consegue dividi-la em três atos. Como eu mostro nesse infográfico da Jornada do Herói.

Os três atos na jornada do Herói

Isso é a forma mais comum de dividir uma história curta.

No primeiro ato, você define a cena e apresenta seu público aos personagens, cenário e sementes do conflito.

No segundo ato, seus personagens crescem e mudam em resposta a conflitos e circunstâncias.

Eles começaram a tentar resolver o grande problema.

Normalmente, o conflito vai escalar para um clímax.

No terceiro ato, os personagens resolvem o grande problema e a história termina.

OS três atos na história curta de exemplo

Agora vamos ver como isso se encaixou no nosso caso de exemplo.

Nas primeiras quatorze páginas nós temos o primeiro ato.

O cãozinho é apresentado, o cenário e a situação atual em que ele se encontra são mostrados.

Neste mesmo ato ele se afasta de sua caixinha e sua família porque é curioso e vai atrás do pássaro.

Isso mostra algo sobre a personalidade dele. Essa parte também serve para preparar a transição para o segundo ato da história.

Se afastando dos outros cães ele assume um risco sem nem mesmo saber.

A partir da página quinze entramos no segundo ato, onde o cão precisa aprender a viver sozinho nas ruas e enfrenta as dificuldades que essa situação traz.

No meio do segundo ato, mais ou menos na página dezenove, chegamos à cena da perseguição e o ataque do outro cão de rua.

Essa é a cena que vai escalar a situação de rua dele, que começou a parecer controlada nas páginas anteriores, para o nível mais tenso. Isso leva a história ao seu clímax!

Na página 26 entramos no terceiro e último ato, onde o cão, agora ferido, é encontrado pela pessoa que vai “resolver a situação”, cuidando e em seguida adotando nosso protagonista.

Essa é uma história bem simples, sem muitas camadas e com personagens simplistas que são exatamente o que é mostrado deles.

Isso não quer dizer que toda história curta precisa ser simples assim. O importante é escolher a mensagem que você quer passar com a história que quer contar e garantir que ela seja clara ao final da história.

Eu não dividi a história dessa maneira de forma deliberada, eu simplesmente fui pensando no que eu queria contar e a acabou se desenrolando dessa forma.

Isso porque eu já estou acostumado a pensar em histórias com pelo menos os três atos.

Exercício

Um bom exercício pra praticar esse tipo de estrutura é pegar alguma das suas histórias curtas preferidas e tentar dividi-las em três atos. Assim você começar a compreender melhor como eles funcionam!

Tente identificar o primeiro ato, onde os personagens e o problema são apresentados. O segundo ato, onde eles mudam ou crescem de alguma forma. E o terceiro ato, onde o problema apresentado é resolvido de alguma forma.

Agora é sua vez! Faça o exercício e nos conte qual história e onde estão os três atos aí nos comentários.

E se ficou com alguma dúvida sobre esse tópico, deixa sua pergunta nos comentários também!

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Obrigado por assistir e até a próxima!

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Quadrinhos Storytelling

O que é Worldbuilding? Construindo um mundo do zero

Eu andei comentando sobre worldbuilding no meu último diário de criação de história em quadrinhos. Resolvi falar um pouco mais sobre o que é worldbuilding por aqui.

Vou começar esse assunto com a definição de worldbuilding segundo a Wikipedia em inglês (com minha tradução livre).

Worldbuilding é o processo de construção de um mundo imaginário, as vezes associado a todo um universo fictício.

Desenvolver um cenário imaginário com qualidades coerentes como história, geografia e ecologia é uma tarefa principal para muitos escritores de fantasia e ficção científica.

Worldbuilding costuma envolver a criação de mapas, história e população para o mundo construído.

A própria expressão em inglês worlbuilding já é bem autoexplicativa. World significa mundo e building construção. Ou seja, construção de mundo.

Como a própria Wikipédia sugere na citação que traduzi acima, o worldbuilding é muito comum para autores de ficção científica e fantasia, pois normalmente essas histórias não acontecem no mesmo mundo em que vivemos nosso dia-a-dia.

Eu citei essa questão no meu diário de criação de HQ.

Sempre escrevi e desenhei histórias que aconteciam no nosso mundo atual. Com exceção de um projeto chamado Zanecia em que eu criei todo um mundo de fantasia, com reinos, mitologia, história, população, etc. Um dia eu conto mais sobre esse meu projeto de 15 anos atrás que teve apenas uma HQ piloto.

Por isso tenho pouco experiência com worldbuilding e criar Magnos (meu atual projeto de história em quadrinhos) está me fazendo estudar muito sobre esse assunto.

Criando mundos

Existem diversas formas de criar um mundo novo para sua história. Pode ser um mundo completamente fictício com raças inventadas, com um sistema de magia próprio e etc, vide Senhor dos Anéis.

Como também pode ser um mundo futurista que também tem essas características, mas que tem como base a nossa própria história do passado, por exemplo Star Trek.

Eu admiro muito a construção do mundo de Fullmetal Alchemist, por exemplo. Esse estilo steampunk e com um sistema de magia único (uma alquimia meio mágica) são muito bem desenvolvidos. Mas o que mais me atrai é a abordagem do sistema político e social do país criado para o mangá.

Outro worlbuilding que eu gosto demais e que é extremamente detalhado e com um passado muito bem escrito é o de Game Of Thrones. Esse usa muito da própria história da Grã-Bretanha como referência, ou seja, eventos reais são inspirações para o autor criar os eventos fictícios do passado desse mundo construído.

Eu tenho tentado trabalhar de forma parecida na minha história em quadrinhos também. Usando um pouco de referência histórica do nosso país para tentar criar os eventos fictícios do mundo que estou construindo. Mas não é fácil.

Um dos mundos que mais admiro é da série de animação Avatar: The Last Airbender. É muito bom! Dá uma olhada no mapa detalhado do mundo de Avatar aí abaixo.

Métodos para criação do mundo

Ainda seguindo o artigo da Wikipédia, vamos ver dois métodos para criação de mundos que são descritos por lá.

Eles não são métodos únicos ou obrigatórios, mas podem dar uma ajuda para quem está começando.

Método “de cima para baixo” (top-down)

Neste método o autor começa criando uma visão abrangente do mundo, determinando características gerais como os habitantes, o nível de tecnologia, as características geográficas, o clima e a história.

A partir daí, é desenvolvido o resto do mundo aumentando o nível de detalhamento.

Um mundo construído a partir desse método costuma ser bem integrado. Mas pode exigir muito trabalho antes de você conseguir começar a sua história.

Método “de baixo para cima” (bottom-up)

Neste método o criador foca em uma pequena parte do mundo que será necessária para atingir seus objetivos. Uma quantidade considerável de detalhes é desenvolvida para essa pequena parte, como geografia local, cultura, estrutura social, governo, política, comércio e história.

Indivíduos importantes para esse local podem ser descritos, incluindo o relacionamento entre eles.

As áreas em volta são descritas com um nível menor de detalhe e podem ser melhores desenvolvidas a medida que a história vá avançando e possa envolver algum desses locais.

Esse método traz uma facilidade, porque o cenário pode ser usado quase que imediatamente para a história, não cabe tanto esforço para sua criação. Entretanto, pode acabar trazendo um mundo cheio de inconsistências.

Abaixo o mapa do território de Amestris, da série Fullmetal Alchemist, e que pode ser um bom exemplo de worlbuilding com o método bottom-up.

Combinando os dois

Combinando os dois métodos descritos o autor pode se beneficiar muito, ganhando a consistência do top-down com os detalhes do bottom-up.

Mas além de difícil de se fazer ainda pode trazer o dobro de trabalho para o mesmo.

Elementos a serem trabalhados no worldbuilding

Os melhores mundos fictícios possuem os seguintes elementos muito bem desenvolvidos.

Não são os únicos a serem detalhados, mas podem ser um início para quem quer começar a trabalhar no seu mundo inventado (como eu, por exemplo).

Trabalhar os detalhes em cada um deles já pode dar um direcionamento para o seu worldbuilding.

Geografia e história

Algo que me agrada muito na criação de mundos é a geografia do lugar.

Gosto de mapas e de imaginar como as divisões aconteceram. Isso envolve os dois items: geografia e história.

Na criação do mundo de Zanecia, que citei antes, a própria geografia se misturava com a mitologia do lugar. Um grande vale, que mais parecia um corte na terra visto no mapa, era creditado a uma batalha entre os seres mitológicos da cultura local.

As grandes cordilheiras que separavam o ocidente do oriente nesta mesma história também tinham uma ligação com a mesma batalha mitológica.

Desenhar mapas e localizar o que acontece em cada lugar é algo que faz parte do conceito de worldbuilding, principalmente em histórias de fantasia.

A história também é muito importante.

Como chegou até onde está, social e politicamente, o mundo que você criou?

Como o rei que domina a região, por exemplo, chegou até o poder? Ele vem de uma família de conquistadores ou de comerciantes que compraram o território de um outro reino que estava falido?

São muitas as possibilidades, mas criar uma história para seu mundo traz mais curiosidade para o leitor saber detalhes sobre esse lugar inventado.

Pessoalmente, a história é algo que me atrai muito nos mundos construídos pelos meus autores favoritos.

População e cultura

Alguém precisa habitar o seu mundo construído, não é mesmo? Então criar os habitantes ou a população é uma parte importante.

Você pode criar raças diferentes, com origens diferentes, culturas, etc. Mas o importante é que tenha uma coesão entre os viventes do seu mundo.

Por exemplo, se um povo viveu isolado durante muito tempo e depois foi dominado ou misturado com um outro povo, faz sentido que ambos tenham culturas divergentes e que um absorva um pouco da cultura do outro. Como acontece no mundo real.

Conflitos entre diferentes culturas também são importantes para dar credibilidade. Infelizmente é assim que nosso mundo funciona e esses conflitos vão ajudar o leitor a relacionar seu mundo inventado com algo que ele possa acreditar que existiria.

Como já citei anteriormente, podemos nos basear em eventos reais para chegar nesses conflitos ou nas organizações política-social desses povos.

Como por exemplo em Game of Thrones, onde os selvagens de depois-da-muralha são baseados em povos que existiram na Grã-Bretanha.

Os selvagens têm estruturas sociais semelhantes aos britânicos pré-romanos ou escoceses: as sociedades principais organizadas em tribos e clãs que não eram politicamente unificadas.

Fonte: History Behing Game Of Thrones

Dentro do quesito cultura também podemos inserir o contexto espiritual. Uma religião ou um conjunto de crenças dominantes em um povo específico.

Para ser ainda mais realista seria interessante que dentro da mesma religião houvesse mais de uma linha, como na vida real o cristianismo não segue somente através do catolicismo, mas também nas religiões protestantes.

O importante é que as pessoas que vivem no seu mundo sejam críveis, ou seja, que o seu leitor possa acreditar que aquele povo realmente pudesse existir de alguma forma.

População de vila da minha história Magnos.

Concluindo…

Esses são alguns dos pontos importantes sobre criação de mundos ou worldbuilding.

Espero ter conseguido explicar este conceito importante tanto nos quadrinhos como em qualquer outra mídia usada para contar histórias de fantasia ou ficção científica.

Se você gostou do assunto e quer que nos aprofundemos mais nesse assunto no futuro, deixei um comentário me avisando.

Se quiser dar uma olhada em como estou criando minha HQ chamada Magnos, leia os diários de criação de HQ: Diário 001, diário 002 e diário 003.

Até a próxima!

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Quadrinhos Storytelling

Por que estudar estrutura de histórias? Roteiro de quadrinhos.

Durante muitos anos eu criei minhas histórias em quadrinhos sem nenhum tipo de orientação. Não pensava muito na estrutura da história, em como seria o desenvolvimento dos personagens e como faria o roteiro se encaixar para ser mais interessante ao leitor.

Simplesmente criava a partir do que estava na minha cabeça e, graças à isso, acabei por cometer diversos erros de roteiro. Alguns deles eu falo no post 3 erros que cometi criando histórias em quadrinhos.

O que eu fazia era um roteiro colcha de retalhos com base nas histórias que eu gostava de ler e assistir. Isso é uma das primeiras formas que utilizamos para criar nossas histórias: a cópia.

Nessa fase você usa tudo que mais gosta nas histórias preferidas para montar a sua própria.

Acho importante passar por essa fase como autor. Suas referências sempre serão a base de suas criações. Mas existe um momento onde você quer levar suas HQs para o próximo nível!

Já falei algumas vezes, inclusive no meu ebook Como criar uma História em Quadrinhos, que HQ é uma das muitas formas de contar histórias.

Por isso, para criar a nova história em quadrinhos que venho trabalhando nos últimos tempos, eu investi um bom tempo para estudar estrutura de histórias antes de começar a escrever o roteiro. Passei a procurar muito por referências e conteúdo sobre esse assunto.

Nessa jornada de compreensão do que era necessário para criar boas histórias, eu percebi que entender como montar uma boa estrutura é essencial para evoluir como um story teller, ou seja, como um contador de história. O que nos leva automaticamente a evoluir como quadrinista.

Por isso é importante estudar como os grandes contadores de histórias estruturam seus trabalhos. Falo de roteiristas de cinema, de quadrinhos e autores de literatura.

Como eles fazem para estruturar suas histórias? Como pensam em cada motivação de cada personagem? Como criam o mundo de ficção onde seus personagens irão viver?

Existem algumas estruturas prontas muito utilizadas, como a famosa Jornada do Herói, entretanto abusar desse tipo de estrutura mais popular pode acabar caindo muito na mesmice ou talvez no clichê.

Não que isso seja um problema, afinal um clichê muito bem feito pode se tornar uma história muito boa!

Bem, para finalizar… A questão aqui é que você não deve fazer uma história apenas com aquilo que seja legal ou divertido para você ou copiando o que você acha de mais interessante nas histórias que você gosta.

É preciso pensar no leitor e no que você pode fazer para envolvê-lo e atiçar sua vontade de se manter no mundo de ficção que você está criando para ele.

Estruturar a história, o desenvolvimento do personagem, as motivações de tudo que está acontecendo… isso é algo obrigatório para qualquer contador de história.

Por isso fica a dica aqui é: pesquise sobre estrutura de histórias para melhorar seu roteiro de quadrinhos!

Quero postar mais conteúdo sobre esse assunto. O que acha disso? Deixe um comentário abaixo.

Até a próxima!

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Personagens Quadrinhos Storytelling

3 erros que cometi criando histórias em quadrinhos

Quero compartilhar com você os 3 erros que cometi criando histórias em quadrinhos. Não são os únicos, mas são alguns dos principais.

Uma das melhores maneiras de aprender é errando. Você tenta algo e descobre que aquilo não dá certo. Esse aprendizado vem com experiência, sendo ela sua ou de outra pessoa.

Esse texto vai servir para que você possa aprender com os meus erros. Então vamos lá.

1. Começar criando séries de histórias em quadrinhos

Nós somos fãs de séries famosas. Adoramos os personagens e suas muitas aventuras. Por isso queremos criar nossos próprios personagens e sua saga enorme com muitos personagens coadjuvantes.

Esse é um erro que cometi muitas vezes. Logo quando comecei a publicar quadrinhos online por volta de 1999. Criei uma série, mas acabei descontinuando.

Em seguida criei outra que chegou a ter mais capítulos. Publicando online, consegui um certo sucesso recebendo feedbacks positivos (na época apenas por email, não haviam redes sociais ainda) e um certo grupo de fãs. Acabei descontinuando a série mais uma vez.

Por fim, minha maior série começou a ser publicada online. Nessa cheguei longe, com mais de 120 páginas e 11 capítulos. Essa certamente foi a que tive mais sucesso e foi publicada em diversos sites, mas mesmo assim, acabou sendo descontinuada.

1.1. E por que isso acontece?

Primeiro porque uma série longa exige muita dedicação e um grande investimento de tempo. Então o comprometimento precisa ser muito maior.

É comum perdermos o interesse em uma história tão longa, querendo desenvolver novas ideias e colocar no papel nossos novos personagens.

Por isso, quem está começando a criar histórias em quadrinhos precisa começar com histórias curtas. Podem ser todas do mesmo universo ou personagens, mas precisam ser histórias com um começo, meio e fim. De preferência com poucas páginas.

Isso vai servir para ajudar a desenvolver a habilidade do autor com a narrativa gráfica dos quadrinhos. Vai melhorar sua habilidade de escrever histórias que fazem sentido, que começam e terminam.

Nenhum diretor de cinema iniciante vai estrear com um longa metragem.

Focar em histórias curtas será sempre um bom caminho para melhorar o trabalho do quadrinista, fazendo com que ele ganhe experiência e aprenda os atalhos para boas histórias.

Quando sentir que está pronto para se comprometer com uma série, comece com mini-séries em três capítulos. Somente depois passe para séries maiores.

Essa dica vai ajudá-lo a publicar mais histórias prontas que podem ser mais prazerosas de ler para quem ainda não conhece seu trabalho.

2. Não planejar a história antes de sair desenhando

Nada melhor do que pensar em uma história e sair desenhando as páginas para vê-la pronta o quanto antes.

O problema é que essa atitude pode causar arrependimento no futuro.

Várias vezes cometi esse erro, principalmente por começar meus primeiros quadrinhos diretamente como séries e sair criando a história da cabeça página a página, só tendo uma vaga ideia do que iria acontecer no futuro.

Sem saber para onde a história vai,  o autor pode se arrepender de ter desenhado o personagem de um jeito ou até de ter adicionado um acontecimento que não faz mais sentido para a história lá na segunda ou terceira página. Agora que está desenhando a décima página já gostaria que a história tivesse começado diferente.

Em um dos capítulos da minha última série, Tailer, acabei inserindo uma cena dentro de um navio cargueiro (imagem ao lado) porque achei interessante que a base dos inimigos fosse em alto-mar.

O problema é que essa cena aconteceu cedo demais na história. Ainda não era o melhor momento para apresentar alguma dica de quem eram os inimigos dos protagonistas.

Alguns capítulos passaram e a base não foi mais mencionada. Uma falha de planejamento da história.

Por isso pensar o roteiro, escrever e desenhar os rascunhos das páginas para marcar o layout são passos importantes antes de começar a desenhar a história.

3. Não pensar nos personagens como pessoas

Criar personagens interessantes é uma das partes legais de se criar histórias em quadrinhos.

Mas as vezes nos apegamos muito no que queremos que o personagem seja, num modelo de pessoa ideal. Só que pessoas não seguem modelos ideais.

O leitor precisa se identificar com os personagens que está lendo e fica muito difícil isso acontecer se ele é um ser humano ideal, cheio de virtudes e sem nenhuma falha de caráter.

Um personagem “perfeito” deixa a história chata. Para ser interessante é preciso que o personagem tenha falhas e cometa erros.

Os meus protagonistas costumavam ser exatamente como eu gostaria de ser na época. Só que analisando hoje de forma fria, vejo que eram personagens sem graça e superpoderosos demais.

Quem acabava salvando a história eram alguns personagens coadjuvantes, como o Professor Wu (imagem ao lado) da minha antiga série Tailer. Ele era um personagem divertido e cheio de falhas de caráter, mas que falava o que era preciso de vez em quando.

Conclusão

Como já mencionei, são alguns dos principais erros que cometi ao criar histórias em quadrinhos durante os primeiros anos de publicações independentes na internet.

Agora que você já conhece alguns desses erros, me diga se esse texto lhe ajudou de alguma forma nos comentários. Estou ansioso para saber.

Até a próxima!

Obs: O livro Como criar HQs está disponível para download. Clique aqui!