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4 dicas para criar o design do seu personagem

Criar personagens interessantes e cativantes para suas histórias não é uma tarefa fácil. A aparência é parte essencial disso. Por isso apresento algumas dicas para criar o design do seu personagem.

São dicas bem básicas, mas podem ajudar a direcionar o seu trabalho quando for o momento de começar a criar o design do seu personagem.

Vamos lá?

Silhueta

Faça seu personagem ser facilmente reconhecido. Deve ser fácil saber quem é seu personagem e distingui-lo dos já existentes.

Uma forma de fazer isso é trabalhar em uma silhueta clara que seja fácil de reconhecer.


Exagero

Exagerar as características que definem o seu personagem ajuda a fazer com que ele se destaque.

Também ajuda os leitores a identificarem as principais características do personagem.

Se seu personagem é forte não o faça com braços normais, mas sim encha ele de músculos 5x mais do que o normal!


Acessórios

Acessórios podem ajudar a enfatizar características importantes e também o passado do personagem.

Também podem ser uma extensão da personalidade.

Assim como um papagaio no ombro do capitão do navio pirata.


Expressões

Expressões mostram o alcance das emoções do personagem. Foque nelas!

Faça com que seu personagem tenha características que deixem simples demonstrar muito suas expressões faciais, se for o caso do personagem ser extrovertido, ou que praticamente não mostre seu rosto, no caso de ser misterioso ou introvertido.


Links úteis para você

Quem sou eu pra dar dicas para criar o design do seu personagem?

Meu nome é Marcus Beck e sou quadrinista e criador do curso HQ na Prática. Meu objetivo é trazer o máximo possível de informação sobre como criar uma história em quadrinhos.

Publiquei minhas webcomics (quadrinhos online publicados na internet) por mais de dez anos e aprendi muitas lições sobre o que deve ou não ser feito para que as HQs sejam as melhores possíveis.

Quando eu comecei a criar meus quadrinhos eu gostaria muito que tivesse conteúdo sobre o assunto para que eu não tivesse que aprender tudo sozinho. É por isso que criei esse canal e também o meu blog, para ajudar quem está passando pela mesma situação que eu estive quando comecei.

Faço o possível para responder todas as perguntas, por isso fique a vontade para comentar com todas as suas duvidas. =)

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O que é arco de personagem?

Seu personagem muda durante sua história? Ele começa com algumas crenças ou atitudes e os acontecimentos da história o fazem mudar seu ponto de vista ou a forma como ele age? Então sua história possui um arco de personagem.

Um arco de personagem é a transformação ou a jornada interior de um personagem ao longo de uma história. 

Se uma história tem um arco de personagem, o personagem começa como um tipo de pessoa e gradualmente se transforma em um tipo diferente de pessoa em resposta às mudanças na história.

Uma vez que a mudança é muitas vezes substantiva e leva de um traço de personalidade a um traço diretamente oposto (por exemplo, da ganância à benevolência), o termo geométrico “arco” é freqüentemente usado para descrever a mudança radical.

Wikipédia (fonte)

Nem todo protagonista de uma história precisa necessariamente ter um arco de personagem.

Existem boas histórias em que as transformações acontecem com as pessoas ao redor do personagem principal e não com ele, mas vamos deixar esse tipo de história para outro texto.

Seguindo minhas pesquisas sobre como montar bons personagens, encontrei coisas interessantes que podem ajudar o desenvolvimento do arco de um personagem.

Traduzi parte de uma postagem que achei sobre o assunto em inglês e compilei neste texto. Aqui são apresentados três tipos de arco de personagens que podem ser usados.

Pense desta maneira: todas as boas histórias giram em torno do conflito. Isso geralmente vem na forma de obstáculos, externos e internos, que um personagem deve superar.

Para superar os obstáculos, o personagem precisa crescer ou mudar de alguma forma. E é aí que entra o arco do personagem.

Obviamente, nenhum arco de dois personagens na ficção é exatamente o mesmo. Mas há três arquétipos básicos nos quais a maioria dos arcos de personagem se enquadram.

Os 3 tipos básicos de arco de personagem

1. Arco de mudança ou transformação

O primeiro arco, e talvez o mais comum, é de mudança ou transformação completa. Ele anda de mãos dadas com a jornada do herói – uma estrutura de enredo encontrada em mais livros e filmes do que você pode contar.

Esse arco de personagem envolve uma mudança completa de pessoa “normal” para herói ou salvador.

Geralmente reservado para personagens principais/protagonistas, o arco de mudança ou transformação costuma começar com uma pessoa comum que é uma espécie de azarão, ou pelo menos parece improvável que acabe salvando o mundo em algum momento.

No entanto, à medida que a história se desenrola, esse personagem sofre uma transformação – geralmente bastante radical.

Com base em alguma força interior ou talento que ele não sabia que tinha, o personagem finalmente alcança o sucesso no que ele se propôs a fazer – e basicamente se torna uma pessoa completamente diferente no processo.

A maioria, se não todos os arcos de mudança, envolvem o personagem em questão acreditando em uma mentira ou equívoco em relação a si próprio ou ao mundo ao seu redor.

O personagem então descobre a verdade, e a maneira como ele reage a essa descoberta – como ele muda em face disso – forma a base do arco do personagem.

Harry Potter é um exemplo de Arco de Mudança ou Transformação

Portanto, ao escrever um arco de mudança ou transformação, pergunte a si mesmo: que mentira ou equívoco meu personagem acredita? Como ele descobrirá a verdade? E como essa descoberta o levará a mudar ou ser completamente transformado como pessoa?

2. Arco de crescimento

Nesse tipo de arco o personagem cresce, mas não necessariamente passa por uma mudança ou transformação completa.

Até o final da história, ele ainda é essencialmente a mesma pessoa, mas superara algo dentro de si mesmo. Como resultado, ele é uma pessoa melhor ou simplesmente diferente de alguma forma.

O crescimento também pode ser alcançado pelo personagem mudando sua perspectiva, aprendendo algo novo ou tendo um papel diferente no final da história.

Basicamente, este arco é um pouco mais sutil do que o arco do estilo jornada do herói. Em um arco de crescimento, o personagem não vai acabar sendo o salvador do universo, mas terá crescido, desenvolvido e mudado de alguma forma.

Arcos de crescimento funcionam particularmente bem para personagens secundários, especialmente se o personagem principal estiver passando por um arco de mudança ou transformação completo.

Sam de “O Senhor dos Anéis” é um exemplo de Arco de Crescimento

Ao escrever arcos de crescimento, compare seu personagem no começo e no final da história e pergunte-se: em essência, ele é a mesma pessoa? Ele seria capaz de retornar à “vida normal” apenas com uma perspectiva, visão de mundo ou maneira diferente de fazer as coisas?

3. Arco de queda

Enquanto os dois tipos de arco acima são geralmente positivos, este é um arco negativo. Envolve o declínio ou ‘queda’ de um personagem através de más escolhas que fez, o que causa sua destruição, e potencialmente a destruição de outros também.

No final deste arco, o personagem geralmente morreu, ficou corrompido ou perdeu a cabeça. Ele provavelmente arruinou a própria vida, assim como a vida de outros, e não experimentou redenção ou salvação – apenas a queda.

Na forma mais extrema do arco de queda, o personagem começa a história como uma pessoa boa/feliz/bem-sucedida, mas no final da história é completamente irreconhecível – basicamente o oposto do arco de mudança ou transformação positiva que discutimos acima.

Anakin Skywalker de “Star Wars” é um exemplo de Arco de Queda

Autor K.M. Weiland diz que existem três subtipos quando se trata deste arco:

  • Queda “típica” – o personagem muda para pior através de más decisões.
  • Corrupção – o personagem muda para pior, mas acaba abraçando a mudança.
  • Desilusão – o personagem descobre uma verdade sobre o mundo que o deixa infeliz ou amargurado no final da história. (Esse tipo é às vezes melhor aplicado ao estilo de arco de crescimento, já que não envolve necessariamente uma transformação completa, apenas uma mudança de perspectiva dentro do personagem.)

Os arcos de queda são talvez os mais usados ​​na criação de um vilão autêntico.

Eles são particularmente eficazes quando o personagem começa como alguém que pode ser percebido como o herói, mas passa por uma transformação negativa e se torna um vilão ou antagonista.

Ao escrever um arco de queda, é útil considerar se você quer que os leitores sejam simpáticos ao seu personagem.

  • Se sim, siga o caminho de um arco de queda “típica” ou uma desilusão;
  • se não, você pode criar um arco de corrupção, no qual o personagem é tão terrível quanto a forma como os leitores o veem!

Certifique-se de manter as coisas realistas quando se trata de motivações de personagens, no entanto – não adianta dar a um personagem um arco negativo ou de ‘vilão’ se não houver motivações críveis ​​por trás.

Concluindo…

Esses são alguns tipos básicos de arco de personagem. Meu objetivo ao final deste texto é que você tenha compreendido o que é um arco de personagem e como pode usar um “modelo” para criar o seu.

Se você tem perguntas sobre criação de personagens, deixe nos comentários para que possamos continuar aprendendo juntos!

Até a próxima!

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5 dicas de desenvolvimento de personagens

No post anterior falamos sobre os 5 erros no desenvolvimento de personagens descritos pela escritora C.S. Marks. Agora vamos continuar com as 5 dicas de desenvolvimento de personagens.

Caso saiba ler em inglês, você pode acessar o artigo original clicando aqui.

Obs: Os itens a seguir com as dicas de desenvolvimento de personagens foram traduzidos diretamente do artigo e adaptados para se referir à autora em terceira pessoa quando fala de suas próprias experiências.

1. O importante são os detalhes.

Muitas vezes queremos apresentar demais ao leitor de uma só vez – dar uma descrição física completa, contar a história da vida e revelar os pensamentos mais íntimos de um personagem assim que ele for apresentado. Mas isso não é necessariamente a melhor abordagem.

Pense que você está apresentando o personagem como alguém que o leitor está conhecendo pela primeira vez.

Não percebemos tudo de primeira quando conhecemos uma pessoa nova, mas geralmente notamos alguns detalhes que podem nos dar uma ideia da personalidade e situação de vida dessa pessoa.

O personagem está bem vestido? Ele morde as unhas? Ela tem cicatrizes de acne, maquiagem pesada, manicure profissional, maneirismos nervosos? O personagem faz contato visual?

Estes são os tipos de coisas que podemos notar durante um primeira contato. Então, interagimos com as pessoas e as observamos interagindo com os outros e é assim que realmente as conhecemos.

Isso também é verdade para os personagens. Quando você os apresenta pela primeira vez você deve incluir alguns detalhes, mas o resto de suas personalidades, motivações e histórias secundárias devem ser reveladas gradualmente através de suas ações.

2. Basear personagens em pessoas reais.

Alguns escritores acham que isso é trapaça, mas a autora diz que faz isso o tempo todo.

Ela pega um personagem de fantasia e dá a ele a personalidade de alguém que conhece e, como conhece muito bem essa pessoa real, tudo que tem que fazer é imaginar o que fulano faria em determinada situação. É uma maneira de aperfeiçoar um personagem muito rapidamente.

Também fica mais fácil manter a consistência, porque você tem uma ideia totalmente desenvolvida da personalidade do personagem desde o início.

Você também pode basear personagens em pessoas reais que você também não conhece. A autora diz que gosta de observar as pessoas e de ir a lugares onde as pessoas se reúnem e observá-las – como elas falam, seus maneirismos, o que vestem, suas atitudes e linguagem corporal. Assim pode incorporar tudo isso em minhas histórias.

3. Lembre-se que todo mundo tem uma história.

Somos moldados pelas nossas origens. E mesmo que você não revele o passado de seus personagens para seus leitores, você deve saber tudo sobre eles, pelo menos para seus personagens principais.

Você deve ter biografias completas de seus personagens principais em sua mente para que você entenda o que os impulsiona.

Por que isso é importante? Porque se você não entender um personagem, seus leitores também não entenderão.

Vejamos um exemplo de um histórico de personagens efetivos.

A história do Capitão Quint no filme Tubarão é ótima.

Em uma cena, os três heróis, Quint, Chief Brody e Matt Hooper, estão na cabine do barco de pesca de Quint e estão comparando velhas cicatrizes.

Quint tem uma tatuagem que foi removida, e Brody inocentemente pergunta a ele sobre isso.

Em resposta, Quint conta aos outros personagens uma história horrível sobre muitos de seus amigos no USS Indianapolis sendo comidos por tubarões, e de repente é fácil entender esse homem e por que ele é do jeito que é. A autora diz que não pode imaginar esse filme sem essa história.

4. Não negligencie seus personagens secundários.

Personagens secundários podem ser os personagens mais simpáticos e interessantes da história. Muitas vezes, eles são os favoritos dos leitores.

Um exemplo disso é o fenômeno Boba Fett. Todo mundo ama Boba Fett; ele certamente é um personagem secundário, mas ele enriquece o cenário de Star Wars.

Da mesma forma, personagens bem desenvolvidos podem enriquecer seu livro. Eles são como os instrumentos de apoio em uma sinfonia.

Eles podem ser uma mina de ouro e cada um serve a um propósito.

Alguns adicionam cor ou ajudam na construção do mundo, e alguns são contrapartes para os personagens principais.

Contrapartes são personagens que não suportam o seu herói ou a sua heroína e não fazem nada além de reclamar pelas suas costas. Eles podem ser muito divertidos.

A autora diz que sempre sabe muito sobre meus personagens secundários, mesmo que acabe não revelando tudo para o leitor.

5. Dedique muita atenção ao vilão.

Muitos autores dizem que o vilão é o personagem favorito deles, aquele sobre o qual eles adoram escrever. C.S. Marks é uma deles.

Os maus podem ser muito difíceis de fazer e pode ser ainda mais difícil fazer com que os leitores se identifiquem com eles.

Sempre que você escrever um vilão tenha em mente que ele ou ela precisa ser tão bem desenvolvido quanto seus personagens principais.

Em vez de ser falho, no entanto – porque obviamente todos os vilões são falhos – o vilão deve ser imperfeitamente mau. Em outras palavras, os vilões devem ter características redentoras, onde nossos heróis têm falhas.

Gollum em O Senhor dos Anéis é um ótimo exemplo disso. Temos empatia com Gollum e sentimos pena dele às vezes. Nós temos esperança por ele. Nós desejamos que ele pudesse se redimir. E então nós o odiamos, e o desprezamos, e desejamos que alguém simplesmente o esmague como um inseto, porque ele é tão chato.

Gollum é um personagem que definitivamente é governado pelo mal na maior parte do tempo, mas ele também é, em muitos aspectos, uma vítima, e por isso podemos ter empatia com ele. Ele é um grande antagonista.

Estes podem ser os personagens mais difíceis de criar, mas também alguns dos mais satisfatórios.

Com essa última, fecho a tradução e adaptação do artigo da escritora C.S. Marks com os 5 erros e 5 dicas de desenvolvimento de personagens.

Ela conclui dizendo:

“Escrever bem ou mal vai determinar se seus leitores ficarão com você até o final da jornada ou sairão na primeira parada. Se os personagens falharem, a história falhará.”

Espero que esse artigo possa ajudar você como tem me ajudado no desenvolvimento dos meus personagens.

Se você quer mais conteúdo como esse, me avise nos comentários. Também quero saber como anda o desenvolvimento dos seus personagens e das suas histórias. Então me fale tudo isso nos comentários abaixo.

Até a próxima!

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5 erros no desenvolvimento de personagens

Continuando a conversa sobre criação de personagens que comecei no post anterior, aqui vou abordar 5 erros no desenvolvimento de personagens.

Esses erros, ou armadilhas, são de autoria da romancista C.S. Marks e foram encontradas em um artigo durante minha pesquisa permanente sobre criação de boas histórias.

Neste mesmo artigo existem cinco dicas para melhorar os personagens, mas será o tema de um próximo post por aqui. Se você consegue ler em inglês, já pode ir lá ver o artigo original clicando aqui.

1. Personagens unidimensionais não parecem reais. Eles são superficiais.

Você tem personagens unidimensionais quando não dedica tempo suficiente ao desenvolvimento de personagens.

Qualquer história tem personagens principais e secundários. Se você tentar desenvolver todos os personagens num nível profundo, sua história vai ficar imensa!

Tudo bem um personagem ser superficial se o papel dele na história não tiver muita importância. Mas se tiver, precisa ser muito bem desenvolvido.

Isso reforça o que já falei no post passado. Personagens unidimensionais ou superficiais não vão fazer o leitor criar uma relação. Ele vai esquecê-los rapidinho e não vai se interessar pelo que acontece com esses personagens.

2. Personagens estereotipados são desinteressantes porque não são exclusivos.

É importante notar aqui que ser estereotipado não é a mesma coisa que ser consistente. Seus personagens devem se comportar de maneira consistente com o modo como você os desenvolveu, mas isso não é o mesmo que ser estereotipado.

Imagine que todas as pessoas ricas em suas histórias são superficiais, gananciosas e indiferentes. Todas as mulheres ricas são altas e vestidas de forma extravagante, e todas fizeram cirurgias plásticas. Ou imagine que você está escrevendo uma história de fantasia e todos os elfos são arrogantes e todos os anões são rudes e se odeiam.

Esses são estereótipos.

É quando um personagem se liberta do estereótipo que ele ou ela se torna crível e memorável.

Pessoas reais raramente agem de acordo com estereótipos em todos os aspectos. Todo mundo é único de alguma forma.

3. O personagem muito perfeito tende a fazer os olhos do seu leitor rolarem.

Aqui a autora fala sobre pontos que já comentei no post passado também.

Às vezes, tudo bem ter um personagem que seja perfeito em todos os aspectos, especialmente se você estiver fazendo uma paródia.

Mas a perfeição não existe na vida real, então normalmente não deveria existir em sua história.

É difícil ter empatia com uma pessoa perfeita, porque nenhum de nós é perfeito.

Todo mundo, não importa quão nobre seja, é defeituoso de alguma forma.

Por exemplo, um personagem efetivo pode ser alguém que é heróico em quase todos os aspectos – ele é um bom lutador, ele é legal de se ver, ele anda bem e atira bem, e ele é corajoso e compassivo – mas ele é totalmente indeciso. Se assumir o comando em uma batalha, todo mundo vai morrer.

É muito mais fácil para os leitores se relacionarem com alguém com uma falha, porque eles podem dizer: “Sim, é como meu amigo Jeff. Ele é um ótimo cara, mas ele não consegue tomar uma decisão.

Há também um tipo específico de personagem muito perfeito ao qual ela se refere no texto como “personagem do autor“.

Eu falei sobre isso no vídeo sobre os 3 erros que cometi criando quadrinhos. Meus personagens principais costumavam ser a minha própria versão idealizada de mim mesmo. Com eu gostaria de ser.

Como alguém vai se relacionar com isso, além do próprio autor? Nesse caso o autor está vivendo suas fantasias. Todos nós fazemos isso até certo ponto, mas precisamos ter cuidado com isso.

4. Inconsistência em seus personagens vai abalar seus leitores.

Na verdade, isso provavelmente tirará o leitor da história mais rapidamente do que qualquer outra coisa.

Você desenvolveu um personagem de uma certa maneira. Os leitores estão esperando que o personagem se comporte de acordo com sua personalidade e motivações como você os definiu. Se esse personagem se comportar de uma maneira que não faz sentido, seus leitores perceberão.

A consistência se aplica a tudo, desde pequenas coisas, como a cor do cabelo de um personagem, a coisas grandes como a maneira de falar do personagem e suas escolhas.

Se um personagem fala como um elfo em um minuto e usa gírias de rua no outro, isso vai tirar o leitor da história.

Ou se um personagem abate um grupo de crianças do jardim de infância e depois fala sobre os males do abuso infantil, isso também é inconsistente.

Os personagens fictícios que criamos precisam parecer pessoas reais para o leitor.

Se você não tiver uma imagem firme deles em mente, eles ficarão instáveis ​​na página.

5. Desenvolvimento de personagens chatos.

Alguns personagens são supostamente chatos, mas, nesse caso, são geralmente inimigos de personagens ou contrabalanceiam eventos mais interessantes.

Se você acha que pode ter um personagem chato na sua história, a primeira coisa que você deve perguntar é se você precisa desse personagem.

Por que esse personagem está aí? Qual é o papel dele ou dela na história? Se você não consegue encontrar uma resposta, então esse personagem é apenas um tapa-buraco.

Outra opção é fazer um personagem maçante ganhar vida adicionando algumas características únicas. Talvez seu personagem monótono tenha uma vida fantasiosa secreta ou um passatempo intrigante, indicando que ele é muito mais interessante do que parece superficialmente.

Esse tipo de coisa vai dar uma vida de personagem.

Bem, essas são os cinco erros ou cinco armadilhas no desenvolvimento de personagens que a escritora C.S. Marks nos descreve em seu artigo.

Evitando essas cinco armadilhas; seus personagens são tridimensionais, únicos, falhos, consistentes e interessantes.

Eu gostei muito desse conteúdo e por isso estou traduzindo, adaptando e compartilhando com você. Estou sempre estudando e tentando melhorar mais e mais minhas histórias e o desenvolvimento de personagens.

Se você gostou, me deixe um comentário e compartilhe esse texto com pessoas que também podem se beneficiar dele!

Até a próxima!

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Criando bons personagens para sua história

Na hora de contar uma boa história nada é mais importante do que sobre quem ela nos fala. Personagens interessantes fazem parte de histórias interessantes. Mas como criar bons personagens?

Lembrando que criar quadrinhos é contar uma história através de imagens e texto. Por isso eu sempre indico que se estude sobre estrutura de história na hora de começar a criar uma HQ.

Desenvolver personagens interessantes é o maior desafio em qualquer história, não apenas nos quadrinhos.

Já falei um pouco sobre esse tópico no post sobre os 3 erros que cometi criando HQs, mas esse assunto não é simples o suficiente para apenas um item em um post ou até para apenas um ou dois textos.

Então vou levantar mais alguns pontos sobre criação de personagens.

Nem todos esses pontos são obrigatórios para que um personagem seja bom, mas podem ser combinados e adaptados para dar forma à sua criação.

Personagens que geram empatia

Um bom personagem deve gerar empatia no seu leitor. Mas o que é empatia?

Segundo o site Significados:

Empatia significa a capacidade psicológica para sentir o que sentiria uma outra pessoa caso estivesse na mesma situação vivenciada por ela. Consiste em tentar compreender sentimentos e emoções, procurando experimentar de forma objetiva e racional o que sente outro indivíduo.

Simplificando. É uma maneira de dizer que o leitor deve conseguir se colocar, de um jeito ou de outro, na pele do personagem.

Se o seu leitor conseguir sentir o que seu personagem sente ou se colocar no lugar dele, a chance de que ele se envolva mais com sua história e queira continuar acompanhando é muito maior.

O leitor pode até não gostar do seu personagem, mas se entender os seus motivos ou seus sentimentos tem mais chance de se interessar pela história.

Personagens com grande capacidade de execução ou geniais

Personagens gênios, que são muito bons em algo ou que executam uma tarefa com maestria podem chamar muito a atenção dos leitores.

Esses personagens são interessantes pelas suas qualidade de execução e não necessariamente pela sua personalidade adorável.

Muito provavelmente a sua genialidade não gere muita empatia do leitor, porque gênios costumam ser muito excêntricos, mas isso será compensado pela vontade de vê-lo executando algo ou colocando suas habilidades incríveis em prática.

Nos quadrinhos temos o exemplo do Batman, um detetive gênio e estrategista, mas um ser humano sombrio e abalado por seus traumas do passado.

Temos também aqueles com grande capacidade de execução de alguma tarefa, porém com uma personalidade mais leve e de mais fácil identificação. Que geram mais facilmente uma empatia do leitor.

Personagens com falhas de caráter

Esse é o tópico que já comentei no post 3 erros que cometi criando HQs. As fraquezas do personagem são parte fundamental do que o deixa interessante.

Citando meu próprio texto:

O leitor precisa se identificar com os personagens que está lendo e fica muito difícil isso acontecer se ele é um ser humano ideal, cheio de virtudes e sem nenhuma falha de caráter.

Um personagem “perfeito” deixa a história chata. Para ser interessante é preciso que o personagem tenha falhas e cometa erros.

Voltamos ao primeiro tópico agora, falando sobre empatia.

Como seres humanos nós tendemos a nos identificarmos com coisas parecidas conosco. E seres humanos possuem falhas. Simples assim.

Por isso não conseguimos acreditar em personagens sem falhas. Eles não são críveis, não parecem reais o bastante.

Mas quais falhas poderíamos usar?

Podemos ter um personagem preguiçoso, mentiroso, covarde ou qualquer outra falha que nós todos podemos ter.

O importante é que se forme o caráter do personagem tanto com qualidades como com fraquezas.

Essas falhas podem (e devem) ser exploradas para ajudar na evolução do personagem durante a história, mas esse é outro tópico que quero abordar em um conteúdo futuro aqui no blog.

Alguns exemplos…

Vou finalizar mostrando alguns personagens que combinam os tópicos que mostrei aqui.

Lembrando que são apenas alguns dos itens importantes, servem mais para começo de conversa sobre criação de personagens interessantes.

Que tal analisarmos o exemplo anterior, o Batman. Ele possui muitas qualidades como detetive, estrategista, lutador, etc. Mas também possui falhas como problemas de relacionamento e traumas de infância que o deixam com mais facilidade de gerar empatia dos leitores.

Entretanto, o que mais chama a atenção nele é sua capacidade de execução e genialidade.

Queremos ver o Batman usando suas qualidades para resolver os problemas que enfrente. É isso que chama tanta atenção nesse personagem. Ele é genial.

No caso do Superman, temos um personagem formado somente de virtudes. Ele praticamente não tem falhas de caráter, apesar de ser um personagem icônico.

Talvez por isso muitas das histórias criadas com esse personagem acabem não sendo tão interessantes. Ele é o arquétipo do ser humano perfeito, aquele que não existe. Isso torna o trabalho dos escritores ainda mais complicado.

Mesmo assim, grandes roteiristas de quadrinhos criaram grandes histórias para esse personagem. Isso mostra o quanto eles são ótimos story tellers, ou contadores de histórias.

Uma das histórias do Superman que me chama a atenção é exatamente sobre suas possíveis fraquezas. Falo dos quadrinhos de Injustice. Nessa história ele comete uma falha e passa a não acreditar mais nas virtudes do mundo. Isso faz com que ele acabe se tornando um ditador tirano.

Bem, é isso por hoje. Como eu já comentei, esse é um começo de conversa sobre criação de personagens interessantes para nossas histórias em quadrinhos.

Se você quer mais conteúdo sobre esse assunto, deixe um comentário aí embaixo!

Até a próxima!

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3 erros que cometi criando histórias em quadrinhos

Quero compartilhar com você os 3 erros que cometi criando histórias em quadrinhos. Não são os únicos, mas são alguns dos principais.

Uma das melhores maneiras de aprender é errando. Você tenta algo e descobre que aquilo não dá certo. Esse aprendizado vem com experiência, sendo ela sua ou de outra pessoa.

Esse texto vai servir para que você possa aprender com os meus erros. Então vamos lá.

1. Começar criando séries de histórias em quadrinhos

Nós somos fãs de séries famosas. Adoramos os personagens e suas muitas aventuras. Por isso queremos criar nossos próprios personagens e sua saga enorme com muitos personagens coadjuvantes.

Esse é um erro que cometi muitas vezes. Logo quando comecei a publicar quadrinhos online por volta de 1999. Criei uma série, mas acabei descontinuando.

Em seguida criei outra que chegou a ter mais capítulos. Publicando online, consegui um certo sucesso recebendo feedbacks positivos (na época apenas por email, não haviam redes sociais ainda) e um certo grupo de fãs. Acabei descontinuando a série mais uma vez.

Por fim, minha maior série começou a ser publicada online. Nessa cheguei longe, com mais de 120 páginas e 11 capítulos. Essa certamente foi a que tive mais sucesso e foi publicada em diversos sites, mas mesmo assim, acabou sendo descontinuada.

1.1. E por que isso acontece?

Primeiro porque uma série longa exige muita dedicação e um grande investimento de tempo. Então o comprometimento precisa ser muito maior.

É comum perdermos o interesse em uma história tão longa, querendo desenvolver novas ideias e colocar no papel nossos novos personagens.

Por isso, quem está começando a criar histórias em quadrinhos precisa começar com histórias curtas. Podem ser todas do mesmo universo ou personagens, mas precisam ser histórias com um começo, meio e fim. De preferência com poucas páginas.

Isso vai servir para ajudar a desenvolver a habilidade do autor com a narrativa gráfica dos quadrinhos. Vai melhorar sua habilidade de escrever histórias que fazem sentido, que começam e terminam.

Nenhum diretor de cinema iniciante vai estrear com um longa metragem.

Focar em histórias curtas será sempre um bom caminho para melhorar o trabalho do quadrinista, fazendo com que ele ganhe experiência e aprenda os atalhos para boas histórias.

Quando sentir que está pronto para se comprometer com uma série, comece com mini-séries em três capítulos. Somente depois passe para séries maiores.

Essa dica vai ajudá-lo a publicar mais histórias prontas que podem ser mais prazerosas de ler para quem ainda não conhece seu trabalho.

2. Não planejar a história antes de sair desenhando

Nada melhor do que pensar em uma história e sair desenhando as páginas para vê-la pronta o quanto antes.

O problema é que essa atitude pode causar arrependimento no futuro.

Várias vezes cometi esse erro, principalmente por começar meus primeiros quadrinhos diretamente como séries e sair criando a história da cabeça página a página, só tendo uma vaga ideia do que iria acontecer no futuro.

Sem saber para onde a história vai,  o autor pode se arrepender de ter desenhado o personagem de um jeito ou até de ter adicionado um acontecimento que não faz mais sentido para a história lá na segunda ou terceira página. Agora que está desenhando a décima página já gostaria que a história tivesse começado diferente.

Em um dos capítulos da minha última série, Tailer, acabei inserindo uma cena dentro de um navio cargueiro (imagem ao lado) porque achei interessante que a base dos inimigos fosse em alto-mar.

O problema é que essa cena aconteceu cedo demais na história. Ainda não era o melhor momento para apresentar alguma dica de quem eram os inimigos dos protagonistas.

Alguns capítulos passaram e a base não foi mais mencionada. Uma falha de planejamento da história.

Por isso pensar o roteiro, escrever e desenhar os rascunhos das páginas para marcar o layout são passos importantes antes de começar a desenhar a história.

3. Não pensar nos personagens como pessoas

Criar personagens interessantes é uma das partes legais de se criar histórias em quadrinhos.

Mas as vezes nos apegamos muito no que queremos que o personagem seja, num modelo de pessoa ideal. Só que pessoas não seguem modelos ideais.

O leitor precisa se identificar com os personagens que está lendo e fica muito difícil isso acontecer se ele é um ser humano ideal, cheio de virtudes e sem nenhuma falha de caráter.

Um personagem “perfeito” deixa a história chata. Para ser interessante é preciso que o personagem tenha falhas e cometa erros.

Os meus protagonistas costumavam ser exatamente como eu gostaria de ser na época. Só que analisando hoje de forma fria, vejo que eram personagens sem graça e superpoderosos demais.

Quem acabava salvando a história eram alguns personagens coadjuvantes, como o Professor Wu (imagem ao lado) da minha antiga série Tailer. Ele era um personagem divertido e cheio de falhas de caráter, mas que falava o que era preciso de vez em quando.

Conclusão

Como já mencionei, são alguns dos principais erros que cometi ao criar histórias em quadrinhos durante os primeiros anos de publicações independentes na internet.

Agora que você já conhece alguns desses erros, me diga se esse texto lhe ajudou de alguma forma nos comentários. Estou ansioso para saber.

Até a próxima!

Obs: O livro Como criar HQs está disponível para download. Clique aqui!