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3 erros que cometi criando histórias em quadrinhos

Quero compartilhar com você os 3 erros que cometi criando histórias em quadrinhos. Não são os únicos, mas são alguns dos principais.

Uma das melhores maneiras de aprender é errando. Você tenta algo e descobre que aquilo não dá certo. Esse aprendizado vem com experiência, sendo ela sua ou de outra pessoa.

Esse texto vai servir para que você possa aprender com os meus erros. Então vamos lá.

1. Começar criando séries de histórias em quadrinhos

Nós somos fãs de séries famosas. Adoramos os personagens e suas muitas aventuras. Por isso queremos criar nossos próprios personagens e sua saga enorme com muitos personagens coadjuvantes.

Esse é um erro que cometi muitas vezes. Logo quando comecei a publicar quadrinhos online por volta de 1999. Criei uma série, mas acabei descontinuando.

Em seguida criei outra que chegou a ter mais capítulos. Publicando online, consegui um certo sucesso recebendo feedbacks positivos (na época apenas por email, não haviam redes sociais ainda) e um certo grupo de fãs. Acabei descontinuando a série mais uma vez.

Por fim, minha maior série começou a ser publicada online. Nessa cheguei longe, com mais de 120 páginas e 11 capítulos. Essa certamente foi a que tive mais sucesso e foi publicada em diversos sites, mas mesmo assim, acabou sendo descontinuada.

1.1. E por que isso acontece?

Primeiro porque uma série longa exige muita dedicação e um grande investimento de tempo. Então o comprometimento precisa ser muito maior.

É comum perdermos o interesse em uma história tão longa, querendo desenvolver novas ideias e colocar no papel nossos novos personagens.

Por isso, quem está começando a criar histórias em quadrinhos precisa começar com histórias curtas. Podem ser todas do mesmo universo ou personagens, mas precisam ser histórias com um começo, meio e fim. De preferência com poucas páginas.

Isso vai servir para ajudar a desenvolver a habilidade do autor com a narrativa gráfica dos quadrinhos. Vai melhorar sua habilidade de escrever histórias que fazem sentido, que começam e terminam.

Nenhum diretor de cinema iniciante vai estrear com um longa metragem.

Focar em histórias curtas será sempre um bom caminho para melhorar o trabalho do quadrinista, fazendo com que ele ganhe experiência e aprenda os atalhos para boas histórias.

Quando sentir que está pronto para se comprometer com uma série, comece com mini-séries em três capítulos. Somente depois passe para séries maiores.

Essa dica vai ajudá-lo a publicar mais histórias prontas que podem ser mais prazerosas de ler para quem ainda não conhece seu trabalho.

2. Não planejar a história antes de sair desenhando

Nada melhor do que pensar em uma história e sair desenhando as páginas para vê-la pronta o quanto antes.

O problema é que essa atitude pode causar arrependimento no futuro.

Várias vezes cometi esse erro, principalmente por começar meus primeiros quadrinhos diretamente como séries e sair criando a história da cabeça página a página, só tendo uma vaga ideia do que iria acontecer no futuro.

Sem saber para onde a história vai,  o autor pode se arrepender de ter desenhado o personagem de um jeito ou até de ter adicionado um acontecimento que não faz mais sentido para a história lá na segunda ou terceira página. Agora que está desenhando a décima página já gostaria que a história tivesse começado diferente.

Em um dos capítulos da minha última série, Tailer, acabei inserindo uma cena dentro de um navio cargueiro (imagem ao lado) porque achei interessante que a base dos inimigos fosse em alto-mar.

O problema é que essa cena aconteceu cedo demais na história. Ainda não era o melhor momento para apresentar alguma dica de quem eram os inimigos dos protagonistas.

Alguns capítulos passaram e a base não foi mais mencionada. Uma falha de planejamento da história.

Por isso pensar o roteiro, escrever e desenhar os rascunhos das páginas para marcar o layout são passos importantes antes de começar a desenhar a história.

3. Não pensar nos personagens como pessoas

Criar personagens interessantes é uma das partes legais de se criar histórias em quadrinhos.

Mas as vezes nos apegamos muito no que queremos que o personagem seja, num modelo de pessoa ideal. Só que pessoas não seguem modelos ideais.

O leitor precisa se identificar com os personagens que está lendo e fica muito difícil isso acontecer se ele é um ser humano ideal, cheio de virtudes e sem nenhuma falha de caráter.

Um personagem “perfeito” deixa a história chata. Para ser interessante é preciso que o personagem tenha falhas e cometa erros.

Os meus protagonistas costumavam ser exatamente como eu gostaria de ser na época. Só que analisando hoje de forma fria, vejo que eram personagens sem graça e superpoderosos demais.

Quem acabava salvando a história eram alguns personagens coadjuvantes, como o Professor Wu (imagem ao lado) da minha antiga série Tailer. Ele era um personagem divertido e cheio de falhas de caráter, mas que falava o que era preciso de vez em quando.

Conclusão

Como já mencionei, são alguns dos principais erros que cometi ao criar histórias em quadrinhos durante os primeiros anos de publicações independentes na internet.

Agora que você já conhece alguns desses erros, me diga se esse texto lhe ajudou de alguma forma nos comentários. Estou ansioso para saber.

Até a próxima!

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Crônicas

Preferimos o comodismo

Preferimos o comodismo à qualquer opção que nos force a mudar. Isso é uma afirmação verdadeira para diversas áreas do comportamento humano.

Como ter mais dinheiro? Jogando na Mega Sena em vez de mudar os hábitos financeiros.

Como emagrecer? Tomando uma cápsula todo dia em vez de mudar o que se come nas refeições.

Como crescer profissionalmente? Esperar que o chefe chame para oferecer uma promoção em vez de buscar melhores oportunidades ou tomar a iniciativa.

Isso pode até dar certo para algumas pessoas, mas não é típico.

O natural é escolher sempre o mais cômodo. Buscar uma solução milagrosa e aproveitar a frustração que virá quando ela não resolver o problema para usá-la como desculpa para voltar ao estado anterior de comodismo.

Existem algumas pesquisas que mostram isso. Como essa de 2008 que mostra que cardíacos preferem tomar remédio do que mudar hábitos que poderiam resolver o problema.

O motivo é simples. Mudar dói.

Somos seres extremamente adaptáveis por natureza, sobrevivemos a climas extremos durante a nossa evolução e achamos soluções para nos adaptar nos quatro cantos do mundo.

Apenas conjecturando, talvez seja esse instinto de sobrevivência que nos faça ficar acomodados em uma situação confortável e não escolher algo que possa ser arriscado.

Por que o comodismo é isso, mesmo que você não goste da situação, por mais que incomode, de alguma forma ela é confortável para você. Afinal, você não precisa exercer força para sair de onde está.

Mudar é gastar energia. É ter trabalho. É se esforçar para chegar em algum lugar diferente. E, as vezes, pode não resultar naquilo que se almejava.

Mudar é arriscado. E ainda pode dar errado.

O problema é que normalmente queremos algo diferente. Um corpo diferente, um trabalho diferente, uma situação financeira diferente. Aí entra o conflito de interesses.

Como atingir esse resultado diferente sem ter que me esforçar para chegar lá?

É nesse ponto que se busca soluções milagrosas que poderiam mudar o atual estado sem que se gaste um pingo de energia. Sem esforço nenhum para mudar.

Uma pílula mágica de emagrecimento. Um bilhete premiado de loteria. Uma promoção inesperada de cargo.

Uma lâmpada mágica com um gênio dentro que concede três desejos.

Pode acontecer, mas não é típico.

“Insanidade é continuar fazendo sempre a mesma coisa e esperar resultados diferentes” – Albert Einstein.

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Vídeo

Vem aí a temporada 2018

Estamos prestes a começar a temporada de 2018 no canal Marcus Beck!

Para comemorar que atingimos os 5000 inscritos no dia 08 de janeiro desse ano, vou deixar uma lista dos vídeos sobre criação de quadrinhos e desenho que publiquei na temporada de 2017.

Estou muito feliz pelo reconhecimento do trabalho. Sempre com o objetivo de aumentar o acesso a conteúdo de qualidade sobre criação de quadrinhos.

Confira se você já assistiu a toda a temporada de 2017 antes de começarmos a de 2018!

Deixe seus comentários aqui abaixo falando o que mais você quer saber sobre criação de quadrinhos, assim já terei mais e mais temas para os vídeos da temporada de 2018!

Até a próxima!

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Crônicas

Em busca de um propósito

Existe toda uma geração em busca de um propósito. Não basta apenas trabalhar para pagar as contas ou juntar um dinheiro, tem que ter um motivo a mais para gastar a maior parte do tempo de nossas vidas em um projeto.

As vezes a necessidade da remuneração fala mais alto. Existem (muitos) momentos na vida onde precisamos pensar apenas em quanto vamos receber para trabalhar em alguma coisa. Mas no momento em que a necessidade urgente passa, o dinheiro não consegue se manter como o único motivador forte.

É claro que queremos ser bem remunerados para executar qualquer trabalho, mas o propósito para o qual você está trabalhando vai falar mais alto no momento de escolher se manter ou não em um projeto.

Entre duas opções de projetos com propostas parecidas de remuneração, aquela que faz você sentir que está fazendo a diferença vai acabar sendo a mais tentadora. Mesmo que não seja a maior em valor monetário.

Trabalhar em um projeto que possui um propósito claro nem sempre é o único ponto a ser levado em conta. O propósito de estar ali naquele ambiente (sendo ele virtual ou não), com aquelas pessoas, aprendendo ou ensinando também faz parte do todo na motivação.

Mas não se engane, não estou falando apenas de trabalho formal, emprego e empresas. Conheço pessoas bem resolvidas com dayjobs que servem apenas para pagar as contas, mas que gastam seu tempo livre ajudando e se dedicando a projetos que fazem mais sentido para a suas vidas. Nem sempre com alguma remuneração.

Você pode encontrar propósito onde menos espera. Em um grupo de estudos, em um grupo de corrida de rua, em uma ONG, em um culto religioso, etc. Pode estar ali agora mesmo, ao seu lado, mas você não parou para pensar tempo o suficiente para perceber isso.

A questão é que estamos atrás de algo que faça a vida fazer sentido. Algo que nos faça sentir que somos mais que apenas um número no Censo do IBGE.

Essa necessidade é tão grande que existe todo um mercado de autores, cursos e coachs faturando com promessas de ajudar na busca pelo propósito. Eles mesmos encontraram propósito fazendo isso, quem sabe.

A verdade é que somente nós mesmos podemos descobrir o motivo para a ação de viver, com ou sem ajuda de profissionais. Essa responsabilidade está em cima da própria pessoa.

É uma busca sufocante, que cria uma autocobrança e que gera mais e mais frustração.

Talvez essa seja a verdadeira causa de tanto stress e depressão para quem deu a sorte ou o azar de ter nascido dentro dessa geração. A pressão é forte e constante. E vem de nós mesmos.

Até a próxima!

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Tech

3 motivos para a falha de projetos de software

Trabalhando por muitos anos no desenvolvimento, já tive a oportunidade de participar de muitos projetos de software. Boa parte deles como membro de equipe, alguns como Scrum Master e outros como freelancer, fazendo todo o trabalho sozinho.

Isso me trouxe alguma experiência no quesito projeto de software.

Acompanhei projetos que deram muito certo e outros que nem tanto. Sobre estes sempre fica a pergunta: “por que este projeto falhou?”.

Cada projeto tem suas características específicas, mas para me aprofundar mais nos motivos gerais das falhas resolvi fazer uma rápida pesquisa para procurar artigos acadêmicos que falam sobre esse assunto.

Analisando alguns deles fica claro quais são os principais motivos listados.

  • objetivos não realistas ou não articulados
  • software que não atende às reais necessidades do negócio
  • requisitos de sistema, requisitos dos usuários e especificação de requisitos mal definidos
  • gestão de projeto deficiente
  • metodologias/práticas de desenvolvimento desleixadas
  • prazos e orçamentos do projeto
  • estimativas imprecisas dos recursos necessários
  • má comunicação entre clientes, desenvolvedores e usuários
  • uso de tecnologia imatura
  • pressões comerciais
  • satisfação do cliente
  • qualidade do produto
  • entre outros (lista completa neste artigo)

Como podemos perceber, são muitas as possíveis causas de um projeto de software ser malsucedido.

Essas pesquisas foram feitas com diversos projetos e estão em artigos espalhados por aí, mas eu quero focar naqueles motivos que já senti na pele, como um envolvido no projeto.

1. Requisitos de sistema mal definidos

Este é um caso muito mais comum do que se imagina. Acontece o tempo todo e já passei por diversos projetos com esse problema, por isso ele está no topo da minha lista.

Análise de requisitos é um processo complicado e demorado. É preciso da atenção de um profissional especialista e que vai conseguir levantar exatamente tudo que é preciso para que aquele projeto de software atenda às necessidades dos interessados.

Isso faz parte de projetos de softwares mais tradicionais e não necessariamente funciona do mesmo jeito em projetos ágeis, em empresas que necessitam de entregas mais constantes como as startups de tecnologia ou que possuem prazo e orçamento mais apertado como as fábricas de software menores.

Acontece que não ter um levantamento de requisitos tradicional não libera ninguém de levantar requisitos.

Talvez alguns gestores não entendam que o uso de métodos ágeis não é desculpa para que as descrições de tarefas sejam muito bem pensadas e completas.

“Gastar” tempo levantando requisitos bem definidos com os stakeholders (as partes interessadas no projeto) aumenta as chances de uma entrega mais assertiva e rápida do software.

2. Gestão de projeto deficiente

Eis um tópico extremamente genérico e que afeta muito os projetos de software. Uma má gestão pode significar diferentes problemas para a equipe, incluindo o tópico anterior.

Mesmo que as equipes ágeis sejam autogerenciáveis segundo a teoria, normalmente existe alguém que centraliza essa tarefa mais do que os outros membros. Além disso, em muitos casos, os executivos da empresa costumam não permitir tanta autonomia para que a equipe se gerencie.

A gestão de projetos deficiente acaba tendo um impacto muito grande na motivação da equipe, na falha de comunicação, na necessidade de retrabalho, na má administração dos recursos e dos prazos, etc.

Já presenciei alguns casos de má gestão e a responsabilidade pela falha do projeto costuma sobrar para os membros da equipe…

3. Qualidade do produto

Em alguns casos na minha experiência o produto tinha um potencial incrível, poderia trazer muito valor para os usuários… mas simplesmente não funcionou quando eles precisaram.

A qualidade do produto faz parte do valor agregado entregue em qualquer projeto.

É muito comum existir um membro da equipe focado nesse assunto. Uma pessoa para garantir a qualidade do software e mantê-lo sempre na sua melhor versão possível, sem erros e sem problemas de usabilidade.

Projetos de software que falham por falta de qualidade do produto não precisam de muita explicação, não é…

Eis um investimento que vale a pena, mas que muitas vezes é subestimado pelos responsáveis do projeto.

Entre outros…

Os motivos selecionados aqui são os que mais me chamaram a atenção por acontecerem em diversos projetos os quais eu participei. Por isso estão nesta lista em ordem de importância.

Na minha experiência pessoal eu não vejo um motivo específico para a falha de projetos de software e sim uma combinação de problemas que se acumulam e minam o projeto como um todo.

Em diversos dos casos que presenciei mais de um desses itens estavam combinados com outros também descritos na primeira lista retirada dos artigos pesquisados no início dessa publicação.

O que fazer?

Pessoalmente, acredito que uma das formas de evitar a falha de um projeto é ouvindo as pessoas envolvidas. Aproveitar a experiência de quem participa do desenvolvimento para tentar entender o que está acontecendo durante todo o processo.

Uma liderança mais aberta e que se importa com a opinião dos envolvidos tem maior chance de identificar um possível motivo de falha antes que o mesmo se torne irreversível para o projeto.

A chave é não esperar o projeto chegar em um nível crítico para então parar para analisar o que pode estar dando errado.

Por isso as empresas que mais crescem e entregam tecnologias incríveis valorizam tanto os profissionais que colaboram para que isso aconteça. Mantendo sempre um ambiente com menos fricção para comunicação e mais atenção ao que está acontecendo durante as iterações de desenvolvimento.

Para você, quais são os maiores motivos para a falha em projetos de software? Deixe sua opinião sobre o assunto nos comentários.

Até a próxima!