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Preciso saber desenhar para criar uma história em quadrinhos?

Muita gente se pergunta se é preciso saber desenhar para criar uma história em quadrinhos. Pode parecer uma pergunta absurda, mas na verdade não é.

Para começar é preciso entender o que é “saber desenhar”. Afinal de contas, aprendemos a fazer homens-palito desde a infância e isso pode ser considerado saber desenhar.

Você já deve ter visto diversas tirinhas espalhadas pela internet que são basicamente homens-palito interagindo. Podem até achar uma arte “tosca”, mas algumas dessas tirinhas são as mais engraçadas que já li!

Sem dúvida a arte é parte importante de uma história em quadrinhos, afinal é a ferramenta que escolhemos para contar a história. Só que assim como um escritor escolhe bem as palavras que mais encaixam no tipo de história que quer escrever, o quadrinista deve fazer o mesmo com o estilo de desenho que quer usar.

Nem sempre é preciso ser um mestre na arte de ilustrar para criar boas histórias em quadrinhos. O que vale é ser bom em narrativa visual, que é a verdadeira arte de um quadrinista. É importante sempre lembrar disso.

Portanto se você acredita que não pode criar sua primeira HQ porque acha que suas ilustrações não são boas o bastante, vou te mostrar uns estudos de caso que podem lhe impressionar. Fugindo um pouco dos homens-palito das tirinhas, é claro.

Você conhece a série de quadrinhos One Punch Man? Que tal dar uma olhada na webcomic original. A versão que se popularizou no ocidente é um “remake” da original desenhada por um desenhista de mangá profissional (e incrível) chamado Murata Yuusuke.

Na esquerda a arte original, na direita o remake. Note que a narrativa não mudou nada!

A série ficou famosa mesmo com a arte de “ruim”. A qualidade da história era tão boa que mesmo o remake manteve os mesmos personagens, os mesmos arcos… basicamente só mudou a arte para algo que o mercado editorial japonês aceita melhor.

E que tal os primeiros capítulos da série em quadrinhos Attack On Titan? Digamos que não é a arte mais bonita que você já viu em páginas de mangá, não é? Não chega nem perto da beleza de uma HQ como Berserk, por exemplo. Mesmo assim foi um sucesso enorme por conta da qualidade de sua história.

Uma boa história, uma boa narrativa, personagens interessantes com os quais o leitor se identifique. Isso é muito mais importante do que “saber desenhar”.

Devemos sempre continuar trabalhando para melhorar nossa arte, mas não deixe de começar aquele projeto de histórias em quadrinhos porque acha que seu desenho não é bom o bastante. Foque no que interessa: a história!

Até mais!

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O antropomorfismo da inteligência artificial

Faça uma pesquisa simples por inteligência artificial no Google Images. Você verá dois tipos de imagens: robôs no estilo do filme “Eu, Robô” e cérebros parecidos com chips de computadores.

Toda vez que alguém fala de inteligência artificial na mídia a imagem utilizada é a mesma: uma máquina humanoide. O mesmo acontece com as empresas de tecnologia quando geram conteúdos para seus clientes em peças de marketing.

Por que usar uma representação física de um robô para representar inteligência artificial quando a maioria dos exemplos de uso real dessa tecnologia estão longe de ser “animar” máquinas humanoides?

A resposta é simples. A maioria das pessoas não tem ideia do que realmente é a inteligência artificial e a forma mais fácil de mostrar visualmente esse conceito é através da representação cultural do robô.

Graças a livros e filmes muito populares o inconsciente coletivo imagina a inteligência artificial como uma versão artificial de um ser humano. Até porque a origem dos estudos desse campo foi exatamente essa. Criar uma versão artificial da inteligência humana.

Além disso, o ser humano naturalmente antropomorfiza as coisas. Coloca sentimentos e aparência humanas em animais e objetos. Explicar isso é trabalho para psicólogos, então não vou nem tentar.

Esse antropomorfismo da intlegência artificial acaba criando um problema de percepção para a grande parte das pessoas.

Junte a forma como a mídia mostra a tecnologia, a cultura geral e a facilidade para antropomorfizar as coisas que todos temos e pronto. Você tem uma pessoa que se desloca para um escritório de uma empresa de tecnologia para conhecer o “robô” que está atuando para prestar algum serviço.

Não acredita? Pois já tivemos um caso exatamente assim na empresa onde trabalho.

Quem sabe até existam pessoas que imaginam que automatizar um processo é o mesmo que colocar robôs humanoides fazendo o serviço que os humanos costumavam fazer.

Por mais que sonhemos com androides que serão quase indistinguíveis de seres humanos, como a Sophia da Hanson Robotics tenta ser, isso não é nem de longe a verdadeira cara da inteligência artificial dos dias de hoje.

A inteligência artificial está em softwares que rodam em hardwares muito mais parecidos com o seu computador de casa do que com o Robbin Williams em O Homem Bicentenário.

Os computadores que aprendem não vão ser expostos somente como assistentes pessoais (vide Elli Q) ou jogadores de tabuleiro (vide AlphaGo). Eles já estão dentro de nossas vidas constantemente sem que possamos perceber.

Toda vez que você acessa seu Facebook, faz uma pesquisa no Google ou faz uma compra pela internet, a inteligência artificial está lá. Ela é virtual, muitas vezes invisível e pode estar facilitando (ou não) a sua vida sem que você saiba.

Hoje em dia, uma boa representação de inteligência artificial seria algo bem menos interessante para o público em geral…

Servidores de pesquisa de Inteligência Artificial do Facebook em Prineville, Oregon.

Talvez as próximas gerações já tenham uma informação mais precisa sobre como tudo isso funciona, mas por enquanto, o único jeito que achamos de fazer alguém empatizar com o assunto é mostrando humanoides para representar a tecnologia da inteligência artificial.

Vamos continuar vendo muitos robôs humanoides nas capas de revistas e sites de notícias pelo mundo a fora por um bom tempo.

Até a próxima!

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O caso dos animais de estimação

Animais de estimação, como o nome já diz, são bichinhos os quais estimamos e tornamos membros de nossa família. A partir do momento que adota-se ou compra-se um animal de estimação o ser humano assume uma grande responsabilidade para com esse ser vivo. Ele não é um ser independente quando domesticado, é preciso cuidar da saúde, alimentar, dar afeto e etc.

Todo mundo gosta de mostrar para os seus contatos em redes sociais o quão fofos são seus bichinhos. Receber likes e comentários confirmando isso é uma das grandes fatias do vício em redes sociais dos tempos atuais.

Eu conheço muitas pessoas que estão interessadas em adquirir um animal de estimação como um cachorro ou um gato, por exemplo. E isso é ótimo! Desde que não seja com o único motivo descrito no parágrafo acima.

Se esse não for o seu caso, sempre é bom lembrar que existem diversas ONGs que trabalham duro para resgatar animais das ruas e tratá-los para que alguém possa dar um novo lar para o bichinho.

São dessas ONGs que vem as piores histórias.

Tendo contato indireto recentemente com uma ONG que trata de centenas de animais a duras penas, tenho recebido notícias muito tristes sobre pessoas que querem ter seu animal de estimação.

“Quero um gato, mas não esse… É que ele tem um pouco de preto na cauda e eu queria um todo branco.”

Essa é uma transcrição adaptada de uma frase real.

Assim como o autor dessa frase, existem milhares. Não querem adotar um animal específico porque não é do padrão estético que procuram.

Isso nos leva à outro caso comum, pessoas que chegam a gastar até três mil reais para comprar um cachorro “de raça” em vez de adotar de algum abrigo.

Se eu posso comprar um “iDog” porque eu vou adotar um da versão baixa renda, não é? Vira-lata não vai ficar bem no meu “inxta”. Eu discordo…

Isso é um grande problema, ainda mais sabendo os maltratos que os animais “de raça” sofrem para gerar ninhadas diversas vezes por ano. Mesmo assim existem casos muito piores…

Acredite se quiser, nesta ONG que citei já houve devolução de um gato adotado com o seguinte motivo:

“Ele faz cocô.”

Sim, ele vai fazer cocô. Vai dar despesa no veterinário. Dependendo da idade, vai destruir coisas dentro da sua casa. Vai soltar pêlos. E muito mais.

Animais de estimação não são produtos. São seres vivos.

Se você quer um produto de marca, um boneco para brincar ou só alguma coisa para postar em suas redes sociais, não adote ou compre um animal de estimação. Porque ele não serve para isso.

Agora, se você gosta de animais mas não quer assumir a responsabilidade de adotar um por falta de tempo, condições financeiras, etc, algo que é completamente compreensível, então procure uma forma de ajudar essas ONGs. Porque só quem vê de perto o trabalho que elas fazem sabe o quanto é difícil manter um projeto como este.

Até a próxima!

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Por que escrever?

Escrever é uma atividade que eu faço com muito gosto. As vezes passo algumas horas escrevendo e apagando linhas para tentar formar uma ideia através das palavras, mas nem sempre sai como eu desejo. Quando sai, eu clico no botão de publicar e ainda assim releio algumas vezes depois para corrigir alguma besteira.

Mas por que escrever? Por que ter todo esse trabalho?

Para mim escrever é uma forma de criar histórias. Cada texto que posto no meu blog é como se fosse uma pequena história que conto. Pode ser a história de uma ideia que tive, de algo que percebi nas minhas atitudes ou na atitudes de pessoas próximas à mim.

Pode ser a história de algo que gostaria que fosse diferente no mundo ou algo que eu gostaria de ter força para mudar nele.

As vezes eu escrevo para contar uma história que serve como forma de extravasar um sentimento ruim que tive em relação ao trabalho ou às pessoas com quem convivo.

Pode ser também uma história que serve para ajudar alguém. Algo que aconteceu na minha vida e cuja experiência pode ser de algum valor para quem acabar por cair naquele texto.

Como sou desenvolvedor de software é muito comum que eu escreva a história de como resolvi um problema. Os tutoriais nada mais são do que uma linha de tempo de um problema resolvido.

“Quando percebi que tive esse problema resolvi dessa maneira”. Uma pequena história, mas que também pode ter valor para alguém que esteja na mesma situação em que estive.

As vezes conto a história de um questionamento que tive. Aquela famosa frase “você já parou para pensar…”. Eis algo que faço com muita frequência. Parar para pensar.

Pensar em coisas que normalmente não paramos para prestar atenção. De coisas bobas, como a origem de uma palavra específica, até coisas com certa profundidade, como o comportamento da sociedade e, é claro, o meu mesmo.

Enfim, Escrevo para transformar qualquer coisa em histórias e isso me dá prazer.

Sempre gostei de fazer isso. Desde muito cedo. Ainda criança criava histórias para passar o tempo no banco de trás do carro do meu pai enquanto viajávamos em família.

Naquela época elas ficavam apenas na minha cabeça, mas com o tempo comecei a ter prazer em contá-las.

Uma história criada pode ser contada de diversas formas. Através de longas conversas com um amigo, através de fotos de uma viagem, com páginas desenhadas de histórias em quadrinhos ou com vídeos e filmes.

Para mim não importa. Gosto de criar e contar essas histórias. Todas com um começo, um meio e um fim. É assim que elas se tornam interessantes.

A grande dificuldade na hora de escrever é conseguir traduzir as milhares de histórias que são criadas constantemente na minha cabeça para apenas alguns parágrafos de um texto como esse.

Tudo pode virar uma história, mas nem todas são boas.

O que importa é o prazer de escrever e imaginar que alguém também terá prazer em ler cada palavra.

Sendo elas como forem. Boas, ruins ou medíocres. Não importa.

Eram apenas pensamentos, foram traduzidos em palavras e jogados ao ar quando publicados.

Começo, meio e fim.

Como uma boa história.

Até a próxima!

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Machine Learning está arruinando as timelines

Machine Learning é incrível.

Hoje em dia temos máquinas aprendendo o tempo todo e os dados se tornaram o novo petróleo. Quem tem quantidades gigantescas de dados de usuários tem grande valor de mercado. Isso acontece porque quanto maior a quantidade de dados mais as máquinas podem aprender sobre qualquer coisa. O que você gosta, o que você quer comprar, quais são as suas inclinações políticas e sociais, por onde você costuma andar, etc.

As possibilidades que podem ser criadas a partir da análise dos dados de uso de um aplicativo são incríveis. A ideia geral é que isso ajude na personalização de qualquer serviço que você usa.

Dois bons exemplos do uso de Machine Learning em redes sociais para mim são a página inicial do YouTube e a parte de Explore do Instagram. Ambos se ajustam muito bem ao tipo de conteúdo que eu me interesso nesses serviços.

Algo que poderia incomodar algumas pessoas sobre o uso de Machine Learning atualmente é a questão da privacidade, que é um assunto muito discutido nesse conceito de uso dos dados alheios.

Mas o que me chamou atenção e me incomodou mais ultimamente sobre o assunto é uma coisa que pode parecer muito mais boba e simples. As timelines das redes sociais.

A timeline tem esse nome porque deveria ser uma linha do tempo. É comum gostarmos de saber o que está acontecendo de mais atual com nossos contatos sociais e também aqueles influenciadores que seguimos.

Entretanto, com o uso do machine learning na maioria das timelines de todas as redes sociais, não temos mais uma linha do tempo. Temos uma lista de conteúdos que a máquina resolveu que é o mais interessante para o seu perfil. Perfil esse criado através da análise dos seus dados de uso da rede.

Eu tenho usado pouco as redes sociais ultimamente, meu acesso não passa de um por dia durante os dias úteis para algumas redes e um por semana para outros, e essa descrição que vou dar sobre a experiência que tenho pode não condizer com a experiência de alguém que usa muito as redes, portanto se esse for o seu caso enquanto lê, por favor, deixe um comentário me falando como funciona para você.

Toda vez que acesso uma rede acontece a mesma coisa: recebo conteúdos que foram postados há um bom tempo atrás misturados com conteúdos recentes. Cheguei a receber alguns com mais de um mês de idade na minha timeline.

Como eu disse antes, pode parecer bobo, mas eu não tenho interesse em receber coisas tão antigas para os padrões da internet. Isso é um pequeno problema que venho enfrentando, mas existe um pior. Pessoas que simplesmente não dão as caras mais no meu feed.

Você pode pensar “Ah, mas elas nem devem postar mais”. Foi exatamente o que pensei sobre essas pessoas até acessar seus perfis nas redes. Lá estavam conteúdos que eu gostaria de ter visto, provavelmente teria interagido, mas que nunca tive a chance.

A máquina decidiu que eu não deveria me interessar por um conteúdo de uma pessoa talvez porque ela poste de forma mais esporádica. Mas a máquina errou.

Eu não quero que a máquina escolha quem deve aparecer ou não no feed do meu aplicativo. Eu quero ter a opção simples de acessar as configurações da minha rede e escolher que a máquina não monte o minha timeline e deixe de escolher qual conteúdo eu devo ou não devo interagir.

Uma opção simples de configuração, mas que pode afetar todo um modelo de negócio de uma empresa que se baseia em análise de dados de uso para vender certo serviço de publicidade.

Como isso afeta o modelo de negócios das redes sociais? Vamos ver um exemplo.

Uma amiga minha vende produtos pela internet e o Instagram costumava ser sua maior fonte de clientes. Bem, ela teve uma queda gigantesca nas vendas assim que a nova timeline com Machine Learning entrou no ar neste aplicativo. Graças à isso agora precisa comprar posts patrocinados da rede social se quiser continuar conseguindo leads pelo app de fotos.

Você pode me perguntar se eu acho errado que se venda um serviço baseado no acesso dos meus dados. Bem, eu aceitei aquele termo de uso e sei que nada vem de graça nesse mundo. O Facebook não gasta milhões de dólares em servidores e funcionários para que você possa curtir aquela foto da sua tia. Ele investe para obter lucro.

É por isso que resolvi fazer uma mudança na forma como consumo conteúdo e voltar para algo que se usava muito na internet do passado. Escolher blogs e sites e seguir suas postagens através de um agregador de conteúdo, o Feedly. Ele também deve aproveitar meus dados para alguma coisa, mas pelo menos eu escolho de onde meus conteúdos vem, não é mesmo.

As redes sociais não são a internet. A internet é descentralizada por natureza. É por isso que apesar de publicar com certa frequência na minha conta do Medium eu também costumo postar sempre aqui no meu próprio blog. Fica aqui o link para um texto do Luciano Ramalho sobre o porque ter seu próprio site na internet.

Aguardo sua opinião nos comentários.

Até a próxima!